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By nicolescreve

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(Sobre Amores e Amizades, #1) Quando o último ano do ensino médio começou, Maria Luísa Alves teve certeza que... More

Sobre amores e amizades:
Central de informação ao leitor:
Personagens:
Playlist:
Introdução:
1: Bem vindo ao Basso
2: Conversas estranhas
3: Saia justa
4: Retornos
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
5: Kia e Lia, Lia e Kia
6: Revanche
7: Blecaute
8: Flash, Mozart, Snow e Zeus
9: Conspiração
10: Espelho de classe
11: Quem não cola...
12: OTP
13: Metáfora
14: Qual é o time?
16: Escolhas
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
17: Dia do chiclete
18: Anna em: o retorno maldito
19: Ariel
20: Carrossel
21: Augusto é o coelhinho
22: Ciúmes
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS: AUGUSTO MARQUES
23: Surtando
BÔNUS: RODRIGO CASTRO
24: Olha a explosão
25: Maravilhosa confusão
26: Fim?
27: Bad blood
BÔNUS: THOMAS BASSO
28: Novas sensações, doces emoções
29: Só diga sim, sim, sim
30: Fofoqueiros
31: Sem chance
32: Descobertas
33: Perto
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS ESPECIAL: DIA DO AMIGO
34: Compatibilidade
35: Raiva
36: Cartas na mesa
BÔNUS: FELIPE ALVES
THE ARTISTS AWARDS
37: Família
38: Adeus para a foto
39: Sobre vestibulares, faculdades e o futuro
40: Respiração cachorrinho
41: Surpresa? Surpresa!
42: 5inco
43: Sentimentos x distância
44: Até o fim...
Agradecimentos:

15: Choque de realidade

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By nicolescreve

"É, foi uma ótima maneira de terminar a noite. ── Felipe."

Já estávamos no segundo tempo daquele jogo e nenhum dos times tinha marcado algum gol quando cheguei em campo. Me posicionei ao lado de Bruna e fiquei encarando apreensiva os próximos passes do jogo. O que deixava as coisas muito tensas por aqui e podia apostar minha mesada de dois meses que Júlia não possuía mais nenhuma unha para roer.

Júlia me empurrou um par de pompons e voltou a focar sua atenção no jogo, urrando a cada dois segundos e me fazendo rir.

─ Não deu tempo de trocar de roupa? ─ Bruna me questionou.

─ Ou eu enfiava só o short por cima do maiô ou eu não chegava aqui a tempo. ─ expliquei. ─ Júlia iria me matar se eu não aparecesse.

Mais um garoto do nosso time foi ao chão e Augusto fez uma defesa extraordinária.

─ Ele é realmente bom. ─ B murmurou. ─ Parabéns pela vitória, a propósito.

─ Como sabe que ganhamos alguma coisa?

─ Fala sério, Maria Luísa. ─ foi a vez de Bruna rir dos urros de Júlia antes de voltar a me responder. ─ Com vocês competindo até parece que alguma outra pessoa tem chance de ganhar. Agora vamos focar no jogo. Espero que Augusto continue dando o sangue dele.

Não que nossos adversários fossem um time forte e toda aquela coisa, eles eram apenas os maiores adversários do Basso e não jogavam nada limpo. Acreditem em mim quando eu digo que eles jogam sujo, aquele garoto ruivo que sempre me emprestava um lápis nas aulas acabou saindo do campo carregado em uma maca por conta de uma jogada de ninguém mais ninguém menos do que Diego Medeiros. O cara mais desprezível que uma pessoa pode conhecer no ensino médio.

O jogo não poderia terminar assim, alguém tinha que marcar nem que fosse apenas um gol. Mas Augusto não estava disposto a deixar o time adversário chegar perto de fazer um gol e os amiguinhos babacas de Diego não jogavam limpo. Perdi as contas de quantas vezes Thomas foi para o chão e Júlia quase entrou dentro daquele campo para acertar Diego com o um megafone. Pelo amor de Deus: da onde ela tirou aquilo?

Mas então naquele momento, Rodrigo tomou a bola em sua posse e se aproximava cada vez mais do gol. Thomas e outro garoto davam cobertura para ele, não deixando que ninguém se aproximasse dele e quando Rodrigo entrou na área adversária, todos ficaram apreensivos pelo próximo movimento dele, esperando que ele passasse a bola para algum colega do time, mas ele não fez isso.

Ao contrário, ele chutou com toda sua força a bola para dentro daquele gol.

Rodrigo, para a surpresa de quase todos nas arquibancadas, marcou um dos gols mais lindos e fodas que o Basso já tinha visto. Por um minuto aquele campo todo caiu em um silêncio absoluto, apenas absorvendo o que tinha acabado de acontecer. Ele ficou muito tempo afastado do campo, ninguém mesmo esperava que ele fizesse aquele gol e ainda por cima daquele jeito.

Cortei aquele silêncio gritando feito uma maluca pelo nome dele. Não demorou nem meio segundo e a plateia toda explodiu em urros de alegria e aclamando pelo nome de Rodrigo. Thomas se jogou em cima dele, o derrubando por um momento, mas Rodrigo se colocou em pé rapidamente, começando a correr na direção onde todas as animadoras de Júlia estavam. Antes, trocou um aperto de mãos meio bagunçando com Augusto e voltou a correr na direção de onde estávamos.

Que falta de atenção a minha, ele voltou a correr na minha direção.

Bruna me empurrou, indicando que eu fosse até mais perto do campo e meio que incerta, movi meus pés até a marca branca que indicava o limite. Rodrigo não demorou muito para chegar, ele estava completamente suado, mas mesmo assim maravilhoso. Um dos sorrisos mais lindos era o dele naquele momento e eu me perdi ali por alguns segundos até ser acordada por suas palavras.

─ E então, Alves, vai ou não abaixar esses pompons para mim? ─ Digo perguntou parado a minha frente.

Mordi meu lábio segurando a vontade de rir e então abaixei os pompons que estavam em minhas mãos para ele. Todos naquele lugar foram à loucura por conta daquilo e antes que Rodrigo voltasse para o seu time, ele segurou meu rosto em mãos e me deu um leve beijo.

Como se fosse possível, a plateia gritou ainda mais por conta daquele beijo.

─ Isso foi molhado. ─ ele sussurrou contra os meus lábios.

Eu havia acabado de sair da piscina e ele de um jogo de futebol. Seria surpresa se aquele beijo não estivesse molhado.

Senti minhas bochechas pegarem fogo e Rodrigo sorriu, correndo novamente em direção ao campo e o jogo recomeçou. Escondi meu rosto em mãos e girei meu corpo, pronta para voltar até aonde minhas amigas estavam, mas não sei por que, meu olhar prendeu-se na arquibancada. Pude analisar minha família ali naquele momento, tendo reações diferentes por conta daquele beijo de Rodrigo, porém o que mais me chamou a atenção foi ver alguém descendo as arquibancadas, pronto para deixar aquele lugar.

Antes que Rafael passasse pelo grande portão do gramado, nossos olhares se conectaram.

[...]

No fim, Thomas fez mais um gol e o jogo terminou com a nossa vitória sobre aquele time ridículo. Apenas ver a cara de alguém como Diego Medeiros já me deixava enjoada, então a presença dele naquele campo e ainda mais lançando sorrisinhos repletos de ironia estava me deixando cada vez mais irritada. Porque ele não pegava aquele time e ia embora do Basso de uma vez?

─ Foi um dos jogos mais lindos que eu já vi. ─ virei meu corpo rapidamente para minha mãe e a encontrei sorrindo em minha direção. Dei alguns passos e joguei meus braços sobre seu pescoço, a apertando contra o meu corpo. ─ Ah, Malu, que ideia genial foi aquela de usar a banda desse colégio?

─ Não sei. ─ respondi sincera e me afastei. ─ Digo comentou alguma coisa com pompons e a Ju lembrou daquela música, a batida dela... Só juntou tudo e formou esse quebra-cabeça. Queria ter visto, tá todo mundo falando sobre isso.

As gêmeas pararam ao meu lado e eu sorri para elas, ainda feliz por vê-las vestidas daquela maneira.

─ Quer uma carona para a festa? ─ Marco perguntou.

- Eu vou com o Rodrigo e vou passar em casa ainda... - respondi passando um dos braços pelos ombros de Lia. - Noite da pizza?

─ Isso aí, mana. ─ me abaixei um pouco, ficando da sua altura e ela depositou um beijo na minha bochecha. ─ Boa festa e nos vemos amanhã. Beijos.

Acenei para o restante da minha família e os quatro saíram animados, ainda comentando sobre algumas coisas do jogo e para qual pizzaria eles iriam. Eu contei certo? Apenas quatro? Onde Felipe havia se metido? Melhor ainda: onde Rafael estava e porque ele saiu daquela maneira do jogo? Perguntas e mais perguntas sem respostas: bem-vindo mais uma vez a minha vida.

Soltei o elástico que prendia uma parte dos meus cabelos, os balançando rapidamente e deixando que boa parte dele viesse em direção ao meu rosto. O joguei para trás com uma das mãos rapidamente e já estava pronta para ir atrás de Rodrigo e falar sobre uma coisa com Augusto, quando a figura de Felipe se materializou alguns metros mais a frente. E Rafael estava junto.

Pensei mesmo em sair dali logo de uma vez, mas eles estavam caminhando na minha direção. Respirei fundo, dando alguns passos na direção deles e parando quando ambos já estavam próximos o suficiente.

Felipe deveria estar com a nossa família e Rafael deveria, sei lá, estar em casa com a mãe dele, certo? Mas é claro que não, Maria Luísa! A festa de comemoração passou rapidamente pela minha cabeça e então eu descobri o motivo pelo qual eles estavam aqui. Troquei o peso de uma perna para outra, ainda olhando para aqueles dois e esperando que alguém abrisse a boca logo. Se nos próximos dez segundos ninguém tomasse uma atitude, eu iria sair dali e procurar o Rodrigo.

10, 9, 8, 7, 6, 5...

─ Fiquei sabendo que ganhou a competição. Parabéns. ─ Felipe finalmente disse algo.

─ Obrigado. ─ respondi, ainda revezando meu olhar entre os dois. ─ Vão aparecer na festa?

─ Isso é um convite? ─ Felipe sorriu de lado.

─ Não, estou apenas checando. ─ respondi, dando de ombros. ─ Aproveitem a festa.

Pisquei em direção de ambos e decidi acabar logo com aquele momento mega estranho. Girei sobre os calcanhares, pondo minhas pernas para trabalhar e me distanciando o mais rápido daqueles dois. Sério, eu me sentia muito estranha tendo algum tipo de conversa com eles ainda.

─ Nos vemos na festa então, maninha.

Suspirei um pouco frustrada, mas deixei aquilo de lado. Felipe e Rafael tinham voltado para o Basso, então obviamente eles iriam aparecer em festas. Não podia fazer nada mesmo. Cheguei até a entrada do banheiro masculino e pensei um pouco se deveria ficar esperando ali fora, porém eu precisava mesmo falar com Augusto, não era como se eu nunca tivesse entrado naquele lugar antes também.

Revirei os olhos, apenas empurrando as portas duplas e me deparando com toda aquela testosterona naquele ambiente. Garotos sempre os mesmos. Não que eu estivesse vendo alguém pelado, longe disso, alguns de toalha, outros já vestidos e muitos outros apenas de calça... Foco Maria Luísa, precisa mesmo falar com o Augusto.

Antes mesmo de eu começar a realmente entrar naquele vestiário, um Thomas Basso passou assobiando alguma coisa e notou uma garota parada próxima a entrada. Aposto que é dessa parte que ele não se orgulha. Deixei que minha cabeça tombasse um pouco para o lado, enquanto Thomas analisava minhas pernas e, aos poucos, ia subindo seu olhar nada discreto para o meu corpo.

Vamos lá! Eu estava tipo me segurando horrores para não rir da cara de culpa dele quando percebeu que a garota parada ali dentro, era eu. Resolvi deixar aquela situação um pouco menos constrangedora para ele e dei um sorriso torto para o mesmo, já engatando em um assunto.

─ Preciso falar com o Marques, cadê ele?

─ Isso é o banheiro masculino, Maria Luísa! ─ me repreendeu. ─ Fecha os olhos pelo menos.

Thomas estava falando sério mesmo? Pensei seriamente que fosse alguma piada, estava acostumada com aquilo até, mas quando reparei na expressão séria dele, encolhi os ombros de maneira sugestiva. Acho que alguém continua o mesmo de sempre. Bastante protetor e patético em algumas situações.

─ Vocês são patéticos às vezes. ─ levei minhas mãos e os tapei, logo em seguida lancei um sorriso sem humor para Thomas. ─ Melhorou agora?

─ Augusto já foi para a festa, Malu. ─ murmurei um palavrão.

Que merda.

Thomas deu um cutucão leve na minha barriga e senti quando ele se afastou, falou alguma coisa mais a frente, algo para eu ficar com os olhos fechados e no mesmo lugar. Por algum motivo babaca, eu o obedeci. Poder de Thomas Basso em impor respeito nas pessoas chegando com tudo nesse momento, uau.

─ Porque está tapando os olhos? ─ escutei a voz tranquila de Rodrigo ao meu lado e logo tratei de tirar minhas mãos dos olhos.

─ Thomas Basso. ─ respondi óbvia. ─ Me leva em casa e depois vamos para a festa, certo?

─ O mesmo plano de sempre. ─ sorriu.

Retribui seu sorriso. Rodrigo já estava vestido para a festa e por um momento quase babei pelo cara aqui do meu lado. Nada demais, apenas uma camisa branca, calça jeans e uma blusa jeans por cima. Mas esse era o efeito que Rodrigo Castro causava em quase toda a população feminina, uma hora ou outra a gente aprende a controlar o efeito dele.

Ele apontou com a cabeça para frente, pedindo para que eu olhasse para onde ele estava olhando e transferi meu olhar dele. Thomas caminhava em nossa direção. Ele estava me repreendendo com o olhar. Já sabemos que Thomas era muito paranoico algumas vezes.

─ Queria falar com você. ─ disse.

─ Queria falar com você também. ─ respondi sorrindo. ─ Obrigado de verdade por ter convencido alguns caras não criarem confusão em campo, Thomas. E obrigado por não ter batido no Diego no meio do campo.

Thomas abriu um sorriso em minha direção e jogou seus braços pelos meus ombros, me abraçando rapidamente. Ele me pegou totalmente de surpresa com esse ato. Olhei apavorada para Rodrigo que apenas riu da minha cara, gesticulando com uma das mãos para que eu retribuísse ao abraço de Thomas. Foi o que fiz ou tentei fazer, mas eu dei dois tapinhas leves nas costas dele e o mesmo se afastou sorrindo. Ok. Respira, Malu.

O que toda aquela situação significava afinal de contas?

Thomas permaneceu na minha frente, calmo e tranquilo.

─ Faria qualquer coisa por você. ─ ele respondeu sincero. O sorriso em meu rosto aumentou mais um pouco. ─ Acho que precisamos ter uma conversa bem séria agora...

Endireitei minha postura no mesmo momento e o sorriso que estava nos meus lábios simplesmente sumiu. Ele não precisava falar sobre o que era o assunto, apenas de olhar em seu rosto eu sabia do que se tratava. Aquela não era a hora e nem o momento para conversar sobre aquilo. Não depois de três anos. Ele também estava atrasado, pelo visto e tinha um timming bom.

─ Com certeza não quero conversar sobre o motivo de ter parado de falar comigo nesse banheiro. ─ respondi. ─ Temos uma festa para ir. Um outro dia, talvez...

─ Não fiz por mal. ─ Thomas ignorou totalmente minhas palavras e soltou aquela frase. ─ Eu só apenas pensei que seria mil vezes mais, como posso dizer, fá...

Levantei uma das mãos pedindo para que Thomas ficasse em silêncio. Ele não podia fazer isso agora, não podia mesmo.

Eu disse que não quero falar sobre isso hoje. ─ reforcei mais uma vez. ─ Não estraga tudo, por favor.

─ Mas precisamos mesmo falar...

Thomas teria continuado mais uma vez, caso eu não tivesse recuado um passo. Meu corpo tremia de maneira descomunal e eu sentia aquela raiva reprimida chegar. Guardei em algum lugar desconhecido aquele sentimento por ele, mas sabia que no momento em que ele resolvesse falar sobre isso, ela iria surgir. E eu não conseguia me controlar em momentos assim.

─ De como foi idiota parando de ser meu amigo? É disso que quer falar mesmo? ─ ironizei. ─ Você não percebe que esse assunto me machuca e é sério para mim? Eu estou praticamente implorando pra gente ter essa conversa com calma algum outro dia! Em um lugar privado e sem gente gritando "me passa o shampoo aí, meu"a cada cinco minutos! Você não vê que não me escutando me machucada ainda mais?

Maria Luísa, por favor...

─ CALA A BOCA, DROGA, JÁ DISSE QUE NÃO QUERO OUVIR. ─ gritei.

Eu perdi a cabeça naquela hora, perdi mesmo e confesso. Levei ambas as mãos até a minha boca, a cobrindo e dando dois passos para trás quando vi a expressão de Thomas. Era uma questão de tempo até que eu explodisse na frente dele.

Esse assunto é delicado demais.

Não é um assunto para se ter na hora que Thomas deseje falar sobre isso. Assim do nada, em um lugar público e com tantas pessoas a nossa volta. Como ele poderia não me entender e tentar me forçar a fazer aquilo?

Balancei a cabeça em negação aos meus pensamentos e caminhei em direção a Rodrigo que observava aquilo tudo em silêncio.

─ Vou te esperar lá fora, no estacionamento. ─ tomei a mochila de Rodrigo e sai de dentro daquele vestiário.

Não deveria ter gritado com ele. Não depois de tudo que Thomas fez pelo time essa noite, porque eu não podia ser um pouco menos complicada? Queria voltar lá dentro e pedir desculpas por tudo e voltar aos velhos tempos ao mesmo tempo que eu queria gritar com ele novamente e chorar. Sabia que no meu intimo queria que tudo fosse como antes, mas estraguei tudo naquele momento. E Thomas teve parcela de culpa também.

Já estava quase na metade do estacionamento e enxerguei o carro de Rodrigo, quando parei de andar e decidi que ia sim pedir desculpas a Thomas, mas o barulho de passos atrás de mim fez com que meu corpo entrasse em alerta. Não teria tempo de voltar para dentro do Basso, mas poderia chegar tranquilamente até o carro de Rodrigo e qualquer coisa, sairia dali com ele e ficaria o esperando na entrada principal do Basso.

Não era do tipo neurótica e eu sabia que tinha mesmo alguém atrás de mim naquele estacionamento. E poderia ser facilmente alguém indo pegar seu carro, como poderia ser também algum assaltante ou algum babaca querendo assustar alguém. Mas quando uma menina de no máximo cinco anos passou correndo ao meu lado, pude notar que era apenas uma família andando no estacionamento.

Notei que um grupo de pessoas estava próxima ao carro de Rodrigo e achei aquilo estranho. Quero dizer, é falta de educação ficar sentado no capô de carros alheios, certo? E como Rodrigo ainda estava no banheiro, eu soube que não era ele ali me esperando e sim um desconhecido. Um bando deles, na verdade. Mas eu reconheci a voz de Felipe no meio daquele bolinho de pessoas e ela não estava a mais calma possível. Eles falavam- discutiam- sobre o jogo de futebol e foi fácil sacar que partes daqueles caras eram do Juca.

Mas agora que eram Diego Medeiros e seus amigos ali... Isso apenas notei quando destravei o carro e o cara que estava sentado saiu de cima. Ele parecia extremamente surpreso em me ver ali, mas abriu um sorriso cínico que eu não pude deixar de retribuir. Como Rodrigo tinha conseguido ser amigo de Diego algum dia mesmo?

Tirando Felipe e Diego, outros quatro caras do Juca estavam ali e eu fiquei pensando no que diabos Felipe fazia sozinho em um estacionamento, discutindo sobre futebol com todos aqueles caras, quando foquei Rafael no meio daquele bolo e fiquei pasma.

Vinquei minha testa em confusão quando pude perceber Felipe e o Rafael na companhia deles. Eles não deveriam estar em casa ou na festa? Felipe ia armar uma confusão gigante se as coisas não ficassem calmas por aqui e eu realmente não o queria envolvido em uma briga com Diego. Ele é meu irmão, então obviamente não o queria envolvido em uma briga com ele. Não queria Felipe nem perto dele.

Melhor: Felipe nem precisava saber da existência de alguém como Diego Medeiros.

─ Ei, Alves. ─ bufei irritada quando constatei que Diego estava mesmo naquele estacionamento. E falando com Felipe e Rafael. ─ Estava mesmo querendo falar com você, amadinha.

─ É, infelizmente estou ouvindo a sua voz. ─ parei de andar quando cheguei ao carro de Rodrigo. ─ O que você quer?

Diego e mais quatro amiguinhos dele continuaram parados em volta de Felipe em Rafael. Eu não sabia o que estava acontecendo entre eles, mas torcia internamente que Felipe não agisse como um idiota e fizesse alguma coisa muito babaca. Lancei um olhar calmo para ele e deixei que a mochila de Rodrigo caísse aos meus pés quando Diego se afastou deles, minimamente.

─ Viemos dar um recado...

Ai que lindo, viraram corujas agora. - debochei.

... da Anna. ─ fiquei calada no mesmo momento. ─ Agora ela fica quietinha. Boa garota.

Forcei meus lábios em uma linha reta. Queria dar uma bela resposta a Diego, mas não era babaca o suficiente de fazer isso enquanto os amiguinhos babacas dele cercavam o meu irmão e Rafael. Será que Diego sabia quem Felipe era na minha vida e quem um dia Rafael foi? Eu preferia não arriscar a sorte e, por isso, apenas me mantive em silêncio, o encarando.

─ Ela mandou avisar que as coisas vão virar um pouco de cabeça para baixo aqui no Basso. ─ Diego sorria enquanto falava. ─ E que você não perde por esperar isso.

Desde quando Anna e Diego eram amigo? Rodrigo não iria gostar nada de saber que a irmã dele estava envolvida com alguém como o Diego. Respirei profundamente, mantendo minha pose de inabalável e devolvi um sorriso irônico para ele e seus amiguinhos.

─ Mais alguma coisa ou posso ignorar totalmente esse momento e ir para a festa do time vencedor? ─ perguntei. ─ Até os convidaria, mas como são parte do time que perdeu...

─ Deveria ter mais cuidado com as coisas que fala, Malu. ─ Diego sorriu na minha direção novamente. ─ Acho que não percebeu que estamos apenas nós nesse estacionamento. Sozinhos.

Diego poderia estar parado na minha frente, mas seus amigos continuavam cercando Rafael e Felipe. Criando um círculo em volta de onde eles estavam e não gostei de ter percebido isso tarde demais.

─ Podemos ter a nossa própria festinha particular. ─ ele voltou a ameaçar e os amigos começaram a rir. Por favor, que Felipe não perca a cabeça e nem a razão. Por favor... ─ E aí, o que acha? Ficou com tanto medo assim que não consegue falar?

─ Vá se ferrar, Medeiros. ─ coloquei a chave de Rodrigo na porta, abrindo a mesma e quase pronta para entrar no seu carro. ─ Já chega dessa ceninha, sim? Eu gostaria muito de entrar no carro e ir embora agora, você deveria fazer isso também e liberar todo mundo aqui pra fazer o mesmo. Foi um dia longo.

Uma mão se fechou no meu pulso, me impedindo de realizar qualquer movimento e fechando a porta do carro.

Dei dois passos para trás, me livrando da mão de Diego e o encarando. Realmente estava assustada, mas a última coisa que eu daria para Diego naquele momento era o gostinho de me ver daquela maneira. Ele estava pronto para segurar meu rosto com as mãos quando congelou seus movimentos e eu soltei o ar preso em meus pulmões, agradecendo mil vezes por Rodrigo ter aparecido naquele momento.

─ Cara, não seja tão merda. ─ ele forçou sua voz para sair mais alta. ─ Sai de perto dela agora mesmo.

─ Digo, meu grande amigo. ─ ele revirou os olhos na minha direção, antes de colocar um sorriso falso no rosto e voltar seu corpo até onde Rodrigo estava. ─ É bom ver você novamente, cara.

De alguma maneira, Felipe saiu do meio dos amigos de Diego e chegou ao meu lado e eu soube apenas pelo olhar que ele levava que aquela noite não terminaria bem. Ah, não...

─ Sai de perto da minha irmã agora mesmo. ─ Felipe deu alguns passos à frente, fazendo com que Diego ficasse confuso por um momento e recuasse. ─ Seu monte de merda.

A risada de Diego preencheu aquele lugar e não demorou muito para os seus amigos começarem a rir também.

─ O irmãozinho voltou? Por que não nos contou isso antes, Alves? Cara, podia ter contado que era irmão dela, na boa. ─ disse. ─ Antes de vocês chegarem, estávamos conversando sobre o jogo. Relaxa, Rodrigo, estávamos apenas conversando com ela, não precisam ficar assim. Anna mandou um recado pra sua garota.

─ Anna que venha até o Basso para falar com a Maria Luísa então. ─ vi a postura de Rodrigo vacilar minimante com a menção de Anna naquela conversa. ─ Vocês podem ir embora agora.

─ Salva pelo irmão e pelo namorado, Alves. ─ Diego segurou meu rosto em mãos e o soltou rapidamente. Seus amiguinhos saíram do círculo que formavam em volta de Rafael, mas ele ainda teve a capacidade de me amedrontar. ─ Fica esperta.

Ele era patético. Eu deveria ficar esperta? Diego que deveria ficar esperto e parar de me ameaçar daquela maneira. De ameaçar qualquer garota ou pessoa daquela maneira. Ele achava que estava lidando com alguma garotinha indefesa ou com alguém feito seus amiguinhos babacas? Maria Luísa Alves era tudo menos uma garotinha medrosa e talvez por isso tenha tirado o resto de paciência que restava em Diego naquele momento.

Diego? ─ o chamei docemente.

─ Sim? ─ ele apenas virou para do seu rosto para me encarar.

─ Vá se ferrar, seu merdinha.

Aconteceu tudo muito rápido naquele momento.

Diego virou seu corpo em minha direção novamente com uma expressão de poucos amigos em seu rosto e atravessou o curto espaço que nos separava, pronto para fazer sei lá o que, quando Felipe o segurou pelo braço e o atingiu com um belo gancho de direita.

Levei minhas duas mãos tapando minha feição de espanto e caminhando para trás novamente. Felipe e Diego engataram em uma briga corporal muito violenta e não demorou quase nada para que os amiguinhos babacas dele resolvessem se meter, mas Rafael tratou de se meter entre aqueles quatro e o Rodrigo também.

Mas que droga era aquela que estava acontecendo ali?

Eles iriam se matar se alguém não intervisse aquilo, mas para minha grande sorte, só estávamos nós naquela merda de estacionamento vazio. Felipe acertou Diego mais uma vez, o derrubando de vez no chão e partindo para cima dos outros quatro caras que estavam quase matando o Rafael e o Rodrigo. Um daqueles brutamontes saiu de cena, talvez por medo ou por não querer se machucar, apenas saiu e eu agradeci aquilo.

─ CHEGA. ─ gritei. ─ PAREM AGORA, POR FAVOR.

Rafael foi o primeiro que parou de fazer aquilo, ele virou na minha direção, preocupado e só então eu percebi que chorava. Por que diabos eu estava chorando naquele momento?

Ele começou a caminhar na minha direção deixando a briga naquele momento e apenas caminhando até mim, não queria admitir, mas eu não possuía um controle do meu corpo naquele momento e precisava de apoio.

Foi justamente o contrário que aconteceu.

Aquele babaca que tinha saído da briga voltou com uma garrafa de cerveja em mãos e a quebrou na testa de Rafael antes que ele chegasse até onde eu estava. Deixei que mais um grito de desespero fosse solto e eu corri em direção até onde Rafael caía de joelhos, jogando meu corpo contra o chão e tentando o segurar para que ele não caísse.

A última coisa que me lembro naquele momento foi de ver os olhos dele se fecharem e depois nada mais fez sentido.

#

Hum, certo, oi? HAUHAIHAUHA Pensei seriamente em não fazer N/A nesse capítulo e apenas fugir para as colinas, mas vocês sabem como eu sou e precisei vir aqui compartilhar a minha dor por esse capítulo INTEIRO!

Teve personagem novo dando uma aparecida aqui? Teve! Ele vai voltar a aparecer? Esperamos que não! Sério, Diego é de outro núcleo de outra história, maaaaaas como é tudo interligado aqui, resolvi usar o mesmo "vilão" de 4U aqui em 5inco. pra notar que a pessoa gostar de "reciclar" personagem, ? Ele não é uma pessoa muito da importante mesmo, mas se alguém quiser entender um pouco sobre ele: babaca no passado, babaca no presente e esperamos que no futuro seja menos babaca. Ele é do mesmo colégio que o casal principal da outra história, e foi muito amigo do Rodrigo antes de dar alouk e começar a agir como um babaca com todo mundo. Nada muito digno de comoção por ora, esse é Diego Medeiros: um babaca.

Mas pra que falar em Diego quando temos Thomas nesse capítulo querendo conversar e Maria Luísa dando uns grito, ? Pra que falar em Diego quando temos uma briga - com ele no meio, mas ok - e esse final que... Sem comentários HUAHAUA Eu ainda não sei se foi muito do certo terminar assim, mas essa foi uma das poucas maneiras que encontrei pra dar um baque na Malu e as coisas começarem a... Fluir.

O que vocês acharam desse capitulo? Eu muito nervosa com ele ahauha Deixem nos comentários as reações de vocês e façam essa autora feliz e menos nervosa HUAHUA

Agora vou ficando aqui com meu coração na mão e vejo vocês na próxima, beleza? Muuuuuuito obrigado por todo apoio e amor de vocês! Não tenho palavras pra agradecer cada comentário e voto ❤❤❤

Se alguém quiser bater papo no twitter > shhhnic

Um beijão, gal!

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