26. Matias

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Tomo meu café da manhã no quarto, com uma dose reforçada de cafeína após uma noite mal dormida

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Tomo meu café da manhã no quarto, com uma dose reforçada de cafeína após uma noite mal dormida. Passar o dia inteiro com a secretária Letícia na minha cola teve um efeito inesperado. Meu sono foi conturbado, relembrando fotos e vídeos que Letícia me enviou, misturados a lembranças angustiantes de quase 20 anos atrás.

Estou determinado a superar o fantasma do meu passado e não deixar que ele me vença dessa vez, mas essa garota parece ser o maior dos desafios. Ela é incrivelmente parecida com Cecília.

Cecília.

Há anos, não me permito pensar no nome dela.

Há anos, evito qualquer coisa que me lembre dela.

Mas não tem jeito. Por mais que eu me recuse a pensar nela, a lembrança de Cecília ainda me assombra. Não vai ser fugindo que vou superar o que aconteceu. Vinte anos se passaram e ainda a vejo nos traços de outras mulheres.

Mas dessa vez vai ser diferente.

Não vou desistir do meu caso com Letícia só porque ela me lembra de Cecília.

Durante o dia, ela e Ruth me acompanham em uma maratona exaustiva de compromissos. Depois do almoço, não demoro a perceber que, de fato, Ruth está cansada demais para continuar. Minha teimosia e a relutância em dividir a convivência com alguém de menos confiança acabou prejudicando uma das pessoas mais queridas ao meu redor.

Eu não queria ter que aturar um daqueles pirralhos da equipe de Paula me seguindo pra cima e pra baixo, mas preciso começar a me acostumar com essa ideia.

Apesar de estar adorando viajar, Ruth não tem pique para ficar tanto tempo fora de casa. Sei que, no final do dia, sente falta de estar na própria cama. Não sou uma idosa e tenho que admitir que também sinto.

Já Letícia está longe de ser uma opção. Ela é mais nova na empresa que qualquer um da equipe de Paula, o que desconstrói totalmente meu argumento a favor de Ruth. Só veio nessa viagem para ensinar a senhora a mexer nas redes sociais... Entre ela e alguém especializado em mídias, aposto que Paula vai insistir por alguém com experiência na área.

Depois das 17h, dispenso as duas e termino meus compromissos no quarto. Faço mais duas reuniões, enquanto abro uma cerveja do frigobar.

Recebo alguns convites para jantar e acabo aceitando um de um empresário local. Pergunto se ele pode vir ao hotel para um jantar no terraço.

O bar do hotel é movimentado e, assim que chego, já identifico algumas possíveis companhias para mais tarde. A maioria das pessoas que frequentam o bar no terraço não é hóspede e, por isso, está bem mais arrumada do que eu. Quando terminamos de jantar, acompanho o empresário até o elevador, mas retorno ao bar com o objetivo de escolher uma distração para passar a noite.

Acabo notando a mulher de cabelos escuros que está vestida de modo tão casual quanto eu.

Letícia está em uma mesa alta no fundo do terraço, observando a vista. Ela equilibra uma taça de vinho, enquanto tira uma foto da paisagem com o celular. Está usando o mesmo short jeans rasgado que me remete a uma adolescente, mas, em vez da camiseta preta de ontem, usa uma blusa preta decotada com pequenas correntes de prata que se cruzam nas costas. Parece não ter achado necessidade de colocar sapatos para ficar no hotel, o que a torna a única pessoa de havaianas.

Abro um sorriso involuntário.

Não vou deixar essa oportunidade passar.

Avanço entre as mesas, ignorando os olhares convidativos.

Ao redor de Letícia não tem quase ninguém, as luzes estão mais baixas e consigo sentir a brisa suave que refresca a noite quente.

Puxo uma banqueta alta e, silenciosamente, a posiciono bem atrás da cortina de cabelos negros. Ela ainda não reparou na minha presença e está concentrada tirando mais uma foto da paisagem.

Dou uma espionada por cima do ombro dela e me surpreendo: ela está fazendo uma foto de exposição longa, capturando os faróis brilhantes que riscam a avenida lá embaixo.

- Trabalhando ainda? - pergunto ao pé do ouvido dela, fazendo-a se sobressaltar. Surpreendentemente, suas mãos continuam firmes e ela não solta o celular.

- Preciso deixar a Paula satisfeita...

- E quanto a mim? - pergunto, afastando os cabelos do ombro direito de modo que a sua nuca fique ao meu alcance.

Chego mais perto.

- Tenho a impressão de que você ficará satisfeito de qualquer forma... - ela sussurra.

- Por que diz isso? - agora os meus dedos sobem pelo braço dela. A pele de Letícia é gostosa, e percebo que ela se arrepia quando aproximo a minha boca da sua nuca.

- Você parece ser um homem que sempre tem o que quer.

É uma meia verdade.

Talvez em reuniões e negociações.

Com certeza em investimentos e transações.

Mas na minha vida pessoal...

- E o que eu quero? - pergunto, desafiando-a a falar.

- Agora, parece estar querendo me provocar...

Minha barba faz cócegas na orelha dela quando respondo: - Errado. Quem provoca apenas ameaça e não cumpre. Não é só isso que eu quero.

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🖤 Como vocês sabem, estou com uma bebêzinha, voltando a trabalhar e com a vida muito caótica. Socorro, Deus kkkkk Mas, apesar disso, tenham certeza que sempre que posto caps aqui, estou me esforçando muito pra manter meu compromisso com vocês. Não estou conseguindo responder aos comentários, que era uma das minhas partes favoritas e me deixa muito triste, mas estou priorizando dar continuidade a essa história e também ao Portal 4. Apesar de não conseguir responder, sempre leio todos e eles alegram muito meu dia! Então, muito obrigada por acompanharem essa história e comentarem!🖤 

Por tudo o que você fezWhere stories live. Discover now