Capítulo Seis - Segunda Parte

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É claro que eu demorei quase uma hora para voltar pra casa, meu senso de direção é horrível ainda mais quando tudo é verde e parece que as coisas levam para o mesmo lugar. Eu já tinha começado a ficar desesperada, e para ajudar meu celular estava sem área. Mas depois de percorrer o mesmo caminho algumas vezes, eu troquei o trajeto e acabei encontrando o caminho de volta pra casa.

Quando entrei dentro de casa, estava tudo silencioso, então antes que alguém notasse minha presença, deixei a cesta na cozinha, com toda aquela comida intocada e subi correndo para meu quarto.

Eu precisava de um pouco de espaço, eu precisava respirar e colocar minha cabeça no lugar. Henrique despertava em mim, maneiras e trejeitos que até então eram desconhecidas. Ao mesmo tempo que eu ficava louca de vontade de me render a ele, eu ficava ouvindo a Isa falar que ele só estava abusando do poder. E que ele só iria brincar comigo. "Ela tem razão." Eu dizia entre uma lufada de ar e outra. "Eu sou uma menina idiota sem atrativo nenhum, que ele só ficou intrigado por causa da tatuagem e no fim por causa dos meus piercing, mas eu não tenho nada para oferecer pra ele."

Minha cabeça girava, e antes que me desse conta eu estava sentada no chão do banheiro chorando. Eu tinha a sensação que as vezes eu complicava as coisas que eram simples. Mas era melhor assim, cada um no seu lado, a vida tava muito boa sem ele pra me incomodar e eu sabia que assim que eu cedesse as suas investidas eu não poderia mais voltar atrás.

Depois de chorar durante alguns minutos, eu lavei o rosto e deitei na cama pegando no sono. Só fui acordar com John, batendo na porta avisando que o jantar estava na mesa. Eu estava envergonhada, por ter dormido quase a tarde toda e não oferecido ajuda a Carol.

Troquei de roupa, escovei os dentes e desci com John no colo. Deixei ele na sala e fui para cozinha para ver se Carol precisava de ajuda, mas quando cheguei lá estava Henrique, Guilherme e Carol cochichando algo, como se não quisesse que eu ouvisse.

- Olha Carol, no inicio até pensei que essa sua ideia de passar uns dias aqui seria bom. – Henrique falou bufando. – Mas aquela guria é muito chata, se acha a ultima bolacha do pacote e me faz ter vontade de esganar ela. Ela é linda, e todo aquele resto de elogio, mas não vale todo esse empenho.

- Henrique! – Carol o repreendeu. – Emma é uma menina contida. Você tem fama de ser um galinha você não queria que ela se jogasse aos seus pés né?

- Nisso tenho que concordar com o Carol, maninho. – Guilherme falou. – Mas se mesmo depois de todo esse aparato ela não cedeu a você, pode desistir. Vocês nem ponderaram que ela pode ter namorado?

- É obvio que ela não tem. – Henrique falou. – Ela não daria abertura para mim beijar ela se tivesse namorado. Além do mais ela não estaria aqui né?

- Pois é... – Carol dizia. – Então desisti, acho que ela não gosta de você mesmo. Eu estava errada.

- Sim, já desisti. – Henrique disse.

Eu estava encostada na parede que antecedia a cozinha, e antes que alguém aparecesse eu resolvi voltar para sala, e ficar sentada com o John e Carlota vendo tevê. Estava com o olhar fixado na tevê onde Dora Aventureira, fazia perguntas sobre algo que estava na cara dela. E eu pensava se eu não era igual a Dora, perguntava a mim mesmo perguntas que já sabia a resposta.

Henrique havia desistido de mim. Por mais que eu estivesse sentindo que um peso havia saído de cima de mim, uma dorzinha no meu coração continuava a doer, me deixando claro que por mais que eu dissesse que não, algo dentro de mim dizia que sim.

Quem Foi Que Disse? (Standby)Where stories live. Discover now