O Delator de Copas - Jikook

Galing kay Posionevil01

1.5M 232K 317K

⊰LIVRO FÍSICO PELA EDITORA YELLOW (link na bio) ⊱ [CONCLUÍDA] Park Jimin é o único médico da família, na verd... Higit pa

𝐂𝐎𝐍𝐒𝐈𝐃𝐄𝐑𝐀𝐂𝐎𝐄𝐒
𝐀𝐧𝐭𝐞𝐜𝐞𝐝𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐂𝐫𝐢𝐦𝐢𝐧𝐚𝐢𝐬
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Prefácio
Capítulo Um - II
Capítulo Dois - II
Capítulo Três - II
Capítulo Quatro - II
Capítulo Cinco - II
Capítulo Seis - II
Capítulo Sete - II
Capítulo Oito - II
Capítulo Nove - II
Capítulo Dez - II
Capítulo Onze - II
Capítulo Doze - II
Capítulo Treze - II
Capítulo Quatorze - II
Capítulo Quinze - II
Capítulo Dezesseis - II
Capítulo Dezessete - II
Capítulo Dezoito - II
Capítulo Dezenove - II
Capítulo Vinte - II pt. I
Capítulo Vinte - II pt. II
Prefácio
Capítulo Um - III
Capítulo Dois - III
Capítulo Três - III
Capítulo Quatro - III
Capítulo Cinco - III
Agradecimentos
Epílogo
Bônus
Versão Física
Bônus - Jungkook e Yoongi

Capítulo Treze

25.6K 5.1K 3.2K
Galing kay Posionevil01

Poderia deixar seu voto? Comente seus pensamentos!!

Capítulo Treze

──────⊱◈◈◈⊰──────


#NaoConfieNasCartas

#FantasmaJeon


Enfiou a caneta em um dos bolsos de seu jaleco e empurrou sua cadeira para trás, fazendo um barulho fragoso contra o assoalho. Ele deixou sua sala de lado quando o relógio avisou sua hora para fazer refeição antes de atender mais alguns pacientes, porém ele não estava com fome, na verdade ele precisava de um chá naquele inverno e talvez um pedaço de bolo de cenoura. Bolo de cenoura nunca foi seu favorito, mas seu apreço pela sobremesa começou a crescer desde a manhã daquele mesmo dia.

— Doutor Park?

Ele elevou o olhar e somente quando viu a enfermeira abrir um sorriso em sua direção, percebeu que estava sorrindo também. Deveria ser coisa dos neurônios reflexos.

— Sim.

Ela se aproximou, ainda com o sorriso mais complacente.

— Há apenas um paciente às nove — entregou um prontuário médico. Jimin começou a ler as informações com atenção. — É o Davi.

— Vou mudar o horário das consultas dele a partir da próxima semana, tudo bem?

— Claro — ela moveu o corpo de um lado para o outro de modo sugestivo, estava prestes a perguntar algo. E o fez: — Doutor Park, por que não pede ao diretor para começar a trabalhar em atuação ambulatorial ou sobreaviso?

— Hm, isso é quase que sobreaviso, a diferença é que me habilito a ficar no hospital durante todo o dia — moveu os ombros. — Gosto de ficar aqui, me sinto responsável por usar esse jaleco.

Ela permitiu-se rir, ele a acompanhou.

— Como se a ausência dele o fizesse menos efetivo.

Jimin trocou mais algumas palavras, entregou o prontuário e direcionou-se ao restaurante. Durante o caminho ele pensou nas palavras da enfermeira que o ajudava. A atuação do psiquiatra era basicamente ambulatorial, mas é claro que ele podia atender em plantões ou ficar disponível ao atendimento, ainda que ele não esteja no hospital. Havia também a possibilidade da atividade pericial, mas ele nunca foi o mais amante daquela área, diga-se de passagem. Ele gostava dos plantões, mesmo que naquele momento tivesse um caso VIP e suas horas no hospital tenham sido reduzidas, ele gostava de estar ali. A maioria das pessoas tendiam a pensar que a ala psiquiátrica fosse o terror dos hospitais, mas ali era bastante calmo, se ele pudesse julgar uma ala como sendo a mais barulhenta, com certeza julgaria a ala de emergência e cirurgias. Sempre havia muito sangue, dor, gemidos e pessoas desesperadas chorando. Ele não visitava muito aquela parte do hospital, não era necessário, mas precisava atravessá-la sempre que seguia rumo ao restaurante.

Parou de caminhar assim que entrou na ala citada, as mãos engolidas pelos bolsos e face serena até ele ver as luzes vermelhas da ambulância parada próxima às portas de vidro que foram abertas pelos paramédicos apressados — era quase sempre assim. Os últimos puxaram uma maca de dentro do carro mostrando um corpo ensanguentado. Rapidamente tudo se tornou uma mistura sem ritmo, sons das sirenes, o choro descontrolado e infindável, rostos apavorados e passos apressados criando o cenário mais desarmônico. Jimin viu um dos paramédicos segurando o reanimador manual pulmonar sobre o nariz e boca do paciente, também viu as roupas escuras familiares, contudo seu coração vacilou somente quando viu as luvas.

As luvas.

— O paciente sofreu um trauma balístico, está com sangramento severo e comprometimento pulmonar. Apesar de não ter sido em um local muito comprometedor, a bala pode estar alojada já que não atravessou seu corpo — o paramédico disse ao cirurgião que aproximou-se com sua equipe de residentes.

Jimin deu um único passo antes de sua visão ser tomada pela imagem de Taehyung que estava ao lado de mais três detetives — ele soube pelo crachá. Seu irmão atravessou aquelas portas em passos rápidos ecoando pelo assoalho, o semblante estava marcado pela preocupação, Jimin reparou um pouco mais nas expressões, avaliou cada uma delas. Só foi forçado a mudar o foco de sua visão quando a maca passou ao seu lado sendo empurrada pelos enfermeiros e residentes. Quando o rosto de Jungkook passou bem diante seus olhos ele ouviu seus próprios batimentos bem em seus ouvidos e seus pulmões recusaram-se a trabalhar por segundos.

— Ligue para os pais do paciente, esposa ou filho acima de dezesseis. Talvez precisaremos de sangue — o cirurgião Oh ordenou.

Jimin não os seguiu, nem devia, na verdade os seus pés criaram raízes naquele lugar, ele estava imóvel enquanto via Jungkook e a equipe médica imergindo no centro cirúrgico, deixando para trás um rastro imaginário de pavor e perguntas não respondidas. Ficaria ali por um longo tempo, mas só se moveu quando sentiu a mão alheia em seu ombro. Era seu irmão.

— O que aconteceu? — Limpou a garganta quando ouviu sua voz falhar.

— Armadilha — o inspetor respondeu, cruzando os braços, a voz assinalando a preocupação. — Não sabemos como eles souberam que ele e Min estariam lá. Não sabemos muita coisa, mas sei que não tinha como eles saberem — esbravejou irritado.

Jimin viu uma mulher de franja parar ao lado de seu irmão e segurar o ombro deste.

— Agora vamos apenas torcer para que o Jungkook fique bem — ela disse.

Lalisa Manobal. Ele leu no crachá.

— Não tinha como eles saberem... — Taehyung murmurou reticente. — A menos que haja alguém falando para eles. Alguém de dentro da polícia.

— Como assim? Um espião? — Outro detetive se aproximou, seu nome era Choi Yeonjun. Já o outro, um mais baixo, no entanto, apenas sentou-se em um dos bancos e cobriu o rosto com as palmas, parecia prestes a chorar.

— Sim. Um espião, um delator, qualquer coisa do tipo. Talvez haja um infiltrado na delegacia ou até mesmo na Unidade — Taehyung completou, pensativo antes de passar o olhar incisivo para o detetive mais alto. — Yeonjun, eu preciso que você cale a mídia e não deixe informações vir a público.

— Eu farei isso, senhor.

Se Jimin não amasse tanto sua profissão, sentiria-se magoado por estar fora daquela conversa, mas o que realmente o fez ficar ainda mais preocupado foi outra coisa.

— Sammy — murmurou, tendo uma epifania.

— O que disse?

— Preciso ir até a residência do detetive Jeon — aparentemente ninguém ali tinha compreendido o motivo, ele inflou o peito e expirou. — Posso falar com você um instante? — Não precisou muito para que Lalisa e Yeonjun entendessem o recado e desse privacidade para os irmãos. Ele deu-se ao trabalho de verificar se tinha alguém prestando atenção neles. — Meu paciente VIP — começou. — É o filho do Jun-digo, Jeon.

— Você é médico do filho do Jungkook? — Taehyung pareceu incrédulo, confuso. — Eu não sabia que o filho do Jungkook preci

— Precisa — interrompeu firme. — É um caso delicado — completou sem dar espaço para outras perguntas. — O detetive Jeon passou a noite inteira fazendo minha segurança, ele deveria estar em casa dormindo. Por que ele foi baleado? Quero dizer, o filho dele vai se sentir sozinho quando não ver o pai pela manhã.

— É minha culpa — confessou baixo, depois de um tempo. — Eu o mandei para campo em sua folga — Taehyung caminhou até uma das paredes e descansou suas costas ali, tombando a cabeça para trás. — Ele vai ficar bom, Jungkook é teimoso, tenho certeza que não morrerá assim — tentou fazer humor, mas naquele momento foi totalmente desnecessário, ele mesmo admitiu internamente. — Vamos encontrar o culpado, nosso agente Min nos explicou a situação. Ele nos contou que Jungkook lutou contra o homem desconhecido e acabou perdendo sua arma, mas quem pegou foi o atacante. O suspeito não tinha a intenção de matar de imediato, já que antes de mirar em Min Yoongi, ele iniciou uma luta, provavelmente acertaria as costelas de Min Yoongi, considerando a diferença de altura entre Jungkook e ele.

— Costelas de Min Yoongi?

— Min Yoongi era o alvo, Jungkook atravessou na frente.

Jimin soprou um risinho genuíno e então negou com a cabeça, colocando as mãos dentro dos bolsos mais uma vez, estas que ele nem percebeu quando as tirou dali.

— Não, hyung. Jungkook não é o tipo de pessoa que entraria na frente de uma bala, ele seria capaz de atirar primeiro — confessou tão genuinamente que só se deu conta do que tinha dito quando Taehyung endireitou a postura e apertou o cenho em sua direção. Ele tinha falado demais, Jungkook tinha razão, ele era mesmo invasivo.

Pensou que Taehyung fosse dizer que ele estava enganado, que conhecia seus membros há tempo o bastante para saber como cada um agiria naquela situação. Pensou até mesmo que seu irmão fosse dizer que era um absurdo, já que desconhecia o tipo de relacionamento que ele tinha com Jungkook, mas ao invés disso tudo, ele ouviu seu hyung dizer:

— Você tem razão.

Ele achou mesmo que seu irmão fosse estranhar o fato de que ele tinha analisado Jungkook e o tratado tão casualmente, porém a expressão de Taehyung era de quem estava montando um enorme quebra-cabeça bem em sua frente em um plano 3D.

— Há mais para descobrirmos — passou o olhar para o agente sentado no banco. — Vamos esperar o Jungkook passar pela cirurgia e acordar.

— O agente Min não sofreu nenhum machucado?

— Ele disse que foi nocauteado no rosto e que estava muito assustado. Apesar de vir da SWAT Estadunidense, ele é um hacker, ele nunca foi a campo, seu trabalho é dentro de uma sala.

Jimin assentiu lentamente, processando todas aquelas informações.

— Vou pedir que ele seja atendido para

— Não, ele disse que estava bem, enquanto vínhamos para o hospital.

Jimin suspirou mais uma vez, ele estava se envolvendo naquilo que tanto tentou fugir, ele estava ali tentando descobrir qualquer coisa que pudesse ajudar seu irmão de modo automático. Era como um carma, ele estava começando a desconfiar que o Universo, todo esse tempo, apenas esperou pacientemente pelo momento que o jogaria naquela realidade que tentou fugir. Que cruel.

— Vou ligar para a governanta e pedir que diga ao Sam que o pai se machucou. Vou tentar ir até lá depois que atender meu paciente das nove — soltou tudo enquanto tirava o celular do bolso.

— Então, o filho dele se chama Sam...

O médico psiquiatra encarou seu irmão que sorria pequeno.

— Por que não me disse que já conhecia o Jungkook, Ji?

— Não achei necessário e além do mais, não posso falar sobre meu paciente e nem mesmo sobre a família dele. Você entende, não é?

— Sim, eu entendo.

[...]

Jimin estaria mais abalado se não confiasse tanto nos médicos do Ajou. Após falar com Daeha, ele não bebeu o chá, já que sequer apareceu no restaurante, atendeu seu paciente, mantendo todo seu profissionalismo, tudo não durou mais de quarenta minutos e então voltou para o centro cirúrgico. Seu próximo paciente chegaria em duas horas, ele tinha tempo o bastante para ir até Sammy.

Parado próximo às portas que separavam o corredor de espera e o bloco cirúrgico, ele viu a figura rígida e corpulenta de seu irmão mais velho, de frente para este ele viu um homem alto e de cabelos pretos abraçando uma mulher de boa forma e cabelos escuros também. Começou andar em direção, mas cessou os passos quando as portas foram abertas de modo abrupto.

— Vocês são os pais de Jeon Jungkook?

Jimin ouviu a residente perguntar, o casal que estava abraçado rapidamente assentiram.

— O paciente começou uma nova hemorragia e estamos tentando controlá-la, porém vamos precisar de sangue. O Hospital Ajou não tem o tipo sanguíneo dele.

— Ah, Deus... — a mulher lamuriou, caindo aos prantos.

— O Jungkook é — houve uma breve hesitação da parte do homem. — Ele é nosso filho adotivo. Nós dois somos A positivo e o pai biológico dele...

— Qual o tipo dele? — Taehyung quis saber, interrompendo o mais velho. Ele não se lembrava mais daquela informação.

— Ele é B positivo — a residente respondeu.

— Eu sou B positivo — a resposta dos irmãos veio uníssona.

Ambos os três presentes passaram o olhar em sua direção, uma vez que não tinha sido notado antes. Ele se aproximou um pouco mais.

— Senhor e senhora Jeon, este é o doutor Park, meu irmão por parte de mãe — Taehyung apresentou, a voz comovida e constrangida. — Ele

— Doutor Park? O médico do meu neto?

— Sim, senhora Jeon — Jimin fez uma breve mesura por pura polidez, antes de dizer ao irmão: — Posso doar meu sangue, se quiser.

— Não — Kim negou. — Eu o coloquei nisso, acho justo ajudar de alguma forma.

— Tudo bem, precisamos ser rápidos — a residente maneou a cabeça. — Você tem alguma ligação direta com o paciente? Teve alguma hepatite aos onze anos? E Malária?

Jimin ouviu a profissional perguntar enquanto Taehyung a seguia, abandonando o casal Jeon e ele ali.

— O detetive Jeon vai ficar bem — confortou com um sorriso fleumático. Ele sabia que prometer resultados naquela situação era estupidez, mas ele também queria acreditar que Jungkook ficaria bem. — Eu irei até a residência de seu filho, preciso prestar assistência ao Sammy. Vocês precisam de algo?

— Obrigado por isso, doutor — o homem alto disse. — Eu sou Seokjin e minha esposa é Jiwon.

O loiro apenas meneou a cabeça ainda mantendo o sorriso, era uma pena ter conhecido o casal naquela situação.

— Sei que é pedir muito, mas poderia trazer algumas roupas do Jungkook, doutor? Não queremos sair daqui e não há outra pessoa que poderia fazê-lo — Jiwon pediu, a voz nasalada, olhos inchados e nariz vermelho.

[...]

Minguados flocos de gelo caíam morosamente do céu nebuloso quando ele estacionou em frente à residência de Jungkook. Ele teve a cautela de manter-se atento a qualquer sinal que parecesse suspeito, não precisava dar a seu irmão mais uma complicação — e não que fosse se culpar caso algo viesse acontecer, como outra armadilha ou perseguição. Sobre o banco do copiloto, ele abriu sua bolsa e tirou dali seus pares de luvas polares forradas com lã tingidas na cor vermelha e as calçou antes de deixar o carro. Os pelos de seu pescoço arrepiaram com o choque térmico causado pelo tempo frio, caminhou como um pinguim até a porta da residência, deixando pegadas na neve acumulada no que antes era um gramado.

— Daeha — ele disse quando a porta foi aberta, após apertar a campainha. — Como o Sammy está?

Entrou na casa já conhecida e retirou os sapatos úmidos, deixando-os no hall de entrada.

— Quieto — a mulher disse. — Mas não do jeito que estamos acostumados a ver, é quieto quase como quando a senhora Jisoo se foi.

Havia um grande problema ali, se ele não pudesse confortar Sammy da forma correta, eles teriam um retrocesso. Acompanhou Daeha até o quartinho do pequeno Jeon e pela abertura da porta ele viu o frágil corpo deitadinho sobre a cama em posição fetal. Sammy estava agarrado a uma pelúcia Ele meneou a cabeça para a mulher num pedido modesto para deixá-los sozinhos e então caminhou em passos pausados até o interior do quarto infantil.

— Sammy? — Chamou mansinho, minucioso. Não obtendo nenhuma resposta, ele sentou-se na beirada do colchão, tirou as luvas, enfiou nos bolsos e esticou a destra até a franjinha escura, retirando os fios dos olhinhos opacos. — Daeha noona o contou sobre seu pai, não é? Eu o vi antes de vir para cá. Você sabe como o papai Jungkook é? — Assim que citou o nome do pai, Jimin viu Sam arrastar os olhinhos tristes em sua direção.

Lidar com aquela situação era semelhante à forma de lidar com luto infantil para crianças daquela idade, precisava de uma conversa natural, sem tabus, sem mentiras e com um pequeno teor lúdico. Até porque, ele tinha o cérebro maduro da relação, ele deveria acolher a criança com paciência.

— Seu pai é um detetive, ele é como o Batman — a sombra de um sorriso fez-se presente em seu rosto. Sam estava escutando. — Seu trabalho é difícil, você sabe bem como o Batman trabalha duro para manter todos seguros, não é?

Sammy assentiu lentamente, ainda agarrado à pelúcia.

— Mas às vezes, até o Batman se machuca e precisa de ajuda. Seu pai se machucou nesta manhã e foi levado ao hospital para ser cuidado por médicos que eu confio muito. Então, você não precisa ficar assim, ao invés de ficar triste, você pode se lembrar de momentos bons, como quando vocês pintaram o próprio Batman. Lembra?

Mais um aceno.

— Enquanto esperamos o médico cuidar dele, por que você não me ajuda a pegar algumas roupas? — Colocou-se de pé e esticou as mãos para a criança. Sammy encarou suas mãos por um instante como se ainda estivesse processando seus conselhos, no minuto seguinte o mais novo finalmente cedeu em seu próprio tempo.

Sammy deixou a pelúcia, ficou de pé sobre a cama e esticou os braços. Jimin pestanejou várias vezes seguidas numa fração de segundos, ele não tinha planos para carregar Sam em seus braços, mas tentou não demonstrar sua surpresa, erguendo o pequeno corpo em seu colo. Caminhou pelo corredor, Sam não era tão pesado e por algum motivo mexia em seus cabelos, quebrando o gel que ele tinha passado antes de ir ao hospital. Teve a impressão que já tinha visto o pequeno fazer aquilo com o próprio pai.

No momento em que ele entrou no quarto de Jungkook, ele sentiu o cheiro da memória inebriar seus sentidos. Engoliu a seco.

"Um, dois, três, Park Jimin."

Um frio atípico fez seu estômago estremecer, foi algo de ímpeto, num instante seus sentidos simplesmente retesaram. Moveu a cabeça, conseguindo trazer sua lucidez de volta, colocou Sam no chão e segurou a mão pequena.

— Onde seu pai guarda as roupas, Sam? — Ele tinha sugestões, poderiam ser uma das duas portas a alguns metros, porém deixou Sam o guiar. Era a porta da direita. Um closet. Porém não haviam tantas peças ali. Entrou no espaço, a luz acendeu quando detectou seu movimento. — Precisamos de roupas leves — murmurou e mordeu o inferior.

Ele foi puxado até os cabides das camisas, todas em tons frios que variavam entre azul, preto e branco e, em sua maioria, sociais. Tocou o tecido macio da camisa básica branca, puxou o cabide e a encarou por algum tempo. Era semelhante a camisa que Jungkook usava no dia que o salvou de um acidente em frente ao seu prédio. Porém, ele deixou aquela camisa ali, teve que pegar uma social mais larga. Sam balançou sua mão e o puxou para a parte das calças.

Social. Jeans. Seda. Apenas duas de algodão, uma preta e uma cinza. Preto não parecia bom para a situação, mas ele precisava levar mais de uma muda de roupa de qualquer forma, então pegou ambas. Sam o puxou novamente, dessa vez, apontando para uma das gavetas. Jimin abriu aquela parte já relutante, ele nunca achou confortável abrir gavetas, principalmente quando sabia que nelas guardavam peças íntimas. Jungkook era cauteloso com suas cuecas — ele observou —, todas estavam bem dobradas e organizadas, todas em duas únicas cores: branco e preto. Pegou duas, depois dois pares de meias e mais uma camisa, não sabia quando o homem teria alta.

Seu guia apontou para outra gaveta. Dessa vez Jimin sentiu-se um pouco confuso, até abri-la. Luvas. Ele tinha se esquecido das luvas, mas Sammy não. Aquilo era bom, talvez o garoto sequer soubesse o motivo para o pai não tirar as luvas, mas ainda assim, aceitava-as bem, um pouco diferente dele que ainda sentia-se curioso. Pegou um par, mesmo sabendo que Jungkook não poderia usá-las pela quantidade de elásticos.

— Preciso de uma bolsa — confessou baixinho e retórico, porém Sam se soltou de sua mão e correu de volta para o próprio quarto. Sem entender o comportamento, apenas o seguiu em passos largos, enquanto tentava não derrubar todas aquelas roupas.

Sam entrou no quarto, Jimin entrou logo em seguida e então tudo fez sentido. O pequeno Jeon abriu as portas de seu guarda-roupas e puxou de lá uma bolsa amarela estampada com vários morcegos do Batman e asas pretas que eram pregadas nas laterais.

— Você gosta mesmo do Batman, não é? — Deixou as roupas sobre a cama, sentou-se na beirada e acompanhou Sam que subiu sobre o colchão e abriu a bolsa. — É uma linda bolsa, Sammy, tenho certeza que seu pai vai gostar de ver.

O médico dobrou cada peça e guardou na pequena bolsa, consequentemente precisou guardar também alguns itens de higiene e fez tudo isso com a ajuda de seu pequeno amigo. Antes de ir embora, Jimin pediu para que Sam desenhasse algo para o pai e prometeu ligar para Daeha assim que Jungkook acordasse. O garoto não apresentou ações negativas, na verdade estava ansioso para fazer o que fora pedido e só por isso, Jimin se sentiu tranquilo ao ir embora.

Já no hospital ele foi até Seokjin e Jiwon, seu irmão estava presente também, isso significava que já tinha feito a doação de sangue e a cirurgia havia prosseguido.

— Como ele está? — Perguntou, ao lado de Taehyung.

— Eles conseguiram resolver tudo, mas ainda estão operando. A médica garantiu que a partir do momento em que controlassem tudo, a cirurgia seria rápida. Estamos esperando — Seokjin explicou, ainda confortando a esposa em seus braços.

— Eu trouxe o que pediu, senhora Jeon — tirou a bolsa chamativa do ombro e a ofereceu. — Sammy quem escolheu a bolsa.

— Como ele está, doutor? — Jiwon referiu-se ao neto.

— Ele está bem, está fazendo um desenho para o Jun-hm, o detetive Jeon. Eu o prometi que ligaria quando o pai acordasse, se pudessem fazer isso...

— Vocês são os parentes de Jeon Jungkook?

A terceira voz sequer permitiu que Jiwon respondesse, todos viraram sua atenção para o cirurgião que entrou no corredor.

— Somos nós — a mãe disse afobada e com as mãos trêmulas. — Meu filho, como ele está?

— O projétil foi removido, a cirurgia ocorreu tudo bem.

Jimin soltou o fôlego que sequer percebeu ter prendido e não diferente dele, os outros três presentes fizeram o mesmo.

— Eu vou avisar a equipe — Taehyung disse animado, tirando o celular do bolso enquanto se afastava dali.

— Precisamos levá-lo para um quarto. Vocês poderiam me acompanhar? Preciso orientá-los sobre o pós-operatório.

— Claro, claro.

Com um pequeno sorriso, Jimin viu Jiwon e Seokjin acompanharem o médico e então somente restou ele ali, parado no meio do corredor, encarando as portas de vidro. Guardou as mãos dentro dos bolsos quentes, seus cílios desceram, bem como sua visão. Encarou seus sapatos e em silêncio foi inundado pela sensação de alívio.

Que bom — chutou uma pedrinha imaginária. Que bom.  

Notas: 

Oii!!

Aaa no capítulo passado tiveram tantos comentários, eu fiquei tão feliz lendo cada um, muito obrigado por isso. Obrigado por todos os votos também. 

Esse capítulo foi menor, mas o próximo é maior e teremos boiolagem Jikook, ou deveria dizer... momentos de um relacionamento perigoso entre um médico e um mafioso. 

Aiai, esse Jungkook... 

Meu Instagram: autoravssouza_

Até o próximo sábado! Views em With You e That That. 

Ipagpatuloy ang Pagbabasa

Magugustuhan mo rin

411K 57K 41
| 📚Livro físico em Setembro pela @editorasnow | Concluída♡ Era para ter sido uma noite como tantas outras na boate Sweet Happy, mas um incidente com...
23.9K 3.7K 39
Megan Reese é uma garota batalhadora. Com uma infância difícil, passou por situações que lhe trouxeram traumas. Isso ocasionou em um hábitos distinto...
2.9K 334 7
Jungkook é um assassino profissional que trabalha para o governo há anos e leva seu trabalho muito a sério, levando tudo à risca e com perfeição. At...
298K 25.8K 23
"Ele o amava, mas não demostrou." (JUNGKOOK NARRANDO) [Shortfic] •Jikook •Pequenos capítulos •BTS •Sadfic NÃO REVISADA!!! ______________ PLÁGIO É CR...