XXI - Pode não ser tão ruim - Sirius

848 139 24
                                    

Olhou para o portão da muralha e suspirou devido ao cansaço, aos últimos acontecimentos e à ideia de ter que encarar aquela situação outra vez.

De cima da muralha, a imimoya os encarou e depois de pouco tempo o portão abriu.

— Parabéns. — Declarou Anima para a guardiã das águas em seu típico tom sarcástico. — Conseguiu mais dois para sua resistência.

Entraram na fortaleza e Sirius ficou olhando sem saber o que fazer para as duas moças que os recebiam enquanto Anima corria em direção ao rio. Então, o garoto apenas desistiu e foi atrás dela pensando que sua amiga ia muito rápido para alguém que tinha andado pelas últimas doze horas.

Quando chegou na margem, ela já estava ajoelhada lavando o rosto compulsivamente.

— O que aconteceu lá? — Perguntou a imimoya assim que se aproximou.

— Fomos atacados. — Respondeu Sirius serenamente.

— E?

— Não está evidente?! — Retrucou Anima ironicamente.

Viu, com dificuldade pela pouca luz, a guardiã engolir em seco.

— Vocês estão bem?

A garota só olhou com semblante de reprovação e não respondeu nada.

— Sim, obrigado. — Disse Sirius tentando amenizar a situação.

A imimoya então fez o movimento que Sirius reconhecia como de manipular algo em porções pequenas: desenhou três círculos com o indicador direito, apontou para o rosto de Anima e puxou para baixo, tirando qualquer resquício de sangue que não tivesse saído com os esfregões da garota ao longo do caminho de volta à fortaleza. Só então que o garoto percebeu que a de pele azul trazia no braço o desenho de uma onda, indicando que era uma guardiã das águas.

A garota ficou paralisada e em semi choque, inaugurando um silêncio constrangedor. Calmamente, a guardiã ofereceu a mão para Anima que surpreendentemente pegou.

— Sejam bem vindos de volta. — Disse a de pele azul antes de retornar para o portão.

O recém guardião olhou para a fortaleza e suspirou pensando que iriam ter que subir tudo aquilo, mas, no fim das contas, nem era a pior parte do dia. Passaram por um salão retangular comum, subiram as escadas centrais até chegarem no de reunião e, por fim, alcançaram o piso superior onde encontraram poucas pessoas se movimentando. Foi um percurso longo e silencioso, já que nenhum dos três tinha vontade ou coragem de comentar alguma coisa.

Rumaram para a torre de seus antigos novos quartos e Sirius observou o garoto que chegara com eles na floresta. O de cabelos raspados estava sentado perto da porta ao lado de um pequeno dragão azul e se perguntou o que ele fazia tão tarde — ou tão cedo — ali.

— Acho que só quero dormir e acordar ontem. — Comentou o de olhos pretos para Anima.

— Não sei se consigo dormir... — Respondeu ela sem olhá-lo.

Não posso deixar ela sozinha nesse estado...

— Eles disseram que tínhamos nossos dormitórios, — começou ele, — mas não disseram nada sobre ter que dormir especificamente neles...

Anima o encarou sorrindo e entendendo a ideia.

— Vamos mudar uma das camas.

Subiram a torre e deixaram as coisas em um dos cômodos enquanto iam ao outro buscar a mobília de dormir.

Será que passa? Se perguntou olhando da cama para a porta.

Eu acho que não. Respondeu Balírion sentado na janela.

Os GuardiõesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora