5inco | ✓

By nicolescreve

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(Sobre Amores e Amizades, #1) Quando o último ano do ensino médio começou, Maria Luísa Alves teve certeza que... More

Sobre amores e amizades:
Central de informação ao leitor:
Personagens:
Playlist:
Introdução:
1: Bem vindo ao Basso
2: Conversas estranhas
3: Saia justa
4: Retornos
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
5: Kia e Lia, Lia e Kia
6: Revanche
7: Blecaute
8: Flash, Mozart, Snow e Zeus
9: Conspiração
10: Espelho de classe
11: Quem não cola...
12: OTP
13: Metáfora
14: Qual é o time?
15: Choque de realidade
16: Escolhas
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
17: Dia do chiclete
18: Anna em: o retorno maldito
19: Ariel
20: Carrossel
21: Augusto é o coelhinho
22: Ciúmes
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS: AUGUSTO MARQUES
23: Surtando
BÔNUS: RODRIGO CASTRO
24: Olha a explosão
25: Maravilhosa confusão
26: Fim?
27: Bad blood
BÔNUS: THOMAS BASSO
28: Novas sensações, doces emoções
29: Só diga sim, sim, sim
30: Fofoqueiros
31: Sem chance
33: Perto
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS ESPECIAL: DIA DO AMIGO
34: Compatibilidade
35: Raiva
36: Cartas na mesa
BÔNUS: FELIPE ALVES
THE ARTISTS AWARDS
37: Família
38: Adeus para a foto
39: Sobre vestibulares, faculdades e o futuro
40: Respiração cachorrinho
41: Surpresa? Surpresa!
42: 5inco
43: Sentimentos x distância
44: Até o fim...
Agradecimentos:

32: Descobertas

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By nicolescreve

"Nada é tão simples quanto deveria ser e, algumas vezes, você está preparado para lidar com uma situação, mas nada é tão simples quanto parece à primeira vista. Nada mesmo. ── Malu. "

A primeira coisa que passou pela minha cabeça quando consegui me acalmar é que eu precisava da minha mãe.

Eu precisava muito dela.

Devo ter falado isso para Felipe já que ele, em algum momento, saiu do meu lado e telefonou para Marco. Eu ainda encarava o papel em minhas mãos, tentando assimilar tudo que havia acontecido quando Rafael sentou ao meu lado e, em um gesto simples, passou seu braço ao redor da minha cintura e depositou um leve beijo na minha bochecha.

Mas, infelizmente, nem aquele gesto doce da parte dele fez com que a minha cabeça parasse de trabalhar a mil por hora. Eram tantos os pensamentos que me tomavam que, sinceramente, eu ainda não sabia como algum tipo de fumaça não tinha começado a sair das minhas orelhas.

A segunda coisa que passou pela minha cabeça quando consegui me acalmar é que eu precisava falar com Lia e dar alguma explicação para ela.

Aquele era meu papel como irmã mais velha, afinal de contas. E mesmo que Felipe fosse o mais velho entre nós, sempre fui eu quem lidou com assuntos mais delicados. Logo falar com Lia sobre o que ela presenciou assim que chegou do ballet seria um desses assuntos. Talvez o mais delicado de todos.

Fui negligente com as minhas irmãs durante todos esses anos e nunca parei para pensar o que elas sentiam e pensavam em relação a Guilherme. Na minha cabeça, por elas nunca terem tido algum tipo de contato com ele e por Marco ser tão presente nas nossas vidas, Guilherme era apenas uma pessoa qualquer. Mas eu estava enganada nesse ponto. Ele era importante para Kia e poderia ser importante para Lia. E, caso ele fosse, eu deveria ser totalmente compreensiva e não repreender como havia feito com Kia.

A terceira coisa que passou pela minha cabeça quando consegui me acalmar é que eu deveria me desculpar com Kia por causa da minha explosão.

Ela não merecia aquilo, mas foi justamente o que dei para ela. Não foi certo da parte dela ter escondido tal coisa de todos nós, mas não foi nada certo a minha postura perante aquela situação. Ela confiou em mim e contou sobre o que fazia naquelas tardes e, como reação a esse fato, eu apenas explodi e falei tudo para a minha mãe. Não que eu fosse omitir algo como isso, mas sei que desapontei Kia.

─ Eu falei com o Marco e eles já devem estar fechando as malas nesse momento. ─ Felipe estava agachado na minha frente, com um comprimido em uma das mãos e um copo em outra. ─ Hum, a mãe disse para você tomar esse remédio e Marco pediu para que você lembre de todas as técnicas de respiração que ele ensinou para você quando éramos crianças.

Qualquer gesto meu estava sendo feito no automático e eu sabia que isso não era uma coisa boa. Ser afetada por Guilherme daquela maneira, mesmo depois de anos, não era nada bom. Nunca foi bom, mas descobrir que ele ainda possuía o mesmo efeito em mim era totalmente terrível.

Vai ficar tudo bem, Felipe sussurrou contra o meu ouvido antes de se levantar e voltar para a cozinha, sozinho.

Mas eu sabia que nada iria ficar bem e, no fundo, Felipe também sabia disso.

[...]

Augusto conseguiu manter Lia distraída por mais meia hora.

Foi um bom tempo, sendo sincera. Eu esperava que Lia fosse descer nos primeiros cinco minutos depois que Guilherme foi embora, mas ela continuou lá em cima por mais meia hora. E isso já era um tempo recorde quando o assunto é Lia Alves.

Quando Lia e Kia desceram as escadas e pela cara de Augusto, eu percebi que alguma coisa séria tinha acontecido lá em cima.

─ Era ele, não era?

Foi tudo o que Lia disse assim que parou a minha frente no sofá.

Felipe apareceu na sala novamente e me olhou assustado, tentando entender como Lia tinha chegado a essa conclusão sozinha. Eu também queria entender, mas levando em conta que estávamos falando sobre a Lia, ela poderia ter entendido tudo sozinha. A garota realmente pegava as coisas no ar.

Por isso, decidi que mentir não era uma opção naquele momento.

─ Era sim. ─ confirmei.

Lia continuou em silêncio parada a minha frente e Felipe até tentou perguntar para Kia se tinha sido ela que havia contado para a irmã sobre Guilherme, mas Kia nem teve a chance de responder.

─ Ninguém me contou nada, eu só liguei alguns pontos... ─ Lia sentou na mesa de centro. ─ Você estava em choque e Felipe e ele são muito parecidos... Não foi nada difícil chegar a essa conclusão.

─ É porque você é muito esperta. ─ disse.

Ela tentou sorrir um pouco para mim, mas não conseguiu.

Se a minha cabeça já estava uma confusão por causa de Guilherme, o que sobrava para Lia? Aquele havia sido o primeiro encontro eles! Ela não teve uma preparação e ao menos teve uma escolha. Guilherme apenas decidiu que seria uma ótima ideia aparecer na porta da nossa casa, não ligando para quais efeitos a sua ação iria causar em todos nós.

─ Por que ele veio aqui, Malu?

Kia pareceu interessada na conversa e sentou ao lado da irmã gêmea.

Ela me olhou, cheia de expectativas, provavelmente pensando que o encontro tinha sido o melhor possível. O problema é que Kia simplesmente resolveu ignorar toda a negligencia de Guilherme como pai com todos nós e agora focava no quão maravilhoso ele era por ter resolvido aparecer nas nossas vidas.

Eu tentava a entender de alguma maneira, mas não conseguia.

Não conseguia simplesmente achar uma atitude como a de Guilherme maravilhosa ou simplesmente ignorar tudo o que ele deixou de fazer pela gente sempre. E eu não desejava essas coisas. A única coisa que eu queria de Guilherme Alves era distância.

─ Eu não tenho ideia. ─ fui sincera com elas e decidi que seria extremamente sincera naquele momento. ─ Você... Eu... Eu não quero escutar o que ele tem para falar, Lia. E foi um choque muito grande ter ele aqui em casa.

Lia fez um gesto positivo com a sua cabeça e nada recebi de Kia, apenas seu silêncio naquele momento.

─ Não teve preparação.─ Kia disse, depois de alguns minutos em silêncio.

─ Não teve preparação, Kia.

Era bom que ela entendesse que as situações em que todos encontramos Guilherme era extremamente diferente da dela. Kia teve a chance de escolha e se preparou para o que iria acontecer. Ela sabia que iria acontecer. Nós, por outro lado, não. Fomos todos pegos de surpresa e sem nenhuma preparação.

Achei maduro da parte dela em entender esse ponto, mas duvidava que ela continuasse sendo totalmente madura depois de tudo que eu tinha a falar.

Kia e eu somos deveras parecidas em muitos pontos.

Então não era nenhuma surpresa para mim que ela fosse simplesmente abominar as palavras que sairiam da minha boca em seguida.

─Eu vou ser sincera com vocês duas agora, ok? Extremamente sincera. Não me importo com o que Guilherme tenha para me dizer porque eu não quero saber. ─como já esperado, Kia já estava preparada para rebater minhas palavras, mas fui mais rápida do que ela naquele momento. Ela precisava escutar tudo que eu tinha para dizer antes de começar a rebater tudo.─ Calma, Kia, eu não vou falar mal dele ou falar alguma coisa sobre ele, mas espero que você me entenda nesse ponto. ─ expliquei. ─ Eu não fazia ideia do quanto ainda dói até ver ele aqui. Foi como se tudo voltasse e cada cena fosse rebobinada na minha cabeça... Ele me afeta demais e eu só quero distância.

Fiz questão de frisar bem aquele ponto.

Eu queria distância de Guilherme e zero de contato com ele. Desconfiava de que Felipe queria a mesma coisa e, isso, era uma decisão apenas nossa. E não tinha nada a ver com a idade naquele momento: nós poderíamos até ser mais novos que Lia e Kia, mas aquela decisão iria ser nossa em qualquer idade.

Só que isso não significava a mesma coisa para as minhas irmãs.

─Mas isso não quer dizer que vocês também queiram.

─ Maria Luísa! ─ a voz ultrajada do meu irmão chegou até os meus ouvidos.

Eu o entendia, se existia uma pessoa que o entendia nesse ponto, essa pessoa era eu. Mas Felipe precisava entender que nós precisávamos começar a entender algumas coisas para que não nos afastássemos das nossas irmãs mais novas.

─Felipe, não. ─ o cortei. ─ Kia já deixou claro e demonstrou que ele é importante para ela de alguma maneira e se a mãe não vê problema nenhum nisso, quem somos nós para falarmos alguma coisa?

─ Talvez os filhos que ele abandonou? As pessoas que sentiram na pele tudo que esse abandono causou na nossa vida?

Kia e Lia arregalaram seus olhos e eu apenas lancei um olhar nada amigável para Felipe.

─ Felipe, não. ─ reforcei.

Ele soltou uma risada nervosa e murmurou vários "não acredito que isso está acontecendo" enquanto Kia me olhava com os olhos brilhando e Lia mantinha sua atenção focada nos seus pés. Na verdade, ela olhava para Snow que estava afiando as suas unhas no sofá, como se aquele ato não fosse extremamente proibido.

─ A única coisa que eu quero dele é distância também. ─ não foi da boca de Felipe que essa frase saiu.

Parei de encarar Snow e encarei Lia que parecia bastante convicta e satisfeita com a sua resposta.

Quem não parecia ter gostado tanto daquilo havia sido a nossa irmã mais nova.

─Lia!

─Kia! - ela usou o mesmo tom que a irmã gêmea. ─ Eu fiquei brava com você porque você estava se encontrando as escondidas com ele, mas em nenhum momento cheguei e disse "ei, acho melhor você parar de se encontrar com ele", disse? ─ como Kia não respondeu, Lia voltou a falar. ─ Você também não tem o direito de me repreender por eu não querer nada dele.

Eu queria muito agarrar Lia pelos ombros e encher seu rosto de beijos e pular de alegria pela sua decisão, mas, infelizmente, tinha que agir como a irmã mais velha e responsável. Era quase a mesma situação de quando Felipe voltou para casa: eu precisava ser neutra.

Ok, retiro o que eu disse porque não quero comparar a situação de Felipe com a situação de Guilherme.

─ Não tem problema se você querer, Lia. ─ dei de ombros.

Na verdade, existem vários, mas eu preciso tentar ser compreensiva.

─ Tem problema sim, Malu. ─ ela voltou a afirmar para o desgosto da irmã gêmea. ─ Eu não posso confiar em uma pessoa que eu nunca conheci. E quem me garante que ele não vai fazer como da primeira vez? Ele pode cansar e resolver sumir por doze anos novamente... Sinceramente? Não quero ser o brinquedo da vez.

Depois disso, ninguém mais quis contestar as palavras de Lia e um silêncio denso repousou entre nós.

Cento e sessenta e dois quilômetros distanciam Resende do Rio de Janeiro.

Aquela era a primeira vez que a distância entre lugares me irritou profundamente.

Thomas, Rafael e Augusto disseram que iriam ficar com a gente até o momento em que Marco e nossa mãe chegassem e eu não poderia ser mais grata por ter eles por perto. O clima ainda era pesado, mas Augusto sempre conseguia deixar tudo mais leve e ele foi uma ótima distração para as minhas irmãs mais novas. E até mesmo para mim. Me peguei sorrindo levemente entre uma besteira e outra que ele falava, mas nunca deixando de sentir o peito pesado.

Em algum momento, quando o dia já tinha dado lugar a noite, escutamos o barulho do carro sendo estacionado na garagem.

Foi como se a realidade voltasse a atingir todos nós e as risadas de Lia e Kia morreram ao mesmo tempo em que a porta da casa foi aberta e a nossa mãe passou por ela. Marco vinha atrás dela, largando as malas de qualquer jeito no chão e fazendo uma vistoria rápida pela casa. Ele pareceu bastante aliviado quando encontrou com os garotos ainda ali.

Mas deixou de parecer aliviado quando me encontrou sentada no sofá.

Marco caminhou em minha direção e eu fiquei em pé, pronta para receber o abraço que eu sabia que estava vindo. E ele veio. Foi uma troca silenciosa de olhares entre nós dois e ele percebeu do que eu precisava. Ao contrário de Guilherme que nem mesmo com os meus gritos foi capaz de perceber o que estava me causando.

Aquelas tinham sido as duas horas e meia de viagem mais agoniantes da minha vida, mas ter Marco ali, me abraçando, fez as coisas se acalmarem mais um pouco.

E eu sabia que para que tudo se acalmasse dentro do meu peito de uma vez por todas, precisava do abraço da minha mãe. E ele não demorou mais nenhum segundo para chegar.

Marco me soltou e ela logo veio em minha direção.

Quando seus braços me ampararam, deixei que toda aquela angustia e sofrimento voltasse a ser liberada. As lágrimas desceram com força e meu corpo tremia contra o da minha mãe. Eu tinha conseguido segurar aquilo por muito tempo, mas precisava liberar de alguma maneira. E eu sempre soube que no momento em que minha mãe chegasse em casa, tudo aquilo seria liberado de alguma maneira.

Ela esperou de maneira paciente que meu choro fosse, aos poucos, acalmando até que terminasse. Me embalou em seus braços enquanto sussurrava que tudo ficaria bem uma porção de vezes. E mesmo que eu duvidasse que tudo fosse ficar bem, acreditei nas suas palavras cegamente.

─ Vocês definitivamente não estão bem.

Minha mãe ainda me abraçava e sentiu quando movi a cabeça, de cima para baixo, de maneira afirmativa e me apertou ainda mais em seus braços. Ela murmurou alguma coisa para Marco que não entendi e depois voltou a prestar atenção em todos nós, tentando entender o que tinha acontecido.

O problema é que nenhum de nós sabia exatamente o que aconteceu.

Só sabíamos que Guilherme resolveu aparecer aqui e causou todo esse desastre.

─ O que exatamente aconteceu aqui?─ minha mãe voltou a perguntar. ─ Vocês precisam explicar para a gente o que aconteceu aqui enquanto estávamos fora.

Felipe me olhou e minhas irmãs me olharam e eu descobri ali que a única de nós que poderia contar tudo nos mínimos detalhes era eu. O problema nisso tudo é que eu me negava em lembrar de tudo que aconteceu naquela tarde. Pensava que se voltasse a pensar em todas aquelas coisas, mais uma onda de pânico fosse me invadir e aí tudo iria por água abaixo novamente.

Então, sim, eu poderia ser a única a explicar todos os detalhes, mas não iria conseguir fazer aquilo.

Talvez Thomas tenha notado as trocas estranhas de olhares que estávamos tendo e resolveu assumir a posição dianteira. Ele poderia ser alguém de fora e poderia não saber os mínimos detalhes, mas ele estava tentando nos ajudar e aquilo já bastava. Muito.

─Nós estávamos vendo um filme e a campainha tocou, madrinha. A Malu foi atender e estava demorando para voltar, mas nenhum de nós achou isso estranho. Só que do nada... Ela gritou. ─ ele coçou a cabeça, sem graça, e voltou a falar. ─ Felipe estava descendo as escadas bem no momento e correu em direção a porta e, bem...

─ Guilherme estava segurando o braço dela. ─ Felipe completou quando Thomas não conseguiu prosseguir.

Minha mãe arregalou os olhos e eu tratei de explicar a situação de uma maneira melhor que Felipe.

─ Não foi para me machucar. ─a acalmei. ─ Ele só queria que eu aceitasse conversar com ele.

Ela fez um gesto positivo com a sua cabeça, mas então Felipe voltou a abrir aquela boca enorme dele.

─ As garotas viram ele.─ Felipe disse e minha mãe voltou a arregalar os olhos.

Ok, ou alguém diz para Felipe explicar a situação de maneira correta ou alguém cala a boca dele antes que ele cause um ataque cardíaco na nossa mãe. O que custava dar a informação completa? Ninguém queria um suspense no ar em um momento como aqueles.

─ Mas ele não disse quem era ou tentou falar com elas. ─ lancei um olhar repreensor para Felipe e ele apenas levantou as mãos, pedindo desculpas. ─ Só que a Lia já descobriu tudo e eu já falei com ela também. Não precisa se preocupar com isso.

Pelo menos não com isso, foi o que completei mentalmente.

Minha mãe afagou a cabeça de Lia e de Kia e pediu para que elas subissem porque o assunto ficaria mais sério naquele momento. Depois que elas subiram, Augusto, Thomas e Rafael levantaram do sofá e já estavam se despedindo quando minha mãe e Marco pediram para que eles ficassem. E eles ficaram.

─ A única pessoa que eu estou extremamente preocupada nesse momento é você, Malu. ─ achei um pouco estranho toda aquela preocupação, mas cedo demais minha mãe me explicou o motivo.─ Me deixa ver os seus braços.

Ela não me deu oportunidade de estender os braços para ela, apenas os agarrou e começou a procurar por alguma coisa errada neles. Mas a única coisa que ela encontrou ali foram fracos arranhões.

Eu a entendia, entendia realmente, já que quando era mais nova encontrei nesse ato um meio de aliviar tudo o que sentia. Mas minha mãe não precisava ficar tão assustada com isso. Eu não iria voltar a fazer aquelas coisas. Não mesmo.

─ Você é um grande fofoqueiro mesmo. ─ meti a língua para Felipe. ─ Mãe, é sério, só foi uma coisa de momento, não vai voltar a acontecer.

É claro que ela não se deu por satisfeita e continuou analisando meus braços e eu apenas fique ali, com os braços estendidos enquanto a parte médica dela atacava. Depois de mais algumas olhadas, ela se deu como satisfeita e parou de procurar por marcas que não estavam mais ali. E nunca mais estariam.

─ Você disse no telefone que ele deixou alguma coisa aqui em casa... O que ele deixou?

Felipe para mim já que o papel estava guardado dentro do bolso da minha calça agora.

─Ele me entregou isso. ─ retirei ele de dentro do bolso e entreguei para a minha mãe. ─ Eu sei que é um laudo médico, mãe. E laudos médicos querem dizer que...

─ Ele passou dos limites.

Foi Marco que falou já que ela estava muito concentrada no papel que tinha em mãos.

Felipe e eu já havíamos entendido o que aquele papel significava. É claro que nós não descobrimos porque o abrimos e entendemos todas as coisas que estavam nele, não. Nós apenas somamos um mais um e a resposta apareceu diante dos nossos olhos.

Guilherme estava doente e agora queria consertar tudo de errado que havia feito ao decorrer da sua vida.

Esse seria um gesto considerado nobre pelas pessoas de fora, mas não para mim. Ele não tinha como recuperar doze anos de ausência de uma hora para a outra. E, além disso, ele apenas havia nos procurado porque estava doente. Caso ele não estivesse, as coisas continuariam as mesmas de sempre. Não tinha nada de nobre em procurar os filhos que ele abandonou apenas por culpa.

─ Ah, droga... ─ minha mãe murmurou baixinho e até pensei que tivesse escutado errado, mas quando ela voltou a falar, com a voz mais alta e claramente assustada, e ficou claro que ela realmente estava xingando. ─ Ah, mil vezes droga!

─ Mãe?

Marco foi até ela e minha mãe mostrou alguma coisa no papel para ele, deixando Marco igualmente perdido e sem chão. Ok, eu já desconfiava que Guilherme estava doente, mas ele estava correndo risco de vida? Era algo muito sério?

Talvez minha mãe tenha percebido o clima tenso na sala e voltou a explicar algumas coisas para nós.

─Isso não é do pai de vocês.

─Como assim não é dele?

A pergunta de Felipe era realmente muito pertinente, mas espera: como assim aquilo não era de Guilherme?

─ Por que ele entregaria uma coisa como essas para gente se não fosse alguém com o mesmo sangue que a gente?

Minha mãe ficou em pé e imitei o gesto dela, mas fui em direção de Felipe que parecia estar no mesmo barco que eu. O barco da confusão que apenas seguia rio abaixo e deixava tudo ainda mais bagunçado do que nós esperávamos. Marco e minha mãe trocaram um olhar cauteloso, antes de Marco voltar a falar.

─ Vocês precisam manter a calma e a racionalidade agora, crianças.

─ Hãn? Eu não estou entendendo nada.

O que, afinal de contas, estava acontecendo?

─ Isso aqui é de alguém que tem o mesmo sangue que vocês. ─ a mão de Felipe segurou a minha com força e eu realmente não estava entendendo nada. ─ É de alguém chamado Cícero Mendonça Alves.

Olhei para Felipe confusa e ele estava totalmente pálido.

Eu não conhecia alguém chamado Cícero e nem conhecia alguém com o sobrenome Mendonça, mas aquela pessoa tinha o mesmo sobrenome que o meu, então seguindo pela linha de raciocínio, deveria ser algum parente de Guilherme.

Mas não fazia sentido ele entregar uma coisa como aquela para gente.

Por que nós iriamos querer um laudo médico de alguém da família dele?

Não...

Não entendi porque Felipe sussurrou aquilo e não entendi mais nada quando ele levou as mãos ao rosto, escondendo de todos que estava chorando. Chorando pelo o que? Ele conhecia essa pessoa? Era alguém que nós conhecíamos quando éramos crianças e perdemos o contato depois que Guilherme foi embora? Era isso?

─ Felipe, você precisa ficar calmo... ─ Marco foi até ele, mas parou no meio do caminho quando meu irmão simplesmente pediu para que ele não o consolasse. ─ Sua irmã precisa de você.

─ Preciso dele sim, mas porque tudo isso? Quem é Cícero, mãe?

Não era para tudo ser extremamente simples?

O laudo era de Guilherme e ele tinha vindo até aqui para pedir desculpas por todos os erros que ele cometeu com a gente. Porque ele estava doente. Não era? Mas a vida provou que não, que aquela situação era totalmente diferente de como ela se apresentou e que, realmente, nada é tão simples como parece ser.

Thomas foi quem abraçou Felipe em uma tentativa de o acalmar e foram Rafael e Augusto que seguraram as minhas mãos quando a verdade simplesmente veio à tona. Bagunçando com tudo que eu já conhecia e fazendo o jogo virar mais uma vez.

─ Acho que ele possa ser... Na verdade, eu tenho certeza de que... ─ minha mãe respirou fundo antes de dar o veredito final. ─ De que ele seja meio-irmão de vocês.

#

Ois, gal, tudo bem com vocês?

QUEM ESPERAVA POR ISSO??????????? ACHO QUE NINGUÉM AHAUHAU

Eu fiquei muito chocada em ninguém ter sugerido que o laudo não fosse do Guilherme que até fiquei com um pouco de dó de não ser ele a pessoa doente. Temos aí o Cícero e vai ser explicado mais dele e dessa situação toda nos próximos capítulos

Desculpa aí qualquer coisa HUAHUAUA

TEMOS GRUPO NO FACEBOOK? TEMOS GRUPO DO FACEBOOK!!!!!!!

Finalmente tomei aquele maravilhoso chá chamado "vergonha na cara" HAUHAU Então, sério, entrem lá e me façam felizes, sim? Com 5inco em reta final, eu vou postar muitos spoilers lá e quero mostrar as capas DOS OUTROS LIVROS DA SÉRIE PRA VOCÊS AAAAAAAAAAAAAA E, claro, se alguém daqui acompanha alguma outra história minha, vai ter spoiler lá e assim seguiremos o baile

Grupo no fb: https://www.facebook.com/groups/1971988549699989/ (se quiserem o link direto me peçam pelos comentários ou vão direto no meu perfil que na bio vai ter <3)

Twitter: shhhnic

Obrigado por todos os comentários e votinhos de vocês, gal <3

Nos vemos na próxima quinta-feira!

Um beijão

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