Capítulo 100

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A grande casa estava escura e deserta, olhei para o antigo jardim da vovó e por um segundo senti uma lágrima brotar involuntariamente. Respirei fundo e segui em direção aos largos degraus, então tive uma surpresa ao avistar um carro na lateral da casa. Não era um carro qualquer, era o reluzente carro vermelho, o carro que esperei por tantas noites, o mesmo que quase tinha me atropelado. Era o carro dele e isso fez meu coração pular freneticamente. Corri até ele mas encontrei apenas o vazio, alcancei a porta lateral e cheguei a sala de jantar. O interior da casa tinha um aroma delicioso, mesmo depois de um jantar meu estômago estremeceu. Corri até a cozinha e senti uma onda de prazer e felicidade, não sabia se corria para alcançá-lo, talvez quebrasse o encanto. Ele estava sem camisa, apenas com uma calça jeans baixa, todo seu corpo definido visível e tão palpável. Apenas olhava pela janela, será que estava me esperando?

– Invasores que cozinham não são tão comuns – falei baixo depois de uma tosse falsa.

Assim que nossos olhos se encontraram pude sentir uma vibração tão forte quanto qualquer terremoto, a luz em seus olhos iluminaria cidades e aquele sorriso, sinceramente não havia como comparar a algo terreno.

– Você demorou.

– Muito ou pouco?

– O suficiente para me deixar ainda mais louco de saudade.

Sebastian me alcançou em alguns passos largos, logo estava envolvida em seus braços nus e quentes. Seu corpo era tão convidativo, atraente e confortável, no meu caso, era tão essencial e urgente. Parecia um sonho, desde o encontro na praia parecia que tinha se passado um milênio, a saudade era gutural.

– Fui jantar com Davi e Lara, estava com saudade deles.

– E de mim, não?

– Nunca imaginei que pudesse te encontrar aqui, não costumo sonhar tão alto.

– Por ser uma boba. Assim que me contaram que você tinha voltado para Belo Vale corri o mais rápido que pude. Meu pai não gostou muito, queria que eu treinasse mais um pouco.

– E ele está certo!

– A luta é daqui a quatro dias, ainda terei tempo para me aperfeiçoar.

Eu poderia discutir mais sobre o assunto, dizer que ele precisava se esforçar para que não pestanejasse contra Hades, mas eu não consegui. Tê-lo ali, tão próximo, tão meu, era divino. Chame de egoísmo ou que quiser, mas eu não poderia mandá-lo embora, não seria capaz de tal atitude.

– Bem, reparei no aroma. O que está preparando, mestre cuca?

– Lasanha! Você gosta né? Peguei a receita com Estélio.

– Adoro lasanha! E como Estélio está? Não lembro de tê-lo visto no Olimpo.

– Na verdade ele não participou daquela festa depois de alguma briga conjugal com a minha irmã – gargalhamos.

– E como Celena está? Saudade dos conselhos de moda dela, só uso roupas do século passado!

O papo seguiu animado e descontraído, era tão bom tê-lo tão perto. Quase fui capaz de esquecer completamente dos problemas mortais que nos esperavam daqui a quatro dias. A conversa descomprometida seguiu enquanto comíamos a lasanha, que por sinal estava ótima. Além de lindo, romântico e um deus ele era bom cozinheiro, o que mais eu poderia querer? Terminamos o jantar recheado de sorrisos e novidade, lavamos a louça e seguimos em direção ao andar superior. Assim que entramos no meu quarto Sebastian deitou timidamente na grande cama e sorriu sorrateiro.

– Pensei que poderia dormir aqui, pode ser?

– Se você cogitasse dormir em qualquer outro lugar eu realmente ficaria brava.

Lancei-lhe um sorriso e segui para o banheiro, precisava realmente me preparar para aquela noite. Quando tranquei a porta senti como se um turbilhão de sentimentos inundasse minha mente. Há dois dias atrás eu era prisioneira de um deus problemático, agora eu estava em casa com o homem da minha vida me esperando na cama. Poderia ser mais incrível? Apenas corri para o chuveiro, lavando rapidamente o cabelo e tentando controlar a respiração. Uma noite a dois não fazia parte dos meus planos, não mesmo! Enquanto me secava me senti idiota por tamanho nervosismo, não seria a primeira vez. Tinha ficado com Sebastian na praia, então por que o desespero? Talvez por ser mais íntimo e casual. Essa era a nossa casa, aonde deveríamos ter noites de amor diárias e por ironia do destino nunca tinha acontecido aqui. A nossa primeira vez tinha acontecido na antiga casa, no velho sofá, tão juvenil. Já tínhamos ficado juntos no hall de entrada dessa casa, mas nunca no quarto, nunca uma noite de amor como nos filmes. Eu sentia que isso seria diferente, que seria especial além do normal e isso só fez aumentar o nó no estômago. Que roupa usar? Cabelo solto ou preso? Maquiagem, perfume, natural? Apenas peguei uma camisola branca de seda, sequei os fios molhados do cabelo recém lavado, respirei fundo e abri a porta.

– Pensei que tinha acontecido alguma coisa, como demorou!

– Desculpe – sorri desajeitada.

– Nossa, você está... nossa!

– Deixa de exagero, sou apenas uma humana.

– A humana mais linda de todo o universo.

Gentilmente deitei na cama ao seu lado, seus olhos pareciam selvagens e ao mesmo tempo tranqüilos. Passei as pernas sobre seu quadril e delicadamente passei a mão pelo quente e definido abdômen, em seguida senti seus longos dedos na minha cintura, delicado, gentil. Me curvei até sua boca, beijando feroz e alucinadamente, recebendo em troca todo o calor e fogo que eu poderia desejar. Senti quando ele puxou minha camisola gentilmente, estava tão eufórica que o peso da seda ao sair do meu corpo me fez respirar aliviada. Apenas fui me entregando e o encantando, eu era boa com jogos de sedução, mais do que eu mesma imaginava. Ele era meu, aquele momento era nosso e nada mais importava.


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