Coração Negro - O Ritual

By RicardoCalmon

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O que você faria se descobrisse que foi salvo por um ritual de magia negra? E se seu futuro fosse incerto por... More

Prólogo
Notas do Autor
Dedicatória
Glossário
Capítulo 1 - Kalia
Capítulo 2 - Luchesan
Capítulo 3 - Sempre
Capítulo 4 - Mackenzie
Capítulo 5 - Desabafo
Capítulo 6 - Descobertas
Capítulo 7 - Sombras
Capítulo 8 - Paciência
Capítulo 9 - Maya
Capítulo 10 - Segredos
Capítulo 11 - Maldição
Capítulo 12 - Carinho
Capítulo 13 - Sentimentos
Capítulo 14 - Gareth
Capítulo 15 - Medo
Capítulo 16 - Trauma
Capítulo 17 - Castigo
Capítulo 18 - Surpresa
Capítulo 19 - Passado
Capítulo 20 - Busca
Capítulo 21 - Salazar
Capítulo 22 - Perda
Capítulo 24 - Sangue Frio
Capítulo 25 - Ameaça
Capítulo 26 - Monstro
Capítulo 27 - Vazio
Final?
- Bônus -
Bônus | A Flor do Mal
Livro 2 / Capítulo 1 / Fragmento A

Capítulo 23 - Desaparecimento

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By RicardoCalmon

DESAPARECIMENTO

[ AVISO IMPORTANTE ]
[ Caso encontrem algum erro, peço desculpas desde já. ]

— ✮ —

AINDA era o começo da semana, Alice teria que seguir seu trabalho normalmente depois de ter faltado no dia anterior por motivos óbvios. Atravessou seu lado da cidade e finalmente chegou a casa dos Luchesan, onde, para sua surpresa, encontrou uma jovem morena de cabelos curtos e caracolados. A nova funcionária da família que substituiria ela.

Derio estava certo, isso significava que o trabalho dela ali se encerraria dando a ela mais tempo para fazer outras coisas. Alice sorriu para a moça, mas logo o sorriso se desfez, voltando a ficar séria. Não enxergou nada demais nela, era apenas a nova criada da família.

— Oi, Alice. — Disse Bettrys que apareceu por trás dela.

— Oi, Bettrys, — respondeu Alice e a encarou sem entender o motivo dela ainda estar ali. — achei que iria embora ontem cedo?

— E eu ia, — a jovem bufou e sentou na poltrona abraçando a almofada — mas desde os ataques, as carruagens estão todas paradas.

— O que houve exatamente?

— Eles estão prestando depoimentos e investigando para saber o porque o suspeito deles queria aquilo.

— Suspeito deles?

— Não soube? — Bettrys perguntou surpresa, mas Alice já sabia que ela se referia a Gareth. — Ele é perigoso e procurado já tem tempo, mas apareceu ontem e conseguiu fugir e até agora não sabem o que ele queria.

— Como ele era?

— Ah não, sei, ele se veste todo de preto. Ai, quero ir para casa logo.

"Ah se ela soubesse..."

— Entendo. — Alice sentou-se na outra poltrona, ela sabia que não precisaria trabalhar mais graças ao... — Cadê Derio?

— Ninguém sabe. — Bettrys inclinou a cabeça para trás visivelmente entendiada. — Saiu cedo sem que ninguém notasse. Achei até que ele tinha ido atrás de você.

— Não foi... quero dizer, não o vi pelo menos.

— Última vez que o vi estava sentado aí nessa poltrona — Bettrys apontou para onde Alice estava sentada — conversando com o prefeito e um outro homem estranho que eu nunca vi, mas ele me é familiar.

— Homem estranho? — Alice sentiu um desconforto.

— É um cara alto e forte. Na hora pensei que fosse um soldado, mas soldados não têm cabelos longos e não usam túnicas. Até que ele era bonito. — Bettrys deu um sorriso bobo ao lembrar do sujeito.

— E como Derio está? — A preocupação de vê-lo desacordado pela última vez falou mais alto.

— Acho que melhor. Reclamou o dia todo de dor de cabeça, mas não o vejo desde ontem.

Onde ele estaria? Derio não era de sair e nos dias que estava em casa costumava dormir até mais tarde. Talvez tivesse saído apenas para dar uma relaxada.

— E você como está? — perguntou Bettrys ao reparar em alguns hematomas no pescoço de Alice e o arranhado na testa. — Derio me contou que te atacaram, mas não soube de mais nada depois além de que já estava em casa.

— Foi só um susto.

— Você precisa de uma igreja, uma benção, sei lá. — Alice olhou torto para Bettrys por causa daquelas palavras — Não me olhe assim, você foi atacada duas vezes em dois dias. Parece até que fizeram bruxaria com você.

— Vai ver fizeram mesmo. — Alice ficou quieta logo após.

Enquanto Dia passava, Alice acompanhava a nova criada nas tarefas pela casa explicando como deveria fazer. Ela sabia que não faria mais aquilo, apesar de estranhar os momentos ociosos que vieram a seguir, gostou daquilo.

Apesar das coisas boas, nem tudo eram flores para ela, deixando a nova criada sozinha, foi até o jardim apreciar as rosas roxas que tanto gostava. Enquanto tocava as pétalas das flores, pensava em tudo que estava acontecendo com ela. Sua vida já tinha mudado.

Atacada duas vezes em dois dias. Realmente ela precisava de algo divino para agir com ela, mas o mais engraçado era que Bettyrs não estava errada, realmente haviam feito bruxaria com ela e aquilo foi realmente o motivo do segundo ataque. Alice não era a mesma há alguns dias. Sentia-se deslocada entre as pessoas e começou a se analisar quanto ao que estava acontecendo.

Maya e Gareth eram bem próximos a ela, sempre foram, e o carinho por eles era o mesmo, não sentia-se diferente em relação a isso, mas chegou a se ver estressada e até chateada com Gareth quanto as coisas que ele fez ou não contou para ela, só não demonstrou. O que era estranho, ela sabia que ele tinha segredos, mas nunca ficou chateada por isso, mas desde o seu aniversário isso passou a acontecer.

Mackenzie era a sua única amiga, todos os dias conversava com ela nem que fosse um pouquinho, gostava muito dela, diferente do restante dos outros soldados. Tempos atrás ela não queria conversa com eles, agora nem se importava com o que acontecesse a eles. Tanto fez, tanto faz.

O orfanato que era um local que ela ia com frequência deixou de ter aquele brilho todo. Perdeu o interesse pelas crianças, somente se lembrava de Lucia, mas sabia que ela estava bem cuidada por Mercedes. E as crianças que eram adotadas? Apesar de ser algo estranho, não queria se importar com aquilo, haviam coisas mais importantes para ela se preocupar naquele momento, como por exemplo, ela mesmo.

Derio passou a ser uma pessoa importante para ela, ajudou-a com a irmã e ainda estava amando ela, um carinho do sexo oposto que ela não havia conhecido antes. Ficar ao lado dele era bom, um sentimento que ela não sabia explicar, mas gostava de sentir. Ele era dela, ela era dele e queria que fosse assim e pronto. Não saber aonde ele estava naquele momento a deixava angustiada, já era quase fim de tarde e ela não o tinha visto.

Fora essas pessoas que estavam ao seu redor, sentia a necessidade de agradecer Marlos e Nadele por terem salvo ela do criminoso, o que ela não pôde fazer aquele dia quando aquele homem tentou atacá-la. Aquele homem, só de lembrar sentia seu sangue ferver. Queria que ele estivesse morto, assim como todas as pessoas como ele.

Era isso... Mackenzie estava certa. Ela não era a mesma, havia perdido o amor pelas pessoas. As pessoas próximas a ela tinham algum significado para ela, mas os outros não. Se fosse um inimigo então, que estivesse o mais longe possível ou até morto.

Maya? Gareth? Mackenzie? Garrot? Derio? Pessoas importantes e queria eles por perto. Mercedes? Lucia? Dorothy? Os pais de Derio? Não esperava nada deles a não ser o essencial. Bettrys? Não representava nem ameaça mais, estava perdida ali sozinha, mas merecia um certo desprezo. O criminoso que havia a atacado? Salazar? Anne? Inimigos, esses ela os odiava e pouco se importava para o que acontecesse a eles.

Essa era sua maldição, perder o amor pelas pessoas a sua volta. Quanto mais distante a pessoa estivesse de seu círculo, menos ela se importava. Até quando duraria isso? E o que estava ganhando com isso? Gareth havia falado de força, aprendizado rápido, algo sobre a noite e também sobre o sangue... o sangue... então foi isso.

Alice levou a mão na testa no exato momento em que entendeu porque o lacaio de Salazar recuou e não conseguiu atacar ela, ele estava com medo dela e por isso Salazar a encontrou, mas ainda não explicava como descobriu que ela tinha isso. Ela precisava contar a Gare sobre isso urgente.

No fim da tarde, Alice já estava em casa. Havia saído da mansão dos Luchesan sem ver casa de Derio e isso a deixou insatisfeita, poderia ficar chateada com ele pelo sumiço, mas a preocupação em saber como ele estava era maior, e também, algo estranho tinha acontecido, Derio não era de sumir daquela maneira e ainda tinha a visita do prefeito e desse tal homem alto e forte que Bettrys falou.

"Marlos? Não... Marlos não tem cabelos grandes e é um soldado. Quem poderia ser?"

Por mais que várias opções passassem pela sua cabeça, todas as desconfianças levavam a Salazar, mas não queria acreditar nisso, pois só de imaginar sentia seu peito doer e o que ele poderia fazer com Derio. Alice tinha que falar com Gareth, descobrir como era a aparência de Salazar para só assim ficar tranquila.

Maya estava no balcão, enchendo canecões de cerveja e os colocando sobre uma bandeja.

— Oi, Maya. — Alice sentou no banco alto pelo lado de fora do balcão e olhou aos arredores observando os poucos clientes que ali estavam e também a banda que se preparava para apresentação.

— Oi, Alice, — respondeu — que carinha triste é essa?

— Derio.

— Não me diga que brigaram. — Maya parou segurando a bandeja antes de sair de trás do balcão.

— Antes fosse, pelo menos teria visto ele. — Alice forçou um sorriso.

— O que houve?

— Ele ficou sumido o dia todo.

— Estranho, — Maya levou a bandeja até uma mesa com quatro homens conversando e rindo como nunca e voltou parando na frente de Alice.  —  talvez esteja ocupado com outra coisa.

— Eu estou preocupada, Maya, não quero que nada aconteça com ele por minha causa.

— Para de se preocupar tanto, querida, — Maya segurou os ombros de Alice — já tem problemas demais.

— Eu tento, mas está tudo tão esquisito. Se de repente ele não tivesse se aproximado, me ajudado ou me beijado, eu não gostaria dele e nesse momento nem me importaria com nada. — Alice respirou fundo meio chateada, meio irritada.

— Mas você é lida e ele se aproximou. Tomara que dê tudo certo, está bem? É só uma fase ruim, Alice.

— Eu não sei até quando vou conseguir gostar dele, ou até de vocês.

— O que quer dizer com isso?

— Mackenzie estava certa. Estou deixando de gostar das pessoas, não me importar com elas. Somente sinto uma segurança com pessoas próximas, fora isso, nada.

— Talvez seja só paranoia sua, querida.

— Queria que fosse, queria ser normal e não ter que viver nada disso. — Alice estava ficando nervosa. — Vê? Estou nervosa, não estou com medo.

— Sinto muito que seja assim, Alice, mas confia em... — Maya parou e olhou ao redor para certificar que ninguém prestava atenção. — confia que vai dar certo.

— Onde ele está? Preciso contar uma coisa e urgente.

— Sobre? — Maya perguntou estranhando aquilo.

— Sobre o ataque e também sobre Derio. — Alice sussurrou com o rosto bem próximo de Maya.

— Depois me conta, também quero saber o que te aflige.

— Está bem.

— Está lá em cima, no quarto vazio, — Maya aproximou do ouvido de Alice e falou baixinho — não chame por ele, bata na porta cinco vezes e espere.

Alice achou estranho, mas assentiu sorrindo. Imaginou que seria uma forma dele saber que era Maya caso ela fosse procurar por ele. Definitivamente ele pensava em tudo.

Deixando Maya com seu trabalho, Alice subiu para o andar de cima doida para ver Gare e falar com ele da descoberta sobre o porque o lacaio não a atacou e também sobre Derio sumir. Queria saber como era a aparência de Salazar para ficar tranquila.

Parou em frente ao quarto vazio e olhou para a porta rindo daquilo. Levantou a mão devagar e deu cinco batidas suaves. Não demorou e Alice ouviu passos dentro do quarto e em seguida a porta destrancou e abriu um pouco, suficiente para ela ver a escuridão do local.

Alice aguardou para que Gareth a recepcionasse, mas ele não veio, aborrecida de esperar abriu a porta e entrou. 

— Gare? — Ela sussurrou e a porta se fechou atrás dela. Veio uma agonia dentro dela, estar fechada em um local desconhecido e escuro, mas ela não gritou e virou o corpo imediatamente para ver o que tinha acontecido.

— Alice? — A voz de Gareth surgiu na escuridão.

— Que susto, Gare! — Ela ficando mais tranquila — Cadê você?

— Aqui — respondeu ele e pegou na mão dela enquanto Alice ainda se acostumava com o local escuro.

— Para que isso? — Perguntou Alice e Gareth apenas riu em resposta. — Imagino que cinco batidas na porta seja para você saber que é Maya, não é mesmo?

— Acertou. — Gareth ainda segurando a mão dela a arrastou atrás dele passando por trás de dois grandes obstáculos que Alice reconheceu como enormes prateleiras cheias de livros. — Cinco batidas eu vou saber que é Maya, abro a porta e ela entra de imediato.

— Mas eu não entrei de imediato.

— Sim, por isso fiquei esperando. Sabia que não era ela, então fiquei esperando até entrar e trancar por dentro e se fosse alguma pessoa que não deveria estar aqui, eu podia agir nas sombras sem me revelar. Elas são minhas amigas. — Gareth riu.

Era estranho saber que ele poderia fazer mal a alguém, mas era interessante como ele pensava nas coisas para se manter protegido e em anonimato.

Depois de virarem as duas prateleiras, chegaram a um pequeno quartinho com uma mesa repleta de objetos, cartas, papéis e até algumas armas. Haviam duas cadeiras ali e vários mapas colados nas paredes ou então armas penduradas ao lado de roupas pretas. O local era iluminado por duas velas penduradas nas paredes e uma sobre a mesa.

— E você não devia estar aqui. — Ele disse em um tom mais sério encarando a jovem.

— Achei que isso aqui fosse um quarto vazio.

— Para todo mundo é. — Gareth sentou e olhou para Alice que analisa o lugar.

— O que faz aqui dentro?

— Estudo meus inimigos. — Alice o olhou querendo entender. — Aqui eu analiso todas as informações que consigo para tentar achar Salazar e onde ele está.

— E tem algum progresso?

— Não muito. — respondeu triste. — Ele é inteligente, sabe se esconder, mas não vou desistir tão fácil.

— O que vai fazer quando encontrá-lo?

— Matá-lo. — Gareth olhou para Alice, mas a reação dela foi bem inesperada.

— Assim acaba essa maldição? — Quis saber.

— Sim.

— Precisa de ajuda?

— Não, Alice, por favor. — disse ele um pouco exasperado. — Não se mete nisso não.

— E por que não?

— É perigoso.

— Eu sei, Gare, mas não posso ficar esperando ele vir atrás de mim de novo.

— Não vou deixar ele vir atrás de você.

— Mas ele já está... — Alice sentou na outra cadeira.

— Como assim?

— Como ele é? A aparência...

— Para que quer saber isso?

Alice respirou fundo, impaciente e preocupada e olhou firme para Gareth.

— Como ele é?

— Aconteceu alguma coisa?

— Gare, por favor, só me fala. Eu vou te contar, mas preciso saber como ele é. — Alice respondeu mais ríspida.

— Desculpe. — respondeu Gareth após um breve silêncio. — Ele é um pouco mais alto que eu, loiro de cabelos grandes.

O coração de Alice gelou, a mesma descrição de Bettrys do homem que apareceu lá antes de Derio sumir. Não, tinha que ser apenas coincidência... Alice colocou as mãos na cabeça e olhou fixamente ao chão. Era ele, não era apenas coincidência... Salazar queria ela, ele viu Derio com ela aquele dia.

— Salazar está com Derio, Gare, ele pegou o Derio para tentar me achar. — respondeu ela com voz trêmula.

— O que? Como assim? —  Gareth perguntou surpreso já se abaixando diante de Alice.

— Derio está sumido desde ontem... — Alice soluçou — Bettrys me deu a mesma descrição de um homem que apareceu na casa deles ontem com o prefeito, desde então ninguém o viu.

Gareth abraçou Alice para confortá-la, estranhando ela sentir tanta dor e conseguir segurar o choro.

— Vai dar certo, Alice, vamos encontrá-lo. — tentou tranquilizar Alice que se encontrava desolada com olhos brilhando com lágrimas que se formavam em seu rosto.

— Derio... — sussurrou Alice antes de ser vencida pela tristeza e então lágrima.

Ela sabia o que Salazar podia fazer, Gareth havia dito que ele controlava as pessoas. Derio se poderia se tornar uma pessoa agressiva como o homem que tentou atacar ela na carruagem, ou até mais que aquilo. Salazar queria ela, estava disposto a qualquer coisa para isso, nem que fosse usar inocentes. Antes mesmo de ter certeza de qualquer coisa, Alice sentia o vazio ocupar seu peito, estavam tirando dela alguém importante.

— ✮ —

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