Quem Foi Que Disse? (Standby)

By adeboramay

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Ela, psicologa, vinte e três anos, e trabalha como babá para Família Real Alberton. Babá a três anos, dos peq... More

Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis - Primeira Parte
Capítulo Seis - Segunda Parte
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove - Primeira Parte
Capítulo Nove - Segunda Parte
Capítulo Dez
Capítulo Onze - Primeira Parte
Capítulo Onze - Segunda Parte
Capítulo Doze
Capítulo Treze - Primeira Parte
Capítulo Treze - Segunda Parte
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Quinze - Parte Dois
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete (Part. 1)
Capítulo Dezessete (Parte Dois)
Capítulo Dezoito (Parte Um)
Capítulo Dezoito (Parte Dois)
Capítulo Dezenove
AVISO
Capítulo Dezenove (Part. Dois)
Capítulo Vinte - Parte Um
Capítulo Vinte e Um - Parte Dois
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte Um - Parte Dois

Capítulo Dois

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By adeboramay


- Então você quer dizer que vocês ficaram o dia inteiro com joguinhos de insinuações, e ele falou sobre sua tatuagem? – Isa perguntou assim que entramos em seu carro, já que ela me daria uma carona até em casa.

- Você acredita?! – eu disse colocando o cinto no seu Citröen C3. – Confesso que os primeiros minutos eu estava esperando aparecer alguma câmera falando que era pegadinha.

- Você sabe que pode denunciar ele por assedio né? Não é só porque ele é o Príncipe gostosão de Oxford, que pode sair por aí observando as babás dos sobrinhos. Que filho da puta descarado! – ela bradou.

- Quem sabe eu mesma tenha me enfiado nesse buraco? Não deveria ter dormido sem sutiã.

-A culpa nunca é da vitima, Emm! – ela disse me olhando antes de ligar o carro. – Você estava dormindo, ele não tinha o direito.

- Também não é pra tanto. Ele não tocou em mim. E além do mais eu sei que ele não faria nada do que eu não quisesse. Confesso que no começo eu fiquei assustada, mas depois acabei instigando ele a fazer isso. – assumi. – Quando ele me deixou aqui na frente em sua moto envenenada, eu falei pra ele que a tatuagem era só um começo.

- Eu estou custando a acreditar nisso. Você só pode ser retardada em vir em meio a uma cidade congelada de moto. – ela disse enquanto entrava na avenida. – Olha você nunca foi muito certa, mas está me surpreendendo. Eu sabia que você era atirada, mas você está de parabéns. Só me falta você ir trabalhar de blusa branca sem sutiã para ele ver seu piercing.

- Fala sério né Isa! – revirei os olhos – Tudo tem limite, foi engraçada a cara dele, mas pra mim deu. Vou evita-lo e se ele vier com gracinhas vou jogar a verdade na cara dele.

- Deixa claro para ele que você é um espírito livre e que não é capturada com facilidade assim, e não perde tempo com bobeira. Porque você tem consciência que ele é uma bobeira né? Que isso faz parte do joguinho dele pra te comer né?

- Estou achando que você está com ciúmes de mim. – disse irônica.

- É claro que estou! – ela revirou os olhos. – Você que é bitolada, e eu tenho que colocar juízo nessa sua cabeça oca.

- Diz à mulher que acabou de dar um beijo em um professor. – eu falei rindo, porque a cara de irritação dela era impagável.

- Olha Emma, só não te deixo de a pé, porque amo sua mãe, e ela me mataria. – ela disse ligando o som, uma indireta pra eu ficar quieta.

Isabelle tinha uma personalidade um pouco complicada, filha única de um empresário de sucesso dono de uma empresa com várias sucursais em vários países, acaba vivendo mais sozinha do que com a família. A mãe dela é um pouco fútil e segue o pai dela para onde ele for, sendo assim Isa acaba morando sozinha em um condomínio de luxo.

Ela tem valores diferentes dos meus, mas temos uma personalidade parecida. Espirito livre e coração selvagem. É isso que nos define, somos solteiras e não devemos nada a ninguém, porém diferente do que nosso rostinho de anjo mostra somos duas mulheres maduras o suficiente para sair com um homem só para nos satisfazer, sem compromisso ou amarras.

Isa já me convidou inúmeras vezes para irmos morar juntas, e por mais tentadora que fosse a proposta, eu não conseguia desgarrar da minha família. Por mais que eu fosse um "espirito livre" era neles que eu encontrava minha segurança.

Fizemos o restante do caminho em silencio, e Isa só falou quando estacionou na frente do meu prédio.

- Não estou com ciúmes de você. – ela falou. – Mas você é meio ingênua as vezes, e ele pode estar abusando do poder para te usar. Então só toma cuidado, pode ser?

- Você realmente acha que uma mulher como eu, cheia de piercing onde até Deus duvida, é ingênua? – falei a olhando séria.

- Você pode ser uma libertina, meio ninfomaníaca, mas isso não apaga seu grande coração que é louco pra se apaixonar. – ela pegou minha mão. – Você não viu como você falou dele. Não sei por que, mas algo gritou perigo na minha mente.

- Eu não sou ninfomaníaca. – falei sério – A ninfomaníaca de nós duas, é você mocinha. – falei rindo para quebrar o clima que estava formando. – Você sabe que não sou uma boba apaixonada que acredita que vou poder mudar a cabeça de um cretino como Henrique só para viver meu próprio conto de fadas. Eu sei onde estou me metendo e com quem eu estou lidando.

- Espero que sim. – ela apertou minha mão. – Que tal sairmos para comemorar amanhã a nota da nossa prova de hoje?

- Ótima ideia! Vai ter aquela banda de rock legal na Maddox. Que tal?

- Perfeito! Trocamos mensagens amanhã pra decidir os detalhes.

- Tá certo. Obrigada pela carona.

- Eu que agradeço a companhia. Boa janta com a família. – ela disse ligando o carro assim que abri a porta para sair.

Minha casa ficava em uma área próximo ao Hospital onde meu pai trabalhava, era um apartamento não muito grande, tinha quatro quartos, onde dois deles era suíte, uma sala de tevê, uma sala de jantar e uma cozinha. A decoração da casa era toda trabalhada em tons claro com bege, era uma coisa bem limpa e aconchegante.

Assim que abri a porta e entrei no hall de entrada, onde tinha uma imensa foto nossa, onde batemos em um aniversário do meu pai, já ouvi Alice brigando com Rubens e minha mãe repreendendo-os.

- Boa noite pessoal! – eu disse quando os encontrei reunidos na sala de tevê, mas a casa cheirava a pernil assado, deixando claro que minha mãe estava fazendo janta.

- Oi Filha! – minha mãe falou se levantando e vindo ao meu encontro. – Como foi a prova?!

- Pois é querida, sua mãe estava aqui rezando um terço mandando energias positivas pra você.

- Graças a Deus e as orações da mamãe deu tudo certo! – todos vibraram e vieram me abraçar, em meio a felicitações.

- E quando você vai colar grau? – meu pai perguntou.

- Inicio do ano que vem nós vamos fazer a formatura, mas ainda vamos confirmar as datas.

- Que bom! Já temos que ver seu vestido e organizar as coisas para uma recepção, vamos ligar para Alexandra e ver se ela vai poder vir... – e minha mãe engatava a marcha e monopolizava a conversa.

- Hey mãe... Se você me permite antes de jantar e planejar até o tipo de calcinha que eu vou vestir, vou tomar um banho tá?

- Emma! – ela me repreendeu. – Nós só precisamos pensar em tudo.

- E nós vamos você sabe. – eu disse dando um beijo no rosto dela e entrando para o corredor que levava ao quarto.

O meu quarto era um misto de cores, bem diferente de toda a casa. Uma cama de casal ficava no centro do quarto, onde tinha uma foto minha de um book que eu resolvi fazer com a Emma a alguns anos atrás. Era uma foto em preto e branco, meio sensual, que eu adorava. Havia um papel de parede listrado branco com preto, e uns pêndulos de abajur prata em cima dos bidês. Meu guarda roupa fazia um L todo em portas de espelho, e nele ficava embutida a tevê.

Tirei minha roupa e fui direto para o banheiro tomar um banho, e me preparar para ouvir as milhões de ideias da minha mãe. Enquanto eu enchia a banheiro do quarto, eu peguei meu celular e fui ver se nele havia alguma notificação.

Sentada nua na beirada da banheiro, eu vi que havia uma notificação do google avisando que alguém que eu seguia havia sido citado. Era uma matéria falando sobre Henrique entregando presente para as crianças com os sobrinhos.

Era uma foto mais bonita do que a outra, onde John e Carlota ficaram uma fofura. Mas teve uma foto que fez meu coração bater mais rápido. Era uma que estávamos entrando na sala, eu de mão dada com o Henri e com Carlota no colo. Eu tinha um sorriso no rosto, e ele estava olhando pra mim, era uma foto que me causou até um arrepio estranho no corpo. Me fazendo nem ler a matéria e fechar rápido aquela página.

Desliguei a banheira, e entrei nela, sentindo o contato da agua quente contra meu corpo que estava gelado. Ainda com o celular na mão eu não conseguia parar de pensar naquela foto, e em todos os momentos que passamos durante o dia... Ali era uma foto do inicio da manhã... Imagina a nossa cara em fotos se fossem batidas no final da tarde quando ele me levou na faculdade? Essas eu gostaria de ver.

Minha mãe não deve ter visto essas fotos ainda, se não já teria feito um interrogatório, então eu estava um pouco mais tranquila. Acessei o instagram e lá tinha uma direct para mim, e para minha surpresa era do Henrique.

"Hey moça da tatuagem seduzente, será que consigo o teu celular ou vou ter que me humilhar pedindo pra Carol e pro Guilherme?"

Não fazia meia hora que ele havia me enviado a mensagem, o que me fez acreditar que ele estava pensando em mim agora pouco. Quando cliquei na tela para responder, ouvi a voz do Rubens na porta do quarto.

- Emm, o jantar está servido.

- Já estou indo.

Antes que a família inteira viesse berrar na minha porta, eu apressei o banho e sai vestida na minha melhor roupa de dormir de flanela. O jantar foi em meio a orações de agradecimento por estarmos todos reunidos, e conversas eufóricas de todos dando palpite de como deveríamos fazer o jantar, e a recepção após minha formatura.

Eu estava só de corpo presente louca para ir para cama para responder a mensagem de Henrique. Mas é claro que minha mãe só me deixou deitar depois de lavar a louça, e organizar a cozinha com a Alice.

- Mana.. – Alice que tem treze anos me chamou. – Agora que você se formou, você vai parar de trabalhar lá com os príncipes?

- Ainda não pensei sobre isso. – eu respondi sem pensar. Eu realmente não havia pensado nisso, e não estava nem um pouco a fim de sofrer por antecipação pensando sobre o assunto.

- Mas eu já.. – minha mãe que aparentemente estava na cozinha e só eu não havia percebido. – Andei conversando com teu pai, e nós estamos pensando em fazer um consultório pra você junto o dele na Clinica.

- Ah que bom que eu sempre tenho bastante opção. – bufei. – Eu não estou afim de pensar sobre isso agora.

- Você acha que pagamos cinco anos de faculdade pra você passar os seus dias limpando bunda de bebê? Olha eu até gostei da ideia no inicio, tudo bem que você ganha um bom salário, mas isso não é pra você.

- Acho que quem tem que decidir isso é eu né?! – eu disse torcendo o pano da pia e colocando em cima dela. – Eu amo trabalhar lá, e trabalharia até se fosse de graça. E não quero pensar em clinicar agora, vou deixar pra pensar nisso ano que vem quando eu estiver com meu canudo na mão.

- Não quer pensar em clinicar agora? Quer pensa em clinicar quando? Quando já tiver esquecido tudo? – ela riu irônica, deixando claro que já estava se irritando.

- Mãe... – respirei fundo. – A gente conversa sobre isso outro dia. – falei virando e saindo da cozinha.

- EMMA! – ela berrou. – Eu não te liberei ainda.

- Dona Kiara, eu já entendi qual seu ponto e não quero ser vencida pelo cansaço. Nós conversamos sobre isso amanhã. Boa noite pra vocês. – eu continuei andando e fui em direção ao meu quarto e tranquei a porta.

Minha mãe sempre gostava de definir o que todos deveriam fazer e como deveriam se portar. Nunca reclamei, porque eu gostava disso, e desse cuidado e preocupação dela. Mas tem dias, como esse que ela passa dos limites. Ela tem um planejamento em longo prazo da vida de todo mundo. Alice, que ainda só tem treze anos, vai cursar medicina e trabalhar com o papai. Rubens, que nem fez dez anos ainda, vai fazer jornalismo e se tudo der certo substituir ela no jornal. É assim... Ninguém pode ter uma vontade própria todos tem que respeitar os desejos de Dona Kiara Laham.

Escovei os dentes e caí na cama, ligando a tevê e colocando em um canal de série aleatório. Não queria pensar sobre a mini discussão que eu havia tido com minha mãe, mas eu sabia que a fera estaria um pouco maior amanhã.

Peguei meu celular e verifiquei as mensagens do whatsapp, como sempre havia uma da Isa.

"Amanhã você poderia dormir aqui né? Quem sabe podemos ir para a casa de campos dos meus pais sábado, aprontar algo por lá."

"Ótima ideia! Vou domar uma fera amanhã, e quem sabe eu consiga ir... Boa noite baby."

Havia uma mensagem nova de um número desconhecido.

"Espero que amanhã você tenha uma boa desculpa para o Guilherme, porque eu falei para ele que você tinha algo para me contar. hahahaha Agora me fala, o que mais você esconde embaixo desse sutiã?" Recebida 22:48

"Eu sei onde você trabalha. Trate de me responder, se não amanhã não vou te deixar em paz". =(" Recebida 22:53

"Emm, tenha dó de um homem curioso, por favorzinho?" Recebida 23:05

Eu ri das mensagens dele por que ele parecia desesperado, fazia alguns minutos que ele havia me enviado a ultima mensagem. Pensei um pouco se eu deveria responder, estávamos entrando em um terreno estranho e eu estava ficando com medo do que eu poderia encontrar.

Mas eu lembrei que eu dominava as minhas ações, e que diferente do que Isa acha, não sou ingênua para me deixar levar por ele. Além do mais as mensagens dele tem muito mais uma conotação sexual, do que amigável. Então é claro, que eu não iria ceder ao seu papo, ia simplesmente mandar uma mensagem num modo amigável para indiretamente deixar claro minhas intenções.

"Boa noite príncipe Henrique. Sinto muito ter deixado você esperando, mas eu tinha uma prova pra fazer e uma família para jantar comigo."

Assim que a mensagem foi enviada, ele respondeu.

"Boa noite Emm, que bom que você apareceu. Eu estava levando em consideração sair do Quartel, para saber se você estava bem."

"Que sorte que você não se deu esse trabalho. Rsrs Estou super bem e saciada deitada na minha caminha quentinha."

"Saciada é?! Rsrsrs Você não viu nada querida."

"Se isso for uma ameaça sexual, quero que saiba que nem vou ver."

"Você que começou com esse negócio de você nem viu o resto... Não vale colocar fogo e depois tirar o corpo fora."

"Não coloquei fogo, e nem tirei o corpo fora, porque ele nunca esteve na jogada."

"Lembre-se que tudo começou por causa da sua tatuagem... Então seu corpo sempre esteve na jogada."

"Lembre-se que tudo começou porque você é um safado que fica tarando as babás dos seus sobrinhos. Espero que você não faça o mesmo com a Eva."

"Ah Eva não tem peitos deliciosos como o seu... Falando neles o que mais eles escondem?"

"Nada que lhe interesse.=P"

"Você é malvada Srta. Laham."

"Você é muito desocupado Sr. Alberton. Se você me permite, vou dormir que amanhã eu trabalho cedo. Boa noite."

"Ah vai... Só me responde o que tem... Saiba que você só aumenta minha curiosidade assim."

"Lembre-se que a curiosidade matou o gato. Beijo"

Antes que eu caísse no papo dele, eu ajustei o desliguei o celular e ajustei o despertador que estava em cima do bidê, e acabei pegando no sono rápido. Acordei atrasada, então só tomei um banho rápido, me enfiei no meu uniforme e nem tomei café. O dia passou intenso e rápido, dona Carol acabou ficando em casa, já que John acordou meio indisposto e com febre. Chamamos o médico, e descobrimos que era amigdalite viral. Então passamos o dia em função de cuidar dele e cuidar para que a Carlota não pegasse o vírus que ele estava.

Como no dia anterior eu havia ficado até mais tarde, Carol me liberou mais cedo pra casa. Então era cinco da tarde, em meio a uma chuva fina estava caindo na cidade. Quando estava passando nos portões do palácio, um Audi 5S5 preto entrou e parou ao meu lado.

- Ei, você não vê mais seu celular? – Henrique abriu a janela.

- Eu tenho mais o que fazer, inclusive agora. – dei um aceno pra ele e continue meus passos firmes com a sombrinha armada em mãos, não me atrevi olhar para trás, mas ouvi que o carro continuou.

Depois de encarar trinta minutos de metrô eu cheguei em casa, com os pés congelados e encarangada de frio. Minha mãe ainda não havia chego em casa, Alice estava com uma amiga estudando no quarto, e Rubens estava jogando Xbox na sala. Meu pai provavelmente estava no hospital.

Conferi se eles estavam bem e fui para meu quarto tomar um banho e ligar para Isa para saber o que fazermos. Liguei para Isabelle, e combinamos de ela me pegar dentro de uma hora, se eu desse sorte poderia sair fugida da minha mãe chegar e não ter que implorar pra ela deixar eu sair. Mandaria uma mensagem pro meu pai, e ele daria um jeito na minha mãe.

Então antes que ela chegasse eu arrumei uma mala com algumas roupas, lingeries, artigos de higiene e maquiagem. Coloquei uma calça jeans, um quimono de lã, e prendi o cabelo em um coque. Já estava ligando para Isa quando ela interfonou que havia chego.

Conversei com as crianças e falei com Amber, que era a menina que fazia faxina e por consequência ficava de olho nas crianças, e desci pelas escadas com minha mala pra não correr o risco de encontrar minha mãe no elevador.

- Oi, tá fugindo de alguém? – Isa disse me colocando minha mala no seu porta malas.

- Na realidade sim, vamos indo que te conto pelo caminho. – falei fechando o porta malas e entrando no lugar do carona.

Enquanto pegamos movimento na rodovia indo para casa dela, contei meu leve desentendimento com minha mãe na noite passada, e porque eu estava fugindo dela.

- Você sabe que assim você só está aumentando ainda mais o problema né?

- Infelizmente sim, falando nisso acho que vou ligar pro meu pai.

- Faça isso...

Disquei o número dele e no terceiro toque ele atendeu.

- Oi querida, aconteceu alguma coisa? – preocupado já que eu nunca ligava pra ele.

- Oi papai, não, na realidade estou te ligando pra te avisar que estou indo dormir na Isa. Não avisei a mamãe, então queria ver se você podia avisar.

- Isso é sinal de que aquele breve desentendimento ontem foi maior do que eu imaginava. Faça isso, durma na Isa, e amanhã cedo, quando eu for te buscar, nós conversamos e vemos o que podemos fazer. Deixa que com sua mãe eu me entendo depois;

- Obrigada pai.

- Juízo né mocinha. Beijos – disse desligando.

- Olha eu realmente acho que você tem que dar um jeito de cortar esse cordão umbilical. – Isa disse enquanto entrava na garagem de sua casa. – Não gosto desse jeito mandão da sua mãe, querendo controlar tudo que você faz ou deixa de fazer. Poxa Emm, você já tem quase vinte quatro anos, você sabe né? Nessa idade sua mãe já estava grávida de você. Ta entendo do que ela quer te privar?

- De engravidar cedo? – disse enquanto entravamos na sala.

- Não Emma! – ela revirou os olhos – De viver. Ela quer que você leve a vida que ela queria ter levado. Você não é um fantoche na mão dela.

- Eu sei disso. Você acha que isso não me irrita? Mas o que eu posso fazer? Sair de casa?

- Acho que você deveria mudar. Aproveitar que agora se formamos, alugarmos um apê em outra cidade, e nos aventurar trabalhando por lá. Você sabe que não vai ser fácil, mas seria mágico.

- Você sugere que eu largue o emprego, e toda minha vida aqui pra me arriscar longe daqui?

- Sim, ou você acha que faz sentido continuar trabalhando ali agora? Acho que hoje é o dia de amadurecermos essa ideia.

- Eu não sei se estou pronta, para isso.

- Então trate de ficar que eu não vou desistir de você.

Ela subiu as escadas para colocar a mala no quarto enquanto eu fiquei sentada na sala. Ela tinha razão, eu teria que arrebentar as correntes e me libertar das amarras da minha mãe. Algo pesava em mim, algo bem profundo dizia que por mais que fosse doer eu teria que sair de casa para conseguir voar sozinha.

- Odeio quando você fica com essa cara de mosca morta olhando pro nada, pensando nas coisas. – ela disse sentando do meu lado. – Andei conversando com meu pai ontem, e nós tivemos uma ideia.

- Vamos lá, me conte sobre.

- Um amigo do meu pai o Dr. Clinton, tem uma clinica Guilford e estava precisando de uma psicóloga. É uma clinica psiquiátrica, então tem que ser alguém que queira trabalhar nessa área.

- Essa não é a minha praia Isa.

- E eu não sei? Então, eu pensei em ir pra essa clinica, e encontrei pra você um emprego num RH de umas das empresas do meu pai por lá. É algo na parte de recrutamento de pessoas.

- Você tem noção do custo de vida nessa cidade?

- É claro que sim. Os salários serão ótimos, e meu pai tem um apartamento que ele aluga lá em um condomínio próximo aquela igreja do centro, ele disse que disponibilizaria pra gente morar por um tempo.

- Não queria depender do seu pai, ele já vai me arranjar um emprego, e ainda vai dar lugar pra gente morar, só vai faltar pagar nossas contas.

- Se você achar melhor nós podemos alugar dele então, peço pra ele fazer um valor legal e que seja justo com o apartamento. – ela falava empolgada, pesquisando no celular o endereço, para me mostrar fotos.

- Você sabe que quando eu for expor isso pro meus pais, minha mãe vai achar duas mil maneiras de me mostrar que isso vai dar errado.

- Mas nós não vamos ser contagiadas pela negatividade dela. Guilford é só a meia hora de trem daqui. Ela será bem vinda a nossa casa.

- Você tem razão.. – concordei.

- Podemos falar com seu pai amanhã então?

- Podemos! – assenti, sentindo que uma batalha estava sendo travada.

- Amiga isso será tudo que nós precisamos. Você é tudo que eu tenho na vida além dos meus pais. Você é como uma irmã pra mim, ver você sofrer me quebra ao meio.

- Eu também amo você vadia! Não é atoa que aceito suas ideias malucas sem nem contestar muito. – disse rindo.

- A sorte que você tem juízo, e eu sei como persuadir pessoas. – ela riu. – Vamos pedir uma pizza, e nos arrumar para comemorar a nova etapa de nossas vidas?

- Vamos nessa então! – disse a ela que já estava discando para pedir pizza.

Isabelle fisicamente é bem diferente de mim. Nós duas temos quase a mesma altura na casa de um e setenta, mas ela é bem esguia, e curvilínea. Já eu tenho um corpo mais ampulheta, cintura fina, porém quadril um pouco mais largo. Diferente de mim que tenho os cabelos escuros e meio ondulados, ela tem os cabelos lisos e loiros escorridos.

Depois de comermos, começamos nos arrumar para sair, eu escolhi sob os olhares de Isabelle uma saia preta de couro colada, que ia até meia coxa, coloquei uma meia fina preta clarinha com uma bota e cano curto e salto fino preta. Provei várias blusas minhas e de Isa, mas acabei optando por um collant de suede manga longa no tom de terra, que tinha um decote até o limite da saia, deixando todo o vão entre meus seios exposto, e com isso deixando a vista o começo da tatuagem, por cima optei por um blazer mais longo preto, e provavelmente antes de sair seria obrigada optar por um cachecol para me aquecer.

Isa fazia a linha mais fashionista, então optou por um vestido de manga flare em preto, colado e tinha um decote trançado, colocou uma bota de salto grosso que ia até o joelho, e deixou os cabelos soltos em grandes cachos.

Nossa maquiagem seguia a mesma linha, olhos marcados pretos e boca sutil, a única diferença é que a minha era nude e a dela era um tom mais marrom. Meus cabelos estavam soltos e lisos.

Já eram quase dez da noite, quando ficamos prontas e resolvemos sair. Graças aos céus o carro de Isa tinha aquecedor, porque a temperatura havia caído um pouco mais do que a tarde.

Decidimos ir a Madox que era uma das maiores boates da região. Quando chegamos a fila estava dando volta, então tivemos que aguardar longas meias horas até conseguirmos entrar.

A boate tinha uma decoração bem moderno, toda espelhada e com uma iluminação de led, a mesa do Dj ficava ao centro do salão que era cercado de um lado de sofás, e do outro de um balcão de bar, que tinham várias barmans fazendo bebidas e malabares, para algumas meninas ensandecidas que estavam sentadas.

Fomos se esquivando ate encontrar uma mesa desocupada em um canto, mais escuro da boate.

- Fica aqui guardando lugar que eu vou buscar um combo de Heineken. – Isa disse saindo em direção ao bar.

Fazia horas que eu não havia pego meu celular, e desde ontem a noite eu estava evitando entrar para ler as mensagens do whatsapp, mas acho que essa era uma boa hora, para ver quantas mil ligações da minha mãe teria.

Por incrível que pareça não havia nenhuma mensagem e ligação da minha mãe. Mas em compensação, havia mais de quinze mensagens de Henrique. Algumas eram da noite passada, onde ele só mandava emotions chorando e corações quebrados. Mas havia uma mensagem enviada a poucos minutos atrás. Ele havia enviado a foto minha e de Isa que eu havia postado no instagram.

"Onde você acha que vai hoje, Srta Laham?"

"Saiba que se você não me responder, eu vou bater todas as boates dessa cidade e encontrar você."

"Não é de caras assim que vocês gostam? Hahaha"

"Vamos lá Emm, me ajude a ajudar você. Onde você está?"

Fui obrigada a pensar sobre isso. Eu estava evitando pensar o dia todo, mas esse lance com o Henrique estava ficando estranho. Ele realmente estava interessado, nem que fosse me tirar do sério, mas tenho que falar que ele é um cara insistente.

Vi Isa conversando com algumas amigas, próximo a mesa com o baldinho de cervejas nas mãos. Eu teria que responder antes que ela viesse e me fizesse inúmeras perguntas, e eu estava evitando falar disso com ela.

"Olá Sr. Alberton, fico feliz que o senhor tenha sentido tanto assim minha falta. Temo magoar o seu pequeno coração, mas não estou interessada em ver e nem conversar com você, achei que havia deixado isso claro nas outras mensagens. Enfim, quero que você sutilmente não em procure mais, e que possamos continuar com nossa relação estritamente profissional. Abçs, Emma Evans Laham"

Só enviei, e a mensagem deu como lida. Não deu nem tempo de bloquear o contato dele para chegar uma mensagem.

"Você acha realmente que na Madox é um bom lugar pra você ficar sozinha sentada num canto? Hahaha Srta. Laham, quando você menos esperar você vai estar nos meus braços, e aí quem vai correr atrás de mim é você."

Estava assustada pensando em algo pra responder quando Isa chegou na mesa com o balde de gelo e duas meninas que geralmente saiam com a gente, Lisa e Olivia.

- Preparadas para uma noite incrível? – Isa disse erguendo uma garrafa de cerveja para o brinde.

- Não sei por que tô com a sensação que essa noite só tá começando. – Lisa disse enquanto seguia Isa para o brinde.

Quando ergui minha garrafa para brindarmos, encontrei o olhar de Henrique. Ele estava na área vip, em uma sacadinha de frente para onde nós estávamos sentadas. Despojado em Jeans claro, e gola pola preta, cabelos desgrenhados e barba por fazer, com aquele sorriso enviesado sexy pra porra no rosto. Ele estava com uma cerveja nas mãos, que ergueu a garrafa para o brinde, imitando o gesto que eu fiz com as meninas. Bom pelo visto Lisa tem razão, nossa noite está só começando.


***

I follow you... 

Acho que o nosso queridinho príncipe está se tornando uma perfeito perseguidor né? Ah se ele soubesse que nós também seguiríamos ele hahaha


Até breve meninas.


XOXO, Déb.


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