Sangue do Conquistador

By FERREIRAK81

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E se Rhaenys não morresse na batalha? E se Maegor não fosse tão cruel? E se Visenya Targaryen visse a destrui... More

SINOPSE
A Conquista
Uma Nova Partida
Uma Guerreira, Uma Mãe (Munã)
Os Deuses Rogam, O Homem Age
Rainha, Príncipe e um novo membro na família.
Um Novo Príncipe, Um Reino e Louco
" Justiça dos Deuses"
Governo e Loucura
Dia de Nome de uma Rainha
Vida, Morte e Uma Nova Casa
O Peso é Conhecido Por Aquele que Carregará a Coroa
Uma Lady para Um Príncipe
Meu Lema é Família
Um Ataque de Dorne, Uma Princesa e Um Príncipe
Deixe a Criança Morrer Para o Homem Nascer
Carne e Sangue, Coroa e Loucura
Momentos e Romance
Casamento Real
NOTA DA ESCRITORA
Rotina🔥🔥🔥
Herdeiro do Seu Herdeiro
PERGUNTAS
Cotidiano e Problemas do Reino
Flores e Sangue ( O Amor Segredo dado por uma Mãe)
À Futura Rainha Consorte
Jeaherys, O Conciliador
Seja um Filho, Seja um Segundo Filho; Isso não importará.
Confie em Mim.
ORDEM
Daelon I, O Rei Monstro
NOVAS HISTÓRIAS
NOVAS HISTÓRIAS
NOVAS HISTÓRIAS
Informações
Viserra Blackfyre
Momentos & Momentos
Chamas Gêmeas
Compromissos e... Afronta
Para Futuro Rei e Uma Nova Vida
Pedido
Fanart Maegor e Visenya
Compromissos
Seu Destino, Escolhido Por Suas Próprias Escolhas.
Deixe o Dragão Sair
IDÉIA
Nascida da Tormenta; O Chamado a Tempestade
Olhar da Lua
IDÉIA
NOTÍCIAS
Família e Sentimentos.
E Tudo Ficou Escuro
A Ira D Dragão
Sem Dó, Sem Piedade; Sem Humanidade
Reis e Rainhas
DAS SOMBRAS E ESCURIDÃO - Viserys Targaryen
Sangue de Sangue. Vermelho tú és.
Forças e a Proteção dos Deuses
A Ira do Norte (idéia kkkk)
A Ira do Norte (Publicado)
O Nascimento dos Dragões
O Coração do Dragão
Sangue do meu sangue, Neste Momento; Não Será Mais Minha.
CRONOGRAMA LITERÁRIO
Corpo, Sangue e Água
TIRO ÚNICO
O Inverno Esta Chegando
DOÍDA? EU SOU!

Nascimento, Morte e Governo Targaryen

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By FERREIRAK81

Jaehaerys I Targaryen acabaria sendo um dos reis mais inquietos a se sentar no Trono de Ferro. Aegon, o Conquistador tinha fama de ter dito
que o povo precisava ver seus reis e rainhas de tempos em tempos, para poderem expor suas dores e agravos.

"Quero que eles me vejam." declarou Jaehaerys ao anunciar sua primeira excursão, no fim de 51 DC.

Muitas outras vieram depois, nos anos e décadas seguintes. Em seu longo reinado, Jaehaerys passaria mais dias e noites hospedado com um
senhor ou outro ou fazendo audiências em alguma cidade ou vilarejo comercial do que em Pedra do Dragão e na Fortaleza Vermelha somados. E era bem frequente que Alysanne fosse com ele, a dragão prateada voando ao lado de seu animal enorme de bronze polido. Aegon, o Conquistador, levava até uns mil cavaleiros, homens de armas, cavalariços, cozinheiros e outros servos nas viagens. Embora inegavelmente grandiosas de ver, essas excursões criavam muitas dificuldades para os senhores agraciados com as visitas reais. Era difícil abrigar e alimentar tantos homens, e se o rei desejasse caçar, as florestas próximas já estariam tomadas. Até o mais rico dos senhores se via pobre quando o rei ia embora, as adegas desprovidas das garrafas de vinho, a despensa vazia e metade das criadas com bastardos nas barrigas.

Jaehaerys estava determinado a fazer as coisas de um jeito diferente. Não mais de cem homens o acompanhariam em qualquer excursão; vinte
cavaleiros, o resto homens de armas e criados.

"Não preciso me cercar de espadas enquanto estiver montado em Vermithor." disse ele.

Números menores também lhe permitiam visitar senhores menores, aqueles cujos castelos nunca foram grandes o suficiente para receberAegon. Sua intenção era ver e ser visto em mais lugares, mas ficar pormenos tempo em cada um deles, para nunca se tornar um hóspede indesejado.

A primeira excursão do rei era para ser modesta, começando com asterras da coroa ao norte de Porto Real e seguindo até o Vale de Arryn.

Jaehaerys queria Alysanne a seu lado, mas como Sua Graça estavagrávida, ele se certificou de que as viagens não fossem exaustivas demais. Começaram com Stokeworth e Rosby, depois seguiram para o norte pelacosta até Valdocaso. Lá, enquanto o rei visitava os estaleiros de lorde
Darklyn e apreciava uma tarde de pescaria, a rainha fez a primeira de suasaudiências de mulheres, que se tornaram parte importante de todas asexcursões reais futuras.

Só mulheres e moças eram bem-vindas nessas
audiências: bem-nascidas ou não, elas eram encorajadas a se apresentareme compartilharem seus medos, preocupações e esperanças com a jovemrainha.

A viagem prosseguiu sem incidentes até o rei e a rainha chegarem aLagoa da Donzela, onde seriam hóspedes do senhor e da senhora Mooton
por uma quinzena antes de velejarem pela Baía dos Caranguejos atéTocalar, Vila Gaivota e o Vale. A cidade de Lagoa da Donzela era muitofamosa pela lagoa de água doce onde a lenda dizia que Florian, o Bobo, viuJonquil se banhando pela primeira vez durante a Era dos Heróis. Como
milhares de outras mulheres antes, a rainha Alysanne desejava se banharna lagoa de Jonquil, cujas águas tinham fama de ter propriedades
curativas incríveis. Os senhores de Lagoa da Donzela tinham erigido umagrande casa de banho de pedra em volta da lagoa muitos séculos antes e aderam para uma ordem de irmãs santas.

Nenhum homem tinha permissãode entrar no local, e quando a rainha foi entrar na água sagrada, estavaacompanhada apenas das damas de companhia, empregadas e septãs(Edyth e Lyra, que serviram ao lado da septã Ysabel quando noviças,haviam feito pouco tempo antes seu juramento para virarem septãs,consagradas na Fé e dedicadas à rainha).A bondade da pequena rainha, o silêncio do Septo Estrelado e as exortações dos Sete Porta-Vozes conquistaram a maior parte dos fiéis paraJaehaerys e Alysanne… mas sempre havia alguns que não se deixavamcomover, e entre as irmãs que cuidavam da lagoa de Jonquil havia trêsmulheres assim, cujos corações estavam duros de ódio. Elas disseram umaspara as outras que suas águas sagradas ficariam poluídas para sempre se a
rainha tivesse permissão de se banhar nelas carregando a “abominação” dorei na barriga. A rainha Alysanne havia acabado de tirar a roupa quandoelas partiram para cima com adagas que tinham escondido nas vestes.

Felizmente, as agressoras não eram guerreiras, e não haviam levado acoragem das companheiras da rainha em consideração. Nuas evulneráveis, as Mulheres Sábias não hesitaram e se puseram entre asagressoras e sua senhora. A septã Edyth sofreu um corte no rosto,Prudence Celtigar foi esfaqueada no ombro e Rosamund Ball levou umafacada na barriga que, três dias depois, culminou na morte dela, masnenhuma das lâminas assassinas tocou na rainha. Os gritos e berros daluta atraíram os protetores de Alysanne às pressas, pois sor Joffrey Doggette sor Gyles Morrigen estavam vigiando a entrada da casa de banho, semsonhar que o perigo aguardava lá dentro.

A Guarda Real cuidou rapidamente das agressoras, matando duas emantendo a terceira viva para interrogatório. Quando encorajada, ela
revelou que mais seis outras da ordem tinham ajudado a planejar o ataque,mesmo não tendo coragem de portar uma lâmina. Lorde Mooton enforcou as culpadas, e talvez tivesse enforcado inocentes se não fosse a intervençãoda rainha Alysanne.

Jaehaerys ficou furioso. A visita deles ao Vale foi adiada; eles voltarampara a segurança da Fortaleza de Maegor. A rainha Alysanne ficaria lá atéo bebê nascer, mas a experiência a abalou e a fez refletir.

"Preciso de uma protetora minha." disse ela para Sua Graça. "SeusSete são homens leais e corajosos, mas são homens, e há lugares aonde oshomens não podem ir."

Não havia como o rei discordar. Um corvo voou para Valdocaso naquelamesma noite, ordenando que o novo lorde Darklyn enviasse para a corte
sua meia-irmã bastarda, Jonquil Darke, que empolgou a plebe durante aGuerra pelos Mantos Brancos como o cavaleiro misterioso conhecido comoSerpente Escarlate.

Ainda de escarlate, ela chegou a Porto Real alguns diasdepois e aceitou com satisfação a tarefa de escudo juramentado da rainha.Com o tempo, ela seria conhecida pelo reino como Sombra Escarlate, pelaproximidade que mantinha da rainha para protegê-la.

Pouco tempo depois que Jaehaerys e Alysanne voltaram de Lagoa daDonzela e a rainha foi para seus aposentos, onde foi agraciada com uma bela carta de Ponta Tempestade.

Alyssa Velaryon, que finalmente voltou a se estabelecer depois de anos lutando pelos Targaryen mais novos, acabou se casando com Lorde Baratheon, também apoiador e grande defensor de Jeahaerys como rei, e agoraestava grávida.

Lady Alyssa já havia sido casada anteriormente, com um primo de sua própria casa, mas então seu marido faleceu em uma excursão mal-sucedida junto ao seu sogro, irmão de seu pai.

Muito acamado também, Lorde Velaryon não estava em todas as suas capacidades e seu irmão mais novo havia sido almejado a Lorde Velaryon Interino, precisando de uma regente também, da qual atuou por anos.

Agora, aos quarenta e quatro anos, consideravam que a Ladyviúva tinha passado de seus dias férteis, e a gravidez foi recebida como
milagre. Em Vilavelha, o alto septão em pessoa proclamou que era umabênção dos deuses, “um presente da Mãe no Céu para uma mulher que tinhasofrido muito e bravamente defendendo seu rei".

Em meio à alegria, também havia preocupação. Alyssa não era mais tãoforte quanto já havia sido; a época como regente pesou nela, e seu
segundo casamento não lhe trouxe a felicidade que ela esperava. Mas aperspectiva de um filho aqueceu o coração de lorde Rogar, e ele deixou a
raiva de lado e se arrependeu de suas infidelidades para ficar ao lado daesposa. A própria Alyssa estava com medo, lembrando o primeiro, e último bebê que
tivera com o seu primeiro marido, a garotinha Vaella, que morreu no berço.

" Não consigo passar por isso de novo." ela disse ao senhor seumarido. "Arrasaria meu coração."

Mas a criança, quando nasceu no começo do ano seguinte, se mostrourobusta e saudável, um garoto grande de rosto vermelho nascido com umapenugem de cabelo preto e “um choro que dava para se ouvir de Dorne atéa Muralha”. Lorde Rogar, que já tinha deixado de lado a esperança de terfilhos com Alyssa, chamou o filho de Boremund.

Os deuses dão sofrimento assim como dão alegria. Bem antes de a mãeparir, a rainha Alysanne também teve um filho, um menino que batizou deAelon, em homenagem ao irmão perdido e muitolamentado, o Príncipe Sem Coroa.

Todo o reino agradeceu, e Jaehaerysmais do que todos. Mas o jovem príncipe chegou cedo demais. Pequeno efraco, ele morreu três dias depois do nascimento. A rainha Alysanne ficoutão desolada que os meistres temeram também pela sua vida.

Ela semprepôs a culpa da morte do filho nas mulheres que a atacaram em Lagoa daDonzela. Se ela tivesse podido se banhar nas águas curativas da Lagoa deJonquil, dizia, o príncipe Aegon teria sobrevivido.

Pedra do Dragão, onde Rhaena Targaryen tinha estabelecido suapequena corte, também estava tomada de descontentamento. Assim como
fizeram com Jaehaerys, os senhores vizinhos começaram a procurá-la, masa Rainha do Leste não era o irmão. Muitos dos visitantes eram recebidoscom frieza, outros iam embora sem audiência.

O rei Jaehaerys finalmente fez uma turnê pelo Vale de Arryn em 52 DC evisitou Vila Gaivota, Pedrarruna, Fortencarnado, Solar de Longarco, Lar doCoração e os Portões da Lua antes de voar em Vermithor sobre a Lança doGigante até o Ninho da Águia, como a rainha Visenya havia feito durante aConquista. A rainha Alysanne o acompanhou em parte das viagens, masnão em todas; ela ainda não tinha recuperado a força completamentedepois do parto e da dor que veio em seguida. Ainda assim, com seus bons relacionamentos, o noivado da senhorita Prudence Celtigar e do lorde Grafton de Vila Gaivota foi arranjado. Sua Graça também organizou umaaudiência de mulheres em Vila Gaivota e uma segunda nos Portões da Lua;o que ouviu e descobriu mudaria as leis dos Sete Reinos.

Os homens muitas vezes falam atualmente das leis da rainha Alysanne,mas esse termo é desastrado e incorreto. Sua Graça não tinha poder paracriar leis, emitir decretos, fazer proclamações ou determinar sentenças. Éum erro falar dela como podemos falar das rainhas do Conquistador,Rhaenys e Visenya. Mas a jovem rainha tinha enorme influência sobre orei Jaehaerys, e quando ela falava, ele escutava… assim como fez quandoeles voltaram do Vale de Arryn.

Foi do dilema das viúvas em todos os Sete Reinos que Alysanne ficouciente nas audiências de mulheres. Principalmente em tempos de paz, nãoera incomum que um homem vivesse mais do que a esposa de suajuventude, pois os homens jovens muitas vezes falecem no campo debatalha e as mulheres jovens, no parto.

Fossem de berço nobre ou humilde,
os homens que ficavam sozinhos dessa forma muitas vezes se casavamnovamente depois de um tempo, e a presença da segunda esposa no lar eraressentida pelos filhos da primeira. Onde não havia laços de afeição, com amorte do homem, os herdeiros podiam e expulsavam a viúva de casa,reduzindo-a à penúria; no caso dos senhores, os herdeiros podiamsimplesmente retirar as regalias da viúva, sua renda e seus criados,reduzindo-a a uma mera pensionista.

Para consertar isso, o rei Jaehaerys em 52 DC promulgou a Lei da Viúva,reafirmando o direito do filho mais velho (ou filha mais velha, quando nãohouvesse filho) de herdar, mas exigindo que esses herdeiros mantivessemas viúvas vivas na mesma condição que tinham antes da morte do marido.

Uma viúva de senhor, fosse a segunda, a terceira ou qualquer outra esposa,não podia mais ser expulsa do castelo dele, nem privada de criados, roupase renda. Mas a mesma lei também proibia os homens de deserdarem osfilhos de uma primeira esposa para dar suas terras, assento ou propriedadepara uma segunda esposa ou para os filhos dela.

Construir foi a outra preocupação do rei naquele ano. O trabalhocontinuou no Fosso dos Dragões, e Jaehaerys visitava o local com frequência para ver o progresso com os próprios olhos. Mas enquanto voava da Colina de Aegon até a Colina de Rhaenys, Sua Graça reparou noestado lamentável da cidade. Porto Real tinha crescido rápido demais, commansões, lojas e casebres e arenas de ratazanas brotando como cogumelos
depois de uma chuva forte. As ruas eram apertadas, escuras e imundas,com construções tão próximas umas das outras que os homens podiampular de uma janela para outra. As vielas eram sinuosas como cobrasbêbadas. Havia lama, bosta e excremento humano por toda parte.

"Quem me dera poder esvaziar a cidade, derrubá-la e construir tudode novo."

Exclamou o rei para o conselho.Sem ter esse poder e o dinheiro que uma empreitada tão grandiosaexigiria, Jaehaerys fez o que podia. Ruas foram alargadas, acertadas ecalçadas sempre que possível. As piores pocilgas e casebres foramderrubados. Uma grande praça central foi criada e ocupada com árvores,
com mercados e arcadas embaixo. De lá saíam ruas longas e amplas, retascomo lanças: o Caminho do Rei, o Caminho dos Deuses, a Rua das Irmãs, oCaminho da Água Negra (ou Caminho da Lama, como a plebe rebatizou arua). Nada disso poderia ter sido feito em uma noite; o trabalho
continuaria por anos, até décadas, mas foi no ano 52 que começou, pelaordem do rei.

O custo de reconstruir a cidade não passou sem consequências e sempiorar a situação do tesouro da Coroa. Essas dificuldades foramexacerbadas pela impopularidade crescente do Senhor do Ar, Rego Draz.

Em pouco tempo, o mestre da moeda pentoshi se tornou tão odiado quantoseu predecessor, embora por motivos diferentes. Ele era chamado decorrupto, diziam que pegava o ouro do rei para engordar a própria bolsa,uma acusação que Rego tratava com escárnio.

"Por que eu roubaria do rei se sou duas vezes mais rico do que ele?"

Diziam que ele não tinha deus, pois não idolatrava os Sete. Muitosdeuses estranhos são adorados em Pentos, mas Draz era conhecido por
seguir apenas um, um pequeno ídolo caseiro semelhante a uma mulhercom a barriga enorme de gravidez, seios inchados e cabeça de morcego.

" Ela é a única deusa de que preciso." ele dizia sobre a questão.

Diziam que ele era mestiço, uma afirmação que não podia negar, poistodos os pentoshis são parte ândalo e parte valiriano, misturados com os
escravos e povos mais antigos há muito esquecidos. Mais que tudo,ressentiam-se dele por sua riqueza, que ele não se dignava a esconder eexibia com suas vestes de seda, seus anéis de rubi e palanquim dourado.

O fato de que lorde Rego Draz era um mestre da moeda capaz nem seusinimigos podiam negar, mas o desafio de pagar pelo término do Fosso dosDragões e pela reconstrução de Porto Real foi um esforço até para seustalentos. Os tributos sobre seda, especiarias e construções por si sós nãobastavam, então lorde Rego impôs um novo imposto: um pedágio noportão, exigido de qualquer um que entrasse ou saísse da cidade, coletadapelos guardas nos portões.

Havia taxas adicionais cobradas por cavalos, mulas, burros e bois, e carroças e carrinhos sofriam os tributos mais altos.Considerando a quantidade de tráfego que ia e vinha de Porto Real todosos dias, o imposto do portão se mostrou altamente lucrativo e trouxe mais
dinheiro para cobrir as necessidades… todavia com um custo considerávelpara Rego Draz, pois as reclamações contra ele aumentaram em dez vezes.

Mas um verão longo, abundância de colheitas, paz e prosperidade emcasa e fora ajudaram a diminuir o descontentamento, e conforme o ano foichegando ao fim, a rainha Alysanne deu uma excelente notícia para o rei.

Sua Graça estava novamente esperando um filho. Desta vez, prometeu quenenhum inimigo chegaria perto dela. Planos de uma segunda excursão realtinham sido feitos e anunciados antes que a condição da rainha se tornasse conhecida. Embora Jaehaerys houvesse decidido de imediato quepermaneceria ao lado da esposa até o bebê nascer, Alysanne não quisaceitar. Ela insistiu que ele fosse.E ele foi. A chegada do ano novo viu o rei subindo ao céu em Vermithor
novamente, desta vez para as terras fluviais.

A excursão começou comuma estada em Harrenhal como hóspede do novo senhor, Maegor Towers,de nove anos. De lá, ele e seu séquito seguiram para Correrrio, Solar deBolotas, Donzelarrosa, Atranta e Septo de Pedra. A pedido da rainha, asenhorita Jennis Templeton viajou com o rei para fazer audiências demulheres em Correrrio e Septo de Pedra no lugar dela. Alysanne ficou na Fortaleza Vermelha, liderando reuniões do conselho na ausência do rei econcedendo audiências de um assento de veludo na base do Trono deFerro.

Conforme a barriga de Sua Graça foi crescendo por causa do bebê, dooutro lado da Baía da Água Negra, perto da Goela, outra mulher pariuoutra criança cujo nascimento, embora menos notado, com o tempo seriade grande importância para as terras de Westeros e para os mares além.

Nailha de Derivamarca, o filho mais velho de Daemon Velaryon se tornou paipela primeira vez quando a senhora sua esposa lhe deu um menino lindo esaudável. O bebê foi batizado de Corlys, em homenagem ao tio-bisavô queserviu tão nobremente como senhor comandante da primeira Guarda Real,mas nos anos seguintes o povo de Westeros passaria a conhecer esse novo
Corlys melhor como o Serpente Marinha.

O filho da rainha nasceu a termo. Ela foi levada para a cama durante asétima lua de 53 DC, e desta vez deu à luz um bebê forte e saudável, umamenina que ela batizou de Daenerys. O rei estava no Septo de Pedraquando recebeu a notícia. Ele montou em Vermithor e voltou voando paraPorto Real na mesma hora. Embora Jaehaerys desejasse outro filho que oseguisse no Trono de Ferro, ficou claro que se apaixonou pela filha assimque a tomou nos braços. O reino também adorou a pequena princesa… em
toda parte, menos em Pedra do Dragão, onde Rhaena Targaryen então deixou de ser considerada a herdeira legítima do Trono de Ferro, atrás de seu irmão, pelo qual havia sido considerada nos últimos anos, menos pelos três dias do qual seu sobrinho, Aelor, sobreviveu.

Mesmo assim, nenhum pronunciamento ou reclamação foi feita de sua parte, e de ninguém em seu lado. Às últimas guerras e mortes ainda eram frescas em sua mente, além que em suas próprias terras já enfrentava muitas preocupações.

Com o retrospecto da história para nos guiar, podemos olhar para trás ever que todos os sinais estavam lá, avisos ameaçadores de dias difíceis à
frente, mas nem os arquimeistres do Conclave viram isso quandorefletiram sobre o ano que estava terminando. Nenhum deles percebeu que
o ano à frente seria um dos mais sombrios no longo reinado de Jaehaerys ITargaryen, um ano tão marcado por mortes, divisão e desastre que osmeistres e o povo passariam a chamá-lo de Ano do Estranho.

A primeira morte de 54 DC veio dias depois das comemorações quemarcaram a chegada do Ano-Novo, quando o septão Oswyck faleceudormindo. Ele era um homem velho e estava doente havia um tempo, masa morte dele deixou a corte abalada mesmo assim. Na época em que aAlyssa Velaryon, a Mão do Rei e a Fé se opuseram ao casamento deJaehaerys e Alysanne, Oswyck aceitou celebrar os ritos para eles, e suacoragem não foi esquecida. A um pedido do rei, os restos dele foramenterrados em Pedra do Dragão, onde ele serviu por tanto tempo e tãofielmente.

A Fortaleza Vermelha ainda estava de luto quando aconteceu o golpeseguinte, embora na época tenha parecido ocasião de alegria. Um corvo de
Ponta Tempestade entregou uma mensagem impressionante: Lady Alyssa Baratheon estava novamente grávida, aos quarenta e seis anos.

"Um segundo milagre." proclamou o grande meistre Benifer quandocontou a notícia ao rei.
O septão Barth, que tinha assumido os deveres de Oswyck depois damorte dele, ficou mais em dúvida. Sua Graça nunca se recuperou
completamente do nascimento do filho Boremund, avisou ele; e questionouse ela ainda tinha força suficiente para carregar um filho a termo. MasRogar Baratheon ficou jubiloso com a perspectiva de outro filho e nãopreviu dificuldades. A esposa dele tinha dado à luz um filho saudável, insistiu ele.

No Septo Estrelado deVilavelha, o alto septão tinha caído ao subir um lance de escadas até seus
aposentos. Ele estava morto antes de chegar embaixo. Por todo o reino,sinos de todos os septos cantaram uma canção dolorosa. O Pai dos Fiéistinha ido se juntar aos Sete.

Mas o rei não tinha tempo para orações e luto. Assim que Sua Santidadefosse enterrado, os Mais Devotos se reuniriam no Septo Estrelado para
escolher seu sucessor, e Jaehaerys sabia que a paz do reino dependia de onovo homem continuar com as políticas de seu predecessor. O rei tinhaseu candidato para a coroa de cristal: o septão Barth, que fora cuidar dabiblioteca da Fortaleza Vermelha e acabou se tornando um de seusconselheiros mais confiáveis. Barth levou metade da noite para persuadirSua Graça da tolice da escolha: ele era jovem demais, pouco conhecido,com opiniões não ortodoxas, e nem era um dos Mais Devotos. Ele nãotinha esperança de ser escolhido. Eles precisariam de outro candidato, umque fosse mais aceitável para seus irmãos da Fé.

O rei e os senhores do conselho ao menos concordaram em uma coisa:eles tinham que fazer tudo que pudessem para impedir que o septãoMattheus fosse o escolhido. Seu período em Porto Real deixara um legadode desconfiança, e Jaehaerys não podia perdoar nem esquecer as palavrasdele nos portões de Pedra do Dragão.

Rego Draz sugeriu que subornos estratégicos poderiam produzir oresultado desejado.

"Espalhem o suficiente entre esses Mais Devotos e eles vão meescolher." brincou ele. " Embora eu não fosse querer a função."

Daemon Velaryon e Qarl Corbray defenderam uma exibição de força, embora lorde Daemon desejasse enviar sua frota, enquanto lorde Qarl
ofereceu liderar um exército. Albin Massey, o mestre das leis corcunda,questionou se o septão Mattheus não sofreria o mesmo destino do alto
septão que causou tantos problemas para Aenys e Daelon; uma morterepentina e misteriosa.

O septão Barth, o grande meistre Benifer e a rainhaAlysanne ficaram todos horrorizados com essas propostas, e o rei asrejeitou de pronto. Ele e a rainha iriam para Vilavelha imediatamente, ele
decidiu. Sua Alta Santidade tinha sido um servo leal dos deuses e um bomamigo do Trono de Ferro, e era certo que eles fossem até lá vê-lo ser
colocado em seu descanso.

A única forma de chegar a Vilavelha a tempo era de dragão.Todos os senhores do conselho, até o septão Barth, ficaram inquietoscom a ideia de o rei e a rainha irem sozinhos para Vilavelha.

"Ainda há alguns dentre meus irmãos que não amam Vossa Graça." observou Barth.

Lorde Daemon concordou e lembrou a Jaehaerys o que tinha acontecidocom a rainha em Lagoa da Donzela. Como o rei insistiu que teria aproteção dos Hightower, olhares inquietos foram trocados.

"Lorde Donnel é cheio de planos e ressentimentos." disse ManfrydRedwyne. "Não confio nele. E o senhor também não deveria confiar. Elefaz o que acha melhor para si, sua casa e Vilavelha e não liga para maisninguém nem para mais nada. Nem mesmo para o rei."

"Então tenho que convencê-lo de que o que é melhor para o rei é omelhor para ele, para a casa dele e para Vilavelha." disse Jaehaerys. "Acredito que consigo fazer isso."

Com isso, ele encerrou a discussão edeu ordens para seus dragões serem trazidos.Mesmo para um dragão, o voo de Porto Real até Vilavelha é longo. O reie a rainha pararam duas vezes no caminho, uma vez em Ponteamarga eoutra em Jardim de Cima, descansaram durante a noite e fizeram conselhocom seus senhores. Os senhores do conselho insistiram para que eleslevassem alguma proteção, pelo menos.

Sor Joffrey Doggett voou comAlysanne, e a Sombra Escarlate Jonquil Darke com Jaehaerys, paraequilibrar o peso que cada dragão carregava.

A chegada inesperada de Vermithor e Asaprata em Vilavelha levou àsruas milhares de pessoas, que apontavam e olhavam. Nenhum aviso da
chegada deles tinha sido enviado, e muitos na cidade ficaram com medo,imaginando o que isso poderia querer dizer… mas nenhum, talvez, mais doque o septão Mattheus, que ficou pálido quando soube. Jaehaerys desceucom Vermithor na praça ampla de mármore em frente ao Septo Estrelado,mas foi a rainha que assombrou a cidade quando Asaprata pousou no alto
de Torralta, batendo as asas e aumentando as chamas do famoso farol.

Embora os ritos funerários do alto septão fossem o pretenso motivo paraa visita, Sua Alta Santidade já tinha sido enterrada nas criptas embaixo doSepto Estrelado quando o rei e a rainha chegaram. Jaehaerys fez umaeulogia mesmo assim, falando para uma multidão de septões, meistres eplebeus na praça. No fim do discurso, ele anunciou que ele e a rainha
permaneceriam em Vilavelha até o novo alto septão ser escolhido, “parapodermos pedir a bênção dele”. Como o arquimeistre Goodwyn escreveudepois, “o povo comemorou, os meistres assentiram sabiamente e osseptões se entreolharam e pensaram em dragões”.

Durante o tempo que passaram em Vilavelha, Jaehaerys e Alysannedormiram nos aposentos de lorde Donnel no alto de Torralta, com toda
Vilavelha espalhada abaixo. Não temos conhecimento seguro de quepalavras foram trocadas entre eles e o anfitrião, pois as discussõesaconteceram por trás de portas fechadas sem nem a presença de ummeistre. Mas, anos depois, o rei Jaehaerys contou ao septão Barth tudo quetinha acontecido, e Barth registrou um resumo para ficar para a história.

Os Hightower de Vilavelha eram uma família antiga, poderosa, rica, orgulhosa… e grande. Era costume deles de muito tempo que os filhos, irmãos, primos e bastardos mais novos da casa entrassem para a Fé, onde muitos se destacaram ao longo dos séculos. Lorde Donnel Hightower tinha um irmão mais novo, dois sobrinhos e seis primos servindo os Sete em 54 DC; o irmão, um sobrinho e dois primos usavam o pano de prata dos Mais Devotos. Era desejo de lorde Donnel que um deles se tornasse alto septão.

O rei Jaehaerys não se importava de que casa Sua Alta Santidade viria, nem se era de berço humilde ou nobre. Sua única preocupação era que o novo alto septão fosse Excepcionalista. A tradição Targaryen de casamento entre irmãos não devia mais ser questionada pelo Septo Estrelado. Ele
queria que o novo Pai dos Fiéis fizesse do Excepcionalismo uma doutrina oficial da Fé. E embora Sua Graça não tivesse objeção ao irmão de lorde Donnel, nem ao resto dos parentes, nenhum deles havia mencionado ainda
o assunto, então…

Depois de horas de discussão, eles chegaram a um acordo, selado com uma grande festa em que lorde Donnel elogiou a sabedoria do rei enquanto
o apresentava a seus irmãos, tios, sobrinhos, sobrinhas e primos. Do outro lado da cidade, no Septo Estrelado, os Mais Devotos se reuniam para
escolher seu novo pastor, com agentes de lorde Hightower e do rei entre eles, sem a maioria saber. Quatro votações eram necessárias. O septão Mattheus liderou a primeira, como previsto, mas não teve votos suficientes para obter a coroa de cristal. Depois disso, os seus números foram diminuindo a cada votação, enquanto outros homens subiam.

Na quarta votação, os Mais Devotos não seguiram a tradição e escolheram um homem que não era do meio deles. O selecionado foi o septão Alfyn, que havia atravessado a Campina mais de dez vezes na liteira representando Jaehaerys e sua rainha. Os Sete Reinos não tinham maior defensor do Excepcionalismo do que Alfyn, mas ele era o mais velho dos Sete Porta-Vozes, e também não tinha pernas; parecia provável que o Estranho fosse procurá-lo mais cedo e não mais tarde.

Quando isso acontecesse, seu sucessor seria um Hightower, o rei garantiu a lorde Donnel, desde que seu parente se alinhasse com firmeza ao Excepcionalismo durante o período de Alfyn no comando.

Assim foi feito o acordo, se o relato do septão Barth pode ser considerado correto. O próprio Barth não o questionou, embora lamentasse a corrupção que tornava os Mais Devotos tão fáceis de manipular.

“Seria melhor se os próprios Sete escolhessem sua Voz na terra, mas quando os deuses fazem silêncio, os senhores e reis se fazem ouvir”,
escreveu ele, e acrescentou que Alfyn e o irmão de lorde Donnel, que o sucedeu, foram mais merecedores da coroa de cristal do que o septão
Mattheus poderia ter sido.

Ninguém ficou mais perplexo com a escolha do septão Alfyn do que o próprio septão Alfyn, que estava em Vaufreixo quando soube da notícia.
Viajando de liteira, ele levou mais de uma quinzena para chegar a Vilavelha. Enquanto o esperava, Jaehaerys usou o tempo para visitar
Bandallon, Três Torres, Terraltas e Bosquemel. Ele até voou em Vermithor para Árvore, onde experimentou alguns dos melhores vinhos da ilha. A rainha Alysanne ficou em Vilavelha.

As irmãs silenciosas a abrigaram em seu convento para um dia de orações e contemplação. Ela passou um dia com as septãs que cuidavam dos doentes e indigentes da cidade.

Durante três dias ela se embrenhou na grande biblioteca da Cidadela e só saiu para assistir à palestra sobre as guerras valirianas de dragões, a arte da cura e os deuses das Ilhas do Verão.

Depois, ela banqueteou com os arquimeistres reunidos no salão de jantar deles e até se propôs a falar para eles.

"Se eu não houvesse me tornado rainha, talvez tivesse gostado de ser meistre."  disse ela para o Conclave. " Eu leio, escrevo, penso, não tenho
medo de corvos… nem de um pouco de sangue. Há outras garotas bem-nascidas que compartilham do mesmo sentimento. Por que não as admitir na sua Cidadela? Se elas não conseguirem acompanhar, mandem-nas de
volta para casa, da mesma forma que mandam garotos que não são inteligentes o suficiente. Se vocês dessem uma chance às garotas, ficariam
surpresos com quantas forjariam a corrente."

Os arquimeistres, sem quererem contradizer a rainha, sorriram para as palavras dela e balançaram a cabeça e garantiram a Sua Graça que considerariam sua proposta.

Quando o novo alto septão chegou a Vilavelha, fez sua vigília no Septo Estrelado e foi devidamente ungido e consagrado aos Sete, deixando para
trás seu nome terreno e todos os laços na terra, então abençoou o rei Jaehaerys e a rainha Alysanne em uma cerimônia pública solene. A
Guarda Real e um grupo de servidores tinham se juntado ao rei e a rainha àquela altura, então Sua Graça decidiu voltar pela Marca de Dorne e pelas
terras da tempestade. As visitas a Monte Chifre, Nocticantiga e Portonegro aconteceram em seguida.

A rainha Alysanne achou este último local particularmente simpático. Embora o castelo fosse pequeno e modesto em comparação aos grandes salões do reino, lorde Dondarrion era um anfitrião esplêndido, e seu filho Simon tocava harpa e também participava de justas e distraía o casal real à noite com canções tristes de amantes malfadados e quedas de reis.

A rainha ficou tão encantada com ele que o grupo se delongou mais em Portonegro do que pretendiam. Eles ainda estavam lá quando chegou um corvo de Ponta Tempestade com uma notícia terrível: Lady Baratheon, estava à beira da morte. A mulher que os cuidou na falta de uma mãe e exemplo feminino.

Mais uma vez Vermithor e Asaprata foram para o céu, para levar o rei e a rainha para perto da mulher o mais rapidamente possível. O resto da
comitiva real seguiria por terra passando por Pedrelmo, Ninho de Corvo e Poleiro do Grifo, sob o comando de sor Gyles Morrigen, senhor
comandante da Guarda Real.

A grande fortaleza Baratheon em Ponta Tempestade só tem uma torre, a torre baixa e larga erguida por Durran Desgosto-Divino durante a Era dos Heróis para aguentar a ira do Deus da Tempestade. No alto da torre, embaixo apenas da cela do meistre e do aviário, Alysanne e Jaehaerys
encontraram a mulher dormindo em uma cama que fedia a urina, encharcada de suor e magra como uma velha, exceto pela barriga inchada. Um
meistre, uma parteira e três criadas de quarto cuidavam dela; cada um mais triste do que o outro. Jaehaerys encontrou lorde Rogar sentado do  lado de fora do quarto, bêbado e em desespero. Quando o rei exigiu saber por que ele não estava com a esposa, o Senhor de Ponta Tempestade resmungou:

" O Estranho está naquele quarto. Consigo sentir o cheiro."

Um cálice de vinho com um toque de sonodoce foi o que permitiu à Alyssa aquele breve descanso, explicou o meistre Kyrie; Alyssa estivera em sofrimento por algumas horas.

" Ela estava gritando tanto." acrescentou uma das criadas. " Cada pedacinho de comida que damos para ela volta, e ela está sentindo uma
dor horrível."

"Ainda não estava na hora do parto." disse Alysanne, em lágrimas. " Ainda não. "

"Ainda faltava uma fase da lua." onfirmou a parteira. " Isso não é parto, meus senhores. Alguma coisa arrebentou dentro dela. O bebê está
morrendo ou vai estar morto em pouco tempo. A mãe está velha demais, ela não tem força para empurrar, e o bebê está virado… não adianta. Eles terão morrido à primeira luz, os dois. Imploro seu perdão."

O meistre Kyrie não discordou. Leite de papoula aliviaria a dor da mulher, ele disse, e tinha uma mistura forte preparada… mas podia matar Lady Velaryon tanto quanto ajudá-la, e quase certamente mataria a criança dentro dela.

Quando o rei Jaehaerys perguntou o que era possível ser feito, o meistre disse:

" Pela Mi Lady? Nada. Está além da minha capacidade salvá-la. Há uma chance bem pequena de eu conseguir salvar a criança. Para isso, eu teria que cortar a mãe e tirar a criança do útero. O bebê pode viver ou não. A mulher vai morrer."

As palavras dele fizeram a rainha Alysanne chorar. O rei só disse

“Amulher é um súdito leal .., como uma.. e é sua senhora!” com um tom grave. Ele saiu de novo, pôs Rogar Baratheon de pé e o arrastou para o quarto, onde mandou o meistre repetir o que tinha acabado de dizer.

" Ela é sua esposa." lembrou o rei Jaehaerys a lorde Rogar. " É você quem tem que dizer as palavras."

Dizem que lorde Rogar não conseguiu suportar olhar para a esposa.

Também não conseguiu encontrar as palavras até o rei o segurar com firmeza pelo braço e o sacudir.

"Salve meu filho."

Disse Rogar para o meistre. Em seguida, se soltou e fugiu do quarto novamente. Meistre Kyrie baixou a cabeça e mandou buscar suas lâminas.

Por muitos dos relatos que chegaram a nós, soubemos que Alyssa despertou do sono antes de o meistre poder começar. Embora tomada de dores e convulsões violentas, ela chorou lágrimas de alegria ao ver os dois presentes.

Quando Alysanne contou o que aconteceria, Alyssadeu seu consentimento.

"Salvem meu bebê." sussurrou ela. "Vou ver todos vocês de novo em algum momento, ficarei com minha família. A Velha vai iluminar meu caminho."

É agradável acreditar que essas foram as últimas palavras da mulher tão amada pela rainha. Infelizmente, outros relatos nos contam que morreu sem despertar quando o meistre Kyrie abriu a barriga dela.

Sobre um ponto todos concordam: Alysanne segurou a mão da mulher do começo ao fim, até o
primeiro choro do bebê reverberar pelo quarto.

Lorde Rogar não teve o segundo filho que tanto desejava. A criança era uma menina, nascida tão pequena e fraca que a parteira e o meistre não
acreditavam que fosse sobreviver. Ela surpreendeu a ambos, como surpreenderia muitos outros em sua vida. Dias depois, quando finalmente tinha se recuperado o suficiente para considerar a questão, Rogar Baratheon batizou a filha de Jocelyn.

Contudo, primeiro sua senhoria tinha que lidar com uma chegada mais controversa. Era amanhecer, e o corpo da Lady Alyssa ainda não estava frio quando Vermithor ergueu a cabeça de onde estava encolhido dormindo, no pátio, e soltou um rugido que acordou metade de Ponta
Tempestade. Ele sentiu a aproximação de outro dragão. Momentos depois, Dreamfyre desceu, a crista prateada brilhando nas costas enquanto as asas azuis e pálidas batiam no céu vermelho da aurora. Rhaena Targaryen tinha ido se despedir da mulher que a cuidou após a partida de sua mãe.

Ela chegou tarde, Alyssa já havia morrido. Apesar de o rei ter dito que ela não precisava ir olhar os restos mortais da mulher, Rhaena insistiu e arrancou os lençóis que a cobriam para olhar o trabalho do meistre. Depois de muito tempo, ela se virou para beijar o irmão na bochecha e abraçar a irmã mais nova. As duas rainhas se abraçaram por um longo tempo, pelo que dizem, mas quando a parteira ofereceu a Rhaena
o bebê recém-nascido para segurar, ela recusou.

"Onde está Rogar?" perguntou ela.

Ela o encontrou abaixo, no grande salão, com seu jovem filho Boremund no colo, cercado dos irmãos e cavaleiros. Rhaena Targaryen passou por
todos eles e parou na frente dele, então começou a amaldiçoá-lo.

"O sangue dela está nas suas mãos." disse ela, furiosa. "O sangue dela está no seu pau. Que você morra gritando."

Rogar Baratheon ficou furioso com as acusações.

" O que você está dizendo, mulher? É a vontade dos deuses. O Estranho vem para todos nós. Como poderia ser feito meu? O que eu fiz?"

"Você enfiou seu pau nela. Ela lhe deu um filho, devia ter sido suficiente. Salvem minha esposa, você deveria ter dito, mas o que são
esposas para homens como você?"

Rhaena esticou a mão, pegou a barba
dele e puxou o rosto dele para perto do dela.

" Escute isso, meu senhor. Não pense em se casar de novo. Cuide dos filhotes que minha amada lhe deu, serão ambos como meus irmãos e minha irmã. Cuide para que não precisem de nada. Faça isso e o deixo em paz. Se eu ouvir um sussurro que seja de que você tomou uma pobre donzela como esposa, vou fazer outro Harrenhal em Ponta Tempestade, com você e ela dentro."

Depois que ela saiu do salão e voltou para o dragão no pátio, lorde Rogar e seus irmãos riram.

" Ela é louca." declarou ele. "Será que acha que me assusta? A mim? Eu não tive medo da ira de Daelon, o Bárbaro, devo ter medo da dela?"

Depois, ele bebeu um cálice de vinho, chamou seu intendente para tomar as providências do enterro da esposa e enviou o irmão sor Garon para convidar o rei e a rainha para um banquete em honra à filha dele.

Foi um rei mais triste o que voltou a Porto Real de Ponta Tempestade. Os Mais Devotos lhe deram o alto septão que ele queria, a Doutrina do Excepcionalismo seria um dos princípios da Fé, e ele tinha chegado a um acordo com os poderosos Hightower de Vilavelha, mas essas vitórias tiveram um gosto de fel em sua boca com a morte de sua mãe. Mas Jaehaerys não era de ficar se lamentando; como faria muitas vezes durante
seu longo reinado, o rei afastou suas dores e mergulhou no comando do reino.

O verão abriu caminho para o outono e as folhas estavam caindo por todos os Sete Reinos, um novo rei Abutre tinha surgido nas Montanhas
Vermelhas, a doença do suor tinha aparecido nas Três Irmãs e Tyrosh e Lys estavam indo em direção a uma guerra que quase certamente
envolveria os Degraus e atrapalharia o comércio.

Tudo isso precisava ser enfrentado, e foi isso que ele fez. A rainha Alysanne encontrou uma resposta diferente. Depois de perder a mãe e então agora sua protetora, encontrou consolo na filha.

Embora só tivesse um ano e meio, a
princesa Daenerys falava (do jeito dela) desde antes do primeiro dia do seu nome, e tendo passado da fase de engatinhar, cambalear e andar, já corria.

" Ela está com muita pressa, essa aí." disse a ama de leite para a rainha.

A pequena princesa era uma criança feliz, sempre curiosa e destemida, uma alegria para todos que a conheciam. Ela encantava tanto Alysanne que por um tempo Sua Graça até começou a não comparecer a sessões do conselho por preferir passar os dias brincando com a filha e lendo as histórias que sua mãe havia lido para ela.

"Ela é tão inteligente, vai estar lendo em pouco tempo." disse ela para o rei. "Ela vai ser uma grande rainha, eu sei."

Infelizmente, aquele ano cruel ainda não havia terminado para a família Targaryen. Pois após uma grande discussão com seu segundo marido, Androw Farman, que havia lhe dado axilo e proteção durante sua fuga de Daelon, a Princesa Rhaenys voou com seu dragão, Dreamfyre, para ninguém nem mesmo nos dias mais atuais se pode descobrir.

Muitos dizem que a princesa já estava a muito deprimida e sem vontade de viver, depois de tantas perdas e desilusões. Que sua única tentativa de restaurar alguma centelha de alegria para sua vida foi frustrada quando seu irmão, o rei, negou que ela usasse seu tempo para restaurar a Ordem de Tessarion, criada por seu pai, mas foi impedida pois isso colocaria o reinado de seu irmão em conflito com a Fé, que ainda se restaurava, mesmo que rapidamente do que qualquer outra parte do reino, de todas as provações pela qual o reino foi subjulgado.

A Ordem de Tessarion havia sido atacada durante a luta entre Aenys e Daelon, muitos segundos e terceiros filhos morreram e por isso virou quase uma mancha nas escrituras do reino, desde que a guerra em si tirou muitas vidas, e os "sobressalentes" de muitos senhores, foram perdidos com os ataques que sofreram e a demolição subsequente.

Logo o então, após afirmar para o marido que faria um vôo, após a discussão entre os dois, Rhaena Targaryen desapareceu por quase meio ano antes de seu dragão aparecer próximo a Pedra do Dragão. Ileso, sem correias ou assento, e principalmente, seu seu cavaleiro.

Mesmo com as buscas a mando de Alyssane e Jeahaerys, nada foi encontrado, e depois de mais de uma semana da volta da grande fera alada, e quase um ano do desaparecimento de ambos, Alyssane implorou ao marido que lhe permitisse sair e buscar pela irmã deles, o que lhe foi recusado.

O desaparecimento de Rhaena Targaryen nunca foi explicado. Após cinco anos sem notícias e buscar infrutíferas, o rei, a declarou morta e Vermithor incendiou uma pira vazia em sua homenagem.

Muitos ainda a chamavam como; A Rainha Renegada, pois teve seu direito de primogenitura negado e preterido por seu irmão mais novo, homem. Porém nunca mais se ouviu nada sobre ela.


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