75. Letícia

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Dafne nos ajudou a entrar na mansão e, a todo o instante, me perguntei onde estavam os seguranças de Marcelino

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Dafne nos ajudou a entrar na mansão e, a todo o instante, me perguntei onde estavam os seguranças de Marcelino. Imaginei que estivessem todos tentando conter Matias, mas me surpreendo quando o vejo na minha frente, com a arma apontada para o pai. Não sei se os dois já conversaram, se a confissão foi feita, se a polícia já gravou tudo o que precisava, mas o semblante desorientado de Matias me alerta para o que importa. Eu não estou aqui para garantir a vingança, que se exploda tudo isso.

Eu estou aqui para proteger Matias.

– Matias, abaixe a arma e vamos embora – peço, gentilmente.

– O que está acontecendo? – ele me pergunta, olhando de Viola para mim. Mas não quero responder, não quando sei que a casa inteira está grampeada pela polícia.

A hesitação dele custa caro. Enquanto Matias olha para mim, com a arma ainda apontada para o pai, Marcelino avança, segurando o cano para baixo. A surpresa deixou Matias descuidado e ele é logo desarmado. Agora é o pai que aponta a arma diretamente para ele.

Minha avó mira em Marcelino.

Ninguém se mexe.

Prendo minha respiração, esperando que alguém fale primeiro.

Ninguém diz nada.

Uma piscina inteira está entre nós, e, apesar do perigo que ele corre, eu só gostaria de estar ao lado dele.

O olhar de Matias para o pai reflete raiva, mas também medo. Não duvido de Marcelino, muito menos quando há segundos ele tinha uma arma apontada para ele. Só rezo para que a polícia esteja a caminho, quando digo a única coisa que passa pela minha cabeça: – Marcelino, por favor. Você não mataria o seu próprio filho...

Por algum motivo que não compreendo, isso é engraçado. Marcelino dá uma risada, então, segura a arma com mais firmeza e pergunta para Matias: – O que você acha sobre isso agora?

– Acho que você deve abaixar a arma – responde Matias, com mais calma do que eu poderia imaginar. Minhas pernas estão bambas, minhas mãos tremem e estou com dificuldade de achar minha voz. Odeio parecer uma garota chorona, mas sei que em poucos minutos estarei chorando. Ver Matias sob a mira da arma está acabando com meus nervos e só tenho vontade de me jogar na frente dele.

Minha avó parece me conhecer suficientemente, porque ela estende o braço, como se tentasse impedir minha passagem.

– Marcelino, minha mira é muito boa – ameaça a minha avó. – E você é um alvo grande. Abaixe essa arma e vamos resolver isso.

– É curioso, não é mesmo? Você está aqui para proteger o meu filho... Enquanto eu matei a sua filha. O mundo dá mesmo voltas. Por que você não ficou na sua como eu mandei que você ficasse, Viola? Você é uma velha muito mal agradecida, sabia? Eu poderia ter mandado matar você e essa fedelha, mas não... Tá vendo no que dá ser piedoso, Matias? – Nesse momento, ele se vira para o filho e continua: – Você veio aqui pronto para me matar. E perdeu a oportunidade. Agora, me dê um bom motivo para não fazer o mesmo com você.

Matias fica em silêncio.

Ele parece não ter um motivo.

Eu penso em lembrar Marcelino, novamente, de que Matias é o único filho dele, mas... Meus pensamentos são interrompidos quando uma fileira de homens entra correndo, pelo outro lado da piscina, que dá para o jardim. São os seguranças de Marcelino e eles estão esbaforidos e raivosos. Eles se entreolham, empunhando as armas, enquanto se posicionam ao lado do chefe, de frente para nós.

– Ora, aí estão vocês. Estava me perguntando por quê eu me dou ao trabalho de contratar seguranças – desdenha Marcelino. – Essa velha maluca entrou armada na minha casa... E ainda tem coragem de apontar essa espingarda tão velha quanto ela pra minha cara.

Um dos seguranças, que parece ser o mais experiente, mira a arma na direção da minha avó. Os outros parecem confusos e oscilam entre os alvos: eu, vovó e Matias.

– Abaixe a arma, senhora – manda o homem.

Minha avó o ignora: – Vamos sair daqui com Matias. Abaixe a sua arma e vamos embora.

– Se a senhora não recuar, nós vamos atirar – avisa o segurança.

Mas ela o ignora, falando diretamente com Marcelino: – Meu gatilho é rápido o bastante para fazer um furo nessa sua barriga gorda antes de cair – ameaça a minha avó, me deixando desconcertada. Estou quase precisando lembrá-la de que estou bem aqui do lado dela e não tenho nenhuma intenção de levar tiro algum.

– Nós vamos andando – sugiro. – Com Matias. Vamos andando de costas e vamos embora. Pode ser?

Minha voz sai tão fina que penso que, talvez, eu nem tenha sido ouvida.

Mas então, Marcelino ri. E, depois que ele começa, todos os seus seguranças riem juntos.

Me sinto patética.

E estou prestes a chorar, mas não tenho tempo, porque ouço um megafone em alto e bom som: – A casa está cercada! Abaixem as armas!

A polícia.

Estamos salvos.

Só que nessa hora, os olhos de Marcelino parecem que vão explodir de raiva. E a próxima coisa que vejo é o seu dedo puxando o gatilho.

Spoilers e mais informações sobre os personagens de PTQVF e meus outros livros no meu instagram https://www.instagram.com/amandeep.1009/

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