P.O.V. Theo
Minhas mãos suavam frio, minha nuca doía e eu não conseguia me concentrar, estar ali ao lado da Lydia sabendo tudo que Érica havia me pedido para fazer não era fácil... A ruiva tentava me ensinar à matéria a todo custo e eu não conseguia enxergar o monstro que a minha amada desenhava. Érica tinha me conquistado de todas as formas, a ter por perto mesmo que fosse escondido de todos era perfeito e eu não estava pronto para abrir mão dela, depois de tudo que ela me contou, senti que qualquer coisa que Lydia fizesse contra ela me faria perde-la e isso eu não poderia suportar.
Todo aquele tempo na casa da minha tutora já estava me apavorando, tudo que iria acontecer dali pra frente eu teria que arcar com as conseqüências, e não sabia se estava pronto para elas.
_Theo o que está acontecendo com você? Errou de novo... Já te expliquei três vezes! Fala o que você não entendeu para eu te ajudar, você não pode ir mal nessa prova! – dizia ela me tirando dos pensamentos acusadores que pairavam em minha mente.
Mal sabia ela que eu já havia aprendido aquela equação da primeira vez que me foi ensinada, mas o nervosismo era tanto que me impedia de fazer qualquer coisa.
Flashback on
_você vai colocar isso na bebida dela e pronto! Simples assim! – dizia a loira com uma naturalidade como se eu fosse escrever meu nome completo em uma folha.
_Eu não vou droga-lá Érica! Você está louca?- me assustei só com o pensamento de fazer isso com a ruiva.
_Isso não é droga Theo! È apenas um sonífero... Não faz mal nenhum ela só vai apagar por algumas horas e é disso que precisamos! – sua voz era calma e confiante então resolvi acreditar naquilo.
_Tudo bem, mas tem certeza do resto? Eu não vou conseguir... Ela vai me odiar! – na verdade ela já iria me odiar de qualquer jeito... Os dois iriam!
_É necessário amor... Se você não quiser que nos afastemos tem que ser feito. – disse ela com aqueles olhos castanhos que eu amava encarar, não suportava imaginar tudo que ela passou graças a Lydia, isso me fazia ter um pouco de raiva dela e me agarrava á isso para dar continuação aquele plano maluco que a loira me pedia para fazer.
_Está bem... Vou fazer!
Flashback Off
Ainda não sabia como faria aquilo e o tempo passava, não sabia se o copo com água que ela havia colocado a mesa para beber quando sentisse sede iria servir, poderia aparecer o pó que eu tinha que colocar e seria descoberto... Droga, eu não estava preparado para variáveis! Escutava ela me chamar à atenção varias vezes e culpei o sono pela distração.
Como se os Deuses estivessem ao meu favor, Lydia se ofereceu para pegar café para mim e suco para ela, essa bebida sim eu tinha certeza que não traria desconfiança da parte dela. Assim que pousou nossas bebidas sobra à mesa dei qualquer desculpa para ficar sozinho novamente e coloquei o frasco no suco dela. Assim que o pequeno vidro transparente se esvaziou por completo foi como se uma pedra tivesse caído em meu estomago, eu era péssimo em disfarçar e agradeci mais uma vez dela não perceber o meu nervosismo e confundir aquele sentimento com distração ou até mesmo minha falta de QI.
_Pronto! Agora beba esse café e vamos nos concentrar, vamos ficar uma hora a mais para você conseguir pegar essa matéria. – disse já sentando ao meu lado e bebendo mais da metade do copo já me fazendo crer que a qualquer momento ela apagaria.
_Ok, vamos tentar mais uma vez. – disse com meu sorriso mais falso do mundo.
Cerca de 10 minutos depois já sentia as expressões cansadas da ruiva, seus movimentos já estavam retardos e confusos e sua concentração já não estava ali.
_Theo, estou cansada... Vou só sentar no sofá e descansar um pouco a vista, vou deixar esses cinco exercícios aqui e quando você acabar eles me chame para corrigirmos juntos tudo bem? Quero que tente sozinho. - disse ela já se levantando e indo em direção ao sofá se jogando nele.
Não se passaram 5 minutos e já sentia a respiração forte e contínua de Lydia, olhei para trás e a vi deitada no sofá. Agora não tinha mais volta, metade do plano já estava em execução. Levantei-me rapidamente e peguei seu corpo a segurando em meu colo para levá-la para o quarto, Lydia era tão pequena e frágil que eu poderia carregá-la com um braço só.
Assim que chegamos ao quarto passei os olhos por ali me lembrando que nunca havia entrado naquele cômodo. Em cima do criado mudo tinha fotos dela com Stiles, na cômoda, no mural em sua parede, o quarto era uma lembrança presente da felicidade dos dois.
Ver aquilo me travou, sentia meu corpo congelar, não conseguiria continuar com aquilo, a segunda parte era bem pior e eu definitivamente não estava pronto para aquilo tudo.
Pousei aquele corpo delicado e frágil sobre a cama e peguei meu celular para ligar para a dona do plano que eu não conseguia concretizar.
_Érica, não consigo fazer isso! – disse assim que ela atendeu a ligação.
_Claro que consegue! Só tirar a roupa dela e pronto! – essa frieza dela me dava arrepios às vezes. _Theo eu preciso que você faça isso!
_E-eu não... Não da! – disse desligando a ligação na sua cara e levando as mãos à cabeça num ato de nervosismo por não conseguir achar uma saída daquilo tudo.
Escutei a porta da frente sendo batida e um frio na espinha me invadiu, seria a mãe dela ou Stiles e ambos me verem ali naquela situação seria o fim, não saberia explicar e me desesperei ainda mais, quando pensei em pular a janela era o corpo de Érica quem passava pela porta.
_Se eu fosse outra pessoa você seria pego! –ela disse sussurrando e apontando para minha direção.
_O que você esta fazendo aqui?
_Sabia que não conseguiria! – disse ela me dando seu celular para segurar e indo e direção a Lydia desacordada na cama.
Ela começou a tirar a blusa da Lydia e logo em seguida começou a despir a parte de baixo arrancando seu short rapidamente. Seu corpo era perfeito, cada detalhe era proporcional e era impossível não olhar, só se fosse cego para não perceber as lindas curvas da ruiva... Ela estava estonteante naquele conjunto rosa claro, Stiles era um cara de sorte e eu estava prestes a ferrar com tudo. Quando vi que ela não pararia por ali segurei em seu braço impedindo que continuasse com aquilo.
_Não, Érica assim já esta bom! Pare pelo amor de Deus!
_Temos que deixar convincente o suficiente! Preciso tirar tudo! –dizia enquanto tentava se soltar dos meus braços que tentavam imobilizar seu corpo.
_Não, se você fizer isso eu vou embora! – minha voz saiu mais alto do que eu imaginava me levando a olhar momentaneamente para a Lydia e ver se havia acordado a ruiva de seu sono profundo.
E nada... Ela dormia como um bebê, mas o efeito passaria a qualquer momento, era apenas um sonífero comum e não era confiável em longo prazo. Os olhos de Érica ainda estavam sobre mim que havia se assustado com a minha repentina autoridade naquilo tudo.
Ouvimos um carro estacionar e dessa vez só poderia ser ele, nos encaramos assustados e até ela paralisou, mas foi por um segundo apenas.
_Tire a blusa Theo! Agora!
Iria negar mais o tempo estava contra nós dois no momento.
_Anda Theo! –disse num sussurro irritado e eu involuntariamente puxei a camisa do meu corpo, já via a loira empoleirada na janela para sair da casa rapidamente quando ouvi o barulho da porta meu coração se perdeu nas batidas em um ritmo mais que acelerado, joguei a blusa em algum lugar pelo chão e me deitei rapidamente atrás de Lydia deixando nossos corpos colados, estava de costas para a porta e tentava controlar minha respiração acelerada para aparentar que havia pego no sono como a minha tutora até então.
Podia sentir a presença dele no quarto e o silêncio ainda pairava no ar, a duvida se instalou em mim, será que ele havia visto e ido embora? Seria a melhor opção, pois eles enfrentariam isso sem me envolver... Perdia-me em pensamentos naquela fração de segundos que o silêncio reinava e que logo foi destruído por um barulho estrondoso, levei um susto tão forte que poderia ter infartado ali mesmo.
Cacos de vidro caíram sobre mim aos montes me fazendo mover na cama me levantando rapidamente, Lydia mal se moveu, deveria estar muito sonolenta ainda por causa do remédio mas ela havia acordado junto comigo.
_Parabéns vocês me enganaram direitinho! – ele disse batendo palmas e aquilo me arrepiou.
P.O.V. Stiles
Ele me encarava com a cara mais descarada do mundo! Lydia nem se deu ao trabalho de levantar da cama, se virou em minha direção e franziu os olhos e a testa numa expressão confusa, como ela poderia ainda tentar reverter aquilo?
_Você! Seu desgraçado! – disse colando o corpo de Theo na parede com força segurando seu pescoço.
Eu apertava sem nem me importar de tanto ódio que eu possuía. Ele tentava falar e eu não queria ouvir nenhuma mentira vinda dele, não queria ouvir nada de nenhum dos dois!
Por uns segundos com as minhas mãos presas no pescoço daquele traidor, me esqueci da minha namorada traidora, essa levantou da cama e veio tentar me segurar de todas as formas.
_Stiles, para, por favor! Você vai matar ele! – ela dizia puxando meu braço, mas a força dela não fazia diferença alguma em mim! Minha força estava triplicada pela raiva!
_STILES PARA POR FAVOR! EU TE IMPLORO! Você vai ser preso! Não faça isso! Você vai matar ele!
Ela repetia e já via o corpo de Theo para de se debater... Eu poderia continuar aquilo mais eu não era esse tipo de pessoa e não me tornaria por causa de traidores. No momento em que constatei isso soltei seu pescoço e ele meio que desabou no chão. Lydia agachou por segundos para ver se ele ainda respirava e eu pude ter a visão dela por completo pela primeira vez.
Ela estava com a lingerie que eu mais gostava, o conjunto que eu havia dado de presente para ela e pedido para ela usar comigo por diversas vezes por gostar tanto da peça. Ela estava usando com ele o presente que eu dei com tanto carinho e amor para os nossos momentos de intimidade. A partir dali eu nem me lembrava mais de Theo. Minha raiva tinha sido canalizada em Lydia, traidora... Eu não conseguia acreditar!
Theo levantou dali rapidamente e sumiu da casa antes que eu ou Lydia pudéssemos falar alguma coisa. Restando só nós dois no quarto observei Lydia olhando para o seu próprio corpo, olhando para o quarto e para tudo em volta, ela deve ter caído na real que eu descobri tudo.
_Stiles eu não sei o qu...
_CALA A BOCA LYDIA! EU NÃO QUERO OUVIR A SUA VOZ! – meus berros deveriam ecoar pelo bairro e as lagrimas eu não conseguia mais evitar nem que eu tentasse.
_Você não acha que eu fiz isso não é? – ela me olhava ainda com esperança de me enganar.
_Eu deveria saber... Eu sabia! Você gosta de ser amante! Isso sempre foi um jogo pra você e è isso que você quer! Como eu não aceitava mais então você inverteu os papeis não é? Parabéns por conseguir ser mais baixa do que eu poderia imaginar! - Vomitava as palavras nela e não me sentia melhor com aquilo, eu só tinha mais raiva de mim mesmo por acreditar em nós dois.
Lydia estava com o rosto banhado de lágrimas e eu não sabia se era de arrependimento ou das minhas palavras ditas com total amargura.
_Eu não acredito que depois de tudo que passamos e depois de todas as provas que eu já lhe dei você possa desconfiar de mim, EU NÃO SEI O QUE ACONTECEU AQUI! Estou confusa!
_Você é suja! Isso é o que você é! Eu tenho nojo de você! Nojo de vocês dois! Aproveitem agora e nunca mais eu quero ver você! – disse já sem forças e derrotado, eu a amava com todas as forças mas queria atingir Lydia com todas as palavras que eu pudesse, talvez ela sentiria a dor que eu sinto no momento de ser traído daquela forma. Ela tentou se aproximar e colocar a mão no meu braço e tirei rapidamente como se ela fosse uma doença contagiosa.
_Nunca mais Lydia! Nunca mais toque em mim. – disse e me virei para sair do quarto, precisava sair daquela casa rapidamente! Precisava de uma bebida forte, muitas doses para tentar uma distração inútil daquela cena asquerosa, meu relacionamento destruído. Senti tudo que a Lena deve ter sentido e só imaginava como era ruim estar naquela posição.
***
_São R$78,00 reais. – disse o caixa do mercado que eu havia entrado para comprar as duas garrafas de vodka. Percebi que doses num bar não seriam o suficiente, paguei o valor e fui direto para o lugar que eu me sentia como se estivesse em casa, ali eu tentava afastar todos os meus problemas.
Fui para a quadra do rio.
Peguei a bola de basquete e com ela em uma mão e a garrafa na outra eu tentava mandar toda a tristeza embora...
Uma garrafa já estava em meu organismo e ainda não sentia alivio nenhum, meus sentidos já destorcidos e a visão começavam a embaçar. As cestas não eram mais feitas com a mira que eu tinha então só me restava ficar ali e continuar bebendo.
_Stiles? O que aconteceu? – demorei em achar de onde a voz conhecida vinha. Deparando-me com ela bem próxima ao lado da quadra.
_Oi Érica, o que faz aqui?
~