Quatro metades.. duas inteira...

By Karrie157

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Uma menina com uma vida ''maravilhosa'', com pais maravilhosos e um passado ''maravilhoso'', numa história ma... More

Introdução: leia por favorzinho :3
-APRESENTAÇÃO DA PERSONAGEM-
-DESPEDIDA TEMPORÃ-
-EXPLICAÇÕES E CHOQUES-
-1ª PROVA-
-PRIMEIROS OLHARES-
-AÇÃO INVOLUNTÁRIA-
-AFLIÇÃO-
-VOCÊ ESTÁ BEM?-
-O COMEÇO-
-CONFISSÕES-
-ENFRENTAMENTO-
-RECOMEÇO-
-ESCOLHAS-
-CAMINHO, DESTINO, E DETALHES-
-ENCONTRO-
-NOTÍCIAS-
-RETORNOS E QUESTÕES-
-AMEAÇAS-
-DUELO INESPERADO-
-ESPECIAL-
-ACAMPAMENTO-
-REENCONTRO-
-PERDAS-
-☆ESPECIAL BNHA MEDIEVAL: A FERA☆- (...eu avisei ;])
-REARRANJO-
-CRIAÇÕES E MODIFICAÇÕES-
-O COMEÇO DE UMA NOVA ETAPA (Parte 1)-
-OPÇÕES DECISÓRIAS (Parte 2)-
-SEXTA-FEIRA... SÁBADO-FEIRA... ROLÊ-FEIRA-
-INFORMAÇÕES MEANDROSAS-
-DUPLAS-
-VELHOS NOVOS ENCONTROS-
-CLASSIFICAÇÕES-
-ESPECIAL ESPECIAL :D-
-PESADELOS E CONVITES-
-☆ESPECIAL FILME 1: DIAS INSONDÁVEIS-
Aviso, comunicado, recado, como quiserem chamar
-DOIS MINUTOS-
-TREINO INESPERADO (e outra coisa inesperada também ¬u¬)-
-☆*: .。.ESPECIAL 1K.L- RÁDIO DA ̶D̶E̶S̶C̶O̶B̶E̶R̶T̶A̶ Vergonha.。.:*☆-
-NOVO DESAFIO EM RETA FINAL-
-A RETA-
-☆ESPECIAL FILME 2: O FINAL-
-FINS-
-RE..VOLTAS-
-LIMITAÇÕES-
-☆ESPECIAL 2K- UNIVERSO ALTERNATIVO: Jornada para o caminho inverso☆-
Another avisinho ( ._.)
-CELEBRAÇÕES-
Aviso não muito agradável ;-;
HAPPY NEW YEAR :DD
-CHEGADA-
-☆*: .。.ESPECIAL 3K - E SE FÔSSEMOS ADULTOS?.。.:*☆-
-NOTAS-
-A FINS DO FIM-
-ASCENSÃO AO SUBSOLO-
-INFERNO-
-☆*: .。.ESPECIAL 4K - E SE FÔSSEMOS ADULTOS? PARTE 2.。.:*☆-
-COVARDIA-
-TORTURA-
-MÁSCARAS-
-DEVASSAS ARRELIADAS-
-CHAMADO FUNÉREO-
-CIÚMES ZELOSOS-
-RESULTADOS-
Avisin inocente :3
-DIAS DE FOLGA-
...
-☆*: .。.ESPECIAL 5K - E SE FÔSSEMOS ADULTOS? PARTE FINAL.。.:*☆- (em hiatus)
-AVANÇOS-
-PORTÕES-
-CONTÍNUO-
-EXPOSIÇÃO-
-ALEGAÇÕES-
-SOLIDARIEDADE-
-PATRULHA-
-RELEMBRANÇAS-
-DEPARO-
-ACOLHIMENTO-
-CONVERSAS-
☆*: .。.-ESPECIAL 7K - EM HOGWARTS-.。.:*☆
Recadin inocente :3
AGRADECIMENTO 8K
Pequena nota

-INÉPCIA-

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By Karrie157





Narra Kamari



  Quando o Shoto me beijou, confesso que não tive a melhor das reações, porque né.. esse tipo de contato é uma novidade e tanto pra mim, ainda mais depois de tanto tempo sem nem receber um 'bom-dia', além de que na última imagem que tive do bicolor ele estava me abandonando numa jaula aleatória, mas... quando finalmente notei que esse realmente era o Shoto que eu conheço e amo.. meus sentimentos por ele começaram a aflorar novamente, por isso que fechei os olhos e desfadiguei meu corpo, só que quando fiz isso, o Todoroki começou a mover seus lábios devagar e delicadamente.

Pensamentos de Kamari: ''Como é?! Pensei que seria só um afago mais demorado, mas não.. é um beijo sério mesmo... ... por essa eu não esperava, eu não sei o que fazer, por favor alguém me ajuda...''

Pavão: Calminha aí, mi querida.. (tosse leve).. eu te ajudo com prazer. É o seguinte.. pra corresponder esse tipo de beijo você precisa seguir o mesmo ritmo que ele, fechado? - explicou totalmente gracioso.

Pensamentos de Kamari: ''Não, eu tenho cara de quem já beijou antes?''

Pavão: Tem, e você de fato já fez isso antes, mas foi por acidente né..?

Pensamentos de Kamari: ''Então não conta como oficial, ponto final. Mas enfim.. por favor, Pavãozin.. me ajuda.. eu nem sabia que um beijo sério era assim..''

Pavão: Tá bem, tá bem, deixa comigo - após sua fala, senti um pouco de sua presença em minha mente, mas bem pouco mesmo, talvez por nós dois estarmos bem exaustos, só que mesmo assim.. eu senti meus lábios se movendo também, e no mesmo ritmo que o Shoto aparentemente seguia.. Esse tipo de interação é.. bem satisfatório na verdade.. eu senti toda a paixão que ele queria transmitir através daquilo, e quando consegui manter o ritmo que o ósculo tomava sem a ajuda do Pavão, eu também passei a transmitir certos sentimentos.. Até que, longos segundos depois, o bicolor se separa de meus lábios, ainda comigo muito chocada pra pensar no que houve, e ali continuava ele.. me mirando com aqueles olhos e.. aquele sorriso tão ternos.. até que ele solta meu rosto e inesperadamente me puxa para um abraço muito cômodo, e por causa disso.. não pude deixar de correspondê-lo, até que... ele me fala algo que tanto esperei...

Shoto: .. Kamari... eu amo você.. - falou numa voz profunda, mas que notava-se a grande carga sentimental que continha naquela frase solene, e quando essa fala me chegou aos ouvidos.. eu.. comecei a sorrir curtamente, pois.. ter aquela comprovação tão perto de mim foi.. uma sensação muito libertadora, e não tive outra reação senão abraçá-lo ainda mais forte, tentando dizer o mesmo com esse gesto já que... eu continuo frouxa pra falar que eu amo ele também, por algum motivo é muito difícil falar 'eu te amo' em português, pode falar isso em quinze línguas diferentes, mas falar em português é um martírio. Enfim.. após mais um tempo de nós dois estarmos abraçados, nos afastamos um pouco mais, e eu desviei meu olhar por causa do nervosismo e pelo rubor de três toneladas - Bom.. vamos descer.. precisamos ir. - disse num tom suave, e somente concordei com a cabeça, e logo o bicolor foi criando uma escada de gelo por onde passávamos, e depois de uns tempinhos, finalmente chegamos na clareira onde pude ver outras pessoas, mas ainda estávamos meio longe, por isso.. decidi soltar umas palavrinhas..

Kamari: ... Hmp... nunca esperava que isso fosse acontecer comigo.. - falei numa voz mais baixa porém doce, e imediatamente percebo o olhar do bicolor sobre mim - Agora.. é certeza que o meu rubor vai se manter por uma semana talvez.. - ainda mantendo meu olhar desviado pro chão, prossegui minha fala, até que, uns segundos de silêncio depois, do nada, o Shoto passa seu braço pelas minhas costas e põe sua mão em meu ombro, para logo girar um pouco meu torso em sua direção e me regalar um curto beijo nos lábios, me pegando totalmente de surpresa, tanto que enquanto ele me olhava sorrindinho todo fofo, eu já havia arrepiado um tanto a minha cauda e orelhas, e novamente reloquei meu olhar para baixo e com um rubor ainda maior na cara - Parabéns... três semanas agora..

Shoto: (pequena risada) Desculpa, não resisti.. e... fazia muito tempo que não ouvia sua voz.. - decaiu o volume de sua voz em sua última frase.

Kamari: ... É.. - e após uns segundinhos, chegamos perto do pessoal da classe, praticamente todo mundo.

Mina: Olha só.. dezesseis segundos hein.. - falou num tom mais divertido e dando uns passos para se acercar do Shoto e eu.

Kamari: Hã? Dezesseis segundos de quê? - perguntei confusa, e então a Rosinha tocou seus lábios duas vezes, e aí.. ai, meu filho... fumaças saíram das minhas orelhas.. - O quê..?! Tudo isso..?! - disse numa voz mais fina.

Sero: Não me surpreende, já faz um tempão que nada rola, tinha que acontecer uma hora. - falou rindo levemente enquanto colocava um curativo nas costas de sua mão.

Kamari: N-não mas.. e-eu... - fui interrompida.

Kirishima: Maninha!! - ouvi sua voz bem alta enquanto via sua figura correndo até mim, e ele rapidamente me abraçou com força - (suspiro).. Que susto.. pensei que nunca mais te veria depois que vi sua cauda naquele dia.. desculpa por... por ter sido tão fraco.. por não ter conseguido te proteger... - disse num tom choroso e soltando uns soluços por causa dos prantos, e ao ver seu claro arrependimento, fiquei um tanto sensibilizada e correspondi o agarre quase na mesma força.

Kamari: .. Não foi culpa sua.. era só você contra dois vilões da Liga.. não se culpe assim. - falei mais sentimental.

Kirishima: (pequenos soluços).. Eu sei.. mas... mas tudo isso poderia ter sido evitado se eu... - o interrompi.

Kamari: A culpa não foi sua, Kirishima.. - falei num tom mais forte, e então uns segundos de silêncio se passaram, até que nós nos separamos e nos miramos por uns instantes, e então o de cabelos vermelhos esboça um sorriso mais aliviado e seca suas lágrimas.

Kirishima: .. Fico feliz que voltou.. - disse bem mais ameno do que antes, e também sorri um pouquinho. Porém, umas vozes chamaram a atenção de todos.

Policial 1: Ei, vocês. - disse uma voz alta e firme, e então nos viramos para ver dois policiais que andavam até nós, juntamente com o Endeavor e o Edge Shot - Sigam o Edge Shot para a base de emergência e primeiros socorros, e não se preocupem, porque todos os vilões restantes foram apreendidos e vão ser presos, porém.. preciso da presença de somente duas pessoas, da Kamari Mitsubuji e do Shoto Todoroki, por favor me sigam. - após sua ordem, minha expressão ficou um pouco mais assustada, porque eu não esperava um policial junto com o herói nº1 me chamando assim junto com o Shoto, mas.. apesar da estranheza, nós dois fomos até o oficial, quem logo nos guiou para um carro de polícia que estava parado a uma boa distância de onde estávamos.

  E quando chegamos, um outro policial sai do banco da frente do automóvel segurando algemas abertas nas mãos e andando até mim, e ao ver os grilhões, fiquei quase petrificada por imaginar o que aconteceria caso tivessem realmente descoberto o que fiz.

Policias 2: Perdão, mas é um procedimento de segurança. - falou enquanto segurava minhas mãos atrás de mim e me algemava.

Kamari: .. Tá tudo bem.. - uns tempos depois, o Endeavor nos assegurou que iria já estar no local que iríamos, o qual não nos foi especificado, mas logo mais os dois policiais, o bicolor e eu entramos no carro de polícia e fomos pra um lugar bem longe do vale Akigawa aparentemente, e quando vi, já estávamos na cidade novamente, só que.. quando o carro parou... notei que estávamos na frente de um júri, o que me deixou ainda mais apreensiva.

Policial 2: Vamos, desçam. - ordenou, e então os dois oficiais abriram as portas da parte de trás do carro, e então o Todoroki e eu descemos de lá e seguimos os agentes até dentro da estrutura, onde havia um tribunal com um monte de cadeiras, o juiz de pé atrás do púlpito, dois seguranças ao lado de outras duas tribunas ao lado da do Meritíssimo, e o Enji realmente já estava sentado em uma cadeira mais próxima ao palanque com outros dois polícias ao seu lado.

Juiz: Shoto Todoroki, por favor, tome assento na mesma fileira do herói Endeavor. - o bicolor então foi até seu lugar enquanto continuei fronteira ao púlpito da autoridade maior com os dois oficiais aos meus lados - E.. senhorita Kamari Mitsubuji, hoje é o dia em que você finalmente saiu das garras dos vilões, mas.. também é o dia em que o seu julgamento pelos seus crimes vai ocorrer, de acordo com nossos registros. - ''Oh não... eles.. eles descobriram...''. Diante desse fato, comecei a ficar bem trêmula, mas mesmo assim mantive a compostura.

Kamari: Sim, senhor Meritíssimo..

Juiz: Porém, tenha em mente que, como você não é maior de idade e que muito menos foi lhe pedido o consentimento para que você fosse levada, ainda sim você não tem nenhum advogado de defesa, mas também não há nenhum de ataque, e inclusive.. daqui a algumas perguntas, traremos três réus para comprovar ou não a sua inocência, contudo.. de acordo com o que provarmos aqui, você terá de pegar pelo menos de cinquenta a cem anos de prisão. - após aquela frase.. meu corpo gelou completamente.. - Começando... os primeiros registros são de confirmação, depois falamos mais de você.. No mesmo dia em que uma equipe de heróis e policiais analisaram a base de um vilão no mesmo vale que resgataram você, os retratos falados foram de que esse tal vil usava uma máscara de oni e tinha uma roupa que aparentava ser a de um samurai, isso está correto? E se quiser pode pedir uma testemunha, caso queira.

Kamari: Sim, Meritíssimo, ele portava uma máscara dessas características. - depois de minha fala convicta, o Shoto levantou de seu assento e também se pôs a falar.

Shoto: Meritíssimo.

Juiz: Diga.

Shoto: Sou testemunha desses mesmos atributos, inclusive, o vilão jogou a máscara fora quando entrei na batalha contra ele junto com a Kamari.

Juiz: Ok.. sente-se. - o bicolor cumpriu a ordem, e logo a autoridade anotou umas coisas numa folha grande de papel, mas logo voltou a olhar para mim - Qual era o nome desse tal vilão?

Kamari: Rushifa é o nome de vilão, e Buttai é o nome verdadeiro dele, não sei o sobrenome, senhor.

Juiz: Uhum.. é bem visível que ele matou o herói dos ventos, o Chinki, então nem vamos comentar sobre isso, e antes que você pergunte qualquer coisa, sim.. ele vai receber o tratamento necessário e em breve será posto em autópsia e depois será organizada alguma cerimônia pela própria família dele. - ''... Mestre... eu vi o senhor morrendo.. não vou deixar que isso aconteça com outra pessoa... por isso me assista.. me assista provar minha inculpabilidade e me tornar uma heroína..'' - Agora as perguntas sobre seus crimes registrados. - anunciou enquanto organizava novos papéis sobre seu púlpito - Primeiramente.. nos foram enviadas fotos de um cadáver que analisaram na autópsia com feridas e marcas de destruição feitas por garras ou algo parecido, estas são as fotos, reconhece esse corpo? - perguntou pegando três papéis e me mostrando-os, e logo que identifiquei a figura, abaixei minha cabeça.

Kamari: .. Sim, Meritíssimo.. o nome do cadáver é Alex, e ele era um dos funcionários do Rushifa.. - disse ainda mais melancólica.

Juiz: A senhorita sabe como ele morreu?

Kamari: Sim.. eu e toda a Liga dos Vilões... fui eu que o matei.. - após minha frase, uns longos segundos de silêncio se passaram.

Juiz: ... Hm.. tá... E você sabe me dizer o porquê de ele ter morrido..? - questionou num tom mais furtivo.

Kamari: .. Sim.. antes do assassinato, o Rushifa havia me implantado um chip que liberava adrenalina no sangue, e esse hormônio me faz perder o controle sobre minhas ações e me deixa bem susceptível a reações muito agressivas por causa do meu DNA principal da minha individualidade.

Juiz: Tá.. mas aproveitando essa deixa, vou perguntar outra coisa que talvez tenha a ver com esse tal chip ou não.. Sobre o massacre em Dëka, foram coletadas algumas fotos nas quais foram vistas sombras de cores escuras, sabe a origem dessas sombras e.. a origem do massacre?

Kamari: Sim, Meritíssimo, fui eu também. - confessei bem mais decidida do que falava, ação que causa um pouco de estranhamento no togado.

Juiz: ... Em plenitude e justa ação.. a senhorita realmente confessa ter matado mais de cem pessoas a sangue frio durante uma guerra de facções?

Kamari: .. Sim, senhor Meritíssimo. - disse ainda mais confiante, e uns segundos de silêncio se passaram.

Juiz: Por favor.. mande chamar o primeiro réu. - ordenou ao segurança ao seu lado esquerdo enquanto mantinha seu olhar meio desconfiado mirado em mim, e logo de uns tempinhos, o guarda volta com o primeiro réu.. o qual reconheci bem...

Kamari: Al? - exclamei surpresa, e então ele olhou pra mim.

Al: Mitsubuji? - perguntou no mesmo tom que eu.

Juiz: Conhece esse vilão?

Kamari: Sim sim, ele era o porteiro da base do Rushifa, e se não me engano, também ajudava com outras coisas tecnológicas. - expliquei com naturalidade.

Juiz: Ah.. Senhor Al.. sabe de alguma coisa sobre o chip de adrenalina da senhorita Mitsubuji? - perguntou olhando para o vilão cartoonesco.

Al: Sei melhor do que ninguém, fui eu que fiz. - falou quase se gabando, o que me fez pensar que ele se esquecido de que estava num tribunal.

Juiz: E como funciona esse aparelho então?

Al: É bem simples, quando o chip recebe um sinal de rádio de 3 quilohertz, uma pequena válvula nele é aberta, liberando uma carga do hormônio que é contido dentro dele, por isso o chip foi inserido no corpo dela.

Juiz: Então.. pode nos mostrar onde ele está exatamente?

Al: Infelizmente dessa parte do plano eu não participei.

Juiz: Então como quer que a Mitsubuji seja... aliás.. por que está confessando tudo isso de tamanha prontidão..? - questionou ainda mais duvidoso.

Al: Porque eu não iria conseguir achar uma desculpa para acusá-la de matar o Alex a sangue frio, o que eu iria dizer? Que ela o matou só pra testar o quão afiadas as garras dela estavam? - perguntou num tom bem desleixado, o que deixou o Meritíssimo desconfortável.

Juiz: Certo... sabe que se não encontrarmos nenhuma evidência desse tal aparelho no corpo dela, você vai ter sua ficha criminal até o fim da folha, fora que as únicas penalidades que podemos te dar é ou pena de morte ou prisão perpétua não é? E somente se você não estiver mentindo, vamos te prender perpetuamente.

Al: Ah, não se preocupa não, Meritíssimo, eu aprendi a não mentir pra não acabar como o Alex.

Juiz: Como é? Então o Alex foi morto pela Mitsubuji através do chip porque mentiu?

Al: Não, ele foi condenado a morte pelo Rushifa porque ele se empolgou demais com o mal que deveria fazer pra Mitsubuji quando cortou as orelhas dela, por isso.

Juiz: ... Entendi.. então pode-se dizer que foi por atentado violento não consentido ao vilão Rushifa?

Al: Basicamente.

Juiz: Tá... podem tirá-lo daqui e trazer o segundo réu. - ordenou em voz mais forte, e então o mesmo guarda sai do palanque - Senhorita.. suas orelhas tem alguma fraqueza ou sinal estranho desde que cresceram de volta?

Kamari: Não, senhor Meritíssimo, só uma pequena cicatriz de linha marrom-clara no interior das minhas orelhas, inclusive, por causa delas, dá até pra dobrá-las pra trás.

Juiz: Hm.. - e então, o segundo réu foi trazido ao júri, e nem sequer eu precisei ver o rosto pra reconhecer, foi só pela voz.

Ishi: Me solta, seu desgraçado!! Eu tenho meus direitos tá!?! - ouvi uma voz feminina bem raivosa e uns sons de batidas no chão, ''Ai ai.. tinha que ser...''

Juiz: (suspiro cansado).. Me perdoe pela próxima réu.. - falou pondo a mão na testa e fechando os olhos.

Kamari: Tá tudo bem, eu reconheço ela também.

Juiz: Ótimo.. assim vai ser mais fácil de controlá-la. - e assim.. a mulher de cabelos azulados-escuros e curtos, máscara natural também escura ao redor de seus olhos, e usando uma camisa de força por cima de seu traje justo de cor preta aparece finalmente no júri.

Ishi: E aí, velhote!? Me explica o que eu tô fazendo aqui nesse tribunal de m---a!! A essa hora eu deveria estar dormindo, mas não.. estou acordada aqui e sentindo esse cheiro de...!!! - o togado a interrompeu bem na hora.

Juiz: Estamos aqui pro julgamento da senhorita Kamari Mitsubuji.. - disse bem sem paciência e apontando pra mim com sua mão.

Ishi: Hã? Kamari? - questionou e em seguida olhou para mim - Ah, e aí, menina, eu conheço ela.. Ah é.. eu conheço ela.. Do que vocês, seu sujos, querem acusar a Kamari, hein hein hein!?!? - voltou a gritar como se não houvesse amanhã e até suando um pouco de tanto forçar.

Juiz: (suspiro)..

Ishi: Não suspira pra mim e responde a pergunta, ô caquético!!!

Juiz: É o seguinte.. o Al acabou de sair, mas antes ele disse umas coisas sobre um chip que liberava adrenalina no sangue da Mitsubuji, e que ele foi planejado pelo Rushifa e criado pelo Al, isso é verdade?

Ishi: Pff, é lógico que é, acha que uma adolescente menor de idade iria matar aquele tanto de gente só por diversão? Vocês são bestas demais.. - disse num tom normal, mas ainda carregando desgosto em sua voz.

Juiz: Sabe me dizer onde ele está localizado?

Ishi: Num lugar aí perto do pescoço dela, não lembro de mais tanta coisa sobre esse chip não, só me lembro daquele facínora do Rushifa me usando pra transportar ele e a Kamari pro laboratório daquele doutor velho pra ca--te que pegava sangue da menina pra fazer uns bicho bizarro.

Juiz: Pera aí, como disse? - perguntou bem surpreso com as informações recém-dadas.

Ishi: Tá surdo é..?

Juiz: ... Vamos pular essa parte por enquanto.. mas depois que terminar sua sessão, você vai pra um interrogatório conversar sobre isso.

Ishi: Se você e seus vigias noturnos me deixarem dormir pelo menos até amanhã de tarde eu conto pra vocês até sobre a minha primeira vez. - ''Credo..''

Juiz: Não é pra tanto, é só sobre esse doutor e as experiências com sangue, nada além disso, pode ser?

Ishi: Com meu sono garantido eu falo tudo, eu quero mesmo é que o Rushifa, mesmo morto, se ferre bonito.

Juiz: Muito bem. Mas.. sobre o chip então.. mais nada?

Ishi: Só quando eu estava em Dëka matando um pessoalzinho junto com a Liga, e vi o vagabundo do Rushifa usando um controlezinho com antena pra ligar o chip, só mais isso.

Juiz: Tá bem, podem liberá-la e trazer a última réu.

Ishi: Ouviu né, ô cara pálida?! Me solta ou eu te estraçalho com as presas que o sangue da Kamari me deram!! - o guarda, ignorando os insultos e ameaças, levou a adulta novamente.

Juiz: Deixe esses assuntos para o interrogatório.

Ishi: Vai pastar!!

Juiz: Aliás.. você também vai pro questionário, senhorita Mitsubuji, como envolve você como objeto principal.

Kamari: Tudo bem, Meritíssimo, responderei o que for preciso. - e depois de uns segundos, a última réu é trazida para o palanque.. mas.. a presença dela mais me encantou do que qualquer outra coisa.. já que fazia tempo que não a via..

Juiz: Então.. o nome da senhorita é Hi, não é?

Hi: Sim, por q...? - interrompeu sua própria frase ao me ver, e então pude notar um brilho enorme em seus olhos - Kamari! Oi, Kamarizinha! Que bom te ver.. eu tava com muita saudade. - disse muito feliz e com um sorriso bem proeminente.

Kamari: Hmp, oi, Hi. - correspondi o sorriso.

Juiz: Pois bem.. Hi, a senhorita sabe algo sobre o chip de adrenalina que aparentemente está implantado na Mitsubuji?

Hi: Sei sim, o Al que fez, mas o Rushifa que mandou-o fazê-lo, e.. alguém já contou como ele funciona e tal?

Juiz: Sim, só queremos comprovar a existência desse aparelho.

Hi: Ah? Vocês duvidaram das explicações da Kamari por quê? Ela é muito dedicada aos heróis pra simplesmente matar qualquer um que mandem. O chip está na parte inicial do trapézio esquerdo dela, e se alguém me der alguma coisa cortante eu posso até tirar o chip se quiserem.

Juiz: Ei ei ei.. não sabemos se você tem segundas intenções com isso.. - falou num tom mais sério.

Hi: Ela é minha amiga, eu nunca machucaria ela, e digo mais, por causa desse chip, ela foi obrigada a matar o Alex e cometer o massacre em Dëka, e ela ficou tão mal com isso que começou a morder e tentar machucar suas mãos toda hora, por isso que elas estão bem mais enfaixadas do que o resto do corpo dela, tudo culpa do Rushifa, não ponham a culpa na vítima dos atos dele. - me defendeu orgulhosamente, e eu.. a mirei com muita gratidão..

Juiz: Hm... oficial.. empreste sua navalha pra ela e solte-a, mas fique pronto pra qualquer movimento.. - o policial então concordou e tirou uma arma de choque e sua navalha do bolso, para então soltar as algemas da hiena e entregar a lâmina a ela, que vem caminhando normalmente até mim, mesmo com todos os guardas mirando suas armas para ela.

Hi: Desculpa, isso vai doer um pouquinho.

Kamari: Sem problema... e obrigada.. - falei a última frase sussurrando, e como resposta, a de cabelos brancos me regala um sorriso generoso e uma piscada de olho, e logo em seguida ela foi passando cautelosamente a lâmina em minha pele bem onde estava o chip, e depois de abrir o tecido, retirou o aparelhinho com os dedos.

Hi: Prontinho, aqui ó. - mostrou o aparelho para o juiz, quem mandou a menina se aproximar para entregá-lo o chip, e quando o senhor o pega, ele o observa bem atentamente.

Juiz: Então.. esse negocinho amarelo aqui é o depósito de adrenalina?

Hi: Sim, e ele se estende até todo o meio do chip.

Juiz: Certo... Muito bem, Hi, obrigado pelo depoimento, agora pode voltar. - e então ela vai novamente até o guarda e é algemada, para logo ir embora novamente - Bom.. considerando que esse chip se localizava bem num local praticamente sobre a artéria aorta, é muito mais plausível agora de verificarmos sua ficha limpa sobre os assassinados, já que a culpa foi do vilão que te obrigou a ter isso no corpo, porém... não podemos ignorar as mãos sujas por causa dos assassinados.. por isso.. você não sairá daqui impune. Por causa do vilão Alex, que foi morto por suas mãos ainda tendo com ele uma família viva e ativa no governo, você deve indenizá-los pela morte do membro com uma quantia de 700.000 ienes, e não importa quando você vai conseguir pagá-los, somente carregue essa dívida como parte de sua redenção pelos seus crimes e tenha a chance de pagar por eles..

Kamari: .. Sim, senhor Meritíssimo, prometo que pagarei a eles o preço que causei pela perda do Alex.

Juiz: Muito bem, e pelas evidências que coletamos e coletaremos.. a sua prisão foi anulada, mas sua dívida de 700.000 ienes prossegue até que a família do próprio Alex venha a mim para testemunhar o pagamento.

Kamari: Entendido, Meritíssimo.

Juiz: Com isso.. caso encerrado. - terminou sua fala batendo seu martelo na base de madeira em seu púlpito, e com isso, eu dou um suspiro de alívio por finalmente ter saído daquela tensão toda. E logo após isso, o guarda que me segurava retira minhas algemas.

Policial 1: Kamari Mitsubuji e Shoto Todoroki, podem vir, vou levá-los para a U.A.

Kamari: Ah, só mais uma coisa. Meritíssimo, como vou entregar o dinheiro pra família do Alex se nem os conheço ou sei onde moram?

Juiz: Não se preocupe, eu vou contatá-los e então os mando encontrar você, mas somente assim que você avisar para mim, melhor.. para o Eraser Head que tem o pagamento.

Kamari: Tudo bem, obrigada, Meritíssimo. - agradeci fazendo uma reverência me curvando um tanto, e logo após passo a seguir o guarda junto com o bicolor, que ficou ao meu lado enquanto saíamos do júri, mas de repente, quando estávamos mais perto do carro, uma tontura bem forte começa a bagunçar minha cabeça, e fazendo com que eu retarde meu andar - .. Shoto.. eu.. não me sinto bem.. - falei meio desnorteada e com minha visão ficando turva, e logo sinto braços me segurando pelas costas e pela barriga para que eu não caísse.

Shoto: Kamari, o que houve? Consegue reagir ainda? - após suas frases ditas em voz preocupada, não pude ouvir mais nada, porque minha audição estava abafando todos os sons ao meu redor e me fazendo ouvir claramente só as batidas lentas do meu coração e um zumbido, até que eu fui fechando minha vista.. e fechando.. e fechando.. até que desmaiei..


*(Dia seguinte... Ao amanhecer...)*


  Quando recobrei minha consciência interna, meus cinco sentidos começaram a voltar, primeiramente, senti um frio considerável, depois comecei a ouvir um som que parecia uma máquina operando, mas só as vibrações dela, e logo em seguida comecei a abrir meus olhos e ver um ambiente azulado e bem iluminado.

Kamari: .. Hm? .. Onde eu... - me interrompi, pois percebi que estava falando com uma voz mais abafada - Ah? O quê que...? - desta vez.. fui interrompida.

Recovery Girl: Olá, querida. - falou gentil como sempre e entrando pela porta de entrada de sua enfermaria junto com o Shoto, mas sua aparição repentina me fez levar um pequeno susto.

Kamari: Ah, olá.

Recovery Girl: Presumo que esteja se perguntando o porquê de você estar aqui, certo? - disse ficando ao lado da minha maca.

Kamari: Am.. sim, mas só me lembro de ter desmaiado.

Recovery Girl: Olha.. é algo meio complicado de dizer.. mas... ok, vamos começar do início. Os seis meses que você passou sequestrada e com os vilões fizeram muito mal pra sua saúde física e mental, principalmente mental. - ''Ah tá, isso eu sei'' - Você está muito abaixo do peso e seu organismo está se debilitando bastante porque.. durante os exames químicos, identificamos mais de quatro tipos de substâncias médicas no seu corpo, você não come há quanto tempo? - disse bem preocupada.

Kamari: A última vez foi... há dois meses.

Recovery Girl: Imaginei.. Então como você ainda está viva com isso?

Kamari: O vilão responsável pelo meu sequestro percebeu que eu não comia depois de uns acontecimentos que houveram que estragaram minha mente, e então parou de me dar comida de verdade e passou a me alimentar de remédios e suplementos, foi assim que comecei a ficar cada vez mais fraca.

Recovery Girl: Entendo, mas agora você sabe a urgência de ter uma alimentação baseada em alimentos reais, por isso terá de tentar comer agora ou poderá acabar com seu organismo, mas não coma muita coisa de uma vez, vá comendo coisas mais nutritivas de pouquinho em pouquinho.

Kamari: Sim, senhora Recovery. - após minha fala, eu senti meu corpo meio tenso, então fui me espreguiçar aplicando o DNA do Gato para me flexibilizar mais, mas quando fiz isso, minha coluna e os músculos mais próximos dela começaram a doer muito, e inclusive estalei minhas costas sem querer - Ai! Ai ai.. caramba.. - exclamei dolorida e passando uma mão nas costas e voltando a ficar meio curvada.

Shoto: O que foi, Kamari? - disse mais alarmado e vindo até a borda da cama.

Kamari: Que estranho.. eu só ia me espreguiçar usando a flexibilidade de  um gato e do nada minhas costas começam a doer, e doer muito.. - falei estranhada, e logo percebo que a senhora ficou com uma feição mais abatida.

Recovery Girl: .. Era isso que é difícil de te dizer, minha jovem.. - disse num tom mais tristonho - Acontece que.. ao analisar os seus declives mentais e de saúde, juntando com cada vez que você usava seu dom sem ter forças pra isso.. digamos que a corrente que une todos os genes do seu dom murchou e.. por agora você não tem mais a sua individualidade.. - quando ela disse aquilo.. meus olhos se abriram um pouco mais e senti como se meu cérebro tivesse congelado - Sinto muito, querida, mas até que haja expectativas da volta do seu dom, você terá que treinar mais suas condições físicas e, em hipótese alguma, tente manifestar algum traço da sua individualidade ou poderá ficar com sérios machucados. - com esse último aviso, mirei meu olhar para baixo com um ar totalmente devastado, mas.. eu ainda tinha uma derradeira pergunta..

Kamari: Então... não posso nem ao menos manifestar meus DNA's principais fisicamente..?

Recovery Girl: Bom.. isso eu já não tenho resposta, mas considerando que os seus animais principais são mais do que somente DNA's no seu sangue, creio que não haverá problemas, mas ainda sim.. tente evitar para não terem maiores riscos, tá bom..?

Kamari: .. Sim, senhora.. - falei num tom mais choroso, mas me contendo para não chorar, e acredito que a médica notou isso.

Recovery Girl: Enfim.. vou liberá-los agora, e.. que bom que voltou, minha jovem. - tentou falar sorrindo um pouco na última frase, mas reparei que a melancolia era bem maior do que sua realização, apesar de seu sorriso ser sincero.

Kamari: Obrigada, Recovery.. - disse sentindo minha garganta fechar, e logo mais desci da maca.

Shoto: Muito obrigado, Recovery Girl. - agradeceu fazendo uma reverência, e então nós dois saímos da sala - Vamos pros dormitórios, você precisa descansar a cabeça. - disse bem compreensivo e pondo sua mão em meu ombro, e uns segundos depois, com nós dois andando até o prédio, e comigo me contendo pra não liberar uma lágrima sequer com muito esforço, chegamos aos dormitórios, e quando abrimos a porta, vimos todos da turma virados pra entrada.

Iida: Am.. bom.. enquanto você não estava acordada, recebemos o relatório da Recovery Girl.. - falou um pouco mais triste do que de costume.

Sero: É, e.. sentimos muito pela sua individualidade.. - disse passando sua mão atrás de sua nuca.

Izuku: É realmente uma pena porque.. era muito potencial, mas.. a Recovery Girl também disse que seu dom pode voltar com o tempo. - terminou sua frase sorrindo um pouco.

Ochako: Verdade, tem esperanças pra isso, mas agora.. você precisa cuidar mais de si mesma e do seu corpo.. é meio que... uma aposentadoria. - falou tentando me animar e gesticulando levemente com as mãos enquanto sorria.

Kirishima: Então.. por favor.. conta com a gente pra te ajudar, tá? - disse gentil e abrindo um pouco seus braços, parecendo um gesto de abraço, mas com isso.. eu não aguento mais.. e uma lágrima escorre do meu olho esquerdo, e quando noto isso, rapidamente a seco com meu punho.

Kamari: ... Me desculpem.. mas.. eu não estou com pique pra isso agora.. - falei com pesar e numa voz lastimosa, e então, o de cabelos ruivos apaga seu sorriso e desce seus braços ao lado do corpo.

Kirishima: Oh.. tudo bem... Todoroki.. cuida dela tá..? A gente.. a gente entende.. - disse com outro pequeno sorriso complacente, e então o Shoto começou a me guiar para o elevador.

Shoto: Tá bem.

Mina: Fica boa tá, maninha? - falou um pouco mais alegre do que o que a maioria parecia expressar, e quando o bicolor e eu entramos no ascensor e começamos a subir, comecei a emanar pequenos soluços, me segurando para lacrimejar novamente.

Shoto: Kamari, para de se conter assim, você sabe que não é bom. - disse pesando um pouco mais sua mão em meu ombro.

Kamari: .. É que.. aqui não é um bom lugar... - após minha frase, o bicolor não disse mais nada. Quando chegamos no quinto andar, o Todoroki finalmente diz algo.

Shoto: Você.. vai querer ir pro seu quarto ou pro meu? - naquele instante, se eu falasse qualquer coisa, minhas lágrimas sairiam sem dúvida, então somente me contentei em apontar pra porta do meu quarto, a qual estava aberta, e quando entramos no cômodo, o bicolor fecha a portada, e eu, quase que com pressa, vou pra minha cama para me sentar lá, e então abraço de leve meu torso e me curvo um pouco pra frente, para aí sim.. liberar meu choro.

  E por causa que estava com meus olhos fechados, não conseguia ver o que se passava, mas depois de uns segundos que estava chorando, ouvi sons leves de passos vindos até mim, e logo em seguida, o barulho do lençol da minha cama sendo pressionado, até que sinto um toque em minhas costas baixas e nas laterais das minhas pernas, além de que também percebi algo cercando minha cintura, e quando me aticei a ver o que era, percebo que o Shoto estava sentado atrás de mim, me fazendo estar entre suas pernas e me abraçando pela cintura, mas logo em seguida, ele acerca seu rosto do meu e começa a me dar pequenos beijos na bochecha.

Kamari: .. Ah.. Shoto... para de.. hm... - falei um pouco molesta, já que não esperava esse ato, mas fui interrompida por ele, que segurou meu rosto com uma mão e o virou para si, para então me amparar levemente nos lábios por uns segundos, e quando ele separou seu rosto do meu, nós nos observamos, eu com um pouco de pasmo, e ele com uma plena admiração.

Shoto: .. Eu esperei muito tempo pra isso, e não vai ser agora que vou parar... - disse numa voz mais direta, e depois ele volta a me beijar nos lábios, ''É.. nota-se que ele esperou muito tempo...''. Após outros segundos, nós nos separamos, só que desta vez eu não achei tão incômodo assim - (suspiro).. Desculpa.. é que... eu não conseguia mais segurar, há muito tempo antes de você ser sequestrada até mesmo pela primeira vez, eu queria dizer que te amava, mas.. por algum motivo nunca consegui, mas.. agora eu acho que.. está tudo bem eu... demonstrar isso... ... pelo menos acho.. - decaiu o volume de sua voz na última frase, e isso de certa forma me fez ficar meio mal - Enfim... lá no tribunal, aquela última mulher que se apresentou como réu disse que você tentava machucar suas mãos... qual o porquê exatamente dizendo? Sei que foi por causa do que aconteceu e tal mas... por quê?

Kamari: ... É que... eu não consigo mais ver as minhas mãos limpas depois que matei o Alex.. - falei soturna e mirando as palmas das minhas extremidades enfaixadas - .. Elas.. pra mim.. sempre estão sujas... porque tudo o que eu fiz foi sujo... e.. ainda mais porque.. traí a mim mesma.. e a vocês todos... - voltei a soluçar por causa do pranto, até que o bicolor simplesmente segura minha mão esquerda e a acarinha levemente, até que ele, com sua outra mão, põe a ponta do seu indicador debaixo de uma faixa meio solta nas costas da minha extremidade.

Shoto: .. Posso?

Kamari: .. Am.. pode.. - e logo da minha concordância, o heterocromático começa a retirar as bandagens em minha mão, até a descobrir totalmente, deixando-o ver todas as cicatrizes de cortes que fiz enquanto junto com os vilões. Após mirar as marcas por uns instantes, o bicolor entrelaça seus dedos nos meus e acerca minha mão de seu rosto, para então dar um pequeno beijo em minha extremidade.

Shoto: ... Essas cicatrizes não pertencem a você.. - falou numa voz bem mais profunda, que quando a ouço tão perto da minha orelha, um pequeno arrepio me percorre o corpo.

Kamari: .. Como não..? Fui eu quem as fez..

Shoto: Sim, pode até ser, mas... elas não deveriam ter sido feitas.. você não tem a culpa de nenhuma morte que causou..

Kamari: .. Mesmo que.. eu tenha... me familiarizado lá...? - questionei lagrimejando novamente.

Shoto: Hm? Como assim?

Kamari: Eu... e-eu.. fiz uma pequena amizade com umas pessoas por lá... porque eles me ajudaram... a própria Hi é um exemplo.. - ''... Assim como seu irmão...''

Shoto: .. Bom.. sobre isso eu já não tenho controle.. mas... fica tranquila, Kamari.. - ''.. Hã..?'' - Eu te entendo.. não tem como levar a mal uma pessoa que te ajuda, ainda mais numa situação complicada como aquela, aliás... você aceitou o suporte deles e gostou disso.. e não entrou em seus planos, nem armadilhas, nem ideais... isso é o mais importante, Kamari.. e você não o fez por ser uma boa pessoa.. que ajuda ao mesmo tempo que é um ótimo exemplo... então... não se sinta culpada por isso.. - ''.. Ele... ele não me julgou.. por nada do que eu disse...''. Quando me toquei disso em seguida de sua fala tão.. confortável.. desta vez fui eu quem não aguentou mais, e me sentei de lado sobre a coxa do Todoroki e rapidamente segurei seu rosto, para dá-lo um beijo nos lábios tão apaixonado quanto o que ele me regalou há poucos minutos. Depois de uns curtos segundos daquele contato, senti que o heterocromático prontamente correspondeu o ósculo movendo seus lábios primeiro e também segurando de leve meu rosto.

Pavão: Hmp.. isso é fofo.. - disse docemente.

Pensamentos de Kamari: ''Também acho, Pavãozin... eu queria muito isso..''

Pavão: Tá, mas não se empolga demais

Pensamentos de Kamari: ''Ah é'' - e ao notar o tempo em que o Shoto e eu estávamos daquele jeito, eu me separei dele, e percebendo o quão ruborizada fiquei, imediatamente recostei minha cabeça no torso do Todoroki e permaneci em silêncio por uns segundos.

Kamari: ... Senti muita saudade, Shoto.. - falei num tom mais sereno e aumentando meu rubor consideravelmente, e logo vejo que o bicolor me cerca com seus braços.

Shoto: Eu também, Kamari.. - respondeu numa voz aprazível.

Kamari: Aliás.. cadê o Toby?

Shoto: Ele sai às vezes, mas mais ou menos na hora do café ele volta, ou a partir da sala, ou na sua janela.

Kamari: Ah.. - e não deu nem um minuto e batidas à porta foram ouvidas.

Sato: Oi, am.. desculpa atrapalhar vocês mas.. é só pra avisar que o café da manhã já está pronto, tá todo mundo lá embaixo, esperamos vocês, tá? - falou gentil mas meio acanhado, e logo em seguida ele foi embora, aliás.. também peguei as bandagens soltas e as enrolei em minha mão novamente.

Shoto: Então.. vamos? - após sua pergunta, finalmente o mirei diretamente nos olhos e sequei minhas lágrimas.

Kamari: ... Vamos.. - e então o bicolor solta minha cintura para que eu possa me levantar, e o faço, para em seguida o Shoto também o fazer, e logo nós dois saímos do quarto e fomos até o elevador para descer.

Shoto: Kamari.. sei que toda a experiência que você passou nunca vai desaparecer da sua cabeça como conheço você, então.. se você sentir qualquer coisa.. saiba que pode contar comigo a qualquer hora.. o meu papel é te proteger, então não hesite em me falar nada, você não está sozinha.. - disse numa voz tão profunda e cativante que senti meus olhos lacrimejando só de ouvir aquelas palavras... que eram lindas... mas felizmente não chorei mais, e consegui aguentar até chegarmos na sala, onde todos estavam reunidos e tomando seus cafés da manhã.

Kaminari: Oi oi, vocês parecem mais.. mais... bom, melhores do que antes. - falou num tom mais brincalhão.

Ochako: Venham aqui, tem espaço no sofá pra vocês junto conosco. - chamou-nos gentilmente, e então fomos andando pro móvel.

Shoto: Pode ir, tá, eu pego as coisas. - falou em voz baixa se direcionando a mim, e somente concordei com a cabeça e tomei assento ao lado da minha irmã de cabelos marrons.

Mina: Ei.. o que você tá sentindo agora que.. foi resgatada? - questionou pondo a mão em meu ombro de forma bem compreensiva, e mantive meu olhar baixo apesar disso.

Kamari: ... É difícil dizer.. é muita coisa junta pra engolir, mas... eu me sinto muito feliz de finalmente ter saído daquele cativeiro.. muito mesmo.. - disse ainda num tom meio neurastênico, mesmo não sendo minha intenção, mas se não fosse pelo que passei.. era certeza de que eu estaria pulando de alegria até agora..

Kirishima: .. Kamari.. eu te prometo que, como homem, vou te proteger de qualquer coisa que vier, nunca mais vou deixar algo assim acontecer com você de novo.. te juro.. - falou com uma voz encorajadora e esperançosa enquanto se ajoelhava na minha frente e me mirava com aqueles olhos brilhantes e aquele sorriso confiante, ''Hmp.. como resistir a uma carinha dessas..?''. E não deu outra.. comecei a sorrir meio alegrinha.

Kamari: (pequena risada) Calma, maninho.. nem tudo pode ser combatido com barreiras.. - respondi tranquilamente.

Kirishima: Eu sei, por isso quero ser sua barreira pra te proteger o máximo possível, tá? - prosseguiu com seu tom doce.

Kamari: .. Tá.. obrigada, maninho.

Kirishima: Eu que agradeço por ter voltado. - ''... Uma pena que... não posso ser 100% sincera com eles...''

  Enfim... um bom tempo se passou com todos nós tomando café da manhã, e eu realmente acabei comendo coisas bem mais simples e leves para que meu organismo não.. sei lá.. tenha uma convulsão de nutrientes. E também o Toby voltou nesse meio tempo e nunca mais desgrudou do meu ombro, porém... agora.. em plenas 14:00 da tarde.. eu escolhi ficar no meu quarto pra.. ''refletir'' um pouco, e ponho entre aspas porque só queria ficar meio na minha, sabe? Só me desligar pra pensar e matar a saudade do espaço que perdi por tanto tempo... uma cama...

  Só que.. chegou uma hora que não aguentei a nostalgia de uma coisa em específico... por isso fui até a gaveta debaixo da minha cama e peguei meu violino, para então posicioná-lo em meu ombro, não antes de pedir pro Toby descer, é claro.. e nem pensei direito numa música específica, somente toquei uma nota e fui me guiando para qual melodia eu iria tocar..

(No caso, esta aqui:)



Narra Shoto


  Desde o momento em que a Kamari foi pro quarto, eu fiquei pensando se eu ia ou não conversar com ela um pouco.. Quer dizer.. ela está passando por um momento difícil e precisa de ajuda, mas ao mesmo tempo esses problemas são compreensíveis totalmente só por ela, o que é mais uma razão pra ter alguém pra conversar, mesmo sendo meio redundante, mas adequado... enfim.. acho que deu pra entender.

  Mas... eu já tinha uma pequena coisa pra fazer.. uma coisa que deveria ter feito há muito tempo, assim como ter me confessado pra Kamari, mas.. de um outro jeito.. só que pra isso eu precisaria conversar com o Tadashi primeiro, por isso que subi pro meu cômodo e vesti roupas casuais mais simples, mas logo quando saí, ouvi o som do violino da Kamari, e me acerquei mais da porta para ouvir melhor a melodia... uma bela melodia aliás.. ''Bom.. aparentemente ela está melhorando sua mente.. tocar violino a acalma então.. depois que eu voltar e fazer o que tiver que fazer, vou propor pra que toquemos outro dueto, talvez isso a tranquilize''. E pensando nisso, não perco tempo, e já vou para o ascensor descer para a sala, e passando por lá, somente dou umas explicações rasas sobre onde vou e o que vou fazer, para então sair pela porta da frente e tomar rumo pra casa do Hamada.

  Quando chego na porta de entrada, respiro fundo e ajeito um pouco a gola da minha blusa, para então tocar a campainha, e logo mais a portada foi atendida.

Tadashi: Ah, olá, Shoto, como vai? - me recepcionou gentil como é de seu padrão.

Shoto: Boa tarde, senhor Hamada. - o cumprimentei fazendo uma reverência - Vou bem, e o senhor?

Tadashi: Eu estou uma gracinha, obrigado. Mas enfim, o que procura aqui? Não é muito comum você vir pra cá sem a Kamari, e por sinal.. cadê ela? Só recebi o aviso de que os alunos estariam mais ausentes por causa de um acaso que aconteceu na escola, mas.. acho que estão ausentes demais pra serem quatro meses, (pequena risada). - ''Poxa.. demorou dois meses para avisarem a ausência.. mesmo o sequestro tendo ocorrido há seis meses... não posso falar pra ele..''

Shoto: .. É.. ela está nos dormitórios descansando um pouco de.. um treinamento que tivemos agora pouco, e embora eu também esteja meio cansado.. eu vim pra... pra falar sobre algo importante com o senhor. - falei num tom mais austero, o que fez com que o Hamada adquirisse uma feição mais curiosa.

Tadashi: Oh, tudo bem, entre. - me deu espaço para adentrar a casa, e logo ele também entrou e fechou a porta, para então se sentar numa poltrona da sala, e então me sento no sofá fronteiro a ele - Pois bem.. sobre o quê você quer me falar de tamanha importância, Shoto?

Shoto: Am... bem.. é que eu.. eu gosto muito da Kamari desde mais ou menos o começo do meio da nossa vida escolar. - disse meio acanhado, mas fazendo o máximo pra não demonstrar isso.

Tadashi: Me diz uma coisa que eu não sei. - falou rapidamente.

Shoto: Quê?

Tadashi: Nada não, estava falando com os meus botões por um instantinho, mas pode continuar sim. - disse com um tom um pouquinho mais brincalhão.

Shoto: Ah, ok. Enfim.. disse que gosto muito da Kamari e tal, e.. ela tem sido muito importante pra mim também, admiro como ela se porta, o jeito dela, no geral.. sempre reparei bastante nela. E nossa relação como amigos na escola e nos dormitórios, ou até mesmo fora deles em algumas ocasiões, sempre foi muito boa e confortável pra nós dois, ainda mesmo que com só um desentendimento ou outro.. ela continua motivando-nos mutuamente a continuarmos com a convivência que temos. Só que.. de uns bons tempos pra cá.. eu venho sentindo uma certa atração por ela por causa de tudo o que ela me faz sentir e pensar, e ainda mais pensando na maneira que ela me ajudou com o que eu já passei na vida... não tenho como dizer que sinto qualquer outra coisa por ela senão o que já sinto há tempos.. Por isso.. vim aqui pra perguntar ao senhor uma coisa... o senhor.. me autoriza a fazer sua filha, Kamari Mitsubuji, minha namorada? - quando fiz aquela pergunta, confesso que meu coração estava mais acelerado do que eu gostaria, e pela primeira vez em muito tempo não fico tão tenso como agora, ainda mais quando noto que o Tadashi havia feito uma feição mais pensativa.

Tadashi: ... Filho.. antes de te responder, vou te fazer umas perguntas simples. - quando ele disse aquilo, me centrei 100% em tudo o que ele iria dizer, e responderia as questões sem nem pensar duas vezes - Você realmente ama a Kamari?

Shoto: Sim, senhor.

Tadashi: Você confia cegamente nela?

Shoto: Sim, senhor.

Tadashi: Você acredita que nem mesmo os seus problemas ou os que ela enfrenta vão separar vocês dois, não é?

Shoto: Sim, senhor.

Tadashi: Já rolou alguma coisa entre vocês dois antes?

Shoto: Sim, senhor. - ''Opa.. eu devia ter pensado duas vezes pra essa pergunta..''

Tadashi: Jura? O que aconteceu que eu não fiquei sabendo?

Shoto: Ah.. bom.. eu já.. beijei ela uma vez... - confessei mais envergonhado, e logo fiz uma reverência de desculpas - Me perdoe por não tê-lo avisado sobre isso ou que eu queria me relacionar com a Kamari desde antes, por favor, peço que me perdoe.

Tadashi: Opa opa, calma, filho, não é o fim do mundo. - disse mais atencioso e segurando em meus ombros enquanto me levantava - Pelo menos foi só isso, na minha época era pior, direto tinham uns capiau aí que escalava a janela da casa da menina quando os pais estavam fora, mas eu sei que você é um homem de caráter e que nunca faria isso, tudo bem que eu teria gostado de saber isso antes pra poder fazer uma festinha, mas.. está tudo bem já que foi só isso. - falou alegre, o que me confortou instantaneamente.

Shoto: Obrigado, senhor. - ''Festinha..?''

Tadashi: Bom.. e agora a resposta... Garoto.. desde que você me prometa com tudo o que tem.. que irá sempre protegê-la, garantir que ela não terá que ficar ansiosa por nada, nunca deixá-la sozinha, e amá-la ainda mais profundamente do que jamais sentiu.. eu autorizo. Minha filha é o que eu tenho de mais precioso na vida, e nunca jamais gostaria de vê-la sofrendo por nada.

Shoto: .. Sim, senhor Hamada, prometo ao senhor com tudo o que sinto, que farei questão que ela jamais terá de se preocupar com o que estiver ao meu e nosso alcance.. prometo ser quem a Kamari sempre saberá que poderá contar pra qualquer coisa, eu tenho certeza do que sinto por ela, e nunca em qualquer circunstância deixarei de sentir. - após minha resposta, o adulto esboçou um sorriso bem mais satisfatório e orgulhoso.

Tadashi: .. Obrigado, meu jovem.. autorizo com garbo e elegância, inclusive.. até que demorou demais pra você vir me perguntar isso.

Shoto: Sério?

Tadashi: É, desde que vocês dois vieram pra cá eu já tinha cantado essa pedra, mas não tem problema não. - com essa última frase, desta vez fui eu quem sorriu felizmente.

Shoto: Muito obrigado, senhor Tadashi. - agradeci fazendo outra pequena reverência - Prometo que não vou trair a confiança do senhor em mim.

Tadashi: Eu nessa relação não tenho muita participação, se preocupe bem mais com a minha filha, Shoto, mas.. qualquer coisa me avise, pode contar comigo também pra pedir conselhos ou sei lá o quê, muamba.

Shoto: Tudo bem, com certeza falo com o senhor.

Tadashi: Hmp, e por que 'certeza'?

Shoto: .. Porque eu não entendo nada de relacionamentos.

Tadashi: (pequena risada) Ok, ficarei honrado em ser seu professor. - prosseguiu com seu jeito alegre.

Shoto: Obrigado, senhor Hamada.

Tadashi: Ah, aliás, você já falou isso pro seu pai? Porque né.. é importante.

Shoto: Bom.. pra falar a verdade, não falei ainda.

Tadashi: Pois fale, e antes de você pedir pra Kamari, é importante ter a aprovação dos dois lados.

Shoto: Certo, vou fazer isso. E bom.. acho que já terminei de falar tudo o que queria falar, obrigado pelo seu tempo.

Tadashi: Ah, quê isso, faço de graça. Vou te acompanhar até a porta. - e então, nós dois nos levantamos dos assentos e fomos até a portada, a qual o Tadashi abriu.

Shoto: Eu realmente agradeço muito ao senhor por ter me autorizado, isso é muito importante pra mim.

Tadashi: Sei bem disso, e também vai ser muito importante pra Kamari. (pequeno suspiro).. Só de pensar que a minha filha vai ter alguém sempre ao lado dela por um vínculo tão forte.. já quase choro.. nem quero imaginar quando ela se casar.. vou encher a Cantareira. - disse mais sensível, mas de um jeito cômico.

Shoto: (pequena risada) Ok. Mas enfim.. obrigado novamente, senhor Hamada, e tenha um bom dia. - me despedi com uma reverência e andando mais para longe.

Tadashi: Eu que agradeço a visita, até mais.

Shoto: (suspiro) Bom.. uma parte já foi, mas acho que.. antes de eu ir falar com meu pai, vou voltar pros dormitórios um pouco, pra ver como a Kamari está. - e então.. saí a caminho dos dormitórios. Mas durante a caminhada... pensando um pouco mais no que o Tadashi me disse sobre as minhas promessas pra Kamari, achei que já deveria pô-las em prática de forma mais simples antes de eu fazer o meu pedido. E por coincidência, quando andava perto de um parque, avistei uma placa de chão que nela estava escrito 'You're loved. Take a rose', e no espaço de fechadura entre a plaqueta havia um buquê de rosas, e vendo isso, não pensei duas vezes antes de pegar uma das flores, ''Talvez eu possa dar pra Kamari quando chegar.. dependendo de como ela estiver...''

  Quando cheguei no prédio, passei pela sala cumprimentando algumas pessoas, mas subi meio apressado para o 5º andar, e quando fui até o fim do corredor, bati levemente à porta do quarto da Mitsubuji, mas escondendo a rosa atrás de mim.

Kamari: Entra.. - ouvi-a falar numa voz chorosa e soluçando um pouco, o que me faz ficar bem preocupado. E então, quando abri a porta, notei que o quarto estava bem escuro, e que o que me fazia ver alguma coisa era a luz do começo da tarde que passava pela porta da varanda, cujas cortinas estavam fechadas além da própria portada, e foi por causa dessa iluminação mórbida que vi a Kamari deitada na cama, encolhida e virada de costas pra entrada do cômodo, além de que o Toby estava dormindo sobre o piano, só que.. a Kamari estava chorando bastante, não digo que alto, mas também não digo que era baixo.

  E quando vejo essa cena um tanto.. pesada, fecho a porta atrás de mim e vou andando mais vagarosamente até ficar ao lado da cama.

Shoto: .. Am... Kamari.. - a chamei em voz baixa, e então ela virou um pouco sua cabeça para me ver, me fazendo mirar aquela expressão tão melancólica que me fazia me sentir meio mal.

Kamari: Ah.. Shoto.. (soluços).. - falou num tom lamentoso, e então me sentei na borda do colchão e pus minha mão vaga sobre seu ombro.

Shoto: Por que você tá chorando..?

Kamari: .. É que.. (soluços)... eu não sou nada.. - nessa frase, minha expressão se tornou uma mais questionadora.

Shoto: Como assim? - perguntei mais preocupado com seu estado.

Kamari: .. Sem a minha individualidade.. eu não sou nada... - ao dizer aquilo, ela parou de me mirar e apoiou sua cabeça no leito novamente.

Shoto: Não.. não é assim que... - fui interrompido.

Kamari: Sem o meu dom.. eu não sou nada! - falou num tom muito mais forte, o que de certa forma me aterrou bastante, e logo de sua fala, ela começou a chorar ainda mais forte. Vê-la naquele estado me entristeceu muito, tudo bem que eu sabia que tudo aquilo era por causa de todas as experiências que ela passou, mas... ver quem você ama num estado mental tão deplorável ao ponto de ela se martirizar e se sentir culpada por algo que nem foi influência dela.. é algo bem.. difícil de engolir.

Pensamentos de Shoto: ''.. Talvez.. ela não aceite tão facilmente a flor mas... vou tentar pelo menos um pouco..''

Shoto: .. Kamari, me responda uma coisa.. o que você era somente com seis meses de vida?

Kamari: .. E-eu.. era um bebê.. por que a.. (funga) pergunta..?

Shoto: Pra te mostrar que, mesmo antes da sua individualidade ter aparecido, você ainda sim era a mesma mulher, a mesma Kamari Mitsubuji que sempre foi cercada de pessoas que a amam.. a mesma.. pessoa que eu amo.. - falei a última frase numa voz mais baixa e desviando meu olhar da Kamari.

Kamari: Não faz diferença, Shoto.. mesmo que eu continue sendo a mesma.. não muda o fato de que eu perdi minha individualidade... e pior... eu estou sendo a Kamari que nem sequer tem forças pra matar uma mosca porque.. (soluços fortes)... porque minha individualidade me formava!!

Shoto: Você é importante com ou sem individualidade. - disse num tom mais forte.

Kamari: Mas é só pra vocês..! Eu não posso contar só com a aprovação de vocês..! Eu.. preciso salvar vidas, e isso não inclui (funga).. não inclui somente umas pessoas ou outras... compromete até o país inteiro se necessário.. e tudo isso depende da minha individualidade, cuja não existe mais em mim!! - falou ainda mais fortemente, não sei dizer se por raiva ou por tristeza.

Shoto: Você sabe que a perda do seu poder foi por causa do que os vilões te fizeram, então pare de se acusar de algo que você não fez. - nessa minha fala, me vi obrigado a aumentar levemente meu tom, somente para ter mais presença na conversa.

Kamari: Eu sei, mas.. e-eu.. eu não consigo tirar da minha cabeça tudo o que eu perdi, entende..? Tudo o que foi arrancado de mim permanece na minha cabeça como culpa, não tenho como evitar isso de acontecer, Shoto, não tem..! Agora.. o que você mesmo faria se estivesse na minha pela há exatos seis meses..!? Sequestrado, retirado de quem ama, sujeito às mais diversas torturas, e consequentemente sendo torturado mais de uma vez por quem você também vai adquirir certo senso de familiaridade.. mas nem podendo falar pra ninguém sobre isso porque senão vão achar que você é um traidor..!? E que ainda por cima.. quando é resgatado finalmente depois de quase um ano, perde toda a sua capacidade de ajudar outras pessoas como um herói por algo que você deixou acontecer..?! Como você se sentiria no meu lugar, Shoto Todoroki!? - nessa fala.. eu tive a certeza de uma raiva em sua voz, e.. quando ouvi aquilo, um certeiro desânimo se abateu sobre mim, mas.. no fundo eu sabia que ela não sentia o que falava... ou... pelo menos eu acho..

Shoto: ... Não tenho como me pôr no seu lugar.. mas... é possível que você imagine o que passei com sua ausência..

Kamari: Sim, eu sei.. você ficou triste que nem todo mundo, e aí..? - ''.. É realmente raiva...''

Shoto: ... Tem mais coisa do que isso.. você sabe.. o sentimento de solidão... a sensação de estar incompleto.. porque eu tenho certeza de que você sabe o que sentiu sem mim, e eu.. senti o mesmo... - falei a última frase deslizando minha mão pelo braço da heterocromática até segurar de leve sua mão - Sei que você passou por coisas muito piores do que eu em questão física e mental mas... não descarta cada hora que orei insistentemente para que te achássemos, e ainda mais.. para que o Aizawa nos permitisse entrar na busca...

Kamari: Hã..? O.. o professor não.. tinha autorizado desde o início..? - perguntou num tom mais brando.

Shoto: Não... só no quarto mês que não tínhamos encontrado quase nenhuma pista.. só ali que comecei a ter mais esperanças... só naquele momento que... comecei a crer que você voltaria.. Eu sofri, porque meus sentimentos por você são muito reais.. te asseguro disso.. e... confesso que ainda não acredito que você voltou.. mesmo te vendo.. te sentindo.. e te tocando... e isso porque... no terceiro mês, todos da U.A, junto com a escola Shiketsu, estávamos ajudando na reforma da escola, e quando voltei pro meu quarto no fim da tarde mais ou menos.. uma ilusão da Camie com a sua aparência me apareceu, e explicou que ela só queria me fazer matar um pouco a saudade porque a Camie me achou meio estranho enquanto na obra.. então... não sei porque não tiro a palavra 'ilusão' da cabeça.. mesmo sendo tudo real... - terminei de dizer aquilo num tom bem mais tristonho do que gostaria.

Kamari: ... Shoto... não quero desmerecer o que você sofreu.. mas... (pequenos soluços).. é só que.. não dá, Shoto... eu não consigo conviver com isso.. e até cheguei a... - se interrompeu por uns segundos, para então voltar a chorar mais forte - Mesmo com tudo o que amo... não consigo superar nada.. nada nada nada... eu sou mais pesada que eu mesma... e.. vocês não devem ficar sobre mim... - ''... Realmente.. não adianta...''

Shoto: .. (suspiro profundo).. Bom... já que não consigo dizer o que queria... espero que essa flor o faça.. - falei deixando a rosa do lado que ela estava virada no colchão, e logo saí da borda da cama para andar até a porta e abri-la um pouco - Ah.. e não pense que não vi o prato do seu almoço em cima da mesa. - quando falei aquilo, foi mais no sentido de avisar do que ser arrogante, já que.. pelo que a Recovery disse, ela não comia há muito tempo, então.. me preocupei. Mas de qualquer forma, terminei de sair do quarto e fechei a portada atrás de mim, para então andar meio devagar pelo corredor, suspirando um pouco e passando as mãos em meu rosto - (suspiro)... O que eu faço agora..? Me fala como eu conserto isso, Deus...


Narra Kamari


Pensamentos de Kamari: ''.. Uma... uma rosa... ele.. mesmo depois de tudo ele... me deu isso... ... ele... não me abandonou... em momento nenhum...'' - quando percebi isso, rapidamente me desencolhi e peguei a flor com cuidado, para então sair da cama e abrir a porta do meu cômodo, e ao ver que o Shoto ainda estava no corredor, fui quase correndo até ele e segurei sua camisa com uma mão, e ao sentir o agarre, o bicolor somente para seu andar, e mais uns segundos de silêncio se passaram.

Shoto: ... ... Eu já esperava por isso.. - quando ele falou isso, mesmo sendo algo relativamente simples, uma carga emocional muito grande caiu sobre mim, o que me fez ficar com ainda mais vontade de chorar, e por isso rapidamente abracei fortemente o Shoto pelas costas, e depois de uns tempinhos, senti o heterocromático segurar minhas mãos em seu abdômen - Kamari.. você não acha melhor a gente.. resolver isso lá dentro? - disse suavemente, então somente emiti um sonido de concordância por não conseguir falar, e logo do meu assentimento, o Todoroki separa minhas mãos de seu corpo, para então me chamar até meu quarto novamente, e quando entramos, o bicolor fechou a porta e andou até mim, para então apontar a cama, e logo me sentei encolhida em meus joelhos no leito.

Kamari: ... O que.. a gente vai fazer...? - perguntei num tom bastante acanhado e ainda choroso, e logo ele se vira para me ver.

Shoto: Bom.. eu.. pensei que você fosse almoçar.. talvez.. e também podemos conversar sobre tudo isso. - disse bem mais suave do que antes, mas agora vindo se sentar ao meu lado na cama, e como resposta, somente concordei com a cabeça, então o bicolor pegou o pote que continha arroz, peixes e uns legumes junto com seus hashis e pegou um pedaço de atum com um pouco de arroz - Aqui, come.

Kamari: .. Isso é meio estranho..

Shoto: Pra você talvez, mas.. é necessário. - e.. sem muita escapatória, peguei o peixe e voltei pra minha posição - Enquanto isso você pode ir falando o que sente ou.. o que quiser.

Kamari: ... Tá... Primeiro eu.. (funga).. queria me desculpar pela.. maneira que falei com você antes... é que... - a partir dali, senti minha garganta fechando cada vez mais - ... É que a presença dos vilões e o que passei mudaram muito a minha cabeça e.. não consigo mais ver tudo da maneira de antes... (pequenos soluços)... Agora que perdi.. meu dom.. e minha dignidade... o que eu posso fazer agora..?

Shoto: Bem... você pode ser a Kamari Mitsubuji que conheço.

Kamari: A Kamari que você conhece.. não é uma inútil... - falei com ainda mais pesar.

Shoto: De fato, a que eu conheço é.. dedicada.. cuidadosa.. uma pessoa que pensa nos outros antes de si.. alguém que salva.. inspira... e cura.. - enquanto falava, ele foi se acercando mais de mim e secando minhas lágrimas, para logo afastar uma mecha do meu cabelo da lateral do meu rosto e beijar levemente minha bochecha.

Kamari: ... Tudo isso.. se encaixa na minha individualidade...

Shoto: Talvez tudo o que eu disse, mas não tudo o que penso. - disse me dando mais um pouco de comida.

Kamari: Então me diz, Shoto.. o que de tão especial eu tenho mesmo sem meu dom..? O que eu faço de bem..? - perguntei num tom um pouco mais forte.

Shoto: Hmm.. você... cozinha bem.. tem um dom de fala.. suas habilidades físicas também são muito boas.. toca bem seus instrumentos-base.. canta bem.. e... continua sendo a pessoa mais amável comigo e com todos da sua família... pra tudo isso e muitas mais coisas você não precisa e nunca precisou da sua individualidade, sei que é bem ruim saber que não poderá usá-la mas.. é importante você saber o seu valor.. ok..?

Kamari: Tá, mas... ... - e com o silêncio que eu me deixava ter.. fiquei mirando a rosa em minhas mãos com um olhar de dúvida e desolação - ... Como você ainda não me rejeitou..?

Shoto: Hm? Como assim..? - nessa fala, percebi o tom de estranhamento em sua voz.

Kamari: É que... como você não.. me deixou de lado desde... desde que revelei que criei um traço de familiaridade com alguns vilões..? - disse numa voz mais melancólica, e deixando que algumas lágrimas escorram pelos meus olhos, ''... Me sinto tão tola perguntando isso...''

Shoto: .. Kamari.. é sério que você me fez essa pergunta? - falou num tom mais sério, ''Sabia que era má ideia...'' - Eu nunca te abandonaria. - para a minha surpresa.. ele disse essa frase rindo levemente, o que me deixou bem confusa e me fez olhá-lo curtamente - Foi como eu te disse há um tempo, você só criou esse senso porque eles te ajudaram, no entanto.. você não seguiu as ideias ou ações deles, por ser uma boa pessoa, e.. com ou sem individualidade.

Kamari: Mas.. agora eu não presto nem pros vilões, porque eles me usaram só pelo meu poder, só que.. nem isso tenho mais..

Shoto: Só que nós não, não viemos te usar e nem nada disso, pelo contrário... não viu o quão feliz todos ficaram ao te ver..? Então.. pra aqueles vilões você talvez não valha o preço de uma pena, mas pra nós.. sua família.. você é muito preciosa, Kamari, e... pra mim... você é mais do que isso.. - falou a última frase numa voz mais profunda, e foi ali que percebi que o Shoto estava acercando cada vez mais seu rosto do meu, aproveitando a mecha de cabelo que ele havia deixado pra trás da minha face, mas.. mesmo sabendo o que ele ia fazer.. virei minha cabeça um pouco pro lado oposto ao que ele se acercava.

Kamari: ... Nós não.. deveríamos fazer isso... - falei muito apiedada, até porque.. eu mesma havia beijado ele, mas por algum motivo eu.. hesitei desta vez... E quando disse aquilo, percebi o Todoroki parar de se aproximar de mim e recuar um pouco.

Shoto: .. Por quê..? - questionou num tom que li ser bastante confuso e inquieto ao mesmo tempo.

Kamari: .. A gente não... nós não namoramos ainda.. então... isso não seria tão bem-visto.. acho eu... - sim... eu pus o 'ainda' nessa frase de propósito.. até porque... logo em seguida falei isto.. - Mas... talvez.. a gente possa... - fui interrompida pelo celular do Shoto, que começou a vibrar em seu bolso.

Shoto: Ah, desculpa por isso. - falou enquanto pegava o aparelho e mirava a tela - É o Tadashi me ligando, me dá só um minuto por favor? - ''.. Não deu...''. E como resposta.. somente acenei um 'sim' com a cabeça - Obrigado. - e então, ele se levantou da cama e foi até um pouco mais perto da porta para atender o celular, e enquanto eles conversavam, peguei meu almoço e voltei comê-lo, ''... Agora eu sinto o que você sentia ao tentar se confessar pra mim, Shoto..''


Narra Shoto


Shoto: Sim, senhor Hamada?

Tadashi: Opa, Shoto, perdão aí se eu estiver interrompendo qualquer coisa que você esteja fazendo, mas queria te perguntar se você já conversou com o seu pai sobre pedir a Kamari em namoro, falou? - ele parecia bem empolgado pra ouvir a resposta.

Shoto: Am... não. - respondi meio constrangido.

Tadashi: Menino.. pois vá, e ainda hoje, nem que seja por telefone, aproveitando que tá cedo ainda, e se por acaso você estiver com a Kamari e for ir pessoalmente ver o seu pai, diga a ela que precisa sair porque eu preciso de uma ajuda com alguns.. carregamentos pesados daqui de casa. - ''Não creio que essa seja uma boa desculpa..''

Shoto: ... Tá bom.

Tadashi: Ótimo, agora vai falar com o seu pai, se der certo me fala, e se não der certo, me chama porque eu vou conversar com ele.

Shoto: ... Tá, obrigado, senhor Hamada, até mais.

Tadashi: Até. - e então a ligação foi cortada.

Shoto: Ah.. Kamari. - quando a chamei, ela mirou curtamente para mim - Se você me der licença, eu preciso falar com o meu pai rapidinho.

Kamari: A-ah.. claro, p-pode ir.. - respondeu bem mais rapidamente do que eu pensava, chegando até a ser meio estranho, ainda mais pelo tom trêmulo que ela usou para sua fala.

Shoto: Obrigado, não demoro. - e com isso, saí do quarto e voltei a fechar a porta, para assim telefonar para o Enji.

Enji: Alô, Shoto?

Shoto: Sou eu.

Enji: Filho, do que você precisa agora me ligando? Estou resolvendo uma papelada do resgate da Kamari Mitsubuji ainda. - disse numa voz mais cansada, decerto porque ele estava resolvendo isso desde ontem.

Shoto: .. Eu sei.. mas... eu quero te falar uma coisa também bem importante..

Enji: Fala, o que foi?

Shoto: ... Quero pedir a sua autorização para que eu possa pedir a Kamari em namoro. - depois que falei isso, o Endeavor nem me deu tempo de respirar direito.

Enji: Shoto!!! Esse não é o tipo de coisa que se diga por telefone!! - disse tão alto que até afastei meu celular da orelha.

Shoto: Certo, mas eu estou nos dormitórios agora, e inclusive estava conversando com a Kamari há pouco.

Enji: Tá, mas.. mas... (suspiro).. Olha.. só deixa eu terminar isso aqui primeiro, e depois você vá lá em casa pra conversarmos sobre isso, ok? Em meia hora mais ou menos já esteja pronto pra sair. - falou mais sério, porém num tom mais leve.

Shoto: Está bem, chego na hora.

Enji: Até logo. - após sua fala, desligou a chamada, ''Bom.. pelo menos não foi um 'não' ''. Depois dessa conversa, guardei meu telefone no bolso da calça e adentrei no cômodo novamente.

Shoto: Oi, am.. eu vou.. ter que sair pra encontrar meu pai daqui a meia hora, mas enquanto isso eu passo meu tempo com você se quiser. - quando falei aquilo, a Mitsubuji somente me olha por uns segundos em silêncio e abre um pouco os braços, e comigo meio sem entender o que fazer, fui me acercando de onde ela estava, porém, antes mesmo de eu chegar até a cama, a Kamari se levanta rapidamente do colchão e me abraça fortemente.

Kamari: ... Não vai não.. - falou num tom meio manhoso e baixo, e somente correspondi o abraço esboçando um terno sorriso.

Shoto: Hmp.. não se preocupa, Kamari, eu não vou por muito tempo... eu acho.. quer dizer.. é uma conversa entre mim e meu pai, então talvez possa demorar, mas prometo que não vai durar muito.

Kamari: Hmm.. tá bom...

Shoto: Mas fica tranquila, ainda tenho alguns minutos, e.. o que você vai querer fazer?

Kamari: .. Senta lá na cama.. - disse enquanto se soltava de mim, e então fiz o que ela pediu, e logo de minha ação, ela começou a andar até onde eu estava, para então se sentar em meu colo e ficar meio encolhida e de lado em minhas pernas e recostando sua cabeça em meu torso.

Shoto: .. Ah.. o quê..?

Kamari: ... Eu quero ficar assim... - exclamou docemente, e eu somente tive o reflexo de abraçá-la - .. Desculpa fazer isso... é que... meu emocional está meio bagunçado.. - explicou com um pouco mais de pena.

Shoto: Não tem nada não, tá tudo bem. - falei com um pequeno sorriso no rosto.

Kamari: E.. por causa da minha mentalidade de agora.. é bem mais provável que eu faça coisas desse tipo aleatoriamente.. então... se você ficar desconfortável.. me fala..

Shoto: .. Esse é definitivamente o tipo de coisa que nunca vai me desconfortar, Kamari.. nunca mesmo. - disse reforçando meu agarre nela. Eu entendo o estado dela, entendo muito bem aliás, ter que passar por todo aquele martírio e ainda perder o que lhe era bom, mas... espero que isso não se perdure muito.. porque apesar de eu estar esboçando um sorriso agora, me sinto mal por dentro, mal por saber que a cabeça dela continua do formato que os vilões queriam e com todas as culpas a caçando, é.. um tanto complicado.. ainda mais nas vezes que não sei como ajudá-la... ... ''... Vou dar o meu melhor pra ela.. esse é o meu papel afinal..''

  Passou-se mais um tempo e chegou a hora de eu ir encontrar com o meu pai, e foi até que bem fofo o jeito que a Kamari insistia pra eu ficar, mas de qualquer forma eu fui, porém quando cheguei na sala e avistei o pessoal, deixei um pequeno dever pra alguns deles.

Mina: Oxi.. já vai sair de novo, Todoroki? - falou surpresa enquanto jogava cartas com o Kaminari e a Jiro no tapete.

Shoto: Sim, mas desta vez é pra ter uma conversa com o meu pai.

Iida: E a Kamari? Ela está bem? - questionou preocupado.

Shoto: Bom.. ela continua com muito pesar ainda, mas.. como agora eu preciso sair, queria pedir pra alguém ir lá pra cima pra conversar com a Kamari ou.. algo assim.

Mina: Legal, eu vou. - se manifestou alegremente.

Ochako e Izuku: Também vou.

Shoto: Bom.. sendo assim.. por que que os primos e irmãos dela não vão todos?

Kirishima: Curti a ideia, bora lá então, mas vamos ser mais leves do que de costume, ela está passando por um momento difícil. - disse bem atencioso, e todos os outros concordam.

Bakugo: ... Eu não vou pra lá não.. - falou em seu tom seco de sempre e cruzando os braços.

Kirishima: Vai sim, anda. - disse natural e na maior facilidade do mundo pra segurar o braço do loiro e o puxar pro elevador enquanto ele reclamava, e então eles subiram, e eu aproveitei pra sair.

  Enquanto estava à caminho de casa, admito que comecei a ficar tenso, já que a coisa mais marcante que ouvi meu pai dizer da Kamari foi ainda quando ele era ganancioso... não que ele não seja atualmente, mas pelo menos é menos que antes, ''Tá tá tá.. tenta pensar positivo, o máximo que ele pode dizer é 'não'... espero eu..''

  Após alguns minutos andando, fiquei na frente de casa, e então toquei a campainha.

Fuyumi: Shoto? - disse de dentro da casa.

Shoto: Sim, sou eu.

Fuyumi: Pode entrar. - quando ela disse aquilo, percebi que a porta estava destrancada, então somente adentrei na moradia, e de cara avistei o Enji, o Natsuo e a Fuyumi sentados no sofá, com os meus irmãos estando meio afastados do meu pai.

Enji: .. Sente-se aí. - falou num tom bem sério, e então os outros dois saíram da sala, e sem muita escolha, me assentei numa poltrona pequena fronteira ao sofá.

Shoto: Ué, por que eles saíram do nada? - questionei os mirando meio confuso.

Fuyumi: Foi só pra tranquilizar mais o ambiente de início. - disse num tom mais alto e entrando num quarto aleatório com o Natsuo e fechando a porta.

Enji: Bom... agora precisamos conversar só nós dois... ... Filho... que ideia de girico é essa? - perguntou num tom que cortou a tensão do ambiente, mas permanecendo sério, ''Poderia ter começado esse assunto de uma maneira mais agradável..''

Shoto: Eu.. não entendi. - respondi neutro.

Enji: (suspiro).. É que.. de onde você tirou essa ideia de... quero dizer.. por que de repente você me liga e diz que quer pedir a Kamari Mitsubuji em namoro?

Shoto: Porque eu amo ela, não é o suficiente?

Enji: .. É-é que é muito mais complicado do que isso, filho. - ''Acho que nunca o vi gaguejar assim.. talvez esse tema de conversa seja tão novo pra ele quanto pra mim'' - Mas tinha que ser justo nesse período de respiro, onde todos estamos nos recuperando daquele sequestro, principalmente a Kamari?

Shoto: Por isso quero ficar sempre perto dela.

Enji: Certo mas.. isso implica em muitas outras coisas, Shoto, precisa da autorização do pai dela... - o interrompi logo ao fim da frase.

Shoto: Eu já falei com ele. - quando disse aquilo, o Endeavor me mira com um olhar um tanto confuso e franzindo um pouco as sobrancelhas.

Enji: .. Tá bem.. e o que ele disse?

Shoto: Ele me autorizou, mas antes me fez prometer um monte de coisas que o assegurassem que a Kamari ficaria segura tanto fisicamente quando emocionalmente.

Enji: Hm.. ele é mais cuidadoso do que pensei.. Enfim.. mas também precisa saber se isso é autorizado na U.A.

Shoto: A coordenação de lá não tem restrições quanto a isso fora do território de aulas, então tá tudo bem.

Enji: Ok, mas você não sabe se os seus amigos nos dormitórios vão ficar confortáveis com isso.

Shoto: Na real eu até acho que eles torcem por isso há um tempo já.

Enji: Por acaso tem mais alguma coisa que você fez que eu não sei? - perguntou um pouco mais sem paciência.

Shoto: Bom.. não sei, não fiz nada. - após minha fala, o herói nº1 se curva um pouco e põe suas mãos rentes ao seu rosto.

Enji: (suspiro profundo).. A partir de agora seja 100% sincero comigo, filho... Por que você quer tanto assim a minha permissão? - questionou em tom sério e voltando seu olhar pra mim.

Shoto: Porque com tudo o que ela e eu fizemos um pelo outro, ainda mais ela por mim, acho que é hora de eu me esforçar ao máximo pra retribuir os favores que ela me fez, fora que.. eu estaria sendo injusto se eu pedisse ela sem pedir sua permissão.

Enji: Entendi.. então é tipo uma troca de favores?

Shoto: Eu não diria assim, descreveria mais como uma correlação onde nós dois nos ajudamos com o que for, e.. ela me ajudou mais do que eu ajudei ela na minha visão, por isso quero sempre estar ao lado dela pra protegê-la, ainda que a sua permissão conta muito, porque você é meu pai.

Enji: Hmp, o orgulho falou mais forte né? - esboçou um pequeno sorriso nessa frase.

Shoto: É.. mais ou menos.

Enji: Ok.. mas, Shoto.. me diga o que, por todo esse tempo, eu não consegui enxergar sobre você e a Mitsubuji. - ''Uou.. essa sim é uma questão que eu não esperava..'', e sem poder evitar, abaixei um pouco meu olhar nos segundos de silêncio que se seguiram, mas logo o ergui novamente.

Shoto: ... Acho que.. você não notou a união mais profunda entre a Kamari e eu, aparentemente você só via o exterior como uma relação entre amigos e mais nada, nunca vendo nada a mais ou o que eu deixava escancarado em minhas expressões quando somente pensava nela, e... naquela época inicial da minha convivência com ela.. você também só queria ficar pensando em como a individualidade dela era boa pra você.. - sem querer falei aquele último período com um pouco de raiva - Mas pra você ver que isso não adianta mais... após um diagnóstico da Recovery Girl, foi dado que o dom da Kamari está reprimido temporariamente, não sei por quanto tempo, mas.. ela não pode manifestar traço nenhum de seu poder, então a utilidade que você enxergava... está morta.. - após a notícia, o Endeavor expressou uma feição de curto espanto.

Enji: .. Os efeitos do sequestro foram tão ruins nela até esse ponto..? - disse um tanto chocado.

Shoto: (pequeno suspiro).. Sim.. o caos foi maior do que pensávamos, mas... ainda sim eu amo ela.. mesmo com o estado dela sendo tão deplorável, eu continuo sentindo o mesmo que sempre senti desde que passei a conhecê-la de verdade, e só o que eu quero é passar isso pra um nível acima, nada mais.

Enji: ... Certo... Muito bem, te autorizo a pedi-la em namoro sim, mas só peço para que não façam nada que você ou ela possam se arrepender depois. - falou até que bem tranquilo, mas sua última frase me confundiu um pouco.

Shoto: Hm? Tipo o quê?

Enji: Ahh.. esquece, filho, nada demais. - ''Tá bom então'' - Mas sim, você tem a minha permissão, se precisar avisar isso ao Hamada pode falar.

Shoto: Tá bem, obrigado, pai. - falei fazendo uma pequena reverência, para então me levantar de meu assento e andar até a porta, para logo abri-la, mas antes que eu saísse, a voz do Endeavor freou meu passo.

Enji: Shoto. - ao ouvir seu chamado, virei meu torso um pouco para vê-lo - ... Seja lá o que for que o Tadashi te fez prometer.. só me assegure de cumprir o mesmo por minha parte... Quando olho pra trás e revejo meus erros do passado.. mais fico temeroso de isso acontecer de novo, mas sei que você não é igual a mim então... só faça a Mitsubuji se sentir bem.. e... tente fazê-la sorrir o máximo que puder... - disse num tom meio pesado, ''... Quanto remorso...''

Shoto: .. Não se preocupa, pai, eu vou. - falei num tom mais tranquilo, e então saí de casa, ''Bem.. agora eu acho que... posso fazer mais uma coisa...''. Com esse pensamento em mente, fui para outro caminho ir para um lugar... diferente..

  Quando já estava mais perto do centro comercial, entrei numa joalheria que havia em uma esquina próxima, e já adentrei olhando aos arredores do ambiente para ver se eu achava o que procurava. E a luz do começo do fim da tarde começava a aparecer, deixando o ambiente um pouco mais rosado e alaranjado.

Atendente: Olá, boa tarde, bem-vindo à Jewel's n' Lux, como posso ajudá-lo? - se dirigiu a mim sendo bem gentil, mas por algum motivo ela me olhava tão surpresa como se estivesse vendo um fantasma.

Shoto: Ah, boa tarde, eu.. estou procurando por... anéis de compromisso. - falei meio inibido, porque de fato aquelas palavras eram meio difíceis de dizer.

Atendente: Oh, claro, por favor me siga. - assim, ela me guiou até uma mesa preta que combinava com o restante do ambiente, a qual tinha um vidro em todo o tampo e com uma outra camada do tablado sendo composta por joias. E então, a moça pegou duas bandejas com espuma em cima dela, cujos anéis estavam presos sobre, pelo que contei, a quantia de anéis era de 9 por 9 em cada tabuleiro, ''Caramba..'' - Aqui, estes são todos os modelos que temos, sinta-se à vontade para escolher, e se precisar de ajuda, pode me chamar. - por um segundo me perguntei pelo quê eu deveria chamá-la, até que reparei finalmente em seu crachá preso na diagonal baixa da gola de seu blazer.

Shoto: Obrigado, Noa, mas.. já te peço uma ajuda pra uma coisa.

Noa: Ah sim, diga.

Shoto: É que.. acho melhor um tipo mais simples e.. de preferência de cor prata.

Noa: Ah.. entendo, mais do tipo simplista, pois claro. - ela então, aparentemente bem empolgada, pega uns dez ou doze pares que seguiam o que eu disse antes - Aqui estão todos os de compromisso que temos de acordo com o que o senhor descreveu. - e então, em meio a todos aqueles adereços, fui procurando um que realmente combinasse com a Kamari e comigo, até que achei um que.. tinha o design bem agradável, ainda que poderia acrescentar um pouco mais na minha fala quando eu fosse pedir a Kamari em namoro.

Shoto: .. Este par aqui. - sinalizei-o com dois dedos.

(Este, no caso:)



Noa: Excelente escolha, combina muito com você. - disse alegremente e pondo os dois anéis numa caixinha preta pequena, para então ir até o caixa da loja, de onde fico de frente, e logo a funcionária começa a fazer umas contas e digitar algumas coisas no computador - Aliás, quem é a sortuda do filho do herói nº 1? - ''Ainda bem que a loja tá vazia... eu espero...''

Shoto: Bom.. acredito que eu é que sou o sortudo pra falar a verdade. - falei com um pequeno sorriso.

Noa: (pequena risada) Ah bom, acho que os dois se beneficiam nessa. - ''Literalmente..'' - Enfim.. vai dar 2000 ienes, senhor. - assim, fiz todo o processo de pagamento e guardei a caixinha no meu bolso da jaqueta, mesmo com a atendente me oferecendo uma sacola de papel - Muito obrigada pela sua compra.

Shoto: Eu que agradeço, tenha um bom dia. - dizendo isso, me viro para ir embora.

Noa: Por nada, volte sempre. - ''Pronto.. agora tenho tudo o que preciso... ... só falta ela aceitar.. que.. por acaso é a parte mais importante disso tudo..''

  E assim... fui andando até a escola novamente, até que cheguei finalmente nos dormitórios, e então abri a porta de entrada.

Izuku: Ah, oi de novo, Todoroki. - quando me dei conta, todos os que haviam subido pro quarto da Kamari estavam novamente na sala.

Shoto: Oi, am.. e a Kamari, como está?

Sero: Ela acabou dormindo depois de uns tempinhos que nós estávamos lá.

Shoto: Dormindo? Mas ela tem tido problemas pra dormir não tem?

Mina: Pff.. olha.. nem me pergunte como porque eu não sei, mas foi o Bakugo que conseguiu fazê-la dormir. - disse quase explodindo em risadas, mas minha reação diante esse fato realmente muito inesperado foi somente levantar um pouco as sobrancelhas.

Shoto: ... Como?

Bakugo: Hmp.. a coisa mais fácil do mundo é botar alguém que tá triste pra dormir. - ''Dependendo do contexto, essa frase pode ser um tanto ilegal'' - Inclusive, ela está dormindo há uns tempos já com aquela pelúcia gigante e aquele pato, mas foi bem antes de você chegar, Meio-a-Meio, então é provável que ela tenha acordado já, mas aí já não é problema meu. - terminou sua fala um pouco mais arrogante e saindo da parte mais populosa da sala, ''Pelo menos ele se parece um pouco preocupado''

Shoto: Bom, então vou lá conferir. - disse simplesmente e andando até o elevador, e quando o adentrei.. fiquei pensando em como eu pediria a Kamari em namoro porque... juro que tentei montar uma fala concreta, e não somente um 'Quer namorar comigo?'.. eu preciso canalizar tudo o que sinto por ela e demonstrar em como eu almejo estar ao lado dela... e é isso o que vou fazer... Quando cheguei no 5º andar, fui andando até o quarto da metamórfica, mas confesso que fiquei meio ressentido de bater à porta porque isso incomodaria seu sono, por isso somente acerquei minha orelha da porta e fiquei uns segundos em silêncio, até que uma voz o quebra.

Kamari: Pode entrar, Shoto.. - falou um pouco soturna de dentro do quarto, mas pelo menos essa era uma confirmação de que eu não a atrapalharia, e quando adentrei, seu cômodo ainda estava bem escuro, cortinas fechadas e tal, mas.. a Mitsubuji estava sentada em sua cama com as pernas na lateral, e ela.. estava mordendo sua mão direita, e ao reparar nisso, fechei a porta atrás de mim e andei até a garota, para logo pegar sua mão com delicadeza e abaixá-la, e o olhar da Kamari seguia sua extremidade, por isso deixou-o baixo, mas quando eu somente ia me assentar, ela volta a abocanhar seu palmo novamente.

Shoto: Mordendo sua mão de novo..? - disse um pouco insistente enquanto abaixava o membro outra vez, mas quase que ignorando isso, a Kamari volta a subir sua mão para retornar sua ação, mas agilmente a rebaixo mais uma vez, e quando ela estava prestes a subi-la de novo, pus minha mão mais pesada sobre a dela, e aparentemente ela havia deixado sua extremidade quieta, e por isso tirei a minha de cima da dela, e uns segundos de silêncio se passaram, até que rapidamente a Mitsubuji volta a morder sua mão, e eu a abaixo, deixando-a presa debaixo da minha extremidade desta vez - Kamari, para com isso, sabe que não é bom.

Kamari: Mas.. minha mão direita feriu o Alex.. e mais um monte de gente..

Shoto: Kamari, deixa isso, entendo que é muito complicado conviver com isso, mas ao mesmo tempo, esta mesma mão sua salvou muitas pessoas também. Tanto desconhecidos, como conhecidos, nem sequer amigos, inimigos, e... eu.. - após minha fala, ela me olha dissimuladamente, mas um pouco curiosa.

Kamari: ... Por que você está me dizendo isso..?

Shoto: .. Porque... porque o que eu sempre senti por você reage para que eu não te deixe desse jeito.. você é muito mais especial do que pensa, Kamari, e eu só quero que você enxergue isso apesar do que sofreu. - quando terminei minha fala, passei a segurar a mão dela por baixo e acarinhando levemente as costas de sua extremidade com meu polegar - Olha.. apesar de você já ter sido resgatada e tal.. ainda sim sinto muita saudade de você, Kamari.. sinto falta daquela garota que, não importando o ambiente, sempre era capaz de sorrir e pensar positivo.. e você sabe disso muito bem.. lembra de quando te salvamos do seu primeiro sequestro?

Kamari: .. Lembro.. - falou voltando seu olhar para nossas mãos.

Shoto: Você já conseguia sorrir depois de poucos dias, e depois nunca mais parou, mas.. por que agora não dá mais, Kamari..? Por quê...?

Kamari: (suspiro profundo)... Minha cabeça está formulada para o que aqueles vilões queriam.. minha consciência de agora me diz que usa-se quem quer, e que aproveita-se de quem quer... no meu caso.. só servi pra isso pra eles... - disse com certa contrição em sua voz.

Shoto: Pois.. agora não mais.. você está livre deles, apesar de sua cabeça estar bagunçada, e aqui você tem algo que provavelmente não teve enquanto lá... pessoas que te amam.. e que jamais te usariam.. e tudo o que essas pessoas querem é ver o seu sorriso.. seu lindo sorriso... o qual demonstra tanta segurança, felicidade, compaixão.. tudo o que você tem de melhor. - falei num tom mais amoroso, já que estava próximo de dizer a frase derradeira.

Kamari: ... Não sei se conseguirei sorrir assim como antes.. os vilões me tiraram muitas coisas mais do que simplesmente minha honra e dignidade... me tiraram meus sentimentos.. minha defesa.. minha virtude... a companhia de quem gosto... meus pais... ... meu mestre... (funga).. tudo isso foi tirado de mim sem dó nem piedade... meu sorriso não conseguirá chegar a ser verdadeiro como anteriormente... pelo menos não tão fácil.. - ''Agora é a hora..''

Shoto: Bom... sendo assim.. já pensou em ter alguma ajuda pra isso..? - perguntei já pondo minha mão esquerda num dos bolsos da minha jaqueta.

Kamari: Hã..? - voltou a me mirar.

Shoto: Isso mesmo.. eu... eu posso te ajudar com isso.. afinal.. nossa ajuda é mútua, como você mesma já disse, e o meu papel que sinto que devo cumprir é te proteger.. assim como prometi ao seu pai..

Kamari: Meu pai..? Mas.. do que está falando..? Que promessa?

Shoto: ... A promessa que fiz antes.. de eu lhe oferecer isto... - e então, ao terminar a frase, tirei a caixinha preta do meu bolso e a abri para pegar o anel com os pequenos cristais e mostrá-lo a Kamari, quem fica com uma feição um tanto espantada ao mirar o arco - E antes que você me pergunte o porquê.. lhe respondo que... eu não aguentava mais reprimir meus sentimentos só pra mim, eu queria te dizer tudo o que sentia mas.. hmp, as circunstâncias não me favoreciam a isso, e.. por isso te digo agora, ainda mais num momento que nós dois carecemos da presença um do outro por causa do afastamento... agora... me motivo a dizer que farei qualquer coisa pra voltarmos aos seus velhos sentimentos de ternura, paixão, e alegria..

  A partir daquele momento, notou-se a presença de uma luz mais rósea e alaranjada misturadas passando pelo tecido das cortinas, pintando o quarto com esses mesmos tons e deixando o afeiçoado rosto da Kamari mais visível pra mim... sendo uma imagem bem bonita de se ver..

Shoto: .. Fora que.. daqui em diante.. vou ser eu a pessoa que vai te fazer companhia quando quiser, meu tempo vai se interligar ao seu de certa forma, e vamos poder continuar nos ajudando ainda mais intensamente do que antes, e... neste momento.. o que eu mais quero é... ser quem vai te ajudar a sorrir novamente.. - depois dessa minha fala, reparei um pequeno rubor na face da metamórfica, o que me faz expandir meu pequeno sorriso - Então.. por isso te pergunto... Kamari Mitsubuji.. aceita namorar comigo? - aí sim.. quando finalmente disse aquilo, reparei que as orelhas da Kamari ficaram mais erguidas, ela soltou um pequeno espasmo e seus olhos refletiram mais a luz rosada que vinha das cortinas. Uns longos segundos de silêncio se passaram, até que.. a metamórfica olha para o anel que eu estava segurando e me mira novamente, mas com seus olhos ainda mais iluminados por causa que eles começaram a se umedecer um pouco mais.

Kamari: ... S-Shoto... - falou quase sussurrando, mas num tom tão doce, que me fez aumentar meu sorriso, e logo mais... sua face se viu enfeitada com um minúsculo, mas muito expressivo.. sorriso.. e então percebo ela dizer um 'sim', não falando, mas somente movendo seus lábios, mas de qualquer forma... eu só queria vê-la dizer 'sim'.. e com isso, seguro mais fortemente sua mão direita e a ergo um pouco, para pô-la o anel em seu anelar, e logo dou um leve amparo no arco, e então também me ponho a argola no dedo, só que.. meu anseio maior era por outra coisa que fiz em seguida..

  Agora finalmente tendo todos os requisitos.. segurei o rosto da Kamari com minhas mãos e me acerquei para dá-la um beijo nos lábios de forma extremamente afetiva, mas ainda suave, e enquanto movia meus lábios delicadamente, sentia os dela correspondendo o ritmo, coisa que me deixou ainda mais feliz, já que antes ela havia dito que nós não podíamos fazer isso por não estarmos namorando na hora, mas agora.. essa correspondência é um sinal de que tudo bem fazer isso a partir deste momento.. e assentimento esse que me motivou a intensificar o contato um pouco mais, e então passei a segurar o rosto dela com um pouco mais de força e aprofundar meus lábios nos seus. Alguns dirão que isso foi exagero da minha parte, já que faz dois minutos e meio que ela aceitou meu pedido, mas.. esses dois minutos e meio valeram por cada segundo que convivi com a Kamari... e.. eu iria fazê-los valer muito mais..

  E uns segundos do beijo se passaram, até que separei meu rosto do da Kamari suspirando um pouco, assim como ela, e então nossos olhares se conectaram novamente, e esbocei um sorriso satisfatório em minha face enquanto acarinhava a bochecha da metamórfica levemente, até que o silêncio é quebrado.

Kamari: ... Shoto.. mesmo com tudo isso acontecendo de bom comigo... espero que entenda que.. eu ainda não vou conseguir superar o que me aconteceu tão fácil.. - disse num tom meio culpado.

Shoto: Tá tudo bem.. por isso você me tem agora... eu vou te ajudar com o que for preciso, Kamari.. - falei ternamente, para então regalar um pequeno amparo na bochecha da metamórfica, quem recosta sua cabeça em meu torso logo em seguida, e a envolvo em um abraço enquanto também acarinhava seus cabelos.

Kamari: ... Shoto... eu te amo..





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Owwnnnt... :3

Que bunitin... nem parece que matou uma pessoa abrindo o coco dela.. brincadeiras à parte, galera, tadinha :)

Enfim.. curtiram o capítulo de hoje? Espero que sim, porque... logo logo tem mais ;)  Aliás, o próximo capítulo vai ter uma pegada mais sentimental, até eu quando estava pensando nele chorei um pouquinho, então preparem uns lencinhos de papel aí na mesa, porque daqui a pouco vai ter inundação :D

Foi um prazer gratificante escrever esse capítulo para vocês, meus compadres, e até a parte seguinte, finos senhores ;3


*Referências*:

-Música:

-Bring Him Home - Les Misérables [Violin Cover] - Propriedade de Julien Ando --> Link do canal no Youtube:  https://www.youtube.com/channel/UCDqWCA_TQ4XJVVAaMBs_FQw

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