Nesse capítulo tentei colocar aquelas carinhas que se usa em mensagens, mas o wattpad deixou elas feias e gigantes... :( Vou deixar assim, porque não consegui arrumar...
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Dia seguinte, era sábado. O dia do meu show. Eu gostava dos sábados à noite, porque adorava cantar. Mesmo quando nada mais dava certo, cantar era algo que sempre deu. Ou pelo menos fazia eu me sentir bem.
Naquela tarde no ensaio, esperei pelo Rafa, mas dessa vez ele não veio. E quando mandei uma mensagem para o celular dele "Eu esperei por você, mas você não apareceu...", vi que ele leu, mas não respondeu. Achei aquilo estranho e então resolvi descer cedo, na hora em que o bar abriria, para vê-lo. Procurei por ele em todos os cantos do bar-casa de festas, mas ele não estava lá.
– Cadê o Rafa? – perguntei para a Natália.
– Ele ligou há pouco e disse que hoje não vem.
– Por causa da prova de amanhã? Vai ser bem cedo.
– Não sei. Deve ser.
– Será que ele está em casa agora?
– Acho que está.
– Tá. Vou lá falar com ele. Volto na hora do show.
Geralmente, eu vinha respeitado o tempo que ele me pediu, mas agora, com o sumiço estranho dele, eu me esqueci de tudo isso. Eu só queria vê-lo. Ver se ele estava bem e, talvez, desejar boa sorte. Ou algo mais, se ele me permitisse.
– Tá. Tchau, Bia.
E eu fui. Subi o elevador e pressionei o botão do quinto andar e logo me encontrava parada em frente à porta do apartamento dele. Toquei na campainha, mas não houve resposta. Então telefonei para ele.
– Rafa? – bati na porta. – Eu sei que você está ai, estou ouvindo o teu telefone tocando.
E ele então abriu a porta, mas não estava nada feliz em me ver. Na verdade, ele não parecia muito bem.
– O que houve? Você parece péssimo.
Mas ele não disse nada, apenas ficou parado me olhando, com uma expressão fechada.
– Posso entrar? – perguntei. Ele ainda não disse nada, mas foi para o lado para me dar passagem. – O que aconteceu?
– Vem aqui. – ele afinal disse, e seguiu em direção ao quarto dele, e eu fui atrás. Então ele abriu a janela. – Olhe aqui, Bia. O que você vê?
Eu fiz o que ele pedia.
– A rua? – falei, começando a entender o que tinha acontecido. O que ele, afinal de contas, tinha visto, e porque estava agindo daquela maneira. Fiquei muito nervosa. Mas muito nervosa mesmo. – Você nos viu...
– Eu estava esperando por você, Bia. Tinha ido ao seu apartamento e sabia que você não estava em casa.
– Mas não é o que você pensa...
– Não? Eu penso que vocês estavam se beijando.
– Sim. Estávamos! Mas era uma despedida... Não significou nada!
– Não significou? Pois para mim significou muita coisa. Significou que você não se sente do mesmo jeito do que eu. Porque se você se sentisse, nunca beijaria outra pessoa.
– Não é bem assim, Rafa...
– Não mesmo?
– Sim, eu dei uma chance para ele, mas foi porque você nunca me falou como se sentia! Ou o que queria! Você só pediu para se afastar por causa dessa prova, que ela era importante. Nunca me disse até semana passada que me queria também! Eu estava confusa, Rafa!
– Então, aconteceu mais de uma vez... E aconteceu mesmo depois de eu ter dito como eu me sentia. – ele logo concluiu. – Nossa, como eu fui idiota...
Ele falava, mas parecia estranhamente calmo. Voltou para a sala e então sentou no sofá. Eu o segui, mas fiquei em pé.
– Você não entendeu nada, não foi? – ele ergueu a cabeça para me olhar, até então fitava seus pés vestidos apenas com meias brancas. – Não entendeu por que passar nessa prova era tão importante? Por que eu queria tanto uma estabilidade financeira, ou ter um bom trabalho? Era tudo por você, Bia. Para poder te oferecer um bom futuro ao meu lado.
E eu fiquei encarando-o em silêncio, totalmente chocada. Então era por isso... Ele nunca tinha sido preocupado com essas coisas antes, e eu devia ter percebido. Nossa, eu realmente tinha sido burra!
– Eu não sabia disso, Rafa... Você deveria ter me contado... Infelizmente, não tenho essa capacidade, a de ler pensamentos... Como eu poderia saber? – meus olhos se enchiam de lágrimas agora – Eu sinto muito... Eu não quero nada com o Tobias, eu quero você. Será que você poderia me dar mais uma chance?
– Não. Eu não posso.
– Não pode...?
Eu ainda estava parada em pé, não tinha forças para me mover. E agora secava com os dedos as lágrimas que teimavam em aparecer nos cantinhos dos meus olhos.
E ele continuou falando:
– Sabe quando você quer uma coisa durante muitos anos, e então começa a acreditar que aquilo é impossível de acontecer? E daí, quando finalmente acontece...
– Não era tão bom como você esperava?
– Não, não é isso. Foi bom sim. Aquela vez em que a gente ficou foi perfeito, Bia. Foi muito mais do que eu esperava, mais do que eu imaginava. E olha que eu imaginei muito... – ele deu um sorriso triste – Mas foi como se eu tivesse sonhado, entende? Porque eu quis por tanto tempo... E por isso meio que demorou para cair a ficha. Eu fiquei bem confuso.
– E a Greice voltou. – falei – Nem deu tempo para a gente assimilar o que tinha acontecido.
– Sim. E você saiu correndo, Bia. Praticamente fugiu. Você parecia tão certa de que eu queria ficar com a Greice, e não com você... Nem me deu chances de fazer diferente.
– É, acho que eu fiz isso. Mas eu também fiquei confusa. Bem mais do que você, eu acho. Porque aquilo tudo era novidade para mim. Eu nunca tinha pensado...
– Eu sei. Eu sempre soube disso, e eu nunca te disse nada. E você pelo jeito não é muito boa em ler pensamentos. Não os meus, pelo menos... Mas então, depois... Eu fui percebendo... Eu achei que você se sentia da mesma forma do que eu.
Ele me olhou e agora eu vi o brilho de lágrimas não derramadas nos olhos castanhos dele.
– Mas foi o que aconteceu, Rafa! Eu realmente sinto o mesmo do que você! Eu quero ficar com você!
– Não. Desculpa, eu não posso.
– Não?
– Não. – ele repetiu.
– Nunca mais?
– Não sei. Mas, agora, eu não posso. Eu esperava tanto da gente, de você... E agora eu mal consigo olhar para você, Bia.
– Eu devo ir embora agora? – perguntei num fio de voz.
Eu não queria sair dali. Eu não queria ter que ir embora. Queria poder ficar com ele talvez para sempre. As palavras "eu amo você" estavam na ponta da minha língua, mas algo fez com que eu não as pronunciasse. De qualquer forma, sabia que eu seria rejeitada. Que as palavras não mudariam nada.
– Deve. – ele disse.
Eu quase fui, mas parei em frente à porta.
– Você vai fazer a prova amanhã, não vai?
– Não sei.
– Faça, Rafa. Por você. Você se preparou tanto! Por favor? Não desista, faça ela por você.
– Tá bom. Eu farei. – ele disse e suavizou o rosto um pouco, dando um sorriso praticamente imperceptível. Mas eu o conhecia tão bem que pude ver o sorriso antes dele sumir de vez.
– Então eu vou indo... – eu disse, dando passos pequenos de costas, mas sem tirar os olhos dele.
Ele também me olhava. E eu, por dentro, implorava: "Por favor, mude de ideia. Por favor, me deixe ficar aqui com você." Eu tentava transmitir essas palavras numa espécie de telepatia. Mas eu falhei...
– Boa noite, Bia.
– Boa noite...
Assim que eu me virei de costas para ele, corri. Praticamente voei pelas escadas e, quando afinal me vi na segurança do meu apartamento, desabei no chão ainda em frente à porta fechada e chorei muitas lágrimas. Algo como um rio de lágrimas. Quando eu me senti melhor, após quase meia hora, já eram 21 horas. Eu sabia que teria que descer para o meu show. Não sabia onde eu tiraria forças para isso, mas iria de qualquer forma. Não seria capaz de decepcionar a minha tia também.
Mandei uma mensagem para a minha prima:
"Estou aqui no meu apartamento. Me avisa quando chegar na hora do show para eu descer."
"Ok. Vc encontrou o Rafael?"
"Sim. Ele estava em casa
" O que aconteceu?"
"Ele me viu beijando o Tobias ontem..."
"Nem sabia que vocês tinham se beijado."
"Sim, eu sei. Mas foi tão sem insignificância... Por isso não te contei."
"Meu irmão não deve ter pensando dessa maneira"
"Não.Não pensou.Se eu soubesse como voltar no tempo e mudar as coisas...
"Se você soubesse como fazer isso, estaria rica. Desculpe, foi um momento péssimo para piadas... Como você está?"
"Tentando parar de chorar, para descer..."
"Você tem pelo menos uma hora, Bia. Se eu pudesse iria para ai ficar contigo. Mas isso está uma loucura, ainda mais com a ausência do meu irmão."
"Tudo bem, a culpa foi toda minha. Agora não sei o que fazer... Eu amo tanto o teu irmão! Fui uma burra mesmo."
"Duas coisas: dê tempo a ele. "Time will heal all the pain." O tempo vai curar todas as feridas. Sorry, acho que essas coisas são mais bonitas em inglês. A segunda coisa: desça em uma hora e dê um jeito de colocar um sorriso no rosto."
Ok.Farei isso em breve. Meu sorriso . Bemnatural. Acho que não conseguirei um melhor: "
"Esse serve."
E foi o que aconteceu. Eu consegui descer, fiz meu show, mas o sorriso que eu tinha no meu rosto não era, e sei que não pareceu, real.