Emily
Consegui puxar o zipper da minha bota para cima o que parecia estar encravado, sorrio, ando até ao espelho vendo o meu reflexo nele, hoje eu uso uma saia justa preta, meia calça, casaco moletom e as botas da mesma cor que a saia excepto pela camiseta branca que dá o contraste apenas por aparecer a gola.
É o meu charme.
Amo a cor preta, é minha preferida.
Deixei o cabelo solto, primeiro por estar com preguiça e segundo porque quero mostrar os meus belos cachos. Ando até a penteadeira passo o perfume, pego na bolsa para sair de casa.
As meninas sairam cedo hoje, a Fê porque precisava cobrir um caso hoje e a Lizzie tinha muitos pacientes que precisavam de atendimento urgente.
São 11h e antes de ir a biblioteca e ao salão, decido passar primeiro ao meu lugar preferido, no lugar onde consigo pensar sem ser incomodada por ninguém, a praia.
Saio de casa e sinto o frio gostoso que se faz presente, ainda bem que estou agazalhada né. Vou em direção ao ponto de ônibus mais próximo para ir ver o mar ou melhor o meu cantinho.
Assim que subo vejo um casal conversando sobre coisas aleatórias e uma garotinha que tenta convencer a mãe de que ir ao parque é muito mais divertido do que ir as compras com a sua avó.
Sorri.
Quando o ônibus para eu desço pois já tinha chegado ao meu destino quando decido me virar para chegar ao meu local de conforto vejo um cão correr em minha direção se jogando para cima de mim me fazendo cair. Ele lambe o meu rosto e isso me faz rir.
- Ai meu Deus, a moça se machucou? - perguntou um homem que parece ser o dono do cachorro e ele estende a mão para me ajudar a levantar.
- Não se preocupe, eu estou bem - garanti aceitando a sua ajuda e depois me virei para o cachorro que estava sentado e com a língua de fora - Como ele se chama?
- Bandit. - disse ele.
- Bandit... - repito fazendo carinho nele - Que nome lindo rapaz, mas você não pode sair por aí atropelando os outros tá? - digo como se ele entendesse e podesse me responder.
Podem me chamar de maluquinha.
Me endereito e olho para o dono lhe entregando a coleira que peguei enquanto fazia festinhas no cachorro.
- Aqui. - ele olhou e sorriu.
- Obrigado. - aceno e me despeço deles.
Agora desço da calçada e vou em direção a praia mas não no lando onde fica todo mundo mas sim num lado insolado, quase que abandonado pois além de mim ninguém mais frequenta esse lado, por isso gosto tanto dele, é só meu.
Aqui eu consigo pensar de frente ao mar que tanto amo, consigo colocar as ideias em dia, e mais uma vez penso no que aconteceu sábado e um leve suspiro sai dos meus lábios.
Depois de ter saido do banheiro eu voltei ao salão e então e fui puxado pelo "bonitão" como Lizzie chama para uma dança o que foi uma surpresa primeiro porque não tinha o visto e segundo porque não esperava. Ainda lembro da sua voz me causando arrepios sem permissão quando disse que estava linda e do seu cheiro.
Céus, um cheiro maravilhoso.
Mas o que aconteceu depois me surpreendeu ainda mais, quando fui apresentanda como sua namorada para a sua ex e para o atual noivo dela, ele estava louco só podia.
Eu vi que aquela mulher ficou com raiva, ela ainda gosta dele e ele fez isso apenas para causar ciúmes a ela o que funcionou de certa forma e mesmo que eu tenha entrado no joguinho não gostei nada de ser usada daquela maneira.
Aff... O que posso fazer? Nada, a mentira já foi dita, só espero que eles esqueçam esse assunto e se for para eles voltarem que voltem mas não quero ser incluída nisso.
Assim vou furar os meus miolos de tanto pensar. Respiro fundo umas cinco vezes e me levanto, começo a sacodir as minhas roupas e volto para calçada afim de pegar um táxi porque ainda tenho que ir comprar livros para mim para o meu pai, pretendo ir visitá‐lo no sábado então tenho que levar o livro do "Senhor dos Anéis" que tanto quer.
Chamo um táxi e subo rumo a nova biblioteca que fica no shopping, o trajeto é rápido e assim que chego pago a corrida, desço do táxi e camimho em passos largos até chegar a biblioteca.
Entro na mesma vendo como ela ficou linda.
O arquiteto mandou bem mesmo, espero um dia ser assim, vou em direção as prateleiras e procuro pelos livros que preciso, encontro o livro para o meu pai e muitos outros extremamente interessantes, muitos romances por sinal até me fazem lembrar as histórias do wattpad que a Lizzie lê, quando vou procura do livro que quero para mim esbarro com alguém mais propriamente num homem.
- Deveria ter mais cuidado Emy. - que vontade enorme de revirar os olhos mas não posso por estar na frente de um dos meus chefes. Eduard Royal, proprietario da Royal onde toco piano toda quarta feira.
Esse homem me dá calafrios e isso não é bom. Não gosto dele mas o cara parece não ver ou finge porque já cortei todas as cantandas para cima de mim mas ele não para.
Será que atirei pedra na cruz?
- Me desculpe sr. Royal, não vi o senhor. - digo dando ênfase a última palavra.
- Tudo bem, mas chega de formalidades Emy somos amigos não?
Não, não somos.
- Tudo bem senh... digo Eduard, mas você é meu chefe e eu tenho que tratá-lo como tal. - sua feição muda pois o sorriso se desfez.
Engulo em seco, será que vai me matar com esse monte de gente aqui?
Que droga.
Não pensa idiotices Emily.
- Nós estamos fora da empresa e fora dela podemos ser amigo querida. - não me chame assim, detesto como isso soa, respiro fundo - Quer almoçar comigo?
Fico surpresa ele já havia demostrado o seu interesse jogando cantadas baratas e tal mas nunca me convidou para nada e não sou louca de ir com esse homem a lado nenhum, vai que ele entende errado as coisas.
Ele se aproxima tocando no meu rosto e eu me afasto logo em seguida.
- Infelizmente não posso, ainda preciso porcurar alguns livros e depois almoçarei com o meu namorado. - as palavras saem da minha boca sem permissão.
Usando a mesma mentira? Parabéns Emily.
- Não sabia que tinha um namorado. - indaga.
E não tenho mas se for para te manter longe está ótimo.
- É porque é recente senhor. - suspirou passando a mão no cabelo parecendo irritado.
Eu hein.
- Tudo bem, eu preciso ir nos vemos por aí Emy. - dito isso ele se foi sem olhar para trás, espero ter me livrado dele e que também pare com o seu charminho.
Eduard Royal tem se insinuado desde que comecei a tocar piano na sua empresa e nunca gostei disso é muito estranho, ele em si é estranho, se não fosse por seus negócios eu até diria que ele é louco.
Esse homem quando se aproxima me causa calafrios não é como o Nathaniel que só pelo olhar penetrante me causa arrepios.
Que comparação é essa?
Realizador corta essa cena por favor.
Balanço a cabeça e continuo a procura pelo meu livro e finalmente acho, vou até ao balcão e espero na fila para que seja a minha vez e segundos depois sou atendida por um senhora muito simpatica, pago os livros e recebo um cartão de visitante, agradeço e saio de lá.
Aproveitando que estou aqui vou para uma pastelaria e encomendo um bolo de chocolate com muita calda para casa depois disso vou para a área alimentícia e almoço por lá mesmo já que não tinha comido nada e estava com fome, era hora de almoço né gente.
Após terminar minha refeição me levanto endereito a cadeira pego nas minhas coisas e saio.
Eu acho que não deveria ter mentido para Eduard mas quero mantê-lo longe e não é como se o filho de uma égua fosse descobrir certo?
Certo.
E também sabemos que não menti pensando nele.
Claro que não.
Preciso tirar dinheiro no caixa vejo um mas está cheio então sento num banco e aproveito para ligar ao meu pai, me ajeito no banco e espero que ele atenda.
- Minha filha. - ouço a sua voz e sorrio, como é bom escutá-lo - Lembrou do seu velho pai? - diz ele todo dramático.
- Sabe Erick, acho que deveria te colocar no teatro, é muito drama para sua idade coroa. - digo ouvindo a sua risada.
- Me respeite que ainda posso bater em você. - rio.
- Como o senhor está pai? - suspira.
- Eu estou bem minha flor e você? - pergunta - Acho que você deveria demitir a Joana.
- Estou bem pai. - franzo o cenho - Por quê deveria demitir a sua namorada? - brinco.
Joana é a enfermeira dele, tem 40 anos e é muito simpática mas ele alega dizendo que não se suportam, ele diz que Joana faz tudo errado, que não cuida bem dele, isso aqui e ali mas fica todo chateado quando ela sai por alguns minutos.
Não preciso dizer o que tudo isso significa certo?
- Ela agora está a mandar em tudo. - resmunga - Até no que eu visto ou deixo de vestir e ela não é minha namorada.
- Hum... sei, mas ela faz isso porque te ama meu velho.
- Ama nada, o que ela gosta mesmo é me irritar. - rio da sua fala - Não ri do seu velho e me ajuda.
- Tudo bem, pai. - digo - Eu vou aí no sábado então podemos conversar melhor, agora tenho que desligar se cuida viu, amo muito o senhor.
- Sim minha filha, eu também te amo muito, até sábado.
- Até coroa. - encerro a ligação ouvindo o seu resmungo "garota abusada" sorrio e vou até ao caixa pegar o dinheirinho.
Eu sei que eles gostam um do outro só que meu pai é cabeça dura e não vai admitir mas vou dar um jeito nisso.
Ah se vou!
Chegou a hora de dar um rumo na sua vida papy.
Erick Mendes que me aguarde.
××××
O Erick e a Joana ainda vão dar o que falar minha gente, fica legado.
E esse Eduard? Que energia negativa e a Emily tendo que recorrer a mentira hum... adoro, kkkk.
"Não menti pensando nele" sei... e de quem foi a ideia minha filha?😂😂
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Boraaaaa.❤
Partiu 9.