Mikasa-on
Assim que chegamos a uma instalação segura podemos descansar um pouco, mas sem abaixar a guarda. Porém Armin estava dando chilique por ter assassinado o soldado inimigo, e eu havia ido o consolar.
Sasha estava costurando o ferimento no ombro do capitão Levi, geralmente quem cuidava dos seus ferimento era a S/n, mas mesmo depois de horas ela ainda não tinha voltado.
- Onde está o capitão?- pergunto a Sasha que estava de guarda.
- Lá fora. Ele está esperando por ela, não é? - a garota me questiona.
- A S/n disse que iria encontrá-lo, e o capitão acredita nela... Eu também acredito. Assim como o baixinho e eu, a S/n é a mais bem preparada para missões como essa!
- A hora que eu estava costurando o ferimento do ombro dele, o capitão Levi parecia estar incomodando... - Sasha comenta sem jeito.
- Eu não sei como era antes, mas desde que entramos pro reconhecimento, eu notei que sempre depois das missões se um deles se machucava, era o outro quem cuidava dos ferimentos.
- Então, o problema é que eu não sou a S/n?! - sua cara confusa me fez rir.
- Basicamente!
- O que esses dois tem afinal? Sinceramente, eu estava achando que a S/n jogava no outro time, ela e a História vivem grudadas e eu já vi elas dormindo na mesma cama... Será que eles são tipo um casal de três pessoas? - ela comenta pensativa.
- Um trisal? - Connie aparece do nada e me da um susto.
- Exatamente! Muito inteligente, muito inteligente!
- Eu sou um gênio!
- De onde você pareceu? - o seguro pela gola da camisa.
- Ué, ele tava aqui o tempo todo.
- Não me viu não?!
- Não. E nunca mais falem sobre isso de "trisal", ou seja, lá o que for, se o capitão ouvir um coisa dessa ele daria uma surra em cada um e depois colocaria vocês para fazer faxina, entenderam!?
- Ta bom... Que nervosinha... - escuto os dois cochichando nas minhas costas.
S/n- On
- Vou te contar, eu achei que o baixinho seria o maior problema, isso até eu ver você. Aah, S/n, sabe quanto trabalhoso foi manter a sua existência escondida do Reiss? - O homem de sobre tudo preto se senta em uma cadeira poucos metros a minha frente. Ele tira o chapéu que estava usando e então me mostra as armas que carregava no cinturão, elas eram parecidas com o equipamento do DMT - Não se preocupe com isso, eu não pretendo usa-las em você, foi uma promessa! E é exatamente por isso que vou te soltar, desde que prometa se comportar, entendeu?
Concordo com a cabeça. Ele tira a mordaça da minha boca, abre as algemas que prendiam minhas mãos, mas as mantem em meus pés - Antes que decida ir embora, vamos conversar um pouco, ok?!
- A única coisa que quero saber é, onde estão Eren e História?
- Digamos que garota está passando algum tempo com o papaizinho. E o moleque logo vai virar jantar... Se era só isso que queria saber, então agora é a minha vez. Quando recebi essa missão de capturar os pirralhos, percebi como o espaço dentro desses muros é pequeno. Depois de anos encontrar o garoto e você, juntos ainda por cima, essa era a última coisa que eu podia imaginar. Não que seja algo ruim, no meu lugar qualquer outro homem ficaria orgulhoso do sobrinho estar namorando alguém da realeza - ele se curva diante de mim.
- Está me confundindo com outra pessoa.
- Estou? Então você não conhece um homem chamado Levi Ackerman?
- Ackerman... - um riso nasal escapa e minha sobrancelhas se erguer de surpresa - é a primeira vez que escuto o nome completo...
- Eu ensinei várias coisas ao Levi... Aquele moleque é o meu orgulho!
- O estripador... - faço uma pausa me lembrando da noite que passamos na cabana e Levi me contou sobre ele - então seu verdadeiro nome é Kenny Ackerman.
- é um prazer, em fim pude me apresentar formalmente pra você, princesa.
- Princesa? Agora a pouco disse que seu sobrinho namorava com alguém da realeza, devo supor que estava se referindo a mim?
- Você não sabe quem é de verdade, e os responsáveis por isso são os Reiss. Há alguns anos eu fui chamado pela corte eles tinham uma missão para me passar. Alguém deu informações de um casal que estava para sair das muralhas, e até aí não era nada de mais, acabar com a fantasia desse tipo de pessoa era o que a polícia do interior mais fazia.
- Porem o reizinho me alertou que não era um serviço convencional. Naquele dia descobrir que os Ackermans não foram os únicos que a família real perseguiu e assassinou durante um século. Os asiáticos e a família Kupper também foram vítimas desse massacre.
- V-você... - meus lábios tremiam. Minha mandíbula travou e por mais que quisesse dizer algo eu não conseguia.
- Eu não os matei - o encaro de baixo pra cima. Minha franja cai sobre meus olhos, mas ainda assim ele pode ver minha expressão de ódio - foi a única missão na qual eu falhei. E antes que arremesse essa coisas em mim - ele apontava para minhas mãos, os cristais pareciam pequenos dardos. Mas eu não os criei propositalmente - me deixe te contar o que aconteceu.
- Se não os matou, então por que eles não voltaram? Onde eles estão?
- estão mortos - ele respira fundo - Quem dedurou a fuga dos seus pais queria que os pertences fossem roubados, principalmente um certo colar, que aliás era exatamente o que o velho Reiss queria, e aquele homem sabia disso, ele revelou todas as informações que quiséssemos e disse que poderíamos ficar com as joias, desde que não matássemos ninguém - ele pausa por um instante olhando brevemente para a única porta no cômodo - o pobre coitado não imaginava que estava dando ao Reiss a melhor oportunidade para acabar com a sua maior ameaça.
- e quem era esse homem? - pergunto já imaginando o que faria se pudesse colocar minhas mãos nele - era um funcionário ou pessoa próxima a família?
- se acalme! - ele respira fundo, e caminha de um lado para o outro - A carroça foi encurralada no local combinado, além do casal havia mais três pessoas, funcionários provavelmente. Meu esquadrão deu um jeito neles, e quando viu os corpos caindo, aquele imbecil veio até mim, ele gritava que aquele não era o acordo, que iria reportar a traição ao lorde Reiss. Eu estava prestes a rasgar a garganta dele quando senti meu peito arder. Atrás daquele velho, eu vi uma mulher, e ela estava com raiva. Bastou que ela fizesse um único movimento com a mão e o homem na minha frente começou a cuspir sangue, ele caiu aos meus pés e não acreditei quando vi um buraco aberto no peito dele. Foram segundos até eu cair de joelhos e ter a mesma reação, o que havia perfurado seu corpo também perfurou o meu. Aquela mulher, era a sua mãe.
- ela matou o traidor então?! - minha mente fica aliviada ao ter aquela informação.
- pois é, o peso da traição era tanta que ela matou o próprio marido - arrelo os olhos ao ouvir suas palavras.
Não. Não podia ser isso, Kenny Ackerman é um criminoso, ele deve estar mentindo. Não posso aceitar que essa seja a verdade que foi escondida de mim, todos esses anos.
- Claro que ele não deixou barato, com as últimas forças que tinha ele a xingou e a amaldiçoou, foi ridículo, você tinha que ver! - ele estava achando engraçado me contar aquilo? Aquele sorriso nojento no canto de sua boca me dava náuseas - E sua mãe ficou parada o vendo agonizar. Depois de alguns minutos ela se cansou, ajoelhou ao lado dele, colocou o dedo indicador da mão direita em sua testa e movimentou o polegar como se sua mão fosse uma arma. Achei que era só uma brincadeira, que talvez o trauma a tivesse deixado louca, mas não, eu vi algo saindo da ponta de seu dedo e penetrando a cabeça daquela cara.
- por que está me contando essas coisas. Quer realmente que eu acredite nisso? Minha mãe matou meu pai, seus soldados e então o que, te deixou sair impune? Por que?
- Olha garota, ninguém nunca vai te contar a verdade, mas acreditar em mim ou não só depende de você. E se decidir acreditar, nós podemos tomar o que é seu por direito. Eu quero acabar com o velho Reiss há muito tempo. Eu mato o velho, e você a garota, então é só roubar o poder do titã e tudo isso será seu!
- Tsc... Mata-los, não é? E o que você ganha me ajudado?
- Você é esperta... Quero minha liberdade e também adquirir mais poder, como rainha poderá fazer o que quiser e se não quiser o poder do titã, eu o aceitaria...
- Me conta como termina a sua história e eu decido se vou acreditar em você ou não!
- Não tenho muito a contar, eu desmaiei logo depois que ela abriu um buraco na testa daquele idiota. Eu me senti próximo da morte apenas duas vezes e essa com certeza foi a pior delas, mas ainda sim teve algo de bom quando achei que seria o meu fim, pude ver minha irmã uma última vez. Depois disso acordei no meio do nada, o local do ferimento queimava e quando abri os olhos pude ver fumaça saindo do meu corpo. Mas sua mãe estava lá, ela tinha um brilho estranho que de alguma forma havia me curado. Eu perguntei o motivo de escolher me salvar e ela disse que "precisava de um favor", queria que eu entregasse uma carta. Eu não entendi o que aquilo significava, por que ela mesma não entregava e então eu descobri o preço que ela estava pagando por usar aquele poder:
Flashback-on
- diferente do poder dos titãs primordiais, quem usa o cristal não está sujeito ao limite dos treze anos de vida, mas se caso usar os poderes sem estar em posse do mesmo... - ela respirava com dificuldade, sua aparência já não era a mesma, parecia cansada - o usuário paga pelo poder adquirido com os anos de vida que ainda o restam. Eu aguentei mais do que esperava, não achei que conseguiria te trazer de volta. Ahh... Só entregue isso a minha filha.
Pelo o pedaço de papel que ela empurrava contra meu peito. Era estranha como aquela desconhecida me trazia uma sensação tão familiar.
- Você me faz lembrar da minha irmã, ela fez de tudo pra ter um maldito garoto, e depois que conseguiu... Acabou morrendo, e por muito pouco o moleque não se foi junto com ela.
- Me deixa ver? - ela estende a mão.
- O que?
- Enquanto estava inconsciente eu vi algumas de suas memórias, haviam muitas lutas, mortes, rancor e destruição, mas não encontrei um único momento feliz. Então me deixe ver, quero conhecê-los!
- Vai usar os poderes pra isso? Você vai morrer de pressa desse jeito.
- Essa é a ideia. Vou me libertar dessas muralhas para sempre. E meu único arrependimento, é não ter mais tempo para contar a S/n a verdade sobre esse mundo... - Encosto minha mão na daquela mulher e por um curto instante consigo ver o rosto de kuchel. Que tipo de bruxaria ela estava fazendo? Depois de tantos anos eu não tinha ideia de que aparência Levi havia tomado, mas como um relampejo vejo o homem que ele havia se tornando e ao lado dele havia uma garota. De repente o aquela mulher solta a minha mão e sua expressão era de surpresa. Ela fixa o olha no chão por alguns segundos e então começa a rir.
- O que tem de tão engraçado?
- Você também viu a garota ao lado do seu sobrinho, não?
- Sim e o que tem? Eu nunca a vi na vida.
- Essa muralhas são realmente tão pequenas... Aquela era a minha S/n, um versão mais velha, pelo menos - ela continua sorrindo - um Ackerman... Foi uma boa escolha...Pelo menos vou partir sabendo que ela ficará segura.
- Do que caralhos está falando?
- Kenny, além da carta, pode me fazer outro favor?
- Não acha que já está pedindo muito?!
- Sei que estou, mas em troca vou te contar um segredo sobre os Ackermans. Não importa o quanto você queira, seu clã nunca suportou ser portador de um titã e nem mesmo de usar o cristal de Ymir... Então esqueça do seu sonho tolo!
- E por que não? - como ela podia saber daquilo? Essa arrogância me deixava irritado.
- O clã Ackerman teve sua cadeia genética alterada, vocês foram criados para guardar a família real e para isso tinham que ter força e velocidade sobre humanas... A fundadora não permitiria tanto poder assim a alguém que não tivesse sangue real.
- Eu não acredito em você!
- Isso é problema seu, eu não tenho motivos para mentir... Agora, o favor que tenho a te pedir. Você conhece muita gente, não é?
- Sim, mas não é ninguém do seu tipo.
- Perfeito! Encontre o melhor na sua opinião e o obrigue a treinar minha filha. Os poderes do cristal não são tão eficazes se o portador não tiver treinamento... E mesmo eu tendo, acabei nesse situação - ela ponta para si mesma.
- Quer que um assassino procurando treine uma garotinha?
- Você fez o mesmo com seu sobrinho. S/n se tornou uma criança mimada por conta do idiota de seu pai. Alguém precisa mostrar a ela a verdade sobre o mundo cruel onde vivemos. Me prometa que vai cuidar dela, Kenny!
- Eu não sirvo para ser pai, se dúvida pergunte ao garoto!
- Nunca pediria algo tão cruel. Só ache alguém para treina-la e a mantenha longe da família Reiss. Isso é tudo que tenho a pedir, senhor Ackerman.
- você salvou minha vida... Te devo uma - eu não me importava com nada daquilo, e o único motivo para aceitar toda aquela merda é por que de alguma maneira aquela mulher me lembra das duas únicas pessoas que significaram algo pra mim, kuchel e Uri Reiss - não sou o tipo de homem que deixa de cumprir uma promessa.
- Precisa levar provas ao Rod - um cristal se forma na palma de sua mão - leve isso a ele e também a minha cabeça.
- Não vou cortar sua cabeça.
- Por favor... Faça valer sua fama de estripador!
- Tsc. Mais que merda!
Flashback-off
- Eu fiz o que ela mandou. Entreguei tudo ao Reiss e ele mandou que eu me livrasse da cabeça, o cristal falso foi escondido em algum lugar nas terras. E quando percebi que ele não tinha desconfianças, levei a carta até a mulher que estava com você. Mas antes disso eu li o conteúdo da carta, e decidi que ficaria com ela por precaução - ele entrega a mim a tal carta e eu reconheço aquela caligrafia.
Não consigo segurar as lágrimas que insistiam em cair enquanto eu lia cada verso que minha mãe havia escrito antes de morrer.
"24 de August, 842
Minha querida, Martha
Tenho que te agradecer por cuidar de mim e da minha família por todos esses anos, mas também preciso pedir para que continue com seus serviços por mais algum tempo.
Te dou liberdade para usar a fortuna da família como bem entender. De agora em diante além de tutora você também será a guardiã lega de S/n.
Mande uma carta a Hizuru em meu nome e mantenha nossa parceria, dê a Kiyomi Azumabito total liberdade sobre os negócios pertencente a minha família no continente. Ela é facilmente manipulável se tratando de dinheiro, não irá negar ajuda enquanto achar que estou viva.
Infelizmente não irei voltar para casa. Peter denunciou nossa viagem ao lorde Reiss e nós fomos encurralados pelo esquadrão de supressão anti-humanos.
Estou enviando essa carta através de Kenny Ackerman. Ele era o líder do esquadrão que nos abordou. Irei pedir que cuide do treinamento da S/n, não quero que ela tenha que viver sobre a vontade do rei Fritz. Eu estou confiando meu bem mais precioso a esse homem, e você deve fazer o mesmo!
Não conte a ela sobre os diários, muito menos sobre a linhagem real. Quando o último Reiss desaparecer dessa terra será o estopim que levará a humanidade dentro das muralhas a sua destruição. E quando esses tempos ruins se aproximarem, prefiro que o poder do coordenada se perca, ao invés de obrigar S/n a carregar esse fardo pesado.
Me despeço com muita gratidão e saudade.
Com amor, Amity Kupper."
- Então, o que me diz? - Kenny se apoia na cadeira me olhando fixamente.
- Qual seu plano para destruir os Reiss? Eu faço qualquer coisa, não importa o custo!
- Sabia iria tomar a decisão certa! Mas você é muito próxima dos pirralhos, vai ter coragem de matar a garota e tomar o poder do moleque?
- Eu disse que faria qualquer coisa. Não tenho objeções, e depois que me tornar a pessoa mais poderosa dessas muralhas, não terá quem se oponha a minha vontade!
- ótimo!