Já dentro da boate voltei para onde o pessoal estava. Quando cheguei tava todo mundo olhando pra minha cara, fiz de sonsa e agi naturalmente.
- que demora, se perdeu no caminho? - ironizou Bih
- sim, me perdi! - fiz cara séria. - encontrei um velho amigo! - menti descaradamente e totalmente automático.
- que amigo? - perguntou Erick
- alguém que estudei anos atrás, nada de mais. Cade aquele barman? - mudei de assunto, não estava nem um pouco a vontade. E o Erick tava com ciúmes? Era só o que me faltava.
Parei e olhei em volta procurando um barman, ja tava escuro o suficiente para se enxergar algo, ai você soma eu sonsa por natureza, tonta pelo álcool e perdida pela quantidade de pessoas. E quem eu do de cara? Isso é um absurdo. A pessoa não consegue achar o barman que deve ter uns 20 espalhados, mas encontra o imbecil do Felipe do outro lado da vida, e melhor, consegue ver que ele estar encarando. Só pode ser brincadeira. Zoeira level 1000.
Me virei e encontrei um infeliz com uma bandeijinha.
- eiiii, moço! - o cara se virou e veio na minha direção.
- sim senhorita!
- me trás um Martini por favor!
Alguém quer algo? - perguntei para o grupo.
- um martini também ! - respondeu Bih
- cervejas para nos! - disse Pedro e os três, ele, John e Matheus balançaram as suas bebidas no ar.
- me trás um energético! - pediu Erick passando sua comanda.
Era o único que anotava na própria comanda, o resto anotava na minha, já que eu não pagava!
Uns cinco minutos se passaram e nossas bebidas chegaram, peguei minha taça, a Bih a dela e a arrastei para dançar, longe dos boys, claro que em cinco minutos eles estariam em volta de nos mas tudo de bem.
Começamos a dançar uma com a outra, movimentos sensuais, acompanhado a música, deixavamos nos envolver, a música nos levar, mais nada em volta importava. As pessoas abriam espaço para nós, nos observavam e acho que os garotos notaram, porque já estavam vindo, logo que chegaram a nossa volta meu irmão veio em seguida, quando ele parou no nosso grupo Felipe saiu de trás dele e os dois se juntaram a nós. A Jesus cristinho. Vai beber Felipe, vai pegar vagabas, cade sua oxigenada?
Então ignorei ele o máximo e totalmente. Continuei minha dança com a Bih, só que agora cinqüenta vezes mais sensual, e não é algo proposital que eu esteja fazendo, é meu corpo que parece ter acordado.
Dançava, descia... Passava a mão nos cabelos junto aos movimentos da dança, as vezes o segurava no alto com uma mão, outra o jogava de lado. Por um relance de percepção notei meu irmão banbando a Bih. Segurei o risinho interno causado pela cena e me virei um pouco pro lado, Fechei meus olhos e fiz um movimento bem, digamos... Provocante. Mas como eu disse. Não era intencional, meu corpo parecia que estava no automático, eu pensava e ele reproduzia perfeitamente. Quando abri os olhos estava dançando de frente para vocês sabem quem, agora parece ser perseguição. Ele estava me olhando dançar com um sorrisinho de lado e safado no rosto. Me arrepiei toda e me peguei pensando em coisas obcenas. Corei imediatamente. E claro que ele percebeu, abriu o sorriso na cara, aquele sorriso lindo, ai que ódio. Me virei de costas pra ele e continuei dançando. Todos continuaram ali em volta de nós, já havia se passado um tempinho e notei que a Bih não tava ali. Ué... Olhei em volta. Cade meu irmão? Hummmmmmmm!!! Danadinhos. Comecei a rir sozinha.
A noite foi passando, a Bih e meu irmão sumidos, eu dançando e bebendo cada vez mais e mais ... E o Felipe não tirava os olhos tarados de cima de mim.
- gata vou embora! Você vem?- perguntou Erick. Mas já?
- oi? Ah! Não, acho que vou ficar por aqui, vou tentar levar meu irmão pra casa hoje.
- tudo bem então, a gente se fala amanhã. - me deu um beijo daqueles, na frente dos meninos. Encerrou e se despediu de todos, que educadamente responderam de volta, menos o mal educado do Felipe. Que a propósito estava me fitando. Nem liguei, peguei mais uma taça de qualquer coisa de um barman que passava na minha frente e continuei dançando. Passou uma hora e nada da Bih nem do meu irmão.
Eu já estou completamente tonta e perdida, então fui dar uma volta... Tentar dar uma volta , ne? Para ver se os encontrava. Claro que não iria encontrar, to com dificuldade de andar e não tiro os olhos do chão, como vou achar alguém assim? A não ser que eles resolveram deitar no chão em qualquer canto por ai sabendo que eu iria procura-los olhando pra baixo. Nossa, cala boca Isabela, quanta asneira, ta parecendo uma bêbada.
-NÃO TO BÊBADA! - grito comigo mesma fazendo as pessoas em volta olharem pra minha cara.
Parei e olhei pra elas. - OK. Hora de ir pra casa!- Me virei e fui em direção a saída. Que fiasco essa noite. Anotar na minha noite, nunca planejar a melhor agenda .... Ops. A noite. Nunca planejar a noite, anotar na minha agenda. AFF, todo esse pensamento me deixou confusa. Cheguei na rua e olhei em volta a procura de um táxi. Mas ai lembrei: você não tem dinheiro idiota. Seu irmão é o dono da boate, vai trazer dinheiro pra que? - pra pagar o táxi... Mula! - respondo pra mim mesma. To ficando boa nesse negócio de discutir comigo.
O jeito vai ser ir andando, moro no final da rua mesmo. Tirei meus saltos e fui. Alguns passos e ouvi um carro se aproximando, diminuindo a velocidade conforme ficava mais perto, meu coração disparou.
AI MEU DEUS, É AGORA, VOU SER ESTUPRADA, SEQUESTRADA, VIOLENTADA, VÃO ME CORTAR, RETIRAR MEUS ÓRGÃOS E VENDER PARA MEXICANOS OU TALVEZ PARA BOLIVIANOS. MAS ANTES PODERÃO ME ACORRENTAR, E DEPOIS DE TUDO ESQUARTEJAR O QUE SOBRAR DE MIM E DAR DE COMER PARA 5 PITBULLS... OU ME VENDEREM PARA CANIBAIS, QUE IRÃO ME COMER AOS POUCOS. ME ALIMENTAR E CUIDAR DAS FERIDAS PARA QUE EU NA MORRA ATE NÃO SOBRAR MAIS NADA DE MIM. VÃO LIG...
- não me diga que seu plano é ir à pé até em casa? - a voz rouca interrompeu meu pânico e toda a cena de crime DRAMATICA na minha cabeça, o que me tranquilizou, por se conhecida. Até reconhecer o dono da voz. Olhei para o lado e o vi dirigindo seu conversível preto fosco. Aquilo era uma Ferrari? Se não era parecia muito, não entendo nada de carro.
- não, pretendo levantar voo mas adiante. To determinando o melhor ponto ainda!
Ele riu alto, que risada gostosa. porque? Porque que até o riso desse infeliz tem que ser gostosa? só para frustar meus planos! Somente isso!
- entra no carro! - mandou
- to bem !- respondo mal criada
- entra princesa! - princesa não golpe baixo.
- não sou princesa! Não me chame assim.
- pra mim parece uma! Anda, para de doce e entra!
- já disse que to bem! - sou teimosa
- não me faça parar o carro e te por dentro dele. - disse já impaciente.
- se você se atrever não falo com você nunca mais!
- putaquepariu garota, você ta bêbada, para de show e entra no carro. Quer ser estuprada?
- vem CA?! O que você tem com isso? Vai levar sua loira pra casa... Você já deixou ela sozinha a noite toda tadinha. Vai lá... Me deixa em paz e cuida dela, talvez ali você tire algo!
- beleza!- ele disse e arrancou, sumindo na minha frente!
Imbecil, ele foi mesmo! Não acredito que me deixou aqui, sozinha e a pé. Que ódio, como eu odeio esse cara! Ele se acha, o último açúcar da terra, o ouro no fim do arco íris.
Andei até parecer que não tinha fim, mas cheguei. Entrei no prédio e subi no elevador. Assim que cheguei em casa fui direto para cozinha. Poderia beber 550lt de água, maldito álcool.
- porque você tem que ser tao teimosa? - dei um pulo e quase engasgo com a água.
- O que? Qual seu problema?
Aliás, o que você ta fazendo aqui?
- eu tenho a chave daqui, mas nem precisei já que você deixou a porta aberta, o que foi bem seguro pra alguém que veio a pé sozinha.
- não enche Felipe. Que que você quer? Pode ir pra casa agora...
- eu te fiz uma pergunta! - se aproximou - porque é tao teimosa?
- é de família! - continuei bebendo minha água e ele me observando.
Começou a se aproximar novamente e parou a meio metro de mim, o que me fez encostar na geladeira.
- você invadiu minha casa e agora ta invadindo meu espaço, acho que você tem sérios problemas de audição, que me lembre mandei me deixar em paz e ir atrás da sua oxig...
- cala boca Isabela! Cala a boca! - disse e me puxou pra ele. Colocou uma mao em minha cintura e a outra em minha nuca, puxando meu cabelo e segurando minha cabeça onde ele queria, com minha boca contra a dele.
O beijo me invadiu, me queimou completamente. Abri espaço para sua língua que entrou com desejo na minha boca, que língua, maravilhosa, doce... Com um fraco gosto de bebida misturado com menta. Seu beijo era selvagem, agressivo, nada tranquilo ou romântico. Tinha uma pegada que uma vez dentro dela, você jamais saía. Ele não tinha pressa no beijo, tinha desejo, desejo que irradiava todo meu corpo. Passei meus braços em volta de seu pescoço e o puxava cada vez mais pra mim.
Ele me apertava contra a geladeira e colava nossos corpos a ponto de me deixar sem ar. Eu precisava sair dali. Odiava o fato de não conseguir.
Ele me desencostou da geladeira e se afastou um pouco de mim, interrompendo o beijo, no mesmo instante me desequilibrei e quase cai, mas ele me segurou e me pegou no colo.
Saiu da cozinha comigo em seus braços e foi em direção ao meu quarto. Congelei. Ai meu Deus! Nao, nao, naaaao, isso não pode acontecer. Mas eu não conseguia abrir minha boca. Parecia um feitiço, um feitiço lindo, gostoso e arrogante.
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