Capítulo 12

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A segunda-feira passou normalmente, e eu estava me sentindo um pouco desanimada e cansada da minha vida. Tudo igual. Praticamente só trabalhava e cantava aos sábados, com uma vida social pacata há meses, desde o fim do meu namoro com o Tobias perto do natal. E maio já vinha se aproximando... E eu estava me sentindo sozinha e até um pouco carente.

Nas segundas e nas sextas, eu ia para a clínica pela manhã, então pegava um monte de exames para continuar meu trabalho à tarde em casa. E era sempre tanta coisa que era normal eu ir trabalhar até a noite, quase sem parar. Nas terças, quartas e quintas eu ia para clínica pela tarde, e nos dias que ia na academia de manhã invertia os turnos e trabalhava à noite. E nesses dias era comum ir até as 23 horas trabalhando...

Sim, eu ganhava bem, como o Rafa tinha dito, consegui a minha independência financeira, mas eu ralava muito para isso. Trabalho era o que não me faltava, graças a Deus. Às vezes, não era fácil. Mas eu gostava da minha vida e da minha profissão. E comparado ao que o Tobias fazia, como operar os pacientes até tarde no consultório dele ou no de outros colegas, indo de um canto ao outro da cidade e às vezes até saindo da cidade, atendendo frequentemente nos sábados também, eu preferia a minha vida. Eu pelo menos trabalhava de vez em quando no conforto da minha casa.

O Tobias era dentista também (a gente se conheceu numa festa da faculdade, lembram?) e no momento estava atuando mais na sua área de especialização, implantodontia. E como eu nunca curti ver muito sangue (ok, talvez eu estivesse na profissão errada, mas depois encontrei algo que realmente gosto, sem cheiro e nem sangue), não reclamo por ter que trabalhar demais. A vida dos dentistas não anda muito fácil mesmo, mas acho que hoje está assim em quase todas as profissões.

Como disse, na segunda-feira não aconteceu nada de mais no meu dia. Na terça, fui à academia pela manhã, esperando quem sabe ver o Rafa como em outras ocasiões, mas nada dele aparecer... Eu tinha prometido a mim mesma não procurá-lo e respeitar o desejo dele, pelo menos nas próximas duas semanas, mas era difícil parar de pensar nele.

Mesmo que a decisão do término fosse dele, sabia que o Rafael devia estar se sentindo triste. Afinal, foram seis anos com a Greice. E até quando o nosso coração não está mais na relação, como aconteceu comigo e com o Guta, a gente sente falta da pessoa. O costume de ter alguém sempre ao nosso lado torna a ausência esquisita. Mesmo que a gente tenha outra pessoa como eu tinha o Tobias, a gente sente. Pelo menos foi assim comigo.

Terça à tarde fui trabalhar e estava lá na minha salinha, sozinha, bem concentrada nos meus exames, quanto perto da hora de sair me ligam anunciando que meu namorado veio me ver.

Tá... Eu sei que eu sou meio na minha, que não falo da minha vida pessoal para quase ninguém, praticamente só conversando amenidades com as minhas colegas de trabalho... Mas achei que pelo menos todo mundo soubesse que EU NÃO TENHO MAIS NENHUM NAMORADO HÁ MESES!

– Que namorado? – pergunto para a Sabrina que está me ligando da recepção, imaginando que ela deve nesse momento estar de frente para o meu suposto namorado.

– O Dr. Tobias. – ela diz como eu fosse a coisa mais óbvia do mundo. Claro que todo mundo conhece o Tobias, ele me buscava pelo menos umas duas vezes por semana na clínica. Mas já faz um tempo, não?

E pelo jeito ainda se sente no direito de vir. Sem ao menos me dar um aviso!

– Deixa ele entrar. – autorizo, me sentindo um pouco irritada, mas não deixo a raiva transparecer na minha voz. A Sabrina não tem culpa e ela é até bem querida.

Nunca pensei (completa)Where stories live. Discover now