Capítulo Cinco

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Nunca uma sexta-feira demorou tanto para chegar. A sensação que eu tinha é que havia passado meses, ao longo dessa semana. Assim que o dia amanheceu, veio com ele um clima diferente, ao longo de toda semana passamos por dias chuvosos e frios, mas na sexta pela manhã o dia amanheceu quente. Não quente de usar short, mas quente de colocar duas blusas de lã e estar bem.

Desde segunda-feira, eu não tenho mais o desprazer de ver o Henrique. Sempre que sei que ele está por casa, eu dou um jeito de fazer algo diferente para não nos encontrarmos, e parece que isso anda sendo reciproco, pois ele também não me procurou mais. Na quarta-feira ele passou rápido, para se despedir das crianças e parece que foi para o Canadá para uma conferencia, algo assim. Então desde então estou tendo um pouco mais de sossego. Mas assumo que atualizo todos os dias antes de dormir suas redes sociais em busca de um pouco de informação. Mas não é algo que eu tenha que assumir pra mim né?

Minha mãe e Isa se tornaram amiguíssimas, e arrumaram toda mudança, e essa semana ficaram em função da nossa casa nova. Trocaram a mobília, papel de parede e o carpete. Elas estavam enlouquecidas em poder gastar tanto dinheiro, com uma coisa que eu não conseguia notar a diferença entre azul turquesa e azul celeste.

Tive uma entrevista informal com o pai da Isa, o Sr. Franklin Fontana, a realidade é que ele não tinha uma função especifico em aberto, acabou confessando sem querer no meio do nosso bate-papo, mas como Isa pediu, o mesmo deu um jeito de encaixar uma função de psicóloga organizacional, onde eles acharam que parecia mais meu perfil. Ficaria responsável por todo o setor de Rh, e pelo recrutamento de pessoas. O salário era muito apetitoso e tenho certeza que foi outro pedido de Isa.

Não era algo que eu fiquei feliz. Confesso que me senti como se tivesse me usando da minha amizade para extorquir o pai da minha amiga. Mas coloquei na cabeça que era algo temporário, e assim que nós nos estabelecermos eu começaria fazer uma especialização, e trabalhar em algo que eu conseguisse com as minhas próprias pernas.

Mas isso era algo que eu não queria ficar pensando. Então eu me foquei nas crianças durante esses quatros dias. Carlota, assim que John contou a ela que eu estava os abandonando, passou horas agarrada em mim chorando, e foi incrível, quando vimos estávamos os quatro: John, Carlota, Carol e eu sentados na sala de cinema abraçados e chorando. Acho que nunca chorei tanto na minha vida do que nessa semana.

Depois desse dia, pensando na sanidade mental minha e das crianças, decidimos ser mais maduro não comentar sobre a minha saída. Porque infelizmente, mesmo com toda psicologia que eu usava para explicar ao John, ele sempre dava um jeito de dizer que eu estava o abandonando.

E mesmo postergando o assunto, hoje era meu ultimo dia na casa dos Albertons. Diferente dos outros dias, eu resolvi vir de calça jeans e um casaco normal, nada branco que lembrasse que eu era a babá deles. Quando cheguei mantive minha rotina normal, acorda um arruma, serve o café. Enquanto esse toma café, vai acordar o outro e fazer a mesma coisa, e depois fazer com eles as rotinas do dia. John toda sexta, pela manhã tinha aula de piano, e enquanto isso eu e Carlota fazíamos aula de pintura com uma professora de artes.

O negocio era mais fazer sujeira com tinta guache do que realmente pintar alguma coisa, mas eu adorava essa aula. Mandy, a professora era muito querida e paciente, e nós sempre acabávamos entrando na onda da Carlota e fazendo maior bagunça.

Mas hoje estavam todos diferentes, Carlota estava muito calma na aula o que me deixou preocupada, me fazendo me perguntar se a gripe do inicio da semana não havia voltado. Passei o dia monitorando ela, e John que também estava calado. Fui descobrir o motivo de todo esse silencio no final da tarde quando eu estava me arrumando para ir embora.

Quem Foi Que Disse? (Standby)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora