5inco | ✓

By nicolescreve

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(Sobre Amores e Amizades, #1) Quando o último ano do ensino médio começou, Maria Luísa Alves teve certeza que... More

Sobre amores e amizades:
Central de informação ao leitor:
Personagens:
Playlist:
Introdução:
1: Bem vindo ao Basso
2: Conversas estranhas
3: Saia justa
4: Retornos
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
5: Kia e Lia, Lia e Kia
6: Revanche
7: Blecaute
8: Flash, Mozart, Snow e Zeus
9: Conspiração
10: Espelho de classe
11: Quem não cola...
12: OTP
13: Metáfora
14: Qual é o time?
15: Choque de realidade
16: Escolhas
17: Dia do chiclete
18: Anna em: o retorno maldito
19: Ariel
20: Carrossel
21: Augusto é o coelhinho
22: Ciúmes
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS: AUGUSTO MARQUES
23: Surtando
BÔNUS: RODRIGO CASTRO
24: Olha a explosão
25: Maravilhosa confusão
26: Fim?
27: Bad blood
BÔNUS: THOMAS BASSO
28: Novas sensações, doces emoções
29: Só diga sim, sim, sim
30: Fofoqueiros
31: Sem chance
32: Descobertas
33: Perto
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS ESPECIAL: DIA DO AMIGO
34: Compatibilidade
35: Raiva
36: Cartas na mesa
BÔNUS: FELIPE ALVES
THE ARTISTS AWARDS
37: Família
38: Adeus para a foto
39: Sobre vestibulares, faculdades e o futuro
40: Respiração cachorrinho
41: Surpresa? Surpresa!
42: 5inco
43: Sentimentos x distância
44: Até o fim...
Agradecimentos:

BÔNUS: RAFAEL CUNHA

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By nicolescreve

"Você acha que sabe o que está fazendo da sua vida, mas a verdade é que não têm ideia. É como se tudo de uma hora para outra mudasse quando alguém te fala uma simples coisa e então, BAM, você não faz ideia do que está acontecendo. Ou quem você é. ── Maria Luísa."

Cara é sério! Você tinha que ver o estado que a Malu ficou. – Augusto explicava enquanto eu terminava de vestir minha camiseta. – Parece que entrou em um estado de choque. Não falava com ninguém e ficou sentada naquele corredor até você acordar.

Sorri com isso mesmo sabendo que Augusto deveria estar exagerando em sua explicação. De todo o modo, era bom saber que Maria Luísa tinha se preocupado comigo. Aquela era a primeira reação positiva que eu recebia desde que voltamos, deveria significar alguma coisa.

Depois que eu terminei de me vestir, Augusto me ajudou a sair daquele quarto de hospital e encontramos com a minha mãe parada na recepção do mesmo, terminando de assinar alguns papéis. Eu iria escutar um belo discurso sobre irresponsabilidade e brigas, mas merecia dessa vez. Única vez, vale ressaltar.

Augusto foi embora junto com o pai dele que tinha ido o buscar, e eu ainda fiquei mais um tempo no hospital, esperando minha mãe assinar aqueles papéis e falar com a tia Jane. Melhores amigas de infância, sabe como é.

Fui direto para casa depois que saí do hospital, precisava mesmo tomar um banho e ter um sono razoável sem ter uma agulha enfiada em um braço ou Augusto babando perto da minha mão. Obviamente antes de conseguir dormir minha mãe fez um dos seus discursos enormes sobre como era irresponsável da minha parte me envolver em brigas. Fiquei em silêncio o caminho inteiro enquanto ela falava, não fiz menção de interromper ou a contradizer; Sabia e muito bem que não foi nada inteligente ter partido para a agressão física.

Depois de umas cinco horas dormindo – ou até mais –, resolvi que ficar em casa sozinho olhando o teto não ajudava em nada. Felipe falou que eu deveria ir mais tarde lá e agora era mais tarde já.... E, bom, eu precisava falar com a Malu. Precisava mesmo.

Ela não apareceu mais depois que foi falar com Felipe e quando a mãe deles apareceu, apenas respondeu que realmente não sabia onde ela tinha se enfiado. Expulsou o Thomas e a B do meu quarto, mas deixou que Augusto ficasse comigo como companhia. Algum tempo depois, Felipe veio ver como as coisas estavam e também foi embora. Ele não sustentava a melhor expressão em seu rosto e aquilo me deixou curioso para saber o que havia acontecido.

Mas Felipe e o que supostamente tinha acontecido naquele quarto não me interessavam. O que tomava conta dos meus pensamentos era a cena que Maria Luísa e eu partilhamos no quarto daquele hospital.

Nós precisávamos conversar.

Precisava decidir o que faria em relação sobre todo aquele sentimento que eu ainda possuía em relação à Maria Luísa. Eu sabia que ainda gostava dela de alguma maneira, apenas não suspeitei que aquilo continuava tão forte e fora de controle como há três anos atrás. Digo, quando eu decidi aceitar a proposta do meu pai e passar algum tempo com ele, não foi apenas por passar um tempo com ele que eu fui. Claro que não. Precisava ver se controlava todo aquele sentimento por ela também. E ficar longe, na época, parecia uma boa maneira de amenizar aquilo.

Mas como amenizar uma coisa daquelas? Eu sempre gostei dela, descobri isso ainda quando era um moleque e o sentimento com o tempo apenas foi aumentando e tomando proporções enormes. Chegou o momento que eu não conseguia mais esconder aquilo e decidi fugir. É, eu sou um otário, um babaca e, ainda por cima, um covarde de primeira.

Só que neste momento não é o passado que importa ou que mereça toda essa comoção. O que está em debate é o presente e o que aquela cena significava para Maria Luísa. Porque ela significou o mundo para mim. E não saber se aquilo significou alguma coisa para ela estava... Me corroendo.

Teria que ter uma conversa séria com Maria Luísa porque eu precisava saber se ela ainda sentia o mesmo de três anos atrás por mim. Ela sim foi corajosa o bastante para assumir os sentimentos. E agora quem precisava conversar com ela sobre isso era eu.

Eu não possuía dúvidas de que alguma coisa no hospital tinha acontecido. Não depois de ver como Malu ficou e por ver todos aqueles sentimentos nos olhos dela. Tudo bem, a cena poderia ter significado alguma coisa para ela também, mas talvez eu esteja confundindo os sentimentos que acho ter visto por outra coisa. Tinha carinho naquele olhar e preocupação, mas e se fosse aquela preocupação que nós sempre tivemos um com o outro quando éramos melhores amigos? A única pessoa que possuía essa resposta era ela.

Nós definitivamente precisamos conversar.

[...]

Cheguei à casa de Felipe por volta das cinco e desde então estávamos conversando e conversando. Sobre coisas banais e sem importância alguma, mas mesmo assim conversávamos e eu ficava olhando para escadas de cinco em cinco minutos. Mas nada. Nada se Kia e Lia, Zeus e Snow ou Maria Luísa. Absolutamente nada desde o momento em que cheguei aqui.

Thomas e Augusto apareçam por lá uma hora mais tarde depois que eu cheguei, e ficamos os quatro – grande surpresa – fazendo nada.

Tia Jane e Marco às vezes vinham falar com a gente, olhavam um pouco de televisão e voltavam para a cozinha, mas não parecia bem isso. Quero dizer, a mãe deles ficava olhando para a porta toda vez que vinha até a sala e Marco sempre parava ao lado do telefone, como se estivesse esperando o mesmo tocar. Esperando alguém chegar.

A porta da frente bateu indicando que alguém tinha chego. Felipe bufou irritado, mas continuou com a atenção focada no seu tênis enquanto eu e os caras estávamos mais concentrados em saber quem tinha chego. E do nada uma Maria Luísa usando a mesma roupa de ontem passou quase correndo pelo corredor, pronta para subir as escadas, mas parou de andar subitamente de andar quando percebeu a mãe logo atrás.

Ela não tinha dormido em casa?

– Onde você passou a noite? – me ajeitei no sofá, virando meu dorso totalmente para elas e tive certeza que não fui o único a fazer. – Eu pedi para você falar comigo antes de ir embora, Maria Luísa! Você acha que uma mensagem no meio da noite dizendo que você está bem é o suficiente? Quer me fazer ter um ataque do coração antes dos cinquenta?

Então era ela que eles estavam esperando?

Felipe ainda mantinha o olhar distante, mas apostava que estava escutando tudo. Marco estava encostado na porta que dividia a sala da cozinha, analisando as duas paradas nas escadas. Thomas estava encostado na parede ao lado da escada, olhando descaradamente para as duas, sem ao menos disfarçar. E eu, no sofá, estava com o dorso virado totalmente em direção as escadas. Augusto permaneceu em silêncio na poltrona.

Maria Luísa virou seu corpo em direção à mãe, mordendo o lábio em dúvida e eu percebi que ela não estava à mesma de ontem. Os olhos estavam meio inchados e avermelhados, a ponta do nariz vermelha e... Caramba, ela tinha chorado a noite toda? Porque era exatamente isso que ela aparentava ter feito!

– Dormi no Rodrigo, desculpa não ter avisado com quem eu estava, é só que... – respondeu com a voz fraca, quase que por um fio. – Precisava mesmo falar com ele sobre umas coisas e acabei me esquecendo de passar no seu consultório depois.

Aquilo foi mais um choque de realidade com direito a água fria do que qualquer coisa para mim. Mesmo depois de todo aquele clima no quarto do hospital, foi ele quem amparou ela. Não conseguia acreditar naquilo. Não depois de ver os mesmos sentimentos estampados nos olhos de Maria Luísa.

Ei, amigão, que sentimentos? Pelo que eu me lembre aquilo tudo pode ter sido fruto da sua imaginação, viu? Ninguém te garante que Maria Luísa supostamente ficou parada no tempo durante três anos e ainda gostando de você. Acorda pra realidade, cara.

– Aconteceu alguma coisa? – Maria Luísa confirmou rapidamente com a sua cabeça. – Vocês brigaram?

– Não quero falar agora. A gente pode falar sobre isso depois? Acho que se dormi duas horas foi muito.

Augusto pigarreou e então ela percebeu que estávamos os quatro ali. Todos nós escutando aquela conversa.

Maria Luísa arregalou seus olhos quando percebeu que tínhamos ouvido toda a conversa, até tentou falar alguma coisa, mas apenas abria a boca e voltava a fechar. E o que ela tinha para falar? Alguma coisa do tipo: estava na casa do meu namorado porque ele é meu namorado e é isso que namorados fazem: dormem juntos? Ela não iria tentar explicar a situação e talvez tenha percebido isso, dando de ombros e já pronta para subir até o seu quarto.

Tia Jane voltou para a cozinha, mas Marco ficou parado ali ainda encarando toda a cena.

E você realmente achou que ela iria te esperar durante tanto tempo, babaca?

Sério, nunca senti tanta raiva como naquele momento. Não era raiva de ninguém além de mim mesmo e da minha consciência. E da realidade que aos poucos me atingia. E a realidade, cara, ela estava sendo realista ao extremo.

O que me levou a pensar nem que por meio segundo que eu tinha o direito de cobrar uma conversa com ela sobre sentimentos sem ao menos ter me dignado a falar sobre os meus quando era mais novo? Como eu poderia ter pensando que eu tinha o direito de beijar ela na noite anterior sabendo que ela tem um namorado? Qual era a minha de achar que eu tinha alguma moral nessa situação sendo que eu não tenho nenhuma?

Eu ainda quero saber o que aquela cena significou, mas... Depois que a realidade me atingiu e eu percebi o quanto Rodrigo é alguém importante na vida dela talvez a resposta não vá mais fazer diferença.

Pode existir algum sentimento em relação a mim além da amizade, mas isso não significa que ela esteja disposta a tentar algo comigo sendo que ela tem esse algo com ele.

A realidade quando alcança uma pessoa pode fazer você enxergar melhor, mas ela também quebra a sua cara e coração de uma maneira inimaginável.

– Aproveitou bem à noite? – Thomas decidiu provocar, fazendo Maria Luísa parar de subir subitamente as escadas.

– Vá se ferrar, Thomas. – Maria Luísa usou uma quantidade exagerada de raiva nas palavras dela. – Não devo explicações da minha vida íntima desse jeito.

Só escutamos a porta do quarto dela bater com força e depois mais nada. Aquilo tinha sido bem inesperado, quero dizer, totalmente inesperado. O estado de Maria Luísa, o banho de realidade e o ataque de fúria por conta de uma pequena frase. O que aconteceu com ela afinal de contas?

– Augusto, acho que você deve ir falar com ela. – Marco disse. – Maria Luísa não está no seu melhor estado de humor.

Ele disse isso e simplesmente sumiu da sala.

– Vou falar com ela e tentem não se matar nesse meio tempo.

Augusto demorou cerca de uma hora para voltar a descer novamente. Nenhum de nós teve coragem de abrir a boca durante essa uma hora também. Estávamos mais focados em tentar entender o que tinha acabado de acontecer na sala ou, no meu caso, eu ainda me perguntava o porquê de tantas decisões babacas tomei nesse curto espaço de vida que tenho.

Quando ele voltou para a sala, sentou no mesmo lugar de antes e ficou em silêncio. E ao contrário do que eu esperava, Augusto não estava bravo ou chateado com alguma coisa, mas sim sorrindo. É, cara, Augusto estava com um sorriso gigante no rosto como se tivesse acabado de ganhar na loteria.

– Sabe o motivo do mau humor? – Felipe perguntou.

– Aham. – ele olhou sutilmente para nós três com sua sobrancelha arqueada. – Estou olhando pra eles agora mesmo.

– Pode explicar um pouco melhor?

– Ela está bem confusa sobre umas coisas. – olhou sugestivo para mim e eu fiquei a ver navios. – Mas Malu tomou uma decisão sobre tudo e é isso.

– Augusto, não entendemos nada do que você disse. – Thomas falou confuso.

É, todos estávamos confusos sobre isso.

– Ela já vai explicar. – disse. – Daqui uns dez minutos tudo vai começar a se acertar.

Menos de dez minutos passaram e Maria Luísa voltou para sala. Os cabelos estavam molhados e ela não vestia mais aquela roupa de natação, ela foi trocada por um moletom maior que ela e alguma calça.

– Quero falar com vocês que estou mais calma. – Maria Luísa parou bem no meio da sala, olhando para nós naquele momento. – Com todos vocês.

– Acho melhor descansar um pouco, Maria Luísa. – sorri irônico para ela. – Já que a noite foi boa, pelo visto. Recarregar as baterias e coisa do tipo.

Já era muito tarde para me arrepender das minhas palavras e eu precisei deixar que a minha frustração saísse de alguma maneira. Da pior possível, mas eu sou assim mesmo: sempre faço as piores escolhas possíveis.

– Rafael. – Augusto advertiu.

Ao contrário do que eu espera, Malu apenas sorriu na minha direção e isso me deixou mais louco. Porra, eu pensava que ela fosse dizer algo como: "na verdade, a noite foi péssima e queria ter passado ela toda na sua companhia naquele hospital.". Mas ela apenas sorriu! Nem uma realidade paralela queria ser minha amiga naquele momento.

– Minha vida íntima não é o assunto em questão nesse momento. – ela deu de ombros. – Quero falar sobre outras coisas.

Imitei seu gesto, apenas dei de ombros, mas na verdade eu queria e muito sobre a noite anterior.

– Primeiro quero dizer que foi muito estúpido da parte de vocês se meterem em uma briga que não era de vocês. – ela apontou para mim e Felipe. Estava pronto para dar uma ótima resposta, quando ela me fez ficar sem arma alguma para usar contra ela. – E depois quero agradecer por terem me defendido.

– Sério? – Felipe perguntou meio debochado e incrédulo. Mais debochado, claro.

– Não debocha porque o assunto é sério. – respondeu simplesmente. – Mesmo sendo perigoso e vocês dois acabando no hospital foi muito corajoso o que fizeram. – sorriu sincera para nós dois e eu não pude evitar fazer a mesma coisa, mas parecendo um babaca apaixonado, claro. – E babaca, claro.

Por essa eu não esperava.

Não esperava por nada parecido com aquilo. Falando a verdade, esperava por duas coisas: talvez uma discussão ou que ela continuasse nos ignorando. Mas agora, ela agradecendo por termos nos metido naquela briga? Cara, nem em mil anos acreditaria naquilo, não depois de tudo e como as coisas estavam essa bagunça toda.

Mas Maria Luísa sempre fazia isso:  me deixava surpreso. Só que dessa vez eu não era o único naquela situação. Augusto era o único que estava normal, mas é claro que ele ia estar já tinha conversado com ela antes. O único dos quatro que ainda mantinha a amizade com ela.

É Augusto, tu és o cara.

– Desculpa ter te deixado sozinho no hospital, Augusto, nem me lembrei de você na hora de ir embora. – virou sua atenção até ele.

– Tudo bem, nem lembro que ia embora com você. – ele torceu o nariz em reprovação. – Na verdade não me lembro de nada além de dormir com o Rafael.

– Se lembra disso na hora de beber tanto assim novamente então. – ela simplesmente respondeu.

Augusto levantou os polegares de maneira positiva e Maria Luísa meio que sorriu com aquele gesto dele, mas tratou de voltar a mesma pose de antes. Meu cérebro ainda absorvia o fato de que ela tinha agradecido por Felipe e eu termos nos metido em uma briga por ela. Aquilo era verdade ou algum sonho maluco? Belisquei meu braço rapidamente, apenas para ter certeza se eu estava acordado mesmo.

É, isso tudo não era um sonho mesmo.

– Não queria ter gritado com você no banheiro também. – ela focou sua atenção dessa vez apenas em Thomas. – Mas achei que se gritasse, sei lá, iria entender que eu não queria falar com você naquele momento já que falando normal você não respeitava, então...

– Por quê?

– Por quê? – repetiu aquela pergunta. – Não somos mais amigos! Você é amigo do meu irmão e isso ficou claro quando ele foi embora. Você fez questão de se afastar! – admitiu. – Não tinha lógica ficar perto de mim. Não tinha lógica nenhuma a gente ficar junto.

Ela não apontou apenas para Thomas naquele momento: ela apontou para mim e Felipe também. Em partes, Maria Luísa tinha razão sobre aquilo tudo. Todos nós tomamos decisões que acabaram por nos afastar, mesmo que nenhum de nós quisesse admitir aquilo, mas era a verdade. Não era mais a mesma amizade de quando éramos crianças. Só que do outro lado tinham essas lembranças e antiga amizade que ainda estavam vivas na nossa memória e simplesmente ignorar isso era impossível.

– No jogo parecia que tudo era como antes, não parecia? – Thomas desviou das coisas que ela disse.

– Sabe o quão difícil foi passar três anos tentando entender o motivo de você ter se afastado? – ela respondeu a Thomas com outra pergunta. – Procurei em todas as minhas lembranças alguma coisa que eu tenha feito de errado, qualquer besteira, mas eu não achei.

Thomas engoliu em seco diante daquilo. E, bom, já que começamos com esse assunto todo, vamos até o final agora.

Iria sobrar para ele, iria sobrar para mim, mas iria sobrar muito mais para Felipe. Provavelmente seria um fim de tarde bem longo, mas esperava que todos os pingos nos is fossem respondidos.

Achei que se ficasse longe de você seria mais fácil para superar a ida deles.

– O que você disse, Thomas?

– Que seria mais fácil para você ficar longe. Me ter do seu lado só iria trazer mais lembranças da nossa amizade como um todo. Eu não queria ser o responsável por fazer você ficar lembrando sobre isso e não ter eles ao seu lado. – sussurrou. – Deveríamos ter tido essa conversa há algum tempo atrás.

Maria Luísa olhou para Augusto, como se procurasse uma afirmação através do olhar dele ou coisa do tipo. Ele apenas deu de ombros e confirmou com a cabeça, mostrando dessa maneira que era verdade o que Thomas estava falando. Ela levou uma das mãos até a testa, colocando o cabelo um pouco para trás, já que ela insistia em cair sobre seus olhos.

Era muita coisa para ser absorvida em tão pouco tempo, Maria Luísa teria que se manter calma.

Ela arregalou os olhos em surpresa e virou sua atenção totalmente a Thomas. Alguma coisa acontecia ali, alguma coisa que era apenas do conhecimento de ambos e de ninguém mais ali. Nem Augusto sabia já que ele inclinou o corpo para frente também, tentando entender o que se passava diante da gente.

– Não se afastou de mim pelas coisas daquela festa, então? – ela falava somente com Thomas. Espera aí, que festa? – Me responde, por favor!

– É como eu disse, Malu. – Maria Luísa vacilou por um momento. – Achei que seria mais fácil para você se ficássemos longe um do outro.

Um suspiro de alívio foi solto por ela. Maria Luísa estava aliviada com aquilo? Alguém pode explicar o que aconteceu nessa tal festa?

Mas tão rápido que o alívio tomou conta dela, a confusão começou a surgir e não demorou nem um minuto para que a raiva chegasse. O grande problema de Maria Luísa é não conseguir dominar os sentimentos e ela acaba ficando frustrada, e isso resulta em uma Maria Luísa gritando e não sabendo lidar com a situação.

6, 5, 4, 3...

– QUAL É A MERDA DO TEU PROBLEMA? COMO PODE ACHAR ISSO?

– Maria Luísa, fica calma... – Augusto até tentou segurar as pontas por ali, mas ele não iria conseguir.

– Cala a boca, Augusto! Como assim achou isso? – quase voltou a gritar, mas ela respirou fundo e se acalmou novamente. – É um idiota ou o que? Eu precisava de você mais do que nunca! Você ter se afastado foi o que me machucou; Se tivesse ficado as coisas seriam diferentes... Como você não conseguiu enxergar isso?

Falar e pedir calma é fácil, mas ninguém sente o que sentimos na mesma intensidade.

E Maria Luísa é intensa demais. Não faço ideia do que ela está sentindo nesse momento, mas ela parece estar em uma espécie de conflito interno sobre algo. Entre entender as palavras de Thomas e aceitar o fato de que ele tinha se afastado na intenção de tentar amenizar.

Quando Thomas nos contou isso, Felipe ficou bem bravo, mas como não tinha direito de cobrar nada, deixou aquele assunto morrer. Eu, por outro lado, entendi a posição de Thomas: se fosse eu na situação teria feito o mesmo, mas me arrependido vinte e quatro depois. Mas ele aguentou quase três anos longe dela. É, cara, às vezes tomamos as decisões erradas achando que estamos fazendo o certo. É aquela falta de maturidade que nos faz pensar que temos as melhores ideias do mundo quando, na verdade, elas são as piores possíveis.

Se ele achou que a presença dele apenas iria atrapalhar Maria Luísa e ficar a lembrando sobre Felipe e eu, ele fez certo em se afastar. Mas fez errado em não explicar aquilo para ela e ver a posição de Maria Luísa sobre tudo aquilo.

– Descobri uma coisa no hospital e na madrugada de hoje. – sussurrou. – Rodrigo me fez perceber na verdade.

Ótimo, agora iremos falar sobre o namorad? Sem chance! Se Maria Luísa começasse a falar sobre esse cara, eu ia embora no momento seguinte e não voltaria aqui tão cedo. Passamos da crise sobre a descoberta do motivo pelo qual Thomas se afastou para isso? Ah, não, vamos lá!

Maria Luísa fechou os olhos por alguns segundos, respirando lentamente e soltou a última coisa que eu esperava ouvir naquele dia.

Talvez até mesmo naquele ano.

– Já perdoei vocês há muito tempo e nem me dei conta.

Desculpa a boca suja, mas:

Puta merda.

Então o motivo dela ter passado a noite com Rodrigo foi esse? Ela passou mesmo a noite acordada pensando e falando sobre a gente?

Primeiro: ela diz que perdoou a gente faz tempo e não sabia; Segundo: ela praticamente confirmou que não passou a noite com aquele cara e terceiro: aquilo era um pedido de desculpas? É isso? Digo: o que aquilo significava?

– Isso quer dizer que? – Augusto a incentivou.

– Que ainda sinto um carinho muito grande por vocês. Mais do que deveria, vale ressaltar. – disse sendo direta.

Certo, era primeiro de abril ou aquilo era realmente sério?

Não esperava por nada disso, tudo bem, talvez daqui uns bons anos e de uma maneira mais enrolada, mas que Maria Luísa fosse direta dessa maneira e praticamente estivesse expondo o que sentia, cara... Não! Eu não esperava por isso. Nenhum de nós esperava por isso e acho que é por isso que estamos em choque. Todos menos Augusto, claro.

Olhei meio incerto para os outros garotos, encontrando praticamente o mesmo choque no rosto deles, mas Thomas foi o mais sensato e conseguiu falar alguma coisa. Melhor ainda, sanar aquela dúvida que estava martelando em nossas mentes.

– Está nos aceitando como amigos de novo?

– Não. Na verdade, nem eu sei o que estou pedindo, mas sei sobre o que estou disposta a oferecer a vocês. Mais um minuto com essa barreira e eu tenho certeza que vou explodir, manter vocês afastados não  está me fazendo bem, mas ainda não tenho a total certeza que deixar vocês fazerem parte novamente não vai ser um erro. Quem me garante que algo como o que aconteceu há três anos atrás não vá se repetir? Vocês?

Ela fez uma pausa para respirar enquanto nós ficamos em silêncio. Eu queria dizer para Maria Luísa que se era uma certeza que ela queria, eu poderia até mesmo assinar um contrato onde a quebra dele me faria pagar uma quantia inestimável de dinheiro, mas sabia que aquilo nunca iria funcionar com ela. Comparar a certeza de uma palavra verdadeira à um contrato? Isso poderia funcionar com outras pessoas, mas não com ela. O que vale com Maria Luísa Espíndola Alves é a palavra de uma pessoa e isso, infelizmente, é o que ela não vai aceitar de nós.

Porque já quebramos uma vez e isso significava claramente para ela que poderia voltar a acontecer.

– O que eu posso oferecer para vocês nesse momento é uma tentativa.

– Tentativa? – me peguei repetindo a última palavra dela feito um abobado.

Augusto sorria todo orgulhoso ao meu lado. Ele era o único não chocado com toda aquela situação, mas cara, ele era o Augusto, sempre sabia das coisas primeiro e blá blá blá.

– É, uma segunda chance. Ficar longe de vocês não é fácil, mas dizer que tudo vai voltar ao normal da noite para o dia é algo que não posso cumprir. – disse. – Mas oferecer e tentar é algo que posso fazer. Nós podemos. É o que tenho a oferecer, mas se vocês não quiserem aceitar, entendo perfeitamente e...

Um sorriso triste apareceu nos lábios dela. Se algum dos caras me contasse esse momento, nunca iria acreditar, não mesmo. Maria Luísa falando sobre segundas chances? Ela não tinha que pedir nada! Sempre fizemos parte dela assim como ela sempre fez parte da gente. E, caramba, depois desse tempo, ela finalmente estava deixando que aquela barreira invisível fosse embora. Para nunca mais voltar, assim eu espero.

Felipe não esperou nenhum segundo – talvez ele estivesse com medo que fosse uma brincadeira ou coisa do tipo –, mas de qualquer forma, ele se atirou contra Maria Luísa e ela precisou equilibrar o peso dos dois para que não fossem ao chão. Eles se abraçaram com tanta vontade, tentando suprir toda aquela saudade acumulada durante tantos anos.

Felipe não se importou nenhum pouco em começar a chorar na nossa frente. Foi dessa maneira que ela soube que ele aceitava e muito tudo o que ela ofereceu. Quem seria louco o bastante para não aceitar?

– Senti tanto a sua falta.

– Nunca mais faz isso, tudo bem? – ela segurou o rosto de Felipe em suas mãos e depositou um beijo em cada bochecha dele, voltando a abraça-lo. – Eu senti a sua falta todos os dias nesses três anos. E por mais babaca que você seja em algumas situações... Você continua sendo o meu irmão e nós precisamos nos resolver. Mesmo.

Não era apenas em um abraço que toda aquela saudade seria suprimida, mas boa parte dela naquele momento estava sendo. Maria Luísa se desprendeu do abraço do irmão, mordendo o lábio em dúvida enquanto se aproximava de Thomas. Parou bem próxima dele, revezando o olhar de Thomas para suas mãos.

– E você? – Thomas colocou um braço em cada ombro de Maria Luísa, a puxando para mais perto. – Certo, acho que isso significa um aceito. E fala comigo antes de tomar decisões babacas. Posso ser a mais nova, mas ainda sou a mais inteligente. Vamos ter que trabalhar nessa parte agora.

Ela o abraçou e ficou um bom tempo matando a saudade.

E então era a minha vez.

Ela parou a minha frente como tinha feito com todos. Provavelmente iria falar alguma, mas não queria perder tempo com aquilo. Esperei tempo demais por aquele abraço, não queria desperdiçar mais nenhum segundo longe dela. Não de novo.

– Você acha mesmo que eu não iria aceitar? – a puxei pela cintura, circulando meus braços pela mesma e a abraçando. – Preciso de você na minha vida mais do que qualquer coisa e aceito qualquer coisa por você e para você.

– Rafael... – ela apoiou ambas as mãos nos meus braços, pensei que ela fosse me afastar, mas ela me surpreendeu quando seus braços agarraram meu pescoço. Depois de três anos.... Finalmente aquele abraço e aquela sensação. – Clara tinha razão. E nós vamos precisar conversar. Muito. E sobre muitas coisas.

Maria Luísa enterrou sua cabeça em meu pescoço, me pegando totalmente desprevenido e a única coisa que consegui fazer foi apertar ainda mais meus braços a sua volta. O que ela quis dizer com minha a mãe de Thomas tinha razão? Iria perguntar sobre aquilo naquele momento, mas tão rápido em que ela se aproximou, se afastou e ficou sorrindo parada a minha frente.

E alguma coisa naquele sorriso me lembrava de quando éramos crianças. Era o mesmo sorriso, só que agora no rosto de uma mulher. Cara, desde aquela eu sabia que Maria Luísa seria meu futuro, então porque diabos ainda não tinha tomado uma posição sobre isso? Ah, sim, a realidade.

Ela se afastou e voltou a abraçar Felipe. Eles com certeza tinham muita coisa para acertar e muitos abraços para trocar. Sério, toda vez que Felipe me ligava enquanto estava no Canadá era para falar da falta que sentia de casa e a saudade que sentia de Maria Luísa. Sabia e muito bem como ele se sentia com aquilo.

– Abraço em grupo pra compensar o Augusto aqui sem abraço?

Não demorou cerca de meio minuto e estávamos todos abraçados, formando uma espécie de círculo defeituoso, mas sabendo que não tinha nenhum defeito naquela situação. Estávamos de volta, cara! Os cinco com a mesma força de vontade de recuperar o tempo perdido e com o mesmo desejo. Aquilo era algum tipo de sonho se tornando realidade ou um passado não tão distante tomando conta do presente. Precisava mesmo dizer que estava quase pulando de tanta alegria?

– Finalmente tudo volta ao normal. – sussurrei ainda abraçado em Felipe. Mas eu sabia que ainda tinha muitas coisas pendentes para resolver, mas era apenas entre Maria Luísa e eu, sem platéia e sem ninguém. E dentre essas várias coisas, uma se destacava. O nosso assunto era bem mais complicado do que perdoar e tentar esquecer. Tratava de admitir algo que foi reprimido durante muito tempo e eu não sabia se ela estava pronta para aquilo. Novamente. – Ou quase isso.

#

E é com esse bônus do Rafael que eu declaro que a primeira fase de 5inco foi finalizada!!! Nem sei como me sentir, já que vem muita coisa ainda pela frente, mas finalizar essa primeira fase foi... Sensacional e duro HUAHUA Foi bem complicado. 

Dividi 5inco em 3 partes que retratam muito bem a volta do relacionamento entre os principais. A primeira fase (já okay) é sobre como a Maria Luísa negou que precisava deles na vida dela e em como ela tentou afastar eles e todos os sentimentos. Ela ficou nesse estado de negação até que um alguém aí muito do bacana a fez enxergar algumas coisas. E aí a Malu ficou disposta a tentar novamente com eles e se abrir um pouco mais em relação aos garotos. Óbvio que ela sempre sentiu falta e sempre sonhou que tudo voltasse a ser como era antes, masssssssss... Será que tem como tudo voltar a ser como antigamente?

É aí que a segunda fase entra!

A segunda fase de 5inco é focada em quatro coisas: os cinco tentando reatar os laços de amizade, os sentimentos do meu casal principal (<3), a volta de um personagem que realmente é muito importante e mal compreendido por agora e, A MELHOR COISA, a volta de um casal que é o OTP da minha vida <3 Tem mais uma treta louca aí pra desenrolar e tudo mais, mas essas quatro coisinhas são as que vão ser mais retratadas nessa segunda fase.

Poderia falar sobre a terceira fase também, mas deixo pra falar sobre ela quando a segunda terminar. 

E... É isso HAUHA 

Ah, muuuuuuuuuuuuuito obrigado a todo mundo que tá lendo 5inco <3 Gente, sério, vocês são demais!

Semana que vem nos vemos com mais um capítulo novo e o início de uma nova fase <3

Se alguém quiser bater papo no twitter > shhhnic

Um beijão

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Conteúdo Adulto! + 18! Corajoso, determinado, confiante e passional. Bom... ele também impaciente, pavio curto, impulsivo e ciumento. Felipe é isso...