Capítulo 77

3.2K 272 0
                                    

– Seu amigo parece aborrecido.

– Eu sei disso Euro, não precisa me lembrar.

Estávamos na cozinha. Depois da cena com Davi troquei de roupa e fui fazer o almoço. Euro voltou pouco depois e resolvemos almoçar juntos. Arrumei a mesa da varanda, o dia estava agradável, um sol tímido. Sentamos em silencio até ele tocar no assunto outra vez.

– Desculpe, não queria causar qualquer transtorno.

– Eu pedi que dormisse comigo, caso contrário você ficaria no sofá. Não precisa se desculpar, foi tudo um engano. A propósito, obrigado por ter passado a noite comigo, não sei se conseguiria dormir sozinha.

– Sua cama é bem confortável, se você não tivesse se aproximado tanto, poderia relaxar – Senti meu rosto ruborizar e sorri sem graça.

– Bem, você pretende ficar? – disfarcei.

– Até amanhã, pode ser ou quer que eu vá hoje?

– Claro que pode ficar, essa casa é grande demais pra mim.

– Que bom. Sabe menina, andei pensando, acho que poderíamos ir atrás de Sebastian.

– E por que eu faria isso?

– Como? Há dias atrás você me fez jurar que contaria sobre você e agora nem quer saber dele? Como assim?

– Não vou dar a minha vida atrás de um homem que se quer se preocupou em me consolar quando perdi a pessoa mais importante pra mim. Se ele realmente quisesse teria vindo, contrariaria o pai e viria. Mas não veio. Pra que sofrer mais? Já perdi a conta de quantas lágrimas derramei. E ele? Será que ainda pensa em mim ou nem lembra meu nome?

– Isso é rancor de amor?

– Não Euro, isso é cair na real.

A noite caiu, conversamos por longas horas. Euro era bem reservado, mas sabia contar histórias e ouvir as minhas. Então ele me explicou sua história com Sebastian, disse que eram inimigos mortais até dependerem um do outro, criando assim uma amizade. Tratei de me prender na versão de Euro, mas sabia que Sebastian nunca seria capaz de odiar alguém. Era engraçado ouvir histórias sobre ele, um filme rodava minha mente. Conseguia ver seu sorriso, sua expressão de fúria ou desapontamento, sua revolta. Podia enxergar seus músculos, sua pele, aquele olhar azul mar, o desenho da boca, seus cabelos negros e lisos. Tão divino, tão pagão.

– Posso te contar uma coisa?

– Claro Euro – disse saindo do transe das imagens

Melhor ParteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora