Capítulo 4

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No dia seguinte, após falar com a tia Marta sobre o quanto eu tinha gostado do apartamento, e dela ter insistido que eu deveria ficar com ele, querendo que eu morasse nele o tempo que quisesse sem ter que pagar nada (o que eu não aceitei, eu queria que ele fosse realmente meu), eu voltei com os meus pais ao local para saber a opinião de ambos. Eles também adoraram!

Aliás, não tinham como não adorar. Ele era mesmo perfeito para mim. E o mais perfeito de tudo era poder ir a pé para o trabalho e não perder mais trinta minutos no trânsito de ida somado ao mesmo tempo de volta. Eu ganharia uma hora a mais por dia! Era um sonho! E sem contar que economizaria muito em gasolina e que me livraria do stress de ter que dirigir na hora do rush.

Lá do apartamento mesmo a minha mãe ligou para a tia Marta e a gente combinou que o tio Zé o venderia para mim. Elas definiram o valor de uma entrada, com a minha participação na conversa, é claro. E dispensaram o financiamento que eu queria fazer. Ao invés disso, eu pagaria direto para eles uma quantia mensal me livrando assim dos juros do banco. Um negócio que só uma família unida como a nossa faria.

Então, apesar de tudo, da angústia que pesava um pouco no meu peito ao pensar em um casal que deveria estar junto naquele momento a apenas alguns andares abaixo... Apesar disso, eu estava feliz.

A semana passou rapidamente, enquanto eu planejava a minha mudança. Meus pensamentos eram quase todos ocupados pelo tamanho e a cor do novo sofá que eu queria, pela bancada alta que eu faria para dividir cozinha e sala, pelo chuveiro elétrico que trocaria por um a gás... E assim que chegaram a geladeira e o fogão, no mesmo dia em que a minha cama, a minha escrivaninha e os outros poucos móveis foram transportados do meu quarto velho para o meu quarto novo; na quarta-feira, eu me mudei.

Com pouca louça ainda, sem sofá e com apenas uma mesa de plástico branca emprestada enquanto os outros móveis não vinham. E o resto dos meus dias, até o sábado à noite, se dividiram entre meu trabalho e organizar-comprar minhas coisas. Nesse tempo de uma semana apenas falei rapidamente com a Nati umas duas vezes pelo skype, e com o Rafa... Bom, não o vi, e ele também não me ligou mais.

Quanto ao Tobias, o meu ex que até pouco tempo me deprimia... Só posso dizer que, por incrível que pareça, ele agora não passava de um borrão. Num copo cheio de água representando a minha preocupação, ele seria apenas uma mísera gotinha.

Sabia pela Nati que a Greice estava de fato morando na casa do Rafa, que ela se mudara quase junto comigo. Para a Greice, a mudança foi mais fácil, o apartamento do Rafa já tinha móveis e...

Eu não queria pensar nisso. Tipo, pensar nos móveis, na cama dele... E o que fizemos nela... Nos lugares em que a boca dele tocou, em cima daquela cama... Nas mãos deles e... Tá, chega!

Eu estava me sentindo tão confusa! Sequer sabia se eu estava arrependida ou não.

Então sábado à noite chegou, e a minha tia novamente tinha me pedido ajuda. Ela gostava de me ver por perto, me via como uma segunda filha, e queria que eu ficasse fixa no bar pelo menos nos sábados, o dia em que ela cantava. Ela vivia insistindo em algo que queria que eu fizesse junto com ela. E eu negava. Sempre.

Só de pensar no que ela me propunha eu me enchia de uma espécie de pânico. Um tipo de pânico que nesse momento não era nada comparado ao temor que me assolava ao saber que eu veria o Rafa. Isso sim causava um grande rebuliço dentro da minha barriga. A ponto de me deixar enjoada.

Sabia que o nosso encontro ocorreria em breve, e que estava no lucro por ter conseguido adiá-lo por uma semana, mas mesmo assim... Eu sentia muito, mas muito medo. Mesmo.

Nunca pensei (completa)Where stories live. Discover now