V - Poucas grandes mudanças - Sirius

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Sirius acordou esfregando os olhos e estranhando a claridade. Se sentou e tateou o próprio joelho para garantir que estava tudo bem. Na cama ao lado esquerdo, Anima dormia ainda em sono profundo e roncando baixo; já a do direito permanecia arrumada como se Groleo nunca tivesse chegado a se deitar. O garoto imaginou que provavelmente era isso que havia acontecido, então se levantou para ir ver se o homem ainda estava sentado dormindo do lado de fora, até porque a porta estava aberta, pensando que passaria o dia ouvindo ele reclamar de dor nas costas.

Sirius andou descalço até a porta de onde podia ver suas botas descansando e esperando para serem vestidas. No entanto, quando chegou até elas não as colocou, pois rapidamente viu que não havia ninguém na mesa do lado de fora, apenas o livro que o homem de cabelos cinzas estivera lendo nos últimos dias. Estranhando o fato, se perguntou que dia era e se tinha esquecido de alguma coisa que Groleo dissera que iria fazer naquela manhã. Porém, sem conclusões, voltou para dentro fechando a porta pensando em acordar Anima.

A garota parecia estar no meio de um sonho agitado, já que não parava de se mover, então ele não viu problema em despertá-la. No entanto, sabia que ainda demoraria até poder questioná-la sobre Groleo, considerando que ela custava a tomar consciência quando acordava. Mesmo assim, o fez, ela reclamou algumas palavras sem nexo e ele saiu para separar alguma coisa para eles comerem. Pensou em cenouras, mas não tinha certeza se elas já estavam boas, então talvez comeriam o pão que tentaram fazer e dera errado... É, hoje comeriam pão.

Girou nos calcanhares para voltar para dentro da cabana e percebeu o livro sobre a mesa deixado totalmente desalinhado com a beirada. Desse modo, pegou o objeto para colocá-lo junto com os outros e reparou em algumas páginas amassadas. Obviamente, não poderia guardá-lo daquela forma, então abriu na tal parte para arrumá-las.

Assustou. Onde abrira o livro havia vários rabiscos parecendo quase escritos... Ou eram? E qual era aquele material? Totalmente duro e que amassava as páginas de forma aparentemente irreversível...

Tentou ler. "Desculpa..."

Não conseguiu continuar, já que sua cabeça começou a fazer ligações que não queria acreditar. Entrou e encontrou Anima sentada na cama ainda tentando levantar.

— Anima! — Falou rápido. — Groleo disse que iria em algum lugar hoje?

Ela o encarou com olhos castanhos semifechados.

— Acho que não... Não que eu consiga me lembrar agora...

— Olha só. — Sentou-se ao lado dela e mostrou o escrito no livro. — Encontrei isso em cima da mesa e Groleo não está em lugar nenhum.

— Sirius... Calma aí... Ele só deve ter ido fazer... Alguma coisa... Não é como se tivesse ido embora e deixado um bilhete com isso... Que eu não sei o que é. — Finalizou passando a mão por cima das letras.

— Mas alguma vez já viu isso antes? Só me ajude a ler pelo menos.

A garota de cabelos castanhos revirou os olhos e suspirou. Em pouco tempo, os dois estavam em choque.

"Desculpa, não pude esperar vocês, nem levá-los comigo. Vão para a Floresta de Vingüeval e digam: 'eu reconheço a sua vida, me dê sua proteção'. Levem as armas e as pedras escondidas. Desculpa. Groleo."

Os dois ficaram olhando as páginas sem saber como reagir. Onde ele tinha ido? Para a floresta? Mas é tão longe! Por que levariam aquelas pedras para algum lugar? E as armas? Groleo nunca deixara eles tirarem-nas da cabana... O que estava acontecendo?!

Ele se levantou e abriu o esconderijo no chão. Lá repousavam duas espadas, três adagas, um machado, um arco e uma aljava cheia de flechas. Porém, diferente de todas as outras que conheciam, essas tinham a lâmina preta feita de obsidiana e as partes de madeira completamente brancas, a mesma cor do material das empunhaduras. Além delas, havia também duas pedras de formato oval, uma vermelha e outra verde. Não sabiam o que eram e nem porque Groleo insistia em escondê-las com tanto vigor.

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