Melhor Parte

By rcomunale

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Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93
Capítulo 94
Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99
Capítulo 100
Capítulo 101
Capítulo 102
Capítulo 104
Capítulo 105
Capítulo 106
Capítulo 107
Capítulo Final
Continuação

Capítulo 103

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By rcomunale

A viagem de volta ao castelo de Hades foi nublada e silenciosa, apenas não pude soltar as mãos de Euro quando percebi o quanto ruim era a visibilidade. Sair depois do por do sol realmente tinha sido uma coisa estúpida e ele sabia tanto quanto eu. Finalmente visualizamos as grandes pedras, a água corrente e o pouso ocorreu sem maiores transtornos. Um suspiro ao pisar em terra firme seguido de um olhar intenso, forte e negro.

– Nossa conversa não terminou, quando todos dormirem vou até o seu quarto.

Queria dizer que não, gritar, ser rude... em vão. Não consegui dizer nada, apenas fiquei encarando sua partida, perdida. Não pude aproveitar melhor o momento, rápido o suficiente para que eu não percebesse e Hades apareceu na minha frente, rosto fechado como de costume. Seus longos cabelos vermelhos estavam flamejantes, olhos brilhando num sorriso diabólico.

– O bom filho a casa torna – disse encostando delicadamente numa grande pedra.

– Não tinha muitas opções, não é mesmo?

– Não seja cruel. Soube dos dias de amor com o queridinho do Olimpo, deprimente, quase me deixou chateado. Mas repensei, será mesmo o último momento de amor, não sou tão maquiavélico assim – gargalhou alto e estridente.

– Posso ir para o meu quarto?

– Claro, garota! Amanhã será um dia longo e preciso de você.

– Para o que exatamente?

– Preparativos para o dia D. O dia de matar o seu namoradinho – gargalhou mais uma vez, além de louco contava piadas idiotas. O fim do poço...

– Posso pelo menos dormir antes de sofrer pelo amanhã?

– Tudo bem, tenha bons sonhos e juízo, garota!

Não entendi a última parte, mas antes que questionar qualquer coisa Hades sumiu nas sombras. Por um segundo pensei que não encontraria meu quarto naquela confusão de corredores, felizmente minha memória cooperou e consegui achar tranquilamente. Estava tudo como da última vez que parti, apenas arrumado e com um aroma desconhecido, um possível perfume do vale da morte. Apenas corri para o chuveiro, deixando uma água gelada e purificante cair pelo meu corpo, levar tantos conflitos mentais, apenas relaxar. Quando estava colocando um vestido longo e branco, o que era algo mais próximo a uma camisola que encontrei no armário, ouvi passos no quarto. Por um momento cogitei que fosse alguma armadilha, algum plano maligno de Hades. Mas não, era apenas a promessa que tinha sido feita alguns minutos antes, abri a porta e o vi deitado na cama, tranqüilo e sereno.

– O que você quer, Euro?

– Disse que a conversa não terminou, você sabe disso tão bem quanto eu. Além disso te trouxe algo para comer.

– Estou sem fome – disse me encostando na parede, tentando ser natural.

– Senta aqui, menina, deixa de cerimônia, não vou te agarrar ou algo do tipo. Você sabe que precisamos conversar, não sabe?

– Sim – respondi sem me mover.

– Então senta aqui, vamos ser adultos e civilizados, te prometo.

Seu rosto estava iluminado pelo luar, os longos cachos negros envolviam sua pele, dando ainda mais destaque para a pele clara. Seus olhos transmitiam uma tranqüilidade até então desconhecida por mim, era mais que pacifismo, muito mais. Sentei na cama, encostada na parede, o mais distante possível de Euro. Ele foi para o chão, pernas cruzadas e cabeça recostada na cama, parecia desconfortável mas não tinha intenção de oferecer espaço na cama.

– Você disse que não queria gostar de mim e nem sentir o que sente, certo?

– Sim – respondi indiferente.

– E o que você sente?

– Não é amor, isso eu posso te garantir – saiu com uma frieza inesperada e pude ver seus olhos escurecerem antes de levantar e me encarar.

– Estou tentando ter uma conversa sincera, se for pra ser assim termina por aqui e nunca mais se lembre do meu nome. Não sou moleque, não gosto de jogos sentimentais, apenas quero resolver essa situação, nada mais. Se for pra bater de frente e se fazer de difícil vou virar as costas e nos veremos na batalha.

O silêncio cortou o quarto, apenas era possível ouvir o barulho das águas e o vento batendo forte, indicando a chegada de uma tempestade. Não queria encará-lo, não queria ter que olhar para aqueles olhos negros novamente. Coloquei as mãos no rosto e rezei para que ele fosse embora o mais rápido possível sumisse, desaparecesse da minha vida. Contudo quando os passos foram se distanciando e a porta se abriu tive que fugir da minha cápsula protetora e seguir o que meu coração ordenava.

– Fica! – foi um grito forte e um pouco desesperado, mas eficiente. Euro deu meia volta e sentou novamente no chão, a luz da lua o alcançou novamente e a calma parecia ter se apossado do seu corpo. Eu sabia que agora precisaria falar, era a hora de jogar as verdades para fora da minha mente.

– A pergunta é a mesma: o que você sente por mim?

– No início eu te achei um idiota, um completo imbecil. Depois você me salvou, mesmo que tenha sido uma farsa, você me salvou. Isso me despertou um sentimento diferente, passei a sentir gratidão e admiração por você, senti que podia confiar de fato no que você dizia. O Vale da Morte não foi tão assustador ao seu lado, você cuidou de mim, me protegeu. E então tudo foi crescendo, maximizando a cada dia que passava, eu não sabia mais definir o que realmente sentia por você. E ainda hoje não sei o que é, como amor eu não classificaria, talvez um apego, uma paixão.

– Obrigado pelo idiota, eu realmente mereci essa classificação – sorriu desanimado – Bem eu assumo que estou surpreso, não sabia que você lembrava dessas situações tanto quanto eu. A definição de amor e paixão são bem próximas, amor é quando o coração fala uma língua que só outra pessoa pode entender, já a paixão é quando o corpo clama por algo que só outro corpo pode conceder. Então se você só sente paixão por mim, significa que me quer somente como um objeto sexual?

– Você é ridículo! – gargalhamos e pude ver um raio de felicidade invadido seu rosto. Euro se levantou e sentou na beira da cama, ainda cauteloso.

– Já disse que te amava e não vou mudar meu discurso por não ser recíproco. Realmente te quero bem, cuidar de você, te livrar de toda dor ou problemas, queria te envolver em meus braços e nunca mais te deixar ir. Mas sei que sou um reles servo, nem da minha vida posso cuidar, ainda mais da sua.

– Sebastian pediu que eu tivesse cuidado, que eu poderia te fazer criar esperanças. Talvez seja isso, tanto tempo sem ninguém, qualquer sentimento diferente pode ser considerado amor.

Seus olhos foram escurecendo e seu semblante passou de sereno para tenso, muito tenso. Euro levantou da cama num gesto, caminhou até a parede e a socou com raiva, com verdadeiro ódio. Não entendi tal reação, não tinha o ofendido ou algo do tipo. Levantei rapidamente e me aproximei cautelosamente, por trás, tomando cuidado de deixar um espaço para ele respirar. Quando alcancei suas costas ele virou para me encarar, para minha surpresa havia lágrimas em seu rosto.

– Sou um servo, um pobre coitado que voltou do rio das almas para servir a Hades. Sou sim um guerreiro estúpido, sem sentimentos e vazio, mas isso nem sempre foi assim. Já me apaixonei Helen, já senti amor por outra pessoa e ela era indescritível. Ela não sabia da minha aliança com Hades, ela nem podia imaginar que eu fazia parte de uma linhagem milenar de guerreiros, eu mesmo só fui saber aos dezoito anos! Prestava serviços escondido, não queria envolvê-la em nada disso, absolutamente nada, queria preservá-la dessa loucura. Seu nome era Paola, tinha um cabelo curto e loiro, sempre elegantemente desarrumado. Seus olhos eram fundos e negros como os meus, uma pele clara e um sorriso que podia iluminar qualquer sala escura, era uma boneca de porcelana. Iríamos casar, ela estava tão empolgada com todos os preparativos e organizações, estava radiante. Então tive uma batalha dura, realmente complicada e cheia de obstáculos... pela primeira vez falhei. Hades não perdoou minha incompetência, ele nunca perdoa.

Seus olhos estavam brilhando, não de felicidade, estavam banhados em lágrimas. Sua expressão era distante, parecia uma narração cansada que o trazia lembranças que ele preferia esquecer. O abracei querendo tirar toda aquela dor, queria diminuir tal sofrimento, vê-lo assim me fazia perder o chão. Seu abraço foi distante como seu olhar, apenas consegui sua atenção para colocá-lo na cama, deitado sem jeito. Ajoelhei no chão e sequei algumas lágrimas teimosas, arrumei alguns cachos teimosos e senti sua pele gelada voltando a temperatura normal.

– Ele a matou, antes que pudesse chegar em casa, antes que eu imaginasse que ela corria algum risco. Abri a porta de casa naquela noite, esperançoso por um abraço e um beijo apaixonado, seria uma noite de sexo e amor, precisava esquecer a tensão da luta, precisava de colo. Infelizmente ao abrir a porta do quarto pude ver ruir toda e qualquer esperança e sentimento de viver, lá estava Paola, uma boneca, definitivamente sem vida. Ao seu lado um bilhete com uma letra elegante e pomposa que dizia: Numa batalha pode-se perder muito mais do que se imagina, muito mais do que realmente está em jogo.

– E o que você fez? – perguntei envergonhada por ousar ser curiosa.

– Fugi. Fui covarde a esse ponto e sinto nojo até hoje, simplesmente corri para longe. Não queria ser encontrado por Hades, nunca mais, não queria servi-lo depois de tamanha crueldade. Porém quando seu chefe é um Deus as coisas não são tão fáceis. Fui encontrado alguns dias depois, obrigado a voltar a trabalhar, obrigado a encará-lo nos olhos depois de tudo que ele tinha feito. Então joguei com o que eu podia, se a intenção em matar Paola era me tornar ainda mais forte, deu errado. Deixei minhas aptidões para trás, lutava como uma criança inocente, lutava sem vontade, só por lutar. Até que finalmente tive uma luta grande e não resisti... Sebastian me matou com facilidade.

– Mas se você tivesse lutado com vontade, com toda a sua força, você não teria morrido.

– Aí que está menina, eu queria morrer, queria deixar aquele sentimento de dor para trás. Queria ir de vez.

– Hades te trouxe a vida, por que fez isso? Você deve ser realmente muito útil.

– Ele me queria pensando que eu mataria Sebastian por vingança, por ele ter me matado. Isso seria útil, um guerreiro com rancor pode ser bem mais produtivo. Mas isso não procede! Não odeio Sebastian, ele não me matou sozinho, eu cooperei.

– E por que sentiu tanto ódio quando falei que ele tinha me pedido para tomar cuidado com os seus sentimentos?

– Por que ele não me conhece para falar sobre os meus sentimentos. Eu te amo sim, nem ele nem ninguém pode dizer o contrário, nem mesmo você.

Sorri sem graça e ajeitei meu cabelo num coque, o empurrei levemente para o canto e pude deitar na ponta da cama, pude ver seus olhos se acalmando lentamente, voltando ao eixo. Senti sua mão acariciando minha bochecha, oferecendo-lhe um sorriso infantil.

– Pensei que essa noite seria uma conversa sobre você, não sobre mim.

– Não tenho tanta história de vida – sorri.

– Espero que não tenha histórias de morte – disse mórbido.

– Eu não posso dizer que te amo, por que seria mentira. Posso te dizer apenas que preciso de você ao meu lado, que aquela discussão que tivemos fez meu peito apertar e doer, que todos os momentos que passamos juntos foram especiais, que aquele beijo me marcou mais do que eu gostaria. Eu estou com Sebastian e o amo, o amo mais que qualquer coisa, mas o que sinto por você me faz esquecê-lo de alguma forma. Hoje a noite, aqui, com você, não me lembrei dele nem por um segundo, normalmente faço isso várias vezes por minuto. Me sinto suja por isso, me sinto nojenta por trair a pessoa que mais amo na vida, mas infelizmente não tenho condições de definir o que sinto.

– Não se torture, não por agora. Temos uma luta pela frente, que vai interferir nessas decisões. Apenas me deixe passar a noite com você, prometo me comportar.

Seu rosto estava iluminado e sereno novamente, não queria deixá-lo ir, queria seu corpo próximo, queria tê-lo comigo e tentar afastar todos os seus sentimentos ruins. Concordei num gesto e gentilmente passei o braço pela sua cintura, num meio-abraço, íntimo o bastante para colar nossos corpos. Ele também passou a mão pela minha cintura enquanto acariciava meu pescoço, respirações próximas, batimentos cardíacos igualmente descompassados. Nossos lábios se uniram com um magnetismo surreal, nossos corpos clamavam pela mesma coisa. Os beijos foram se intensificando e eu sabia aonde terminaria, por mais suja que eu me sentisse, meu corpo realmente clamava pelo corpo de Euro e o dele estava igualmente disposto. Me puxou delicadamente para cima de seu corpo, sua pele era quente e confortável, o que me fez ainda mais insaciável por seus beijos. Estávamos envoltos e por um minuto nada mais importava, nada além de nós e da nossa ligação, eu realmente queria estar ali, realmente precisava daquele contato físico e não sentia vergonha por isso. De repente o vi diminuindo de ritmo, perdendo a empolgação.



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