O Delator de Copas - Jikook

By Posionevil01

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⊰LIVRO FÍSICO PELA EDITORA YELLOW (link na bio) ⊱ [CONCLUÍDA] Park Jimin é o único médico da família, na verd... More

𝐂𝐎𝐍𝐒𝐈𝐃𝐄𝐑𝐀𝐂𝐎𝐄𝐒
𝐀𝐧𝐭𝐞𝐜𝐞𝐝𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐂𝐫𝐢𝐦𝐢𝐧𝐚𝐢𝐬
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Prefácio
Capítulo Um - II
Capítulo Dois - II
Capítulo Três - II
Capítulo Quatro - II
Capítulo Cinco - II
Capítulo Seis - II
Capítulo Oito - II
Capítulo Nove - II
Capítulo Dez - II
Capítulo Onze - II
Capítulo Doze - II
Capítulo Treze - II
Capítulo Quatorze - II
Capítulo Quinze - II
Capítulo Dezesseis - II
Capítulo Dezessete - II
Capítulo Dezoito - II
Capítulo Dezenove - II
Capítulo Vinte - II pt. I
Capítulo Vinte - II pt. II
Prefácio
Capítulo Um - III
Capítulo Dois - III
Capítulo Três - III
Capítulo Quatro - III
Capítulo Cinco - III
Agradecimentos
Epílogo
Bônus
Versão Física
Bônus - Jungkook e Yoongi

Capítulo Sete - II

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By Posionevil01

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ATENÇÃO: o texto contém assassinato e tortura psicológica explícitos. 

#NaoConfieNasCartas

#FantasmaPark


Capítulo Sete

──────⊱◈◈◈⊰──────


Saudade.

Havia um significado muito amplo nas entrelinhas de seu significado geral, Jungkook bem sabia disso, havia experimentado vários tipos de saudades. Saudade de uma pequena parte da infância; saudade de U2 e Bon Jovi; saudade de Jisoo; saudade da voz de seu filho; de sua mãe; da presença de Jimin; do trabalho na Unidade e naquele instante, sentiu saudade de acordar, acordar seu filho e ir trabalhar para a NCI.

Saudade, principalmente, de quando sua vida não parecia tão ameaçada. Ameaçada por seus próprios erros. Ameaçada por sua covardia. Se Jeon Sam não existisse, provavelmente ele teria desistido de existir também, mas concluir isso o fazia perceber ainda mais como era um covarde. Tudo o que estava vivenciando era resultado de suas ações e escolhas, qualquer ação havia reação, era a lei mais óbvia, primordial para o entendimento de tudo e mesmo assim, ele era incapaz de cometer ações que resultassem em reações menos colapsantes.

Sua existência era o erro.

Ele passou tempo demais fingindo não perceber aquilo porque quis acreditar que um dia, finalmente, ele perceberia que não havia erro algum nele. Mas isso era praticamente impossível. Não conseguia nem mesmo ser um bom filho. Céus! Ele tinha se afogado na autodepreciação, conseguia ver o reflexo da depressão refletindo o seu interior.

Ele caminhou lentamente pela extensa ladrilha de pedras geométricas que se estendia por toda a entrada da mansão residida por Santiago Hernández. Ele visitou aquela casa duas únicas vezes, após isso, todos os seus encontros foram feitos em um dos prédios de seu pai biológico. Ele nunca reparou antes, mas observando a forma como os jardins eram bem cuidados, a forma como os ciprestes italianos guiavam todo o caminho ladrilhado, tudo era tão limpo, bonito e convidativo, parecia até mesmo como um teatro, uma camuflagem, ele só não entendeu porque sentiu aquilo durante sua observação.

Subiu os degraus do alpendre da enorme porta e então foi barrado pelos seguranças que ele nunca viu antes. Baixou o olhar, sentia-se exausto demais, como se não dormisse por dias.

— Eu sou... — Hesitou quando sua boca foi temperada por um amargor incomum. — Eu sou o filho mais velho de El Papa Hernández — quando terminou de falar, viu um dos homens levar os dedos até a escuta presa ao ouvido e em seguida ambos afastaram-se, deixando para trás uma mesura de noventa graus.

As enormes portas foram abertas, mas ele já era esperado por uma mulher há alguns passos. Ela usava batom vermelho e vestido preto quando sorriu para ele sem abandonar a postura perfeita.

— Eu senti saudades, Jungkook — Genevieve saudou. Ela sempre dizia aquilo, porém ele nunca reparou como soava genuíno.

Em todo esse tempo ele viveu esquecendo de observar os detalhes mais importantes. Então, sorriu, mesmo que pequeno ele sorriu, porque também nunca tinha se dado conta de como aquela mulher sempre parecia gentil com ele, sorriu porque nunca sorriu para ela em todos esses anos.

— Você está linda — foi o mais próximo de um "é realmente bom te ver" que ele conseguiu dizer e pelo sorriso enorme que ela o devolveu, soube que ela tinha gostado. — O pai me chamou bem cedo, sabe o motivo?

Ela fez um movimento com a cabeça para que ele a seguisse.

— Seu pai é um homem de muitos segredos e acredite, a maioria ele não conta nem mesmo para mim. Mas acho que você não deve se preocupar, ele acordou de bom humor hoje e acho que só quer tomar café com o filho mais velho.

Era genuinidade de Genevieve dizer aquilo com tamanha tranquilidade, ele sabia que Santiago não era um homem de acasos, porém nada disse, Genevieve parecia radiante naquela manhã.

— Por que ele não chamou Yoongi?

— Bom, eles jantaram juntos na noite passada.

— É mesmo? — Ele saiu pela porta dos fundos, entrando no adro forrado por grama baixa. Ele viu cerca de dez metros uma enorme estufa de vidro. Não se lembrava dela. — Sobre o que eles falaram, você sabe?

Ela virou-se para ele com aquele sorriso espertalhão e o segurou pelos ombros, limpando alguma sujeirinha ali com todo cuidado antes de por fim o olhar nos olhos.

— Não sei o que está fazendo, meu lindinho, mas saiba que não vai conseguir minha ajuda novamente.

— Você o ama tanto? — A pergunta o escapuliu. Sentiu o peito bater forte, mas Genevieve soltou um longo suspiro, baixando o olhar para a estufa.

— Eu amo nossa família, Jungkook — ela confessou num tom profundo. — Antes do Santiago eu não era nada, era insignificante no mundo. É doloroso ser invisível, dói não ter qualquer importância no mundo, dói ser invisível mesmo que ainda consigam te ver fisicamente. Santiago me salvou, ele me deu a salvação de que eu precisava, agora essa família é tudo o que eu tenho — então virou o rosto em sua direção. — Você também é tudo o que tenho, meu lindinho. Amo você mesmo sendo ignorada.

— Você nunca foi invisível para mim, Genevieve — foi sua vez de confessar. Não era mentira, ele só nunca a observou de verdade.

— Você cresceu tanto...

Genevieve estava na família desde que ele tinha onze anos, ela nunca o tratou de modo diferente. Jungkook observou o momento quando ela o soltou, cruzou os braços sob o peito e apertou o olhar, indicando a estufa.

— Vá falar com ele — encorajou com um sorriso.

— Obrigado. — E ele estava grato por muito mais do que ela provavelmente poderia entender.

Seus pés foram levemente espetados pelo gramado, mas aquilo não durou muito. Dentro da estufa de vidro tudo era claro e tinha a mesma ladrilha de pedras da entrada, no centro havia uma enorme mesa posta com um café da manhã rico em cores e sabores, Santiago estava sentado na cabeceira da mesa. Ao redor havia flores. Rosas vermelhas na verdade, todas bem cuidadas, era até mesmo possível sentir o doce odor entrando em seus pulmões.

Mi hijo! — Santiago saudou guturalmente.

Ele foi até a mesa, parou ao lado direito de seu pai e fez uma mesura de noventa graus.

— Levante-se e sente-se comigo. Vamos comer, espero que não tenha se alimentado ainda.

Ele tinha comido, porém não achou conveniente verbalizar essa resposta, por isso puxou uma das cadeiras estofadas e sentou-se. Por cerca de trinta minutos, ele apenas ouviu o barulho da louça de seu pai, ele contentou-se em comer uma pequena torrada — um dos poucos alimentos de massa ali que não continha carnes — e um copo de suco — estava dirigindo.

— Amanhã vamos ter uma conferência de imprensa no Hospital Universitário Ajou para anunciar um novo projeto que incluirá o orfanato San Rosé — Santiago começou antes de tirar algo de sobre as próprias coxas e colocar ao lado de seu prato.

Era um colt. Na verdade, era sua arma pessoal. Jungkook engoliu o bocado de suco goela abaixo e deixou o copo sobre a mesa. Suas pernas vacilaram, sua sorte era aquela cadeira.

— Eu quero apresentar você à sociedade nesse evento.

Descansou as mãos enluvadas sobre as coxas e apertou os joelhos na tentativa de conter os movimentos ansiosos de suas pernas.

— Por que essa aparição repentina? — Quis saber.

— Ora, ora — seu pai parou de cortar o pedaço de carne mal passada e o encarou duramente. — Por sua causa, Jungkook. Ou você esqueceu que por sua causa não conseguimos firmar um acordo com Kim Taehyung?

Ele engoliu a seco e se segurou para não retesar os ombros. Abaixou seu olhar afetado para o prato em sua frente.

— Não, pai.

— Hm. Mas não fique tão tenso, eu não estou. Na verdade estou bem feliz, eu descobri algo interessante.

Ouvir aquilo fez seu coração disparar. Teve medo de perguntar.

— Não vai perguntar o que descobri?

Mas seu pai parecia ler seus pensamentos.

— O que descobriu, pai? — Sua voz saiu fraca.

— Estive conversando com o Bruno e os homens que estavam responsáveis pela vigia de Park Jimin na noite de sua fuga repentina.

Apertou ainda mais os dedos em seus joelhos de forma que se não fossem pelas luvas e calça, provavelmente se cortaria com as próprias unhas. Pela visão periférica ele viu Santiago pegar o celular e ligar para alguém.

— Tragam a surpresa para meu filho.

Encarou seu pai com pressa, o pavor congelando sua face.

— Pai... — Ele não pôde dizer mais nada, ouviu a movimentação na entrada da estufa, então foi coagido a virar o rosto sobre o ombro para ver o que estava acontecendo.

Empurrou a cadeira fazendo um barulho alto pelo espaço, então sem saber o que fazer, encarou o seu pai mais uma vez. Dois dos homens de Santiago estavam trazendo Genevieve pelos braços enquanto ela se debatia completamente confusa.

— O que está fazendo, pai? Solte ela!

— Você está muito exaltado, Jungkook. Deveria relaxar um pouco mais — Santiago asseverou.

— Querido? O que isso significa? — Ela perguntou tão exasperada quanto Jungkook.

— Vejamos... — Santiago limpou os lábios com um lenço, então empurrou a própria cadeira pacientemente e segurou o colt com a destra. — Conversei com Bruno, ele me contou que ouviu barulhos estranhos vindo da escada na noite do acordo, porém Genevieve apareceu por lá minutos antes com um estranho pretexto de pedir ajuda para entender o plano — enquanto falava, dava passos pesados e pausados rumos a mulher. — Genevieve? Minha doce Vieve pedindo ajuda para entender um simples plano? Fiquei preocupado. Será que minha Genevieve está bem da cabeça? Eu não a cuido o bastante? — Ele parou bem atrás dela, os homens afastaram-se e então Santiago puxou os fios longos da esposa para um dos ombros, deixando a lateral do pescoço completamente à mostra.

Jungkook estava paralisado, não conseguia mover um músculo, até mesmo seus pulmões estavam tendo dificuldades. Por algum motivo, sentiu que qualquer movimento errado seu colocaria tudo a perder. Seus olhos cravaram nos olhos de Genevieve, ela o olhou com medo, ele viu o medo estampado na face bonita da mulher quando Santiago encostou a ponta do colt no pescoço exposto. Sobrancelhas unidas e olhos brilhantes, ver Genevieve chorar diante seus olhos o fez estremecer de nervoso.

— Você sabia da traição, não sabia?

Seu pai perguntou baixo e soturno. Tudo o que ele conseguiu pensar foi que Genevieve não podia contar a verdade.

— Você o ajudou, não foi, Genevieve? — Perguntou no mesmo tom antes de puxar os fios longos da mulher.

O grito dela ecoou pela mente de Jungkook.

Mova-se, se mova!

— VOCÊ O AJUDOU A ME TRAIR, PORRA? — Gritou como um animal.

— E-Eu

— Ela não sabia! — Ele finalmente conseguiu gritar, a voz rasgando o peito. — Genevieve não sabia, pai. Como poderia saber?

— Jungkook... — Ela sussurrou, as lágrimas molhando a face avermelhada. Ela mal se movia, mas estava trêmula, ele conseguiu ver o tremor nas mãos e joelhos.

— Por favor — ele sabia o que ela estava querendo fazer. Ela iria contar a verdade. Sua visão tornou-se turva. — Você me disse que... Você disse...

— Sim... — Ela sussurrou mais uma vez, abrindo um pequeno sorrisinho para ele.

Ele estava fraco demais para segurar o choro, não conseguia fazer nada, seus pés tinham criado raízes. Era sempre assim, ele nunca conseguia se mover em situações como aquela, situações que envolviam os seus sentimentos. No fim, tudo o que ele sabia era chorar. Um covarde.

— Eu o ajudei, San. Me perdoe, e-eu nã

O som estampido do revólver ecoou pelo espaço e depois de preencher toda a estufa, guardou-se em sua mente. Seus olhos vacilaram, seus joelhos não suportaram o próprio peso. Ele caiu sobre a cadeira, suas mãos tremiam como nunca e o som repercutiu em seus ouvidos infinitas vezes antes dele finalmente soltar o fôlego preso em seus pulmões. Seu peito doeu, ele não estava sentindo seu próprio corpo, apenas a dor aguda em seu coração. Eram as farpas novamente. O corpo de Genevieve caiu no chão bem em sua frente, Santiago a soltou como se ela fosse aquilo que mais odiou ser um dia: insignificante. Genevieve o amava e por sua culpa morreu. No fim, alguma vez ela teve mesmo alguma significância para Santiago?

Ele tinha alguma significância para Santiago?

— Vocês — apontou para os subordinados —, limpem tudo isso, meu filho odeia o cheiro de sangue e nós estamos comendo nosso café.

Santiago parou atrás dele, ele sentiu as mãos pesadas em seus ombros, completamente diferente de como Genevieve o tocou. Eram duas mãos, mas aquelas mãos carregavam um peso absurdo, o peso de vidas inocentes, o peso de acordos corruptos, o peso cabido nas mãos de um assassino. Jungkook sentiu seu calor evaporar de seu corpo, então o frio o domou como um obsessor.

— Não é mesmo, Jungkook?

As lágrimas deixaram um caminho gélido sob seus olhos, ele não foi capaz de nem mesmo mover seus cílios, seus olhos estavam relutantes sobre a imagem do corpo pálido de Genevieve caída no chão, o sangue tão vermelho como os lábios circundando-a como um véu fúnebre.

"[...] agora essa família é tudo o que eu tenho." — Repercutiu em sua mente.

Seu pai deixou seus ombros, ele só conseguiu respirar naquele momento, antes de tossir.

— Vamos falar de negócios — Santiago continuou a sangue frio. — Por causa de sua traição, a Coréia do Sul vai ficar um pouco perigosa. Você sabe que eu vim para este país unicamente porque você foi enviado para o orfanato San Rosé quando nasceu, não é mesmo? Desde então, conheci Kim Namjoon, ele foi crucial para meus planos. Kim Namjoon começou a patrocinar o orfanato que você estava e cuidou para que um casal perfeito o adotasse. Ah... Seokjin e Jiwon eram perfeitos, eles estavam tão desesperados para terem um filho... Jiwon era linda, mas infelizmente não conseguia engravidar.

— Não mencione o nome deles — o pedido saiu como um sussurro, em seguida ele conseguiu passar o olhar para Santiago. — Não diga o nome deles.

— Por que não, Jungkook? — O velho ergueu as sobrancelhas, completamente tendencioso. — Eu emprestei você a ela, então eu tirei você dela. Quando emprestamos algo, temos o direito de pegar de volta.

Ele não conseguiu dar uma resposta honrosa, ele não conseguiu nem mesmo honrar sua mãe. Travou a mandíbula e apertou as mãos em punhos mais uma vez. Era insignificante.

Bueno... Vamos continuar: Com Taehyung atrás de minha família, as coisas podem ficar complicadas e agora eu tenho um acordo consolidado com Kim Namjoon. Ele fornece todo o material que preciso e nós dois ganhamos com isso. Eu tinha planos para voltar à Espanha em breve, mas vou precisar construir minha imagem aqui, preciso ficar tão forte e amado a ponto do povo se voltar contra Taehyung caso alguma especulação ronde sobre mim — levou a taça com vinho até os lábios e bebeu um bocado. — Com Kim Namjoon me apoiando, com o apoio do presidente Park Chanyeol e com um filho detetive renomado, acho que vou conseguir a confiança das pessoas com mais facilidade. Tudo isso porque vou iniciar projetos que o povo precisa. Imagine um bando de cachorros famintos, se alguém pegar carnes de baixa qualidade e jogar para esses animais, eles irão brigar por elas e melhor, eles vão se sentir acolhidos por quem os jogou aquilo. Pessoas são desesperadas, Jungkook, são como cachorros famintos, elas sempre estão buscando uma saída para algo, um pedaço de carne, como os devotos de uma religião, eles buscam algo, então — sorriu largo —, eu serei o que precisam. Serei seu salvador.

Ele não tinha qualquer apetite e as palavras de seu pai o enchia de enjoos. Não conseguiu mover um músculo novamente, por isso limitou-se a ouvir.

— Algo contra mim será um insulto. Taehyung estará nas minhas mãos e para melhorar, vou conseguir o apoio da juíza Kim. Uma mulher respeitada e aclamada por todo o país. Será meu triunfo! Talvez... Park Jimin e Kim Taehyung se tornem seus novos irmãos, Jungkook. — Gargalhou, imaginando cada ato. — Porém, preciso mesmo voltar à Espanha e é aí que você entra. Eu não estou te dando apenas uma segunda chance, Jungkook, estou te dando a frente dos negócios, estão te dando toda a minha confiança, sem contar que você é meu filho querido, eu sei que você quer ficar aqui por causa de Seokjin e por causa de seu filho. A menos que queira construir uma nova vida em Madri. O que você quer?

Seu olhar pendeu para seu prato, seus ombros caíram e ele começou a sentir o calor ganhando algum espaço em seu interior mais uma vez. Ele estava sendo preso contra parede, aquilo era muito para ele, ele era apenas o Delator de Copas, não queria tomar frente de nada, mas não conseguiu colocar para fora os seus sentimentos.

— Quero ficar aqui, pai — sussurrou sem força alguma.

— Eu imaginei. A propósito, outra noite eu disse para silenciar Park Jimin enquanto eu pensava numa forma de tê-lo em minhas mãos.

Ele rapidamente empurrou a cadeira e ficou de pé, cravando os olhos assustados no outro homem, no entanto, seu pai o olhou despretensiosamente, como se não visse qualquer motivo para tal ato.

— Sente-se, eu não terminei de falar.

Ele engoliu a seco, o peito subindo e descendo num compasso pesado, assim, sentou-se.

— Kim Namjoon me disse que Park Jimin foi até ele se desculpar pela falta ao trabalho. Isso me deixou curioso, tenho certeza que meus homens o fizeram falar com Kim Namjoon pelo celular, mas Namjoon me disse não ter recebido nenhuma ligação. Então fiquei pensando: com quem Park Jimin falou naquele dia?

Suas pernas voltaram a tremer quando Santiago tirou um aparelho de celular do bolso e colocou ao lado do colt. Não era qualquer celular, era o celular de Jimin. Seu peito doeu, ele sentiu as mãos apertarem sua garganta novamente. Ele ainda não tinha trocado de celular e número.

— Genevieve me entregou isso. Acho que posso verificar por mim mesmo — Santiago mexeu no aparelho usando o indicador, verificou o histórico e não achou nada, por isso foi até a lista de contatos e então colocou o contato Hospital Ajou - Psiquiatria para chamar.

Não demorou dez segundos para seu celular começar a vibrar em seu bolso. Ele acompanhou o olhar de seu pai que fez uma trajetória de seu rosto até seu torso. Ele colocou a mão sobre o aparelho e tentou abafar as vibrações.

— Você não vai atender, Jungkook? — Santiago o encarou com o olhar mais implacável e indubitável que ele já tinha visto. Não tinha escapatória.

Ele tirou o celular do bolso com as mãos trêmulas e encarou a tela. Seu coração quase parou, era Daeha, então seu olhar rapidamente o levou até o corpo de Genevieve coberto por uma lona preta. O que quer que ela tenha feito, ele seria eternamente grato.

— É Daeha, minha funcionária. Preciso atender, pode ser o Sam — ele disse, agradecendo mentalmente por não ter gaguejado. Seu pai assentiu lentamente, ele empurrou a cadeira e depois de uma mesura afastou-se numa distância de três metros. — Alô — a chamada não durou mais que cinco minutos antes de voltar à mesa e guardar o celular.

— O que era?

— Sam está febril, ele está tomando alguns remédios por causa de um parasita que pegou, então eu preciso ir.

Santiago assentiu lentamente e suspirou.

— Sente-se, eu não terminei.

— Mas

— Sente-se na porra dessa cadeira! — Bateu um punho sobre a mesa, fazendo toda a louça cair e sair do lugar. — Eu não terminei de falar, filho — completou num tom mais afável.

Jungkook sentou-se como mandado e juntou as mãos sobre o colo, mantendo as costas rígidas. Seus músculos doíam.

— Park Jimin informou que vai começar tratamento psicológico, pediu férias adiantadas e explicou parte da situação para Namjoon. Nesse tempo, quero que descubra qual profissional ele vai contratar e o faça indicá-lo a um psiquiatra. Eu vou conseguir um psiquiatra de confiança para prescrever remédios necessários para que Park Jimin fique quieto.

— Ele também é psiquiatra — disse depois de um tempo, receoso. — Ele sabe a função de cada remédio, pai, ele não vai fazer o uso de qualquer coisa.

— Sua função é descobrir o que mandei, o resto você deixa comigo. Entendido?

— Sim, senhor.

— Ótimo, agora pode voltar para seu filho — ficou de pé e pegou o colt. — Mande lembranças para meu adorado neto.

[...]

— Vamos ser liberados amanhã?

— Sim, vamos. Mas no dia dois voltaremos, Yeonjun. Não podemos perder tempo.

Mesmo que a conversa dentro daquele escritório parecesse confortável, Jimin estava perdido em suas próprias ideias e memórias falhas. Seu irmão o convocou no dia anterior para se juntar a uma das reuniões que teria com Lalisa e Yeonjun no dia seguinte, ele estava saindo do hospital quando viu seu irmão lá fora, o esperando.

A manhã anterior tinha sido levemente surpreendente, ele só não sabia se isso era bom. Ver Jungkook não estava em seus planos, muito menos ver Sammy perguntando quando que ele iria visitá-los. Contudo, mesmo depois da conversa com Jeon Jungkook do lado de fora do hospital, ele não sentiu dificuldades em dar as costas. Ele não teve dificuldades porque se respeitava a ponto de saber suas próprias limitações, ele tinha dito que esperaria Jungkook, mas isso não o dava abertura para ficar estacionado em algo que provavelmente não o faria bem. Ele sabia a hora de sair.

Se não tivesse se afastado naquele momento, Jungkook o chamaria novamente, então diria coisas incoerentes simplesmente porque queria manter o diálogo, mas não tinha o que dizer porque sua própria mente estava uma bagunça. Todos somos uma bagunça, cabe a nós buscar formas de nos organizarmos, porém, isso não é motivo para deixar que outras pessoas baguncem o que arrumamos, ele bem sabia disso.

É por isso que iria esperar Jungkook se organizar e quando recebesse convite para entrar, entraria sem fazer bagunça. Naquele momento, ele também precisava se organizar, por isso na manhã anterior foi até Namjoon, justificou seu sumiço, explicou sobre sua saúde psicológica e pediu férias adiantadas.

Claro que Kim Namjoon entendeu tudo perfeitamente e começou agilizar os papéis.

— Jimin, precisamos começar — Taehyung soou numa entonação cuidadosa.

Ele estava sentado no canto do sofá do escritório de seu irmão quando moveu a cabeça com um olhar desnorteado e ergueu as sobrancelhas.

— Hyung, você está bem?

— Ah — finalmente conseguiu processar sua presença ali, então sorriu minimamente para o mais novo presente. — Sim, claro. O que quer que eu fale, Tae?

— Pode descrever o momento da abordagem?

Ele descruzou as pernas e suspirou. Ele teria que trazer aquilo à tona até tudo se resolver, por algum motivo suas memórias ainda estavam confusas, ele tinha um palpite sobre mecanismo de defesa.

— Eu estava dirigindo, então um homem atravessou na frente. Eu pisei no freio, não cheguei a atropelá-lo. Mas Angelina desceu do carro e foi verificar se estava tudo bem.

— Você já tinha chegado em casa e saiu novamente. Para onde você estava indo?

Oh, aquilo era um depoimento... Ele estalou o indicador e sentiu o rosto ficar quente.

— Eu estava indo ver o Jungkook.

— Jeon Sunbae?

— É, Yeonjun, Jungkook — Lalisa empurrou o cotovelo contra as costelas do mais novo que estava ao seu lado e fez uma expressão estranha. — Continue, por favor.

— Eu estava em uma ligação com... — Hesitou, estranhamente o olhar de seu irmão e Lalisa estavam estranhos. — Com o Jungkook. Eu precisava dizer uma coisa a ele naquela noite e precisava levar os presentes de Natal, porém... Jungkook começou a me pedir para ficar em casa e não sair naquela noite, sua voz estava pesada, culposa. Eu não estava entendendo o motivo e eu sou muito teimoso a ponto de ser um grande cabeça dura, então eu só continuei. Ele me pediu para apagar meu histórico de chamada, foi o que eu fiz depois que Angelina desceu do carro. Mas ela parecia com algum problema e eu sou médico. Eu desci do veículo e foi tudo muito rápido. Angelina foi golpeada pelo homem que estava com ela e eu fui golpeado na nuca. Depois disso, tudo ficou escuro.

— Por que Jeon Sunbae pediu para ficar? Uaaaah, será que ele é tão bom a ponto de até mesmo prever sequestros?

A complacência nublou a face de Jimin enquanto observava a admiração de Yeonjun. Jungkook era mesmo admirável, havia enganado a todos perfeitamente, ele também tinha cogitado a possibilidade de Jungkook ter agido por instinto.

— Não diga bobagens, Yeon. Se Jungkook soubesse de algo, ele teria impedido — Lalisa reforçou esperançosamente, como se fosse óbvio.

Ele trocou um olhar com Taehyung, ficou na dúvida entre contar logo a verdade ou deixar que descobrissem sozinhos.

— Quando acordou, Jimin, o que você viu?

Mas seu irmão parecia ter um objetivo em mente.

— Eu estava em uma sala escura e com um odor horrível. Estava amarrado em uma cadeira sobre uma lona. Numa distância de três metros havia um refletor muito forte voltado para minha frente. Ele estava ligado e quase não me permitia abrir os olhos. Mesmo assim, eu vi uma pequena janela com grades. Eu estava num prédio, eu consegui ver outros mas estavam distantes e eu via o topo deles. Considerando a altura dos arranha céus e a altura do prédio que eu estava, a localização desse prédio fica sobre algum relevo mais alto em Seul.

— Você falou com alguém?

— Sim. Eles pareciam se identificar por personagens de Alice No País Das Maravilhas, mas acho que todos estavam com capuz preto ou máscara. A luz não me deixava ver exatamente.

— Consegue se lembrar das vozes? Algum nome exato?

— Algumas sim, outras estavam abafadas. Não há nenhum nome a não ser o de Cheshire e Delator de Copas — engoliu a seco e apertou os dedos.

— Continue.

— Eles me mandaram ligar para o hospital, mas quando Jungkook estava no hospital, depois da cirurgia dele, ele me pediu para mudar o contato dele para o Hospital Ajou - Psiquiatria — lembrar aquilo o fez se sentir um pouco bobo. Jungkook sabia desde aquela época e ele não conseguiu assimilar absolutamente nada. — E quando os criminosos me pediram para ligar para o hospital, na verdade eu liguei para o Jungkook e ele disse que iria me tirar de lá.

— Calma aí... — Yeonjun afastou-se da mesa que estava encostado e fez um semblante confuso. — Acho que eu estou entendendo...

— Jungkook já suspeitava do sequestro, então ele já estava preparando tudo para conseguir te salvar caso algo acontecesse — Lisa concluiu.

Jimin duvidou que ela estivesse vendo o lado certo daquela conclusão, mas não podia dizer que ela estava errada também.

— Porém Jungkook apareceu mais tarde — ele continuou, cada vez que se aproximava mais da atualidade, sentia o peito doer. — Foi então que eu descobri que ele é o que eles chamam de Delator de Copas — houve um breve silêncio. — Foi o Jungkook quem me entregou para a máfia porque ele faz parte dela. Ele sabia de tudo há mais tempo do que imaginei.

— Não... — Yeonjun sussurrou antes de soprar um riso e caminhar de um lado para o outro. Demorou um tempo para continuar: — Não, é um engano. Jeon Sunbae é um detetive de honra, ele jamais faria parte de uma organização criminosa. Você nos disse que estava confuso, hyung, talvez você tenha

— Yeonjun?! — Taehyung chamou, uma oitava a mais. — Quando chamei vocês para aquela primeira reunião particular em meu escritório e pedi para que não contassem para Jungkook, não foi por causa da cirurgia, na verdade, desde aquela época eu já suspeitava.

— Quais provas? — Lalisa interveio dando um passo, a decepção assinalada na voz e semblante. Ela estava duvidando de seu inspetor chefe.

— As mãos. Na verdade, uma única mão. Jungkook nunca tira as luvas por

— Hyung! — Jimin entrou no meio, ficando de pé. Os olhares foram direcionados a ele, então ele sentiu-se mais tímido. — É pessoal dele — ele sabia que defender Jungkook naquela posição era algo inaceitável, mas antes de qualquer coisa, Jungkook era um ser humano.

— Ele esconde uma pequena tatuagem, um coração de copas. Eu a vi quando fui visitá-lo pela primeira vez após a cirurgia — Taehyung voltou a explicar. — Além disso, mais tarde descobrimos que Inna e Jungwook estavam tentando nos levar até a máfia, mas naquela noite em si, Jungkook pareceu ter mais urgência naquela fuga. Jungkook soube que Jungwook tentaria nos levar até a máfia enquanto o interrogava, por isso ele se esforçou e colocou sua própria vida em risco para pará-los.

Ele não sabia sobre aquilo, Jimin sentou-se novamente no sofá, deixando seu peso cair ali da maneira mais derrotada. Lalisa e Yoenjun pareciam tão afetados quanto ele ou talvez ainda mais. Ele não conseguia imaginar como ambos estariam naquele momento, Jungkook era muito querido pelos dois e de certa forma, o machucou ver as expressões tão decepcionadas.

— O Delator de Copas estava nos vigiando todo esse tempo para uma máfia criminosa e quando aceitei o caso, as coisas pareceram ficar complicadas para Jungkook, principalmente porque o médico do seu filho é meu irmão. Apesar de tudo, Jungkook ficou em uma posição difícil, eu imagino.

— Eu acho que há uma relação de instabilidade na máfia — ele deu voz às suas memórias mais uma vez. — Jungkook não pareceu estar confortável na presença do Comandante.

— Comandante?

— Acho que é como chamam o chefe da máfia — completou.

— Jeon Sunbae está sendo chantageado, eu sei que sim. Ele jamais faria algo assim — Yeonjun tentou mais uma vez.

— Não sabemos, não há nada que comprove isso ainda. Até onde sabemos ele está na máfia de modo voluntário.

— É, mas eu acho que — ele precisou parar de falar quando algumas batidas na porta o interromperam. Taehyung soltou as mãos que estavam nos quadris e foi atender.

Era Chaewon.

— Não queria mesmo atrapalhar vocês, mas a juíza Kim está aí para buscar o Jimin. Ela insiste em levá-lo, dizendo que já passou da hora do almoço.

Seria constrangedor, antes não fosse a situação em si.

— Diga que em dez minutos nós vamos descer — seu irmão pediu antes de deixar um beijinho na testa da namorada e voltar para a reunião. — Jiminnie, eu vou mandar uma equipe de busca para procurar a localização do prédio que você ficou, você se lembra de mais alguma coisa?

— Era abandonado e tinha muitas tábuas empilhadas, mas eu não consigo me lembrar da rua.

— Hyung... — Choi Yeonjun murmurou, os olhos tão afetados que era de cortar o coração. — Depois que Jeon Sunbae o tirou de lá, para onde vocês foram?

— Um hotel — ele disse no mesmo tom. — Eu não me lembro mais o nome, mas ficava em Daejeon. Jungkook tinha uma arma e uma identidade falsa com o nome de Kang Kyungsoo.

Então, viu Yeonjun enfiar as mãos dentro dos bolsos dianteiros da calça e encolher os ombros.

— Ele realmente sabia, não é, hyung?

Sabia que era uma situação complicada, mas mesmo assim, não podia omitir a verdade.

— Sim. Ele sabia, saeng.  

Notas:

Oioi! 

Só queria dizer que estou triste pela morte da Genevieve... eu gostava muito dela e Jungkook também, apesar de nunca ter demonstrado. 

Sinto muito aos que acharam que seria o Yoongi kkkkk Yoongi tem muito o que fazer ainda, aiai... 

Santiago está muito articulado, ele quer o Taheyung na palma da mão dele. 

No próximo capítulo teremos: Taehyung notando um comportamento muito estranho em Jungkook, Jungkook submisso publicamente, Jimin reconhecendo Santiago, Jikook trocando mensagens, encontrão Jungkook-Taehyung-Haesoo-Santiago e após esse capítulo, virá um dos meus favoritooos. O 9 está em primeiro lugar para mim. 

Esse Dark Romance tem muito sofrimento, tava notando isso ontem... kkkkk 

Meu Instagram: autoravssouza_

Vejo vocês na sexta!! Muito obrigado pelos 15k iti iti. 

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