Os Guardiões

By Carol_Caetano

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E se de repente as histórias que sempre te contaram deixassem de ser apenas histórias? E se sua vida mudasse... More

Prólogo
I - Um dia como outro qualquer - Anima
II - Uma noite não como outra qualquer - Groleo
III - Qual o próximo passo? - Semepolhian
IV - Mais uma vez - Hiems
VI - Fugas e encontros - Tenebrisen
VII - Incompreensão - Anima
VIII - Chegada à Floresta - Hiems
IX - Sonhos perturbados - Tenebrisen
X - Por quê? - Silena
XI - Novos? - Semepolhian
XII - Erros, memórias e tristezas - Tenebrisen
XIII - Quebra - Sirius
XIV - Perguntas - Silena
XV - Esperança ou muita confiança? - Semepolhian
XVI - Respostas? - Sirius
XVII - Opções - Anima
XVIII - Novos amigos? - Hiems
XIX - Conquistas e Derrotas - Tenebrisen
XX - E agora? - Anima
XXI - Pode não ser tão ruim - Sirius
XXII - Uma alternativa - Semepolhian
XXIII - Trariden - Sirius
XXIV - Uma decisão - Semepolhian
XXV - Uma partida - Silena
XXVI - Perdas - Anima
XXVII - Tensão - Hiems
XXVIII - Retinempur - Anima
XXIX - Humanos - Silena
XXX - Consciência - Sirius
Cela
XXXI - Os Fins - Semepolhian
XXXII - Visões - Silena
XXXIII - Uma nova realidade, de novo - Sirius
XXXIV - Após a batalha - Semepolhian
XXXV - Encontros - Sirius
XXXVI - Acordos - Silena
XXXVII - O Espírito - Sirius
XXXVIII - O fogo
XXXIX - Novos destinos - Silena
XL - Uma saída - Anima
XLI - Destinos - Sirius
XLII - Conversas - Hiems
XLIII - Reencontros - Semepolhian
XLIV - Decisões - Anima
XLV - A Grande Árvore - Sirius
XLVI - O Retorno - Semepolhian
XLVII - A Jornada - Anima
XLVIII - Entre sonho e pesadelo - Tenebrisen
XLIX - A Cerimônia - Hiems
L - O Continente - Sempolhian
LI - Passado - Tenebrisen
LII - A chegada - Anima
LIII - O outro lado do portal - Sirius
LIV - A História - Groleo
LV - O contar - Anima
LVI - Mudança - Sirius
LVII - Outras Visões - Semepolhian
LVIII - O Encontro - Silena
LIX - A Confraternização - Hiems
LX - O Começo do Fim
LXI - Não é o fim
Epílogo

V - Poucas grandes mudanças - Sirius

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By Carol_Caetano

Sirius acordou esfregando os olhos e estranhando a claridade. Se sentou e tateou o próprio joelho para garantir que estava tudo bem. Na cama ao lado esquerdo, Anima dormia ainda em sono profundo e roncando baixo; já a do direito permanecia arrumada como se Groleo nunca tivesse chegado a se deitar. O garoto imaginou que provavelmente era isso que havia acontecido, então se levantou para ir ver se o homem ainda estava sentado dormindo do lado de fora, até porque a porta estava aberta, pensando que passaria o dia ouvindo ele reclamar de dor nas costas.

Sirius andou descalço até a porta de onde podia ver suas botas descansando e esperando para serem vestidas. No entanto, quando chegou até elas não as colocou, pois rapidamente viu que não havia ninguém na mesa do lado de fora, apenas o livro que o homem de cabelos cinzas estivera lendo nos últimos dias. Estranhando o fato, se perguntou que dia era e se tinha esquecido de alguma coisa que Groleo dissera que iria fazer naquela manhã. Porém, sem conclusões, voltou para dentro fechando a porta pensando em acordar Anima.

A garota parecia estar no meio de um sonho agitado, já que não parava de se mover, então ele não viu problema em despertá-la. No entanto, sabia que ainda demoraria até poder questioná-la sobre Groleo, considerando que ela custava a tomar consciência quando acordava. Mesmo assim, o fez, ela reclamou algumas palavras sem nexo e ele saiu para separar alguma coisa para eles comerem. Pensou em cenouras, mas não tinha certeza se elas já estavam boas, então talvez comeriam o pão que tentaram fazer e dera errado... É, hoje comeriam pão.

Girou nos calcanhares para voltar para dentro da cabana e percebeu o livro sobre a mesa deixado totalmente desalinhado com a beirada. Desse modo, pegou o objeto para colocá-lo junto com os outros e reparou em algumas páginas amassadas. Obviamente, não poderia guardá-lo daquela forma, então abriu na tal parte para arrumá-las.

Assustou. Onde abrira o livro havia vários rabiscos parecendo quase escritos... Ou eram? E qual era aquele material? Totalmente duro e que amassava as páginas de forma aparentemente irreversível...

Tentou ler. "Desculpa..."

Não conseguiu continuar, já que sua cabeça começou a fazer ligações que não queria acreditar. Entrou e encontrou Anima sentada na cama ainda tentando levantar.

— Anima! — Falou rápido. — Groleo disse que iria em algum lugar hoje?

Ela o encarou com olhos castanhos semifechados.

— Acho que não... Não que eu consiga me lembrar agora...

— Olha só. — Sentou-se ao lado dela e mostrou o escrito no livro. — Encontrei isso em cima da mesa e Groleo não está em lugar nenhum.

— Sirius... Calma aí... Ele só deve ter ido fazer... Alguma coisa... Não é como se tivesse ido embora e deixado um bilhete com isso... Que eu não sei o que é. — Finalizou passando a mão por cima das letras.

— Mas alguma vez já viu isso antes? Só me ajude a ler pelo menos.

A garota de cabelos castanhos revirou os olhos e suspirou. Em pouco tempo, os dois estavam em choque.

"Desculpa, não pude esperar vocês, nem levá-los comigo. Vão para a Floresta de Vingüeval e digam: 'eu reconheço a sua vida, me dê sua proteção'. Levem as armas e as pedras escondidas. Desculpa. Groleo."

Os dois ficaram olhando as páginas sem saber como reagir. Onde ele tinha ido? Para a floresta? Mas é tão longe! Por que levariam aquelas pedras para algum lugar? E as armas? Groleo nunca deixara eles tirarem-nas da cabana... O que estava acontecendo?!

Ele se levantou e abriu o esconderijo no chão. Lá repousavam duas espadas, três adagas, um machado, um arco e uma aljava cheia de flechas. Porém, diferente de todas as outras que conheciam, essas tinham a lâmina preta feita de obsidiana e as partes de madeira completamente brancas, a mesma cor do material das empunhaduras. Além delas, havia também duas pedras de formato oval, uma vermelha e outra verde. Não sabiam o que eram e nem porque Groleo insistia em escondê-las com tanto vigor.

O garoto de olhos pretos se levantou rápido e colocou as mãos sobre a cintura enquanto olhava de Anima para os objetos e o reverso. Groleo nunca saía sem avisá-los; passava horas falando que o melhor para todos era se manterem isolados e nunca serem vistos nos vilarejos que iam com baixíssima frequência; foram dezenove contagens vivendo assim, ele não iria mudar repentinamente. Sem aguentar, começou a falar:

— Precisamos pegar tudo que ele disse e alguma comida... Como vamos chegar lá? Em que direção é mesmo? Noroeste? Certo... Mas por que ele saiu assim do nada? De qualquer forma, seria bom se conseguíssemos cavalos, não? E que frase é essa que ele nos mandou dizer quando chegarmos? "Eu reconheço sua vida..." e o que? Por que ele gastou palavras com isso ao invés de explicar o que está acontecendo? Por que não nos acordou? E se...

— Sirius. — A garota gritou fazendo-o parar de falar. — Calma, por favor.

Em seus olhos castanhos, ele viu que Anima sentia o mesmo desespero e incompreensão que também tinha em si, mas que ela tentava segurar para que pudesse pensar o mais racionalmente possível para que passassem por aquilo.

— Certo... Certo. — Repetiu ele. — Você vem comigo pegar algumas coisas de comida para levarmos? Ou prefere ir guardando as armas e...?

— Vou com você. — Ela o cortou. — Vamos ficar juntos... Até sabermos ao certo o que está acontecendo. — Seus olhos se encontraram de novo. — Certo?

Sirius concordou rápido com a cabeça.

— Certo.

Os dois saíram; pegaram alguns alimentos que já estavam prontos para colher (poucas batatas, alguns tomates e as tais cenouras), que não eram muitos, mas eram o suficiente para quando não encontrassem caça; voltaram à cabana e juntaram as adagas, as roupas, as pedras, a comida e recipientes para guardar água em mochilas grandes de couro; colocaram as espadas em bainhas e essas em cintos, cada um com uma.

Estavam prontos. Anima carregaria o machado e Sirius o arco deixando a aljava do lado oposto ao da espada de seu corpo, assim teriam sempre um meio de defesa e ataque. Tudo isso fora decidido em frases curtas e diálogos hesitantes, mesmo que o garoto de cabelos pretos quisesse despejar sua voz com diversos sentimentos, sabia que a outra tentava ao máximo se concentrar para que fizessem tudo o mais rápido possível. No fundo, os dois tinham esperanças de encontrar Groleo no meio do caminho e poder entender tudo aquilo...

Entretanto, um barulho no lado de fora fez com que inúmeras ideias passassem pela mente dos dois: o homem tinha retornado e só queria saber como reagiriam; ele havia voltado, explicaria tudo e iriam juntos para onde quer que fossem; Groleo estava novamente lá para lhes dar um longo discurso sobre como não devem acreditar em tudo que leem nos livros... De qualquer forma, ele estaria naquele momento de pé do lado de fora da cabana e tudo ia ser esclarecido.

Sirius e Anima trocaram um olhar rápido e saíram apressados com tudo que tinham pego.

— Groleo! — A garota começou a gritar do lado de dentro. — Eu juro que vou te matar!

Dobrado sobre o próprio corpo com as mãos nos joelhos às margens da clareira, estava um homem ofegante e suando. Contudo, ele não era Groleo.

Os dois jovens seguraram firme a arma que carregavam. Nunca, em todas as dezenove contagens que tinham, aparecera alguém ali. As mãos de Sirius, pela primeira vez desde que aprendera a atirar quando criança, hesitavam enquanto segurava o arco armado.

O homem levantou a cabeça, olhou deles para a porta e o contrário diversas vezes ainda sem conseguir parar de ofegar. Trazia um ferimento no braço direito e uma espada curta na mão esquerda. Parecia quase não poder respirar, mas ainda assim soltou entre suspiros:

— Groleo? Groleo Dinígo? Onde ele está?!

Ambos estranharam a citação do nome completo do homem que os criara e vacilaram rapidamente na função de segurar as armas, mas logo voltaram seu foco.

— Quem é você? — Perguntou Anima na sua melhor voz de autoridade.

— Meu nome é Tenebrisen. — Respondeu ele sem delongas. — Groleo e eu nos conhecemos, me diga onde ele está.

— Por que deveríamos acreditar em você? — Ladrou novamente ela.

O homem endireitou a postura e respirou fundo retomando o fôlego.

— Porque eu sei que ele tem aproximadamente essa altura, — indicou com a mão — cabelo cinza, olhos da mesma cor e a pele acobreada. Tem uma cicatriz do lado direito da costela que faz de tudo para esconder. — Fez questão de mostrar o lugar. — Não consegue dormir sem chá. Faz todos decorarem frases prontas. Repudia completamente o cheiro de azeitona.

Sirius e Anima se olharam com receio. Não era possível alguém fazer uma descrição tão resumida e perfeita de Groleo. Se esse Tenebrisen tivesse inventado aquilo como um palpite, então deveriam confiar nele só pela sua assertividade.

— Quem é você e como conhece Groleo? — Era melhor que Anima falasse por eles, afinal Sirius não conseguiria soar nem com a metade da segurança e objetividade.

— Eu e Groleo éramos... Próximos há muito tempo atrás. Meu nome é Tenebrisen Kalamo. Sou um guardião das sombras. — E moveu a mão fazendo com que as sombras das árvores no chão se transformassem em pequenas sombras de pessoas dançando.

Não sabia o que fazer ou dizer. Não tinha certeza de quem era aquele homem; e podia acreditar que ele conhecia de verdade Groleo. Mas naquele momento, aquela simples demonstração de magia mudou tudo. As histórias que sempre ouvira não soavam as mesmas em sua cabeça. O homem que o criara não parecia o mesmo. Os olhos de Anima encarando os seus não eram os mesmos.

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