Prólogo

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Quando conheci MB, achei que soubesse o que era o vício.

Eu dizia para mim mesma: preciso parar de pensar em MB, estou viciada em MB...

Mas o vício é mais do que o prazer de ter o que se deseja.

É a antecipação, é o próprio desejo.

Eu desejava estar com MB, eu queria que ele me olhasse - queria estar sob os holofotes daqueles olhos misteriosos e ser o motivo daquele sorriso. Não o Sorriso Irônico, o Sorriso Verdadeiro. Aquele que ele guarda só para pessoas especiais.

Quando MB me enxergou pela primeira vez, eu quis que ele me admirasse um pouco mais.

E achei que isso era um vício.

Mas o vício não é só isso.

É mais do querer, é precisar.

E o imperativo de precisar é o tempo.

Não depois, agora.

Quando MB me tocou pela primeira vez, eu quis que fosse para sempre.

Mas para sempre não é o objeto do vício.

O vício exige mais que o para sempre.

Para sempre é longo, feliz e bonito.

O vício não quer você feliz e satisfeito.

Ele exige tudo o que você tem.

O tempo todo.

O tempo todo parece muito tempo, mas não é.

O tempo todo é curto, ansioso e frenético.

É viciante.

O vício acelera o tempo, transforma tudo em passado ou em futuro.

Não existe mais o presente.

Ele te prende em uma busca eterna: seus prisioneiros mal saciam suas vontades e já anseiam por mais.

Nessa prisão, o MB de antes não é mais o MB de agora.

O MB de antes era simples, bonito e me deixava feliz.

O de agora é complicado, feio e o que eu sinto está longe de ser felicidade.

Mas o MB de agora me deixa ansiosa por mais.

Frenética.

Inquieta.

Eu preciso agora.

Eu preciso o tempo todo.

Pegue tudo o que você quiser, eu disse a ele.

Só me dê mais.

Agora.

E ele pegou.

E não restou mais nada.

Por tudo o que você fezDonde viven las historias. Descúbrelo ahora