Por tudo o que você fez

By Amandeep1009

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Letícia jurou para si mesma que vingaria a morte da irmã. Anos depois da tragédia, ela está de volta à sua ci... More

✨Sinopse ✨
✨ Bem-vindos ✨
🎧Playlist🎧
Prólogo
1. Letícia
3. Letícia
4. Matias
5. Letícia
6. Matias
7. Letícia
8. Matias
9. Letícia
10. Matias
11. Letícia
12. Matias
13. Letícia
14. Matias
15. Letícia
16. Matias
17. Letícia
18. Matias
19. Letícia
20. Matias
21. Letícia
22. Matias
23. Letícia
24. Matias
25. Letícia
26. Matias
27. Letícia
28. Matias
29. Letícia
30. Matias
31. Letícia
32. Matias
33. Letícia
34. Matias
35. Letícia
36. Matias
37. Letícia
38. Matias
39. Letícia
40. Matias
41. Letícia
42. Matias
43. Letícia
44. Matias
45. Letícia
46. Matias
47. Letícia
48. Matias
49. Letícia
50. Matias
51. Letícia
52. Matias
53. Letícia
54. Matias
55. Letícia
56. Matias
57. Letícia
58. Matias
59. Letícia
60. Matias
61. Letícia
62. Matias
63. Letícia
64. Matias
65. Letícia
66. Matias
67. Letícia
68. Matias
69. Letícia
70. Matias
71. Letícia
72. Matias
73. Letícia
74. Matias
75. Letícia
76. Matias
77. Letícia
78. Matias
79. Letícia
80. Matias ✨ Epílogo
81. Letícia ✨ Epílogo
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2. Matias

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By Amandeep1009

O céu troveja indicando a mudança de tempo do lado de fora. Entro no banho e abro o chuveiro na temperatura mais quente. Nesta época do ano, Aroeiras ainda está quente, mas não vai demorar para o frio chegar. A chuva vai ser rápida, mas é a desculpa perfeita para contornar as insistentes mensagens do meu primo.

Debaixo do chuveiro, repasso a lista de roupas da minha mala de viagem. Dois sobretudos, casacos e blusas de frio, tênis e meias...

Acho que estou levando tudo que preciso para duas semanas de reuniões na Europa, mas sempre - e não estou exagerando - esqueço algo e sou obrigado a sair no frio de Paris ou Estocolmo para comprar coisas aleatórias como creme de barbear e cuecas de dormir.

Quando saio do banho, vejo as mensagens do meu primo e nem termino de ler suas súplicas.

⁃ Não vai dar, viajo cedo amanhã e vai chover - digito rapidamente e envio.

Ainda enrolado na toalha, olho para a mala que ocupa metade da minha cama, revisando as camisas milimetricamente dobradas e as gravatas enroladas e organizadas por cores.

Sim, estive meio à toa nos últimos dias.

Principalmente, depois de sair do escritório.

Com a viagem programada há semanas, acabei adiantando todo o meu trabalho para ter mais tempo para as negociações e visitas às empresas durante o roteiro determinado pela diretoria. O problema foi que me adiantei demais. Por isso, passei as últimas semanas revisando cada detalhe.

Essas viagens podem parecer uma grande mamata: encontros em hotéis chiques, prêmios para as empresas varejistas, visitas aos fornecedores e jantares de negócios nos melhores restaurantes. A maioria dos executivos da Bernardi CMB comemora quando é selecionada para entrar na comitiva trimestral. Além do luxo, é uma oportunidade para se aproximar do dono da empresa, o grande Marcelino Bernardi, mas a vida boa não compensa quando o seu sobrenome é o mesmo do dono.

Para mim, as viagens de negócios são maratonas intermináveis ao lado de um chefe disposto a criticar qualquer comentário, ideia ou sugestão que possa sair da minha boca. A conduta que é satisfatória para um executivo está longe - quilômetros e quilômetros de distância - da que seria minimamente aceitável para um Bernardi, que dirá para o próximo Bernardi, o herdeiro da empresa.

Apesar de levar CEO na descrição do meu cargo, ainda preciso atender a cada expectativa do acionista majoritário - meu pai.

Identifico uma gravata azul marinho entre duas cinzas e reorganizo a fileira.

Penso que deveria ter uma programação melhor para um sábado à noite, mesmo com a viagem programada para amanhã, mas a preguiça me venceu. Coloco uma calça de moletom e uma camiseta de algodão fina, me jogo no sofá e começo a escolher um filme, quando a porta da minha sala é escancarada sem qualquer cerimônia.

Maldita fechadura eletrônica.

Maldita ideia de deixar o Luca com a senha em caso de emergência.

Antes que eu possa impedir, meu primo está no meio da minha sala.

⁃ Nem pense nisso, pode tirar esse pijama - determina ele, apontando o dedo pra mim, enquanto invade a minha cozinha, abre a minha geladeira e se serve de uma dose exagerada de gin.

⁃ Luca, dá o fora, tenho que viajar...

⁃ Você quase me pegou nessa. Sabe qual foi seu erro? - Ele passa a mão nos cabelos loiros que caem sobre a testa e puxa a camisa de botão preta, sem me dar a oportunidade de responder: - Os Morelli e os Bernardi falam demais. Já sei que seu voo com o tio Marcelino é só às 11h. E te conheço o suficiente pra saber que sua mala está pronta há uma semana. Então, chega de desculpinhas.

⁃ Luca, sou velho demais pra isso...

⁃ Concordo que você é um velho - diz o meu primo, apesar de ele ser só alguns anos mais novo - mas você não está ficando mais novo, então bora.

⁃ Bora o quê?

⁃ Pra inauguração da boate nova do Cesar! Já falei mil vezes. Alexa, tocar a playlist Pré do Luca...

⁃ Playlist Pré do Luca no Spotify... - diz a voz robótica feminina que interrompo, me erguendo do sofá.

⁃ Alexa, não tocar a playlist! - Mas, como sempre, ela não me obedece.

⁃ Alexa, aumentar as luzes - manda Luca. E, por mais que eu seja o dono dessa pequena robô, ela parece ter escolhido o Luca no meu lugar.

Reviro os olhos enquanto Luca se senta no meu sofá, curtindo suas músicas de balada na minha Alexa, enquanto toma o meu gin.

⁃ Você tem duas opções, primo: ou se veste e saímos daqui em 5 minutos para a pré no bar em frente à nova boate ou a pré vai ser aqui.

⁃ A pré não vai ser aqui! Eu vou dormir em 1h e você vai dar o fora...

Ele me ignora, destravando o celular e ligando para alguém que atende imediatamente: - Fala, César! Estou aqui no Matias! Ele está chamando todo mundo pra fazer a pré aqui na casa dele... Vamos aproveitar esse terraço de milionário...

Tiro o telefone da mão dele e acabo dizendo, com a voz resignada: - Esquece, César, é brincadeira do Luca. Não... É que eu viajo cedo... Claro, claro... Não perderia... Vamos fazer a pré no seu bar, chegamos em 10.

Jogo o telefone no sofá e entro pra colocar uma roupa.

Meia hora depois estamos virando shots de uma bebida quente e doce demais no bar do César em frente à sua nova boate na Beira Leste. A boate se chama Kraken e paira suavemente sobre as águas tranquilas do lago. É um antigo navio reformado, todo pintado de preto, com lâmpadas baixas que acompanham o deck que vai até a entrada.

Depois do segundo shot, esqueço os motivos que me fizeram declinar o convite e já estou pronto para o terceiro.

Como estamos com César, logo a nossa mesa no bar está lotada de frequentadores fiéis e, principalmente, mulheres. Mas, pra mim, estão mais para garotas. São jovens demais pra eu sequer cogitar uma aproximação.

Elas, no entanto, parecem discordar.

Abro um sorriso amarelo quando uma delas me pergunta, sem qualquer constrangimento, se vou pagar uma bebida pra ela.

⁃ Essas bebidas são uma cortesia do César. Agradeça a ele - respondo, sem tentar ser simpático. Avisto um fotógrafo da coluna social há poucos metros e sei que qualquer conversa mais íntima com uma mulher vai parar nos sites de fofocas de Aroeiras.

⁃ Luca me disse que vocês são parentes - continua a garota.

Tento não revirar os olhos. Eu não sei o que é pior: quando as pessoas admitem que sabem quem você é ou quando elas fingem que nunca ouviram falar no CEO mais jovem da região, o único que já saiu na lista da Forbes e, pra minha infelicidade, o que mais aparece no topo das listas de solteiros mais cobiçados de Aroeiras.

⁃ Somos primos - bebo um gole de um gin quente. Uma planta fica presa nos meus lábios.

O que esse graveto está fazendo na minha bebida?

Chego à conclusão que o barman exagerou nas especiarias, quando quase engulo um zimbro. Faço um sinal para o garçom, que não me vê.

⁃ Primos de primeiro grau?

⁃ Não - respondo apenas. - Com licença, vou pegar uma outra bebida.

A dificuldade para chamar o garçom é a desculpa perfeita pra me afastar em direção ao bar, onde peço uma cerveja. O barman me oferece uma long neck alemã que nunca ouvi falar e aproveito para perguntar qualquer coisa sobre a cerveja, deixando a garota sozinha até ela se virar e voltar para o lado das amigas.

Quando retorno, já é a hora de entrar na boate. Sigo César pelo deck de madeira, acompanhado de um grupo de ao menos dez amigos que me conhecem desde a infância. Vejo outros rostos conhecidos assim que entramos no navio ancorado. As luzes piscam iluminando as paredes escuras onde os tentáculos do kraren reluzem em tons de verde e roxo neon.

O bar é no centro de uma grande cratera no chão e os tentáculos do monstro marinho sobem pelas cadeiras altas, onde algumas pessoas se apoiam para pedir bebidas enquanto flertam com quem está logo ao lado.

Os funcionários são a tripulação de uma embarcação de luxo diretamente dos anos 50 que afundou no mar. Seus trajes elegantes estão rasgados pela agressividade da fera que atacou o navio.

Luca cumprimenta César pela decoração exótica e ele agradece, dizendo que sempre gostou de mitologia.

⁃ Resumindo: o dono da noite de Aroeiras é um grande nerd - berra meu primo, batendo nas costas do amigo de cabelos cacheados, que acende um cigarro.

⁃ Pode fumar aqui dentro? - questiona Luca, implicante.

⁃ Só se você for o dono - rebate César, piscando. Ele se adianta: - Vem, Bernardi, quero que prove um dos meus drinks.

Ele me leva até o bar e pede três Mortes de Perseu, uma bebida à base de vodca com uma coloração azul escura e uma espuma roxa. O gosto é suave e levemente adocicado, e César começa uma explicação longa sobre a criação do drink que ele espera vender engarrafado em mercados.

É aí que eu entro.

⁃ Podemos fazer uma parceria pra uma venda exclusiva pela Bernadi CMB - oferece ele, mas minha atenção está comprometida.

Dou mais um gole e o líquido gelado, em vez de descer soltando meus músculos, arrepia meus braços, somando-se à imagem que me prende. Atrás do César, uma jovem se inclina no balcão, apontando para um drink no cardápio. Os cabelos negros escorrem pelas costas e os lábios cheios em formato de coração se estreitam em um biquinho. Esse pequeno gesto faz o barman colocar mais uma dose de vodca no Morte de Perseu dela, com uma piscadela. Ela retribui com um sorriso tão branco que parece brilhar como as luzes neon. Quando ela se senta no banco, olha diretamente pra mim com grandes olhos azuis.

Azuis como gelo.

Minha pele formiga, minhas mãos suam, meu pé direito bate descontroladamente contra o chão.

Precisando ocupar minhas mãos com qualquer coisa, desvio o olhar e dou um grande gole no meu drink.

⁃ O que acha? - questiona César. - Pode ser misturado em várias combinações...

Mas não estou escutando.

Estou de volta a um lugar frio e antigo, a um estado ao qual jamais quero retornar.

Estou imaginando coisas.

Só pode ser.

Olho mais uma vez para a garota e ela retribui, os cílios compridos quase escondendo o gelo nos seus olhos.

A semelhança é mais assustadora do que qualquer monstro do mar.

É como se o navio tivesse aportado diretamente no meu passado.

O suor escorre pelas minhas têmporas.

A gola da camisa me sufoca.

Abro um botão.

A morena sorri misteriosamente.

Seu sorriso é a coisa mais linda e mais terrível que eu já vi.

Não consigo respirar.

Viro o Morte de Perseu em um gole e respondo, ríspido demais: - Está certo, mas precisamos de um nome mais fácil. Marque um horário com a Ruth e vamos discutir.

Em menos de um minuto, atravesso a multidão de pessoas dançando e bebendo, desvio dos tentáculos que descem pelo teto e me vejo na proa do navio, agarrado às grades que o cercam.

Quando o ar retorna aos meus pulmões, decido que é hora de ir pra casa. 

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