Letícia jurou para si mesma que vingaria a morte da irmã. Anos depois da tragédia, ela está de volta à sua cidade natal com apenas um objetivo: destruir a vida do responsável pela morte de Cecília.
Com passos calculados, ela se infiltra na empresa d...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Ainda estou me recuperando da aparição de Matias, quando a porta da sala dele se abre. Ele passa por nós como um furacão. Vejo apenas as pernas, porque ainda não tenho coragem de levantar os olhos e encará-lo.
De onde eu tirei essa ideia idiota de seduzi-lo? Claramente, sou incapaz até de lhe dirigir a palavra.
Preciso de alguns segundos para juntar coragem para procurá-lo pelo escritório, mas, quando o faço, logo o vejo bem diante de mim. Ele está distante, a pelo menos quatro mesas, e dirige a palavra a uma gerente que, se não me engano, está encarregada do marketing.
Ele faz um sinal e ela o segue pelo corredor. A gerente está falando com Matias, mas os olhos dele parecem estar focados em... mim. Tento não desviar o olhar. Não posso desviar o olhar.
Suas sobrancelhas estão franzidas e sua expressão está fechada. Não é um olhar muito convidativo, mas tento me lembrar do meu papel.
Você se esforçou para estar aqui, Letícia.
Não jogue tudo fora.
Não consigo abrir um sorriso, mas obrigo um canto da minha boca a subir de forma que pareça sensual. Pisco mais vezes do que o necessário e deixo a ponta da caneta percorrer o meu lábio inferior, abrindo-o levemente.
É o máximo que eu consigo fazer, então torço pra ser o bastante.
Matias assiste a tudo isso sem se abalar. Quando a gerente faz uma pergunta, ele responde imediatamente, provando que eu não fui capaz de distraí-lo.
Vou precisar me esforçar mais do que isso.
Os dois entram na sala, mas a porta fica entreaberta. Ruth já tinha comentado sobre o jeito descontraído de liderar de Matias. Ele não faz questão de regras, nem segredos, muito menos de formalidades. Mesmo assim, todos tinham se levantado para saudá-lo como se ele fosse um rei. O discurso de Ruth sobre seu querido Matias não condiz com o que acabei de ver. Apesar disso, ele deixa a porta aberta.
A mulher fala alto o bastante para que eu possa ouvir algumas palavras soltas: "redes sociais", "desastre midiático", "melhorar a sua imagem".
Ele resmunga algo e a gerente responde com apenas uma palavra: "inevitável".
Não sei exatamente do que se trata essa discussão, mas a gerente tem fibra. Está pressionando o CEO sem hesitar.
- Letícia, vem aqui. Vamos repassar a agenda de amanhã - chama Ruth.
A mesa dela é colada na porta de Matias e, enquanto ela repete as informações que já sei de cor, consigo ouvir claramente as reclamações da gerente de dentro da sala.
Sinto dizer isso, Bernardi, mas o seu comportamento reflete a empresa. Sei que é tudo que você não quer ouvir, mas precisamos trabalhar a sua imagem. Precisamos que o público goste de você. Os nossos consumidores estão ávidos por qualquer informação sobre você. - Por isso, essas notícias repercutem tanto...
