O Delator de Copas - Jikook

De Posionevil01

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⊰LIVRO FÍSICO PELA EDITORA YELLOW (link na bio) ⊱ [CONCLUÍDA] Park Jimin é o único médico da família, na verd... Mai multe

𝐂𝐎𝐍𝐒𝐈𝐃𝐄𝐑𝐀𝐂𝐎𝐄𝐒
𝐀𝐧𝐭𝐞𝐜𝐞𝐝𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐂𝐫𝐢𝐦𝐢𝐧𝐚𝐢𝐬
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Prefácio
Capítulo Um - II
Capítulo Dois - II
Capítulo Três - II
Capítulo Quatro - II
Capítulo Cinco - II
Capítulo Seis - II
Capítulo Sete - II
Capítulo Oito - II
Capítulo Nove - II
Capítulo Dez - II
Capítulo Onze - II
Capítulo Doze - II
Capítulo Treze - II
Capítulo Quatorze - II
Capítulo Quinze - II
Capítulo Dezesseis - II
Capítulo Dezessete - II
Capítulo Dezoito - II
Capítulo Dezenove - II
Capítulo Vinte - II pt. I
Capítulo Vinte - II pt. II
Prefácio
Capítulo Um - III
Capítulo Dois - III
Capítulo Três - III
Capítulo Quatro - III
Capítulo Cinco - III
Agradecimentos
Epílogo
Bônus
Versão Física
Bônus - Jungkook e Yoongi

Capítulo Doze

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De Posionevil01

Olá, poderia deixar seu voto? Comente o que mais gostar!! 

Capítulo Doze

──────⊱◈◈◈⊰──────

"Essa é a gravação?

Sim. Ele não faz muitas chamadas o Delator de Copas colocou o próprio celular sobre a mesa em sua frente e clicou na tela para que a gravação começasse.

'Pode continuar agora, Ji, por mensagens estava complicado para mim.

Ah, só estava dizendo que estou torcendo para que meu paciente VIP fique bom Jimin falou com a voz contida. Tenho criado afeição por ele, Ho.

Isso é bom, desde que seja nos limites permitidos. Você sabe, não podemos nos envolver emocionalmente com os pacientes para não interferir em nosso profissionalismo.

Não quero ter que passar o caso dele, porém estou me afeiçoando pelo pai dele também.

Afeiçoando-se de que forma?

Houve um breve silêncio.

Acho que agora eu facilmente poderia ser seu amigo.'

— Quem é o paciente VIP? — O Comandante quis saber.

— Eu não sei, senhor. Ele não tem permissão para falar sobre por causa do sigilo médico.

— Hm... Vamos poupar o paciente, nosso real alvo é Kim Taehyung.

— Sim, senhor."

#NaoConfieNasCartas

#FantasmaJeon


Ficar com sua mãe tinha sido exaustivo, mas nada o deixou mais cansado do que lidar com pais que eram os causadores das tormentas dos filhos e se negavam a isso, negligenciando não somente seu comportamento desequilibrado, bem como os sentimentos de suas crianças. Quando Jimin chegou em frente ao seu prédio, na outra rua, ele viu Jungkook.

A noite fria só gelou seu corpo quando ele viu a silhueta perfeita de Jeon Jungkook escondida na penumbra da noite vazia, causando frisson por cada parte que compunha ele. Mas que grande merda! Ele atravessou a rua, ainda que seu corpo implorasse por seu colchão, e sentou-se no meio fio, bem ao lado do detetive.

— O que está fazendo?

— Companhia.

Ele disse, guardando suas mãos entre sua barriga e suas coxas. O Universo tinha resolvido provocá-lo, o tempo estava disposto a fazer dele um picolé. Olhou para Jungkook ao seu lado, o homem estava tão estático que Jimin começou a suspeitar que já tinha se tornado um picolé. Antes não fosse pela voz macia.

— Jimin, por favor, não fique aqui.

Então, você pode mesmo ser gentil fora de casa... — Ele quis comentar em seu tom mais sarcástico, porém não disse. Estava tremendo demais para fazê-lo.

— Suba comigo. Eu disse que não quero que morra por hipotermia.

— Quer que eu morra de outra forma? — Jungkook abriu um sorrisinho, fazendo graça no meio daquela situação.

— Qualquer forma mais digna e não por teimosia.

Revirou os olhos e abraçou as pernas contra o peito, deitando a cabeça sobre os joelhos.

— Eu estava esperando você — Jungkook disse depois de um tempo e continuou: — Não tenho permissão para subir.

Deus! Como ele era estúpido! Por um segundo Jimin se sentiu extasiado, mas as falas de Jungkook o trouxeram sentimentos que foram de cem a zero numa velocidade tão comparada à da luz. Extasiado. Estupefato. Estupefato com seu próprio deslize. É claro que entre congelar e subir, Jungkook iria preferir viver.

— Ah... — Murmurou reticente e ficou de pé, guardando as mãos gélidas nos bolsos do sobretudo. — Então, vamos.

Jungkook o seguiu em silêncio. Jimin pensou algumas vezes antes de ir até a recepção e autorizar a entrada do detetive, então quando pegaram o elevador, ele ouviu o outro rindo baixinho. Jungkook estava bem atrás dele.

— Qual é a graça, Jungkook?

— Você é péssimo quando o assunto é manter-se seguro, Park.

— Por que diz isso?

— Droga, Jimin — murmurou novamente, dessa vez parecendo realmente frustrado. — Eu disse para não ficar perto de mim e você autoriza minha entrada para subir. Você sequer me conhece!

Jimin girou os calcanhares e forçou um passo, fazendo Jungkook bater com as costas contra a parede da caixa metálica.

— Eu sou um médico, Jeon — explicou no mesmo tom de outrem, porém muito mais paciente. — Mais que isso, eu sou o médico do seu filho e sei sobre você o bastante para que você não mova um músculo sequer — seu olhar quase vacilou. — Assim como está agora.

Encarou bem os olhos indecifráveis de Jeon, a mandíbula travada, parecia com raiva. Afastou-se. As portas se abriram.

— O que você sabe sobre mim?

— Apenas o que você me mostra — respondeu enquanto era seguido pelo corredor. — Só que você não é tão bom se escondendo, não é?

— Não me analise.

Jimin virou-se para ele mais uma vez, o fazendo parar de andar de forma brusca.

— Então, não aja como se fosse me machucar a qualquer momento.

— Eu não machucaria você, meu trabalho agora é manter você seguro.

— Então, me proteja mesmo quando eu estiver em sua frente. Não fuja de mim.

Ele esperou por uma resposta, mas nada veio. Nada saiu da boca de Jungkook, por isso ele foi até sua porta e a abriu, contudo, antes que pudesse entrar, ele ouviu:

— Jimin? Eu não quero ser seu amigo.

Aquilo fez algo dentro dele se quebrar, algo como expectativa, algo como vidro. O estilhaçou, na verdade. Suspirou.

— Tudo bem, mas isso não vai fazer você se livrar de mim, vai?

Jimin entrou no apartamento com a imagem nítida da face consternada de Jungkook. Sabia que estava sendo observado por criminosos, mas por que Jungkook era tão fiel na crença de que ficar perto dele era perigoso? Não podia existir tanta gente odiando aquele detetive, ainda que este conseguisse extrair de si o seu lado menos calmo, Jimin sabia que Jungkook não era odiável. Não em sua perspectiva.

Na percepção de quem nunca foi enquadrado por ele.

Deixou suas coisas perto do umbral da porta e saiu novamente, nem mais ao certo sabia porque estava sendo insistente. Jungkook o olhou rapidamente.

— O que está fazendo?

— Companhia.

— Você não vê, não é? — O oficial deu dois passos em sua direção, permitindo uma distância de três pés entre eles. — Você fala que não quer que eu morra por teimosia, mas você está fazendo a mesma coisa.

Jimin retesou um pouco, o feitiço tinha, definitivamente, voltado-se contra o feiticeiro. Jungkook tinha razão.

— Como médico, não posso deixar alguém morrer e como Park Jimin, não consigo abandonar as pessoas — moveu o corpo concisamente em direção ao moreno.

— Como seu segurança, não posso deixá-lo fora de proteção e como Jeon Jungkook, não posso arriscar sua vida.

Ambos estavam protegendo seus próprios ideais. Jimin percebeu ali porque existia um embate tão grande entre eles: eram iguais. Eram teimosos e crentes. Crentes naquilo que compunha seus ideais, sua própria filosofia. Era por isso que eles estavam naquele impasse, era muito mais por seu próprio orgulho do que pelo afeto ao outro. Jimin cruzou os braços e encostou as costas na porta. Suspirou pela segunda vez, quase como um derrotado.

— Estamos acostumados a viver sozinhos, Jungkook, é por isso que somos tão teimosos quando o assunto é proteger o que acreditamos. Porque enquanto estávamos sozinhos, foram nossas reflexões, nossa mente que nos fez companhia, então passamos a achar que não precisamos de outras pessoas — Jimin bem sabia que aquelas palavras não eram exatamente direcionadas ao detetive, era algo quase que para si mesmo. Ele amava a própria companhia, mas no fundo sentia que aquele amor era totalmente ocupacional. — Não vou te convidar para entrar, mas não vou deixar você no frio.

— Eu não entraria, você sabe — meneou a cabeça para o lado.

Jimin soprou um riso e escorreu as costas pela porta, permitindo-se sentar no chão aquecido.

— Por que você é sozinho?

A pergunta de Jungkook veio depois de um tempo. O médico elevou o olhar para analisar as intenções daquela indagação, então encarou a parede à sua frente.

— Não sou sozinho, só estou sozinho — havia uma grande diferença, apesar de que o que os separavam fosse uma delicada linha tênue. — E você?

— Bom... — começou reticente — não estou sozinho, só sou sozinho — deu de ombros, alheio.

— Você tem o Sam, sua família, a equipe Alfa. Por que se sente sozinho mesmo assim?

Ele viu Jungkook parar ao seu lado e se sentar bem ali, pés no chão, antebraços sobre os joelhos afastados.

— Essa não é uma sessão de psicoterapia, então não vamos começar com termos complicados e diagnósticos súbitos.

Sentado ao seu lado, o moreno parecia mais relaxado. Tal como ele, aparentemente Jungkook não guardou mágoas por muito tempo. Jimin se sentiu aliviado, apesar de ambos serem cabeças duras, o detetive parecia um pouco mais flexível do que no começo e Jimin estava gostando.

Gostando de uma forma que não deveria, gostando da companhia, da complexidade cabida na mente meticulosa e inflexível de Jungkook. Não sentia isso no âmbito romântico, mas era atraído a cada momento ao lado do pai de seu paciente.

Pai do meu paciente. Aquilo era tão arriscado. Em todo esse tempo ele foi reconhecido por seus superiores por causa de seu profissionalismo, mas ali ele estava, colocando em jogo todo o mérito conquistado.

O que está fazendo, Jimin?

Ele precisava ignorar aqueles efeitos que Jungkook causava nele.

— Não está cansado?

Foi interrompido de seus pensamentos pela voz familiar e diligente que ecoou em seus ouvidos e que bom que foi interrompido.

— Um pouco. O dia foi cheio — escorreu os dedos por seus próprios braços, num carinho próprio. — O que fez com o Sammy hoje?

— Fizemos um boneco de neve, como você sugeriu na missão. Depois eu fiz bolo de cenoura, acho que sou bom com bolos — comentou quase empolgado.

Foi bonito de ver, aquele homem por vezes conseguia ser completamente incognoscível.

— Não posso dizer nada, você nunca me deu um pedaço — moveu os ombros quase em vitimização.

— Você é invasivo, abusado, ousado e ainda está querendo comer minha comida.

— Você é desconfiado, teimoso, rígido e ainda é pão duro — meneou o rosto na direção do mais alto e viu o sorrisinho tímido no canto da boca pequena. Jimin se perdeu por alguns segundos naquela pequena sinuosidade, perdeu-se também nos cílios baixos, o nariz de ponta arredondada, nos dentes branquinhos e na pintinha sob o inferior.

Jungkook era bonito. Não. Quanto eufemismo! Na verdade, o homem relaxado sentado ao seu lado era lindo. Lindo e cheiroso.

O cheiro masculino alheio estava impregnado em seus pulmões e por algum motivo, estava o deixando calmo. Calmo demais.

— Acho que somos um pouco parecidos — sussurrou ele.

— Isso é péssimo, Jimin.

— Eu sei... — Sentiu os olhos pesar, porém continuou sorrindo. — Me desculpe por invadir seu quarto.

— Você não teve culpa.

— Posso ser invasivo mais uma vez?

— Eu não consigo te controlar, de qualquer forma — encarou o rosto do loiro.

— Por que não quer ser meu amigo?

— Achei que o cem por cento racional aqui tinha que ser você... Homem estúpido...

[...]

"É bolo de cenoura.

Eu tinha esquecido no carro.

Coma.

Ps: usei sua digital para abrir a porta, mas não entrei. Só te empurrei.

JK"

Sentado sobre o tapete da entrada, Jimin estava com uma péssima dor no pescoço pelo modo como dormiu — apoiado na parede. Ao seu lado tinha uma pequena tigela de vidro transparente, envolvida por uma quantidade significativa de papel filme, guardando em seu interior um pedaço de bolo. Sob o recipiente, um bilhete.

"Coma."

"Só te empurrei."

"JK"

Foi inevitável sorrir, apesar da dor e apesar do tom mandão naquele bilhete, Jimin achou uma graça. Pegou a tigela e ficou de pé. Ele sequer tinha se dado conta de quando dormiu, mas tomaria cuidado para não fazê-lo novamente. Pensando e transfigurando a imagem, sentiu seu rosto ficar quente quando idealizou o esforço que Jungkook deveria ter feito para colocá-lo ali, pior, a expressão que Jungkook deveria ter feito ao vê-lo dormindo.

Ah... Constrangedor e ele não tinha o hábito de ficar tímido.

Ele precisava de alguns analgésicos e dez miligramas de coragem.

Tirou o celular do bolso e abriu o chat do responsável por seu sorriso e constrangimento naquela manhã.

Você:

Bom dia :) | 07:02 am

Missão do dia: uma faxina no quarto pode ajudar. Use forros coloridos, Sammy precisa de cores quentes em sua vida e principalmente nesse inverno | 07:03 am

Você deve estar dormindo, mas... Obrigado pela noite passada e pelo bolo. | 07:04 am

Tomarei meu café da manhã com ele, espero que esteja bom. | 07:04 am


Caminhou até seu quarto, jogou o celular sobre a cama e começou a tirar aquele sobretudo. Assim que jogou a peça sobre o colchão, em seguida jogou-se também quando ouviu seu celular vibrar.


Fantasma Jeon

Você me acordou.👍 | 07:06 am

Vou comprar lençóis novos. | 07:06 am

Você conversa dormindo. | 07:07 am

Boa refeição. Bom dia :) | 07:07 am


Desde quando ele conversava dormindo? Era um absurdo! Ninguém nunca o falou sobre. Revirou os olhos.

Você não dorme acompanhado todos os dias, Jimin.

De qualquer forma, era um absurdo.


Você:

Não diga bobagens e sinto muito por te acordar | 07:10 am

Fantasma Jeon

Homem invasivo... | 07:10 am


Sorrindo. Ele estava sorrindo novamente como um adolescente que acabou de fazer uma nova amizade. Aquela sensação o trazia uma outra, a de velhice. Ele se sentiu extremamente velho quando sentiu-se um adolescente. Era um paradoxo.

Um paradoxo perigoso.

Seu celular vibrou novamente, lépido, ele encarou a tela. Não era o Fantasma Jeon.


Número Não Identificado:

The time has come my little friends | 07:11 am

Uma ruga cresceu no meio de sua testa, ele nunca recebeu spam em outro idioma.

Deletar Mensagem?

Sim        Não

Sim.

[...]

Deitado de barriga para cima, Jungkook segurava seu celular sobre o peito. Seus olhos pesavam feito chumbo por causa das poucas horas dormidas e suas pernas estavam um pouco dormentes por causa das últimas horas. Contudo, nada disso importava tanto quanto o barulho perturbador de sua mente.

Era como um rádio sem sintonia, havia um chiado insuportável e no fundo daquele barulho ele ouvia um:

Park Jimin. Park Jimin. Park Jimin.

Pulsando como um letreiro neon de um bar localizado no meio de uma rodovia escura e deserta. Chamava mais atenção do que qualquer outra coisa.

O que estava havendo com ele? Sempre que fechava os olhos sua mente era dominada pela imagem delicada do rosto do doutor Park. Mas era ridículo pensar em Jimin com tanta determinação, ele nunca sentiu qualquer atração por outro homem, ele jamais pensou tanto em um homem em toda a sua vida. Ele estava sendo sucumbido pela abstinência afetiva e sexual por cinco anos, era por isso que seu corpo reagiu tão estranhamente quando observou Jimin apoiado em seu ombro, com um bico nos lábios, murmurando coisas sem qualquer contexto.

"O Minho"

"Tae hyung precisa resolver o problema"

"Não quero"

"Mãe!"

Jungkook tentou formar uma única frase com aquelas palavras, e nada ficou melhor do que: Tae hyung precisa resolver o problema, mãe. Não quero o Minho.

O final pareceu fazer muito sentido na cabeça dele. Jimin não queria seu ex, é claro. Suspirou. Porém, ainda haviam palavras murmuradas que o causaram batimentos mais rápidos.

"Jungkook"

"Jungkook, eu quero"

"Bolo"

Ele precisava proteger Jimin, mas nunca correu tanto em sua vida apenas para dirigir até sua casa, pegar um pedaço de bolo, escrever um bilhete e voltar até aquele homem deplorável dormindo no chão daquele corredor. Ele não conseguia acreditar que Jimin era tão rancoroso a ponto de sonhar com um pedaço de bolo. Diabos! Era só um bolo de cenoura que ele passou horas tentando fazer para agradar seu filho.

Ele pegou aquele pedaço de bolo apenas, simples e unicamente porque ele era um detetive e detetives querem o bem dos civis.

Que ridículo.

Precisava dormir, precisava mesmo dormir ou então se transformaria em um zumbi. As pálpebras pesadas fecharam-se, porém ele teve que abri-las assim que seu celular começou a vibrar.

"Inspetor Chefe".

— Estou dormindo — foi tudo o que disse antes de desligar.

"Inspetor Chefe".

— Sim?

Desculpe te acordar, mas preciso de você na Unidade. Encontramos os outros envolvidos no tráfico de drogas que Jungwook citou no interrogatório.

Usou o polegar e indicador para apertar os olhos, ele estava começando a desconfiar que existia uma maldição no DNA daqueles irmãos que os faziam ser completamente invasivos e abusados. Ele só não entendia o porquê de ele ser a vítima no meio de tantas pessoas. De quase oito bilhões de pessoas no mundo, por que ele tinha que estar no meio de Kim Taehyung e Park Jimin? Ele começou a considerar o carma.

— Inspetor, você é completamente capaz de interrogar suspeitos.

Não é para isso que te liguei, Jeon — a voz grave do outro o causou um peso sobre os pulmões. — Preciso te colocar em campo. Nós vamos perfilar.

Sentou-se sobre o colchão, o lençol que cobria seu peito nu escorregou até o cós da calça de seda. Ele nunca sentiu-se tenso para perfilar, mas ele sabia que seu trabalho exigia um esforço cerebral a mais, ele precisava ser muito mais sorrateiro e meticuloso do que a maioria. Ele trabalhava a seu próprio modo, de acordo com sua equipe.

— Preciso que mande as localizações e toda informação relevante — em sua postura mais selvagem, puxou o tecido sobre suas pernas e ficou de pé. — Preciso de um carro também.

Obrigado por isso, Jeon.

— Agradeça-me contratando um segurança para seu irmão.

Já consegui um, só estou avaliando suas habilidades.

— Não demore. Estou ficando irritado.

Ficando irritado — repetiu mentalmente. Decerto, havia algumas faíscas começando incêndios sempre que ele via Jimin pelas noites, era quase como se elas soubessem sobre o frio que faz lá fora e assim, queimavam tudo, o aquecendo, mas ele nunca ficava realmente aborrecido. Bom, somente quando Jimin era teimoso. E quando Jimin insistia para ele subir. E quando Jimin o lançava respostas inteligentes e atraentes ao mesmo tempo. E quando Jimin simplesmente não desviava os olhos dos dele quando ambos batiam de frente. Era fascinante, tinha algo morando dentro daqueles olhos castanhos, brilhando como uma constelação completa, algo que o fazia nutrir o sentimento de inveja, o desejo de manter aqueles olhos ali, estáticos, olhando apenas para ele.

Olhando para ele com tanta admiração que o fazia sentir-se bom, era como se de repente ele precisasse de redenção; o fazia sentir-se quase que... honesto. Honesto por completo.

O que estava pensando? Moveu a cabeça num ato rápido como se aquele simples ato pudesse levar de sua mente seus devaneios mais íntimos e sinceros, uma perda de tempo eminente, menear a cabeça não arrancaria dele aquilo que ele tanto protegia: seu martírio. Era um masoquista, um estúpido masoquista.

[...]

Quando desceu de seu carro, em frente a Unidade de Crimes Violentos de Seul, Jungkook sentiu o frio gelar não somente sua face, como a jaqueta preta que estava usando. Em passos largos, entrou no edifício, seus ombros estavam bastante relaxados, embora suas pernas estivessem um pouco trêmulas. Não era trivial perder o sono, aquele novo horário de trabalho era horrível.

— Jeon Sunbae! — A voz quase rouca de Yeonjun ecoou por toda a sala quando ele irrompeu o espaço. — Argh! Se eu fosse menos esperto, te daria um forte abraço agora.

— Que bom que é prudente, Yeonjun — ele respondeu, seu mau humor era quase palpável e ele geralmente não demonstrava um humor tão radiante.

— Bem vindo, Jeon Sunbaenim — tão mansa e delicada, a voz de Yoongi adentrou seus ouvidos.

Jungkook passou o olhar pelo mais novo agente e o ignorou enquanto seguia até o inspetor. Ele não odiava Min Yoongi, a verdade é que ele nutria certo desprezo pelo homem.

— Eu te passei a localização, preciso que analise e enxergue o passado e o futuro lado-a-lado. Preciso que entenda os comportamentos dos suspeitos com base em suas ações e preciso que descubra as provave

— Eu sei fazer estudar cenas de crimes, você não precisa me ensinar, Inspetor — retrucou, interrompendo seu superior. — Você vai interrogar e perfilar?

— Sim. Lalisa já está interrogando um deles — suspirou cansado.

— Vocês têm descoberto muitas coisas enquanto estou fora, não é? — Enfiou as mãos nos bolsos do jeans e deitou a cabeça de lado. — E depois me chama como se eu tivesse ciência do quão inseridos estão no caso.

— Jungkook, você é meu melhor detetive.

— Você me tirou desse caso.

— Por que você quer tanto trabalhar nessa investigação? Você nunca agiu assim, mas desde a perseguição com os carros, você fala como se fosse uma necessidade inerente — Taehyung virou o corpo em sua direção e deu um passo.

Jungkook apertou o cenho e maneou a cabeça, não fazia sentido o que Taehyung dizia, ele apenas estava trabalhando como sempre fez, ele estava agindo como normalmente, não é?!

— Você sabe, eu não costumo analisar meus membros, mas você é meu melhor membro e o que está aqui há mais tempo, então se meu amigo muda de comportamento, sendo detetive profiler ou não, eu vou perceber — jogou as palavras dando socos fracos e lentos no peito de Jungkook.

Amigo?

Titubeou. Aquela palavra ecoou por sua mente em um loop perturbador. Amigo. Amigo. Jungkook não tinha amigos, ele não deveria ter amigos, e principalmente, Kim Taehyung não podia ser seu amigo.

Park. Kim. Jimin. Taehyung. Amigo. Por que essa palavra estava o perseguindo? Por que esses malditos irmãos estavam o perseguindo? Seu peito pesou, seus olhos vacilaram em movimentos involuntários e suas mãos fecharam-se em punhos apertados tal como algo fechou-se ao redor de seu coração acelerado.

— Jungkook? Jungkook?

Moveu a cabeça num ato rápido e conciso, seus olhos caíram sobre o rosto preocupado de seu inspetor antes que ele tossisse e puxasse o fôlego com necessidade. Por um segundo, aquele poço escuro que ele vivia caindo estava cheio de água e ele afogou-se nela mesmo sabendo nadar.

— Sim — o barulho exterior de repente voltou a fazer sentido. O borrão que circundou seu chefe também ganhou formas.

— Você está bem? Parecia assustado.

Como um lapso, sua consciência mal humorada voltou à tona. Endireitou a coluna e estalou o pescoço.

— Dormi por uma hora apenas e você acha que estou bem?

— Ah — Taehyung soprou um riso de alívio. — O Jeon está de volta. Bom, essa noite você não precisa cuidar do Jimin, Yeonjun vai fazer isso.

Sua expressão se contorceu, sua boca moveu na intenção de protestar e expor seu orgulho, mas ele engoliu todas aquelas palavras não ditas, essas desceram em sua garganta e peito como estilhaços de vidro fino.

Limitou-se a assentir. Era a coisa mais banal a se fazer. Pegou a autorização para usar a arma de fogo que Taehyung o ofereceu e encaminhou-se à saída, contudo, antes de chegar à porta ele viu o olhar apertado de Yoongi sobre ele. O homem estava aparentemente confuso.

— Jungkook!

A voz de Taehyung o fez parar.

— Yoongi irá com você.

— Ele é um hacker, por que iria comigo? — Perguntou sobre o ombro.

— Ele quer aprender a fazer reconhecimento, parece ótimo, já que vamos ficar sem você por um mês e Yeonjun e Lalisa são ocupados com outros trâmites da investigação.

— Fico feliz por segui-lo, Jeon Sunbaenim.

Pela visão periférica ele viu Min Yoongi fazer uma mesura perfeita de noventa graus. Patético. Ele não disse nada, apenas saiu da sala sendo acompanhado pelo hoobae. Quando ele atravessou o pequeno corredor que o levaria à área de artilharia, viu Suzy passando pelas portas de vidro. Ele viu também a forma como ela escondeu o cabelo atrás da orelha e abriu um sorrisinho tímido ao cumprimentá-lo. Estranho. Ele podia ler o comportamento de homicidas, ladrões, genocidas e todo tipo de escória social, porém ele não conseguia compreender aquele comportamento estranho de Suzy toda vez que o via.

— Suzy Sunbaenim parece gostar de você, Jeon Sunbaenim — Yoongi comentou tímido.

— Impressão sua. — Foi o máximo que conseguiu responder.

Entrou na área especial para treinamento de pontaria e precisão, entregou sua permissão para o responsável. Arrastou o olhar pelo painel de madeira atrás da bancada e apontou para a glock que geralmente usava. Enfiou a arma no cós de sua calça, bem nas costas, cobrindo-a com sua jaqueta e virou-se para Yoongi.

— Vamos.

Quando chegaram no carro disponibilizado pela Unidade, ele entrou e esperou impacientemente Yoongi entrar e colocar o cinto de segurança, em seguida começou a dirigir.

— Posso colocar uma música, Jeon Sunbaenim? Parece tudo tão tenso...

Yoongi quebrou o silêncio pesado instalado sobre eles, depois de dez minutos de viagem.

— Não.

— Você está nervoso, Jeon Sunbaenim?

Ele apertou as mãos ao redor do volante.

— Não.

— Que estranho... — Murmurou pensativo. — Não é o que seu comportamento diz.

— Pare com essa porra de atuação estúpida, Min — rosnou entredentes. Seus ombros estavam tensos, sua cabeça estava começando a doer. Ele ouviu um risinho baixo.

— Você é horrível fingindo, Jungkook — a voz mansa e doce de Yoongi foi transfigurada em algo egocêntrico e desprezível. — O que foi aquilo na frente do Taehyung? Todo mundo percebeu o quão instável você é.

— Cala a boca.

— Como eu vou me calar, se o estúpido FILHO PREFERIDO DO COMANDANTE É UM GRANDE MERDA? — Gritou como um maníaco. Os olhos arregalados queimando de ódio, o tronco voltado para Jungkook.

Jungkook apertou ainda mais o volante e tentou manter-se atento à condução do veículo.

— Como acha que devo ficar? Você pode colocar tudo a perder a qualquer momento! — Confessou, num tom mais baixo. — Você permitiu-se ser tirado dessa investigação para bancar o cãozinho de guarda do irmão de Kim Taehyung. Por sua culpa eu tenho que vir até aqui fingir ser um estúpido novato que te admira, apenas porque estamos correndo o risco de sermos descobertos. Preciso fazer Taehyung confiar em mim a ponto de me mandar para campo e fazer interrogatórios.

— Ele não está tão perto...

— Ele pegou o Coelho Branco da Zona de Paus. Se aquele cuzão abrir a boca sobre as Zonas, adivinha quem toma no cu? Você e eu!

Jungkook deu seta e estacionou o carro abruptamente fora da pista. Sua mente estava pesada demais.

— Eles descobriram que Inna e Jungwook estavam tentando levá-los a um dos esconderijos — Yoongi voltou a falar, dessa vez, com um pesar na voz que denunciava sua preocupação. — Você já sabia, não é? Foi por isso que parou aquele carro, não foi?

— Descobri com o interrogatório de Jungwook e com um encontro que tive com o encarregado chefe da Zona de Paus. Não podia deixar que eles colocassem tudo a perder, o pai ficaria desapontado.

"Preciso pará-lo". Ele lembrou-se de como estava determinado a parar aquele carro.

— E ele vai ficar quando eu disser que você está trabalhando como cãozinho de guarda — riu em escárnio. — O grande Delator de Copas agora balança o rabinho quando vê o seu novo dono.

— Cala a boca.

— Já não era o bastante você ter estragado tudo quando engravidou aquela mulher? Você estragou tudo com a porra daquela criança!

Num movimento rápido e motivado pela raiva, Jungkook virou o tronco em direção a Min Yoongi, segurou a parte do cinto de segurança alheio que estava sobre o peito e a outra parte ao lado da cabeça, antes de puxá-la em volta do pescoço do hacker, asfixiando-o.

— Cala a porra da boca — falou pausadamente, a mandíbula travada e corpo rígido. Viu a cor do rosto de Yoongi mudar para algo avermelhado. O hacker debatia-se e dava socos no ar tentando acertá-lo. — Nunca mais cite meu filho com essa boca imunda — sibilou lentamente, grave e carregado de raiva antes de soltar o cinto.

Ele viu Yoongi puxar o fôlego com força e tossir, levando as mãos até a garganta.

— Você perdeu a cabeça por que eu falei isso? — Mesmo com a voz esganiçada, Yoongi continuou com um sorriso. — Ora, ora. Você ficou nervoso, irmãozinho?

Um profundo sentimento inundou sua mente, ele não sabia discerni-lo, mas era agressivo de modo que fizesse todos os seus músculos retesar rigidamente, um nó espinhoso enganchou em sua garganta e por mais que ele tentasse fazer descê-lo era inútil. Seu coração estava acelerado, ele conseguiu sentir suas mãos geladas mesmo sob aquelas grossas luvas pretas, mesmo dentro do carro aquecido pelo aquecedor.

Yoongi era e sempre foi um dos maiores causadores de sua irritação. Eles eram irmãos, filhos de um mesmo homem, porém eles não se pareciam em nada, trabalhavam juntos puramente por ocupação e Jungkook tinha certeza que nada seria diferente se eles tivessem crescido juntos, nada seria diferente se eles tivessem crescido sob os cuidados do Comandante da Máfia Jokers.

Aliados, porém, minimamente tolerantes.

Jeon Jungkook era então o Delator de Copas e Min Yoongi, o Spotter de Copas. Jungkook carregava, não somente a responsabilidade de ser um detetive, bem como levava nas costas a expectativa de toda uma máfia organizada. Ele era o filho mais velho do Comandante. Ele era aquele que tinha que pensar adiante em estratégias lógicas e eficazes para trabalhar para a polícia, passando confiança aos seus superiores, enquanto sonega informações e detalhes importantes para proteger o seu pai.

Sua vida era um impasse infernal causado por sua busca incessante em manter-se sozinho. Ainda que odiasse ter que admitir, ele poderia colocar tudo a perder se aprendesse a amar e confiar em seus parceiros de equipe, ele poderia colocar tudo a perder se Kim Taehyung e Park Jimin enxergassem seus segredos — ambos os rostos vieram em sua mente involuntariamente.

Jimin...

Era por isso que Jimin jamais o entenderá. Era por isso, que ele não queria amigos e era por isso que ficou tão ansioso quando Taehyung o chamou de amigo.

Mais do que a presença de Yoongi, ele se irritava com o fato de que às vezes era preciso concordar com ele.

— Não estou nervoso — respondeu por fim, então soltou o freio de mão e voltou a dirigir. Suas mãos ainda estavam frias, mas ao menos seu coração conseguiu controlar seus batimentos durante o resto do trajeto silencioso.

Desceu do carro quando finalmente parou em frente a um galpão abandonado. A estrutura do lugar era péssima, era velha e gasta pelo tempo, os pneus velhos e os tambores cinzas amontoados próximos à porta da madeira suja de graxa também não passavam um ar menos imundo. Esfregou seu sapato no solo coberto pela fina camada de neve e apertou os olhos ao encarar a estrada. Eles não estavam na parte urbana de Seul, era uma região afastada, com pouquíssimas residências e aspecto quase desértico, embora não fosse um deserto.

— Precisamos mesmo entrar? Você sabe o que a Zona de Paus estava fazendo aí dentro.

Jungkook começou a caminhar rumo a entrada e assim que chegou nesta, segurou o pedaço de madeira escura e pesada que prendia as portas velhas. Levantou-a tensionando os músculos dos braços.

— Sou um detetive, estou fazendo meu trabalho — ele disse quando viu Yoongi aproximando. Ele carregou o pedaço de madeira que media quase dois metros até próximo aos tambores e a abandonou ali.

— Não acha que está acreditando demais nisso? — Yoongi provocou, o seguindo. — Você é o Delator.

— Posso ser o Delator dentro do escritório do Comandante, mas aqui, agora, eu sou o Detetive Jeon. E é bom que comece a agir com seu teatrinho de bom moço novamente, ou você colocará tudo a perder — ralhou raivoso antes de segurar as aldravas de ferro e puxar ambas as portas do galpão.

Ele retirou a glock escondida em seu cós e posicionou em frente ao seu corpo, apontando para qualquer coisa ou pessoa suspeita que pudesse surgir de súbito. Em passos meticulosos e metódicos, ele imergiu dentro do espaço, onde a claridade era baixa e o odor do mofo era forte.

— Eu sempre soube de nossas diferenças, Jungkook — a voz de Yoongi perturbou o ambiente silencioso. — Então, espero que saiba que você não me coloca medo algum.

Ele não se deu ao trabalho de responder, apenas continuou andando, vasculhando qualquer sinal deixado escapar pela Zona de Paus.

— Você sabe qual é nossa maior diferença?

A voz estava serena demais, muito mais serena do que quando Yoongi fingia ser um membro da equipe Alfa. Jungkook interrompeu seus próprios passos de maneira súbita, em seguida foi endireitando a postura conforme abaixava os braços estendidos. Havia um retrovisor de carro quebrado e jogado no chão a alguns metros dele que o permitia ver suas costas.

— Qual é? — Perguntou ganhando tempo, os olhos focados no reflexo de Yoongi aproximando de suas costas com uma barra de ferro e os ouvidos atentos a qualquer mínimo som.

— Nossa diferença, Jungkook, é que você é fraco e não tem coragem de realmente machucar as pessoas.

Assim que Yoongi fechou a boca, Jungkook girou os calcanhares e segurou a barra de ferro que ia rumo a sua cabeça. Ele viu Yoongi abrir um sorriso grande, diabólico, enquanto usava as duas mãos para forçar a barra contra sua direção. Estavam próximos, próximos o bastante para o profiler ver a gotícula de suor que escorria sob a têmpora direita do hacker e a veia saltada no meio da testa.

Jungkook sentiu sua mão tremer, sob a luva ele sentiu sua pele enrugada repuxar, ficando sem escolha a não ser jogar a arma para longe dele e então usar a destra livre para se defender do ataque de seu irmão.

— O que você está fazendo? — Perguntou depois de engolir os inúmeros palavrões que quis cuspir contra a face colérica de Yoongi.

— Por um instante eu pensei: hm — arqueou as sobrancelhas de modo espertalhão —, se eu matasse você aqui e agora, eu finalmente conseguiria ficar com suas regalias — carregado de injúria e inveja, Yoongi riu das próprias palavras sem desviar o foco da força que fazia contra Jungkook. — Não entendo como Ele pode confiar tanto em você.

Jungkook apertou os dedos direitos na barra, por alguns segundos ele experienciou a sensação de ter o tegumento de sua mão rasgando-se com aquela pressão, precisava ser habilidoso, consequentemente usou o cotovelo esquerdo para acertar o rosto de Yoongi que cambaleou para trás, soltando o ferrete. O mais velho arremessou o objeto de ferro para longe causando um estrondo alto com o atrito entre os metais e tambores que estavam ali dentro, todos empilhados como em uma oficina ou ferro velho. Ele firmou o olhar lúgubre em Yoongi que estava na direção de seu flanco esquerdo e então fumegou tentando encontrar a paciência habitada nas áreas mais intrínsecas de seu imo.

— Se me matasse aqui, o que diria à equipe Alfa? Que tinha uma emboscada no galpão da Zona de Paus e somente eu fui atingido? — Apoiou as mãos nos quadris já mais impassível. — O que diria ao pai quando ele perguntasse? "Sua Zona de Paus matou seu filho mais velho, sem sua ordem, Comandante" — imitou uma voz cética. — Não seja estúpido, Yoongi, você não pode me matar tendo uma mente tão imprudente e simples. Se realmente quer minha cabeça em suas mãos, ao menos use um pouco mais seu cérebro.

Declarou sem qualquer insegurança. Jungkook não queria morrer, lutava por sua vida todos os dias, mas seu orgulho o deixou profundamente magoado com a insensatez de Min Yoongi, ele esperou um pouco mais de seu irmão.

— Por que? — A pergunta saiu esganiçada e depois de um tempo. Com certa dificuldade, Yoongi ergueu a coluna e massageou a bochecha, elevando os lumes escuros aos seus semelhantes. — Por que você acha que é tão importante para o Comandante?

Jungkook desviou sua atenção, uma vez que seu interesse havia mudado de foco, assim, começou a procurar pela arma que tinha jogado longe. Ele sequer se lembrava da direção que a lançou, mas não estava longe, ele tinha certeza.

— Tudo bem — o hacker sibilou quase magoado, então ficou em silêncio.

Havia também, no silêncio daqueles considerados inocentes, o perigo, Jungkook sabia bem disso. Yoongi mantinha-se com a imagem de bom moço e tímido dentro da Unidade, mas Jungkook o conhecia bem a ponto de enxergar toda a ameaça cabida no silêncio alheio, foi por isso que seu corpo foi ungido pela postura em alerta, foi por isso que ele virou o rosto sobre o ombro. Contudo foi tarde. Pela visão periférica ele viu um borrão escuro correndo até uma pequena viela entre dois tambores, seus calcanhares agiram muito menos dinâmicos do que sua mente habilidosa. Um movimento conciso. Seus olhos cresceram e tornaram-se turvos em uma fração de segundo, tempo estimado para a bala que queimou, rasgou e perfurou a lateral de seu corpo.

Yoongi estava abaixado em frente aos tambores, os dentes cerrados, a veia pulsando no meio da testa e o braço direito erguido, segurando a arma em sua direção. Jungkook sentiu as forças de suas pernas evaporando-se como água em asfalto quente, ele conseguiu sentir cada batida de seu coração, conseguiu sentir o sangue morno correndo por suas veias. Sua cabeça doeu. Levou a mão esquerda até o local da dor que o tentava tirar os sentidos, então sentiu o líquido viscoso sujando sua luva. Suas pernas vacilaram, ele viu Yoongi ficar de pé e apoiar as mãos nos joelhos enquanto inspirava com força, em seguida, viu o outro endireitar as costas e dar passos lentos em sua direção, enquanto a sombra de um sorriso contorcia o rosto redondo.

— Eu não posso te matar, hyung — confessou, movendo a cabeça positiva e retoricamente.

Um de seus joelhos cederam à fraqueza e prostrou-se contra o chão em um baque doloroso.

— Você disse para eu ser mais prudente, então escute isso: quando chegamos no galpão fomos surpreendidos por um homem mascarado. Você, claro, percebeu que o homem estava com seu hoobae na mira e quando esse homem disparou, você heroicamente atirou-se em minha frente e foi baleado — parado em frente a Jungkook, Yoongi segurou o queixo do mais velho o obrigando encará-lo. — O criminoso fugiu, não sabemos o motivo que o levou a nos atacar. Contanto que você esteja vivo, o Comandante não vai se preocupar, afinal de contas, soube que essa não é a primeira vez que foi baleado e o Inspetor Sunbaenim — imitou a doce voz que usava na Unidade — não vai encontrar nada, até porque, não há nada para encontrar.

Jungkook estava zonzo e aos poucos, a voz de Yoongi estava ficando distante, como se ambos estivessem em um túnel escuro e somente o outro saía do lugar.

— O que acha, hyung? Acha que eles vão acreditar? — Inclinou o tronco pequeno para frente e aproximou os lábios ao ouvido de Jungkook. — Se eu não posso te matar definitivamente, vou me assegurar de te levar próximo à morte sempre que possível — escarneceu. — Agora você acha que estou usando um pouco mais de meu cérebro, Sunbaenim?

Notas: 

Ei! Como estão? 

Muito obrigado por todos os comentários. Isso me motiva demais! 

E aí? Vocês acertaram sobre quem era o Delator? A capa da fanfic era um spoiler e tanto, sim? kkkk

Meu Instagram: autoravssouza_

Até o próximo sábado! 

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