Capítulo 7

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Era quase 21 horas de sábado, e eu havia marcado de me encontrar com os meus colegas da escola no bar em alguns minutos. Passara grande parte da tarde ensaiando com a minha tia e a banda, preparando algumas músicas novas, e, no fim, acabei não tendo muito tempo para me arrumar.

Eu tinha separado um vestido mini tomara que caia azul com lantejoulas, meio espalhafatoso perto do meu estilo usual, mas perfeito para o show mais tarde. Espalhafatoso, mas bem-bonito e não do tipo vulgar. Para cantar, gostava de usar um estilo mais provocante. Acho que fazia mais sucesso. Pelo menos, parecia que as pessoas gostavam mais do show. E eu adorava os aplausos. A parte da minha vida profissional – pelo menos – estava sendo capaz de me deixar satisfeita.

Optei por deixar meus cabelos soltos, calcei minhas sandálias prateadas de salto, e caprichei na maquiagem. Mais no delineador do que em qualquer coisa, colocando nos lábios apenas um gloss rosa claro da mesma cor das minhas unhas recém-pintadas.

Antes do ensaio à tarde, a Greice tinha vindo na minha casa para fazer minhas unhas. Dos pés e das mãos. Ela adorava fazer as unhas das amigas e agora com a nossa nova convivência de vizinhas estávamos ultrapassando a barreira de namorada do primo e prima do namorado para viramos amigas. Claro que com muitos segredos entre nós. O Rafa passava grande parte do dia estudando agora, ele teria um concurso importante, e a Greice ficava então sem companhia e vinha me visitar.

Ainda bem que eu não precisei falar nada a respeito do que ela me pedira para conversar com o Rafa. Ainda bem, ou não... Porque ela chegou toda contente, dizendo que tudo tinha sido coisa da cabeça dela, e que ele tinha pedido desculpa. Que explicara que andava meio ausente pela sua preocupação com o concurso, já que era para um cargo excelente e ele queria muito passar. Então ela me contou que eles tiraram o atraso e namoraram muito na noite passada. E eu, sinceramente, não queria saber, nem um pouco. Mas, como não queria dar bandeira, apenas ouvi calada. O que foi bem difícil.

Depois, logo desviei o assunto para a chegada da Nati. Eu estava ansiosa para ver a minha prima na segunda-feira. Morrendo de saudades. Ela vinha para passar um mês inteirinho, e fazia quase dois anos que a gente não se via. A gente se falava toda hora, pelo skype, por e-mails ou mensagens no celular. Mas não era a mesma coisa, não tinha nem comparação. E eu sentia saudades de me relacionar com as pessoas no antigo modo cara a cara, e sentia mais saudades dela do que de qualquer outra pessoa.

E foi motivada pelo meu desejo de um bate papo cara a cara – em que eu pudesse abraçar, beijar ou até beliscar alguém se eu desejasse, não que eu fosse do tipo agressiva, mas era só para ter a possibilidade mesmo – que rapidamente acabei de me arrumar e fui encontrar meus colegas no bar.

❀ ❀ ❀

– Bia, você está linda! – as minhas três amigas (a Melissa, a Tati e a Beca), as únicas que tinham chegado quando eu desci, exclamaram ao me abraçar.

Elas não me viam desde o meu rompimento com o Guta. Por decisão puramente minha, eu sei, já que eu sempre arranjava desculpas para declinar de todos os convites. Mas parecia muito, muito tempo atrás, e não apenas pouco mais de um ano.

E eu me sentia mesmo mais bonita, e pude ver que elas falavam com sinceridade e pareciam realmente surpresas com o meu novo estilo, que era bem mais ousado do que "o estilo usual de Bia". Acho que o fato de eu estar cantando agora e finalmente liberando algo que estava trancafiado dentro de mim me deixava mais feliz, e isso refletia na minha aparência.

Eu me sentia bem o suficiente para colocar uma roupa mais justa e mais curta, como o meu vestido azul de lantejoulas. Não que eu fosse do tipo tímida no passado, mas também nunca fui do tipo que queria ficar em evidência. Era apenas normal, eu acho.

Nunca pensei (completa)Where stories live. Discover now