Enchanted World Online

By MrCr0w

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Mike Rodrigues, de 29 anos, jogava um jogo mundialmente conhecido, o "Enchanted World Online", um jogo VRMMOR... More

Prologo
Capítulo 1: Primeiro Contato!
Capítulo 2: Dia de aprendizado.
Capítulo 3: Família Real.
Capítulo 4: O Alquimista!
Capítulo 5: Torneio de Espadachins!
Capítulo 6: Uma doce amargura!
Capítulo 7: Ken, O Aventureiro.
Capítulo 8: O início de uma aventura.
Capítulo 9: Nero, O Mago Espadachim!
Capítulo 10: Dormindo com Deuses.
Capítulo 11: Uma benção divina.
Capítulo 12: Purple Flames
Capítulo 13: Luto.
Capítulo 14: Xeque-mate
Capítulo 15: OceanPlus
Capítulo 16: Fogo em alto mar.
Capítulo 17: Buraco de minhoca.
Capítulo 18: A Caverna.
Capítulo 19: O Deus do Trovão.
Capítulo 20: Combustão.
Capítulo 21: Profecia.
Capítulo 22: A Tempestade...
Capítulo 23: Lilith, A Rainha dos Demônios.
Capítulo 24: A Deusa da Água.
Capítulo 25: Um brinde.
Capítulo 26: A chegada.
Capítulo 27: Lorde.
Capítulo 28: O Vilarejo.
Capítulo 29: A Rainha do Reino Verde.
Capítulo 30: Máscaras e Pilares.
Capítulo 31: Dia de treinamento.
Capítulo 32: Preparações.
Capítulo 33: O Distribuidor.
Capítulo 34: Demônios.
Capítulo 35: O Reino de Eregond.
Capítulo 36: O início de uma jornada.
Capítulo 37: Diferença de Poder.
Capítulo 38: Silverstone
Capítulo 39: Pedra, PAPEL e tesoura.
Capítulo 40: Reencontro.
Capítulo 41: O Brilho da Luz.
Capítulo 42: Só o tempo nos dirá.
Capítulo 43: O Enxame de Inscrição.
Capítulo 44: Discurso dos Representantes.
Capítulo 45: Primeiro Dia.
Capítulo 46: Apostas do Mestre.
Capítulo 47: O Enviado de Deus.
Capítulo 48: Tempo dourado.
Capítulo 49: Massacre.
Capítulo 50: Despedida.
Capítulo 51: Símbolo de Orgulho.
Capítulo 52: O dia do Caçador.
Capítulo 53: O Deus Dragão.
Capítulo 54: Raiva e Lágrimas.
Capítulo 55: Marca Tempo.
Capítulo 56: A Ordem das Rosas.
Capítulo 58: De volta ao velho mundo.
Capítulo 59: Lady Mortífera.
Capítulo 60: Amanhecer de Um Novo Mundo.
Capítulo 61: O Inigualável Rei.
Capitulo 62: Mundus hieme mutatus.
Capítulo 63: My Dear Sister.
Capítulo 64: T.E.
Capítulo 65: Técnica Inata.
Capítulo 66: Preparando o Terreno para Grandes Mudanças.
Capítulo 67: O Final de um Grande Prólogo.
Mapa do Continente Mortal.
Capítulo 68: Capítulo Um da Segunda Era.
Capítulo 69: Espada e Honra.
Capítulo 70: Um Jogo de Azar.
Capítulo 71: Clã da Águia.
Capítulo 72: Políticas e Estratagemas.

Capítulo 57: Arcanjo de Batalha.

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By MrCr0w


Meu braço estava doendo tanto que lágrimas brotaram nos meus olhos. A minha ficou turva, mas eu não saberia dizer se era por causa das lágrimas ou por causa da dor, e eu estava perdendo a consciência.

Usei a magia de cura mais avançada que eu aprendi na Academia Harvor, Angelicum Osculum. Aliviou a dor o suficiente para eu me recompor, mas quando olhei para o braço e vi a fratura exposta perdi a esperanças.

Apenas Sanitatem Divine poderia curar um ferimento assim, e, até onde eu sei, magias três séculos atrás não é ensinada em lugar nenhum do mundo... Pelo menos não desse mundo.

Consegui me levantar relativamente rápido e vi Ken caindo aos pés do Antares. Aidem e Nero também estavam no chão, a menos de um metro do Ken.

Senti meu coração bater acelerado em meu peito. O medo foi como uma mão invisível cheia de garras agarrando o meu estômago, esmagando as minhas tripas.

Não podia fazer nada para ajudá-lo. É sempre assim... desde infância.

Me lembro de quando o curandeiro fez a primeira visita a minha mãe. Lembro das palavras que usou para nos contar que não havia tratamento para suas condições; Não é da natureza humana superar esse tipo de coisa.

Foi quando abandonei o estudo de magia. Tinha trabalhado duro para curar ela, mas de que importava se não tinha cura? Talvez Sabrine estivesse certa. Eu só sei fugir e depender das outras pessoas.

Quando ele precisa de mim não consigo fazer nada. Mesmo evoluindo nada muda, porquê o seres humanos não são capazes de superar esse tipo de coisa.

Eu ainda estava parada no mesmo lugar quando ouvi o grito da Gwen e ela disparou voando na direção do Antares, deixandonlara trás 4 Anjos que a perseguiam.

Percebi que ela não chegaria a tempo caso Antares realmente quisesse fazer alguma coisa, e a julgar pelo grito desesperado dela, Gwen também percebeu.

O ar em volta do Anjo vibrou e se distorceu. Vi a neve sendo puxada na direção dele, o cabelo branco do Ken esvoaçando como se estivesse em um vendaval.

E de repente foi como se toda a realidade fosse sugada para Antares e então apagada da existência. Uma corrente de ar fez um punhada de neve se erguer em espiral no local onde Antares e Ken estavam antes.

Logo depois Gwen aterrissou como um míssil atingindo o solo. O estrondo ecoou pela floresta inteira e o tremor chegou a me desestabilizar e quase cair.

— NÃO!!!! DE NOVO NÃO!!! — Ela gritou, se curvando e batendo com os dois punhos no chão.

Alguns Anjos desciam voando atrás dela, mas junto com seu grito que reverberou por toda parte, seus raios explodiram em uma gigantesca tempestade elétrica. Cada raio brilhava em um azul intenso e hipnotizante.

Vi um deles estalar no ar próximo a cabeça de um dos Anjos. Esse foi o primeiro a recuar, e se o Anjo que o seguia tivesse pensando nisso também não teria sido atingido no peito. Outro deles teve a barriga dilacerada por um raio, que abriu sua barriga e carbonizou suas entranhas.

Cerrei os dentes para conter a dor e comecei a avançar na direção da Gwen, vendo os Anjos sendo obrigados a recuar pelos relâmpagos estalando no ar.

Um relâmpago estalou no chão a centímetros do meu pé, e aquilo me assustou tanto que eu quase recuei. Mas me obriguei a continuar avançando.

Meu vestido arrastava no chão, se prendendo na neve e nos arbustos. Eu estava a ponto de rasga-lo até que não limitasse mais meus movimentos.

Eu sempre amei vestidos, principalmente os elegantes e longos, mas ao mesmo tempo odeio a forma como eles me limitam. Foi por isso que no meu traje de batalha eu pedi para o costureiros fazerem cortes estratégicos na barra do vestindo, possibilitando a minha movimentação.

Como eu queria estar vestindo ele agora.

Quando estava me aproximando da Gwen, seus olhos azuis se desviaram na minha direção. Ao mesmo tempo um relâmpago disparou na minha direção.

Prendi a respiração, meu corpo ficou tenso e um calafrio percorreu o meu corpo. Mas no último instante o raio desviou e atingiu uma árvore ao meu lado, partindo o tronco dela ao meio.

— Alice... Alice, ele... —

— Eles estão bem, Gwen. — Voltei a caminhar até ela e coloquei a mão em seu ombro. Os relâmpagos se acalmaram no mesmo instante. — O Ken vai dar um jeito de voltar, não importa pra onde o Antares levar eles. —

Percebi quando ela engoliu seco, antes de concordar com a cabeça de forma rápida demais.

— Tem razão. É, o Ken vai dar um jeito. Ele já deve estar voltando a qualquer momento... —

Ela deixou suas palavras pairaram no ar até que o vento as sobrepôs. Os segundos se estenderam até virarem minutos, e nada deles reaparecerem.

Gwen se levantou lentamente, o olhar tenso e atento vasculhando os Anjos que voavam sobre nós. Nenhum deles atacava mais, e isso parecia incomodar ela tanto quanto me incomodava.

Mas então de repente o ar a nossa volta foi sugado. A neve se ergueu no ar como uma nuvem de poeira, e quando abaixou Antares estava de volta. Mas sozinho.

O sangue foi a primeira coisa que eu vi, escorrendo pelo manto dele e manchando a neve embaixo dos seus pés. Depois eu localizei o ferimento. Um corte estranho na barriga, a carne queimada e revirada, o sangue formando uma crosta seca que estancava a maior parte do sangramento.

Gwen arregalou os olhos de surpresa ao ver Antares aparecer sozinho, e no mesmo instante seus olhos brilharam na cor azul.

— Onde eles estão!? — Ela questionou, em um tom que não deixava espaço para meias repostas.

Mas Antares olhou para ela da mesma forma que se olha para um bobo-da-corte fazendo palhaçada para chamar a atenção.

— Ousa exigir algo na minha presença, Draco? Sua espécie era menos promíscua quando Eragon governava. Ele sabia seu lugar. —

Gwen avançou o primeiro passo na direção do Anjo e eu sabia que ela iria voar contra ele e atacar sem nem pensar nas consequências. Por isso segurei o braço dela.

Quando ela se virou para mim sua expressão era de ódio, e por um momento eu considerei solta-la e recuar. Mas não podia. Nós duas nunca seríamos o bastante para enfrentar ele, não quando Aidem, Nero e Ken não bastaram.

— Gwen, temos que sair daqui. — Eu falei.

— Sair!? Você quer fugir, Alice? Ma-...

— Fugir? Você acha que pode fugir de mim, Dimidium Dea? Não se exalte demais, querida humana. Você não tem Graça o suficiente para me desafiar. —

— Engraçado... — Apertei a mão da Gwen com um pouco mais de força e a puxei para perto, colando o seu corpo no meu. Ignorei o olhar confuso dela, e tentei focar em soar confiante como Ken. — É você quem está me exaltando demais, não acha? Até me deu um apelido, me sinto um pouco honrada. —

Eu poderia rezar para que Antares não sentisse a minha mana fluindo e envolvendo Gwen e eu, mas não faria isso por dois motivos simples: O Ken é um dos três grandes Deuses, e nem ele acredita na religião do meu mundo. E o segundo motivo é que meu inimigo era um Anjo, então imaginei que talvez ele pudesse ouvir a minha oração.

Ao invés disso eu lancei um olhar suplicante para Gwen e torci para ela entender o meu plano. E por sorte ela entendeu.

Gwen esticou a mão livre para o lado e começou a criar uma bola de fogo, fluindo mana constantemente para ela crescer. Antares olhou para aquilo com desprezo.

— Perfeito. — Ele disse, desviando sua atenção para mim novamente. — É assim que criaturas inferiores como você deve se sentir quando estão na nossa presença; Honrados. —

— Quer que nos ajoelhamos também? — Gwen perguntou, mas não olhava para ele. Sua atenção estava focada nos Anjos que formavam um círculo em cima de nós.

— Não há necessidade, sua reverência não me serve de nada. Em alguns mundos vocês, humanos, nos louvam como enviados de Deus, e de que isso importa? Não exigimos devoção, apenas respeito. Por isso, Draco... Acho bom apagar essa sua bola de fogo insignificante e-... — Ele começou a levar a mão na direção da esfera de fogo na mão da Gwen, mas parou de falar quando sua mão se aproximou.

Antares franziu as sobrancelhas e me olhou, confuso e surpreso. Até que bem lentamente a sua expressão foi se fechando em um semblante irritado.

Assim que percebi que ele havia notado a forma como a minha mana envolvia meu corpo e o da Gwen eu agi, ativando a magia avançada que eu aprendi com o Félix em Harvor.

— Zoomporte! —

No mesmo instante foi como se o mundo inteiro fosse esticado em um corredor estreito por onde Gwen e eu fomos empurrados. A sensação era a de que o mundo inteiro estava se mexendo.

A paisagem a nossa volta passava pelo meu campo de visão tão rápido que eu mal podia reconhecer. Ouvi o grito do Antares ficar distante, mas não consegui olhar para trás para ver se ele nos seguia.

Quando me dei conta estava parada no meio de uma clareira, rodeada por árvores e nada mais. Nenhum sinal dos Anjos ou do Antares.

— Wow! Isso foi incrível. Que magia é essa? — Ouvi Gwen perguntar ao meu lado.

Antes de responder eu olhei para trás. Não conseguia ver o sinal da batalha que estávamos travando, o que significava que havia ganhado uma distância consideravelmente alta. Mas eu também sabia que essa magia não nos levava tão longe a ponto de eu não precisar me preocupar mais com eles.

— Magia de teleporte, aprendi com o Félix. — Eu respondi, e ao mesmo tempo sai andando, puxando Gwen pela mão. — Temos que sair daqui. Não sei exatamente o quanto nos distanciamos deles, mas sei que não é muito. —

— Nós não podemos fugir, e se eles voltarem? — Gwen perguntou, parando abruptamente.

— Se eles voltarem vão ir direto para Lerrerian, até lá eu preciso conversar com os Reis e informar o que aconteceu. — Eu respondi, me virando para ela. — Vamos para a cidade falar com o meu pai, e depois pensamos no que fazer para ajudar o Ken. De qualquer jeito não podemos fazer nada ficando aqui. —

Gwen olhou para trás, hesitante em fugir da luta, mas quando voltou a olhar para mim, mesmo que seus olhos azuis gritassem dizendo que queria lutar, ela se conformou.

— Me deixa curar seu braço antes. — Ela levou a mão em direção ao meu braço quebrado, mas eu recuei.

— Você não tem mana o suficiente para me curar e levar a gente voando até Lerrerian, tem? — Eu perguntei quando ela me olhou confusa.

— Não, mas me parece mais apropriada não deixar a minha amiga perder o braço só por causa disso. — Ela avançou e segurou meu braço antes que eu pudesse fazer a qualquer coisa.

Aquilo doeu tanto que eu não reclamei quando ela ativou a magia Sanitatem Divine e a dor desapareceu enquanto o ferimento se curava.

— Eu não... — Parei de falar quando senti as minhas bochechas esquentando, e provavelmente ficando coradas, mas quando Gwen me olhou, prestando atenção, eu me obriguei a prosseguir: — Eu não sabia se você me considerava uma amiga ou não... Pensei que, talvez, eu fosse apenas a amiga do seu... ex? —

A luz da magia oscilou por um momento, assim como a expressão no rosto da Gwen. Quando ela falou tinha o cenho franzido e um sorriso no rosto, como se estivesse dividindo entre ficar irritada e rir do que eu disse.

— Você tá brincando, né? Eu literalmente alternei entre sair com você ou estudar na Academia durante todo esse tempo. Poxa, você até ia comigo quando eu arrastava o Aidem pra fazer compras. — A luz da magia se apagou e meu braço estava curado, mas ela continuou me segurando. — Você não é só a minha amiga, é a minha melhor amiga. —

— Desculpe. Tem razão. — Acho que estava sorrindo como uma criancinha agora, mas não me importei. — Vamos fingir que eu nunca disse isso e para ir o vilarejo mais perto. Eu levo a gente. —

— Claro. Me mostra essa suas magias novas. —

— Water fluxus inversionem. — As ondas de água surgiram do meu corpo assim que terminei de pronunciar a magia.

A água parecia sair do meu corpo como um rio despenca de um penhasco em uma cachoeira, mas a queda d'água era apara cima, subindo pelo meu corpo como um redemoinho.

Estiquei a mão na direção dela e uma onda de água se separou de mim, envolveu seu corpo e puxou para perto. Quando nossos corpos colaram um no outro a água nos envolveu e nos abraçou, fazendo o fluxo e a correnteza dos seus movimentos massagearem meu corpo de forma reconfortante.

— Uma vez o Ken me disse que a água é umas forças da natureza mais forte, e que o dom que Aqua me passou era mais que uma Essênce, era uma forma de domar essa força. — Enquanto falava o redemoinho ficava cada vez mais veloz e água começava a nos erguer no ar. — Eu vou fazer dessa força a minha, mas ainda tenho um longo caminho pela frente. Não pude aprender muita coisa em Harvor... mas consegui criar algumas magias interessante. Essa deve nos levar até a vila mais próxima para podermos descansar. —

Quando terminei de falar a água disparou voando, nos levando em direção as nuvens escuras no céu. A neve caía do céu tão fria que cortava, mas mesmo ela eu podia controlar e desviar do nosso caminho.

Fiz as nuvens carregadas se abrirem a minha vontade e se fecharem atrás de nós conforme passávamos voando, para ocultar a nossa fuga.

Ainda não acreditava que tínhamos conseguido fugir assim tão facilmente, por isso também mantive a magia de Quaerere para detectar inimigos próximos ou ataques repentinos. Mas não encontrei nada.

Acho que estávamos a salvo agora, então me permiti voar tranquilamente enquanto ouvia Gwen elogiando a minha magia.

E confesso que era algo bem satisfatório de se ouvir.




Nós passamos a noite na mansão da Lady Jasmine Baldrick, dona das prioridades do seu finado esposo, Lorde Fallen Baldrick. Também é atualmente a nobre mais rica do Reino, pelo menos até seu filho mais velhos, Theodor, completar dezesseis anos.

Quando acordei, no quarto de hóspedes mais exagerado que eu já vi, quase me convenci de que o que tinha acontecido na noite anterior tinha sido só um pesadelo.

Mas o quarto desconhecido era um lembrete constante de que eu tinha que me levantar e agir. Talvez Ken já até tivesse voltado e tenha ido para Lerrerian.

Não posso ficar pra trás.

Me levantei e vesti o meu traje de batalha de sempre. Me sentia mais confortável com uma espada na cintura, sabendo que poderia me defender e me proteger caso necessário. Embora torcesse para que não fosse.

Estava descendo as escadas para a recepção quando Jasmine surgiu no fim das escadas em frente aos degraus, me oferecendo um sorriso simpático.

— Bom dia, Vossa Alteza. Espero que tenha tido uma boa noite de sono. — Ela disse enquanto ajeitava uma mecha do seu lindo cabelo preto, que parecia macio como uma seda, atrás da orelha.

— Dormi muito bem, obrigada, Jasmine. — Parei no fim das escadas e esbocei um sorriso brincalhão. — Tenho tanto o que agradecer, que ficaria aqui o dia todo se fossemos fazer uma lista. —

— Ora, não foi nada, Alteza. Como uma súdita do seu pai é uma honra poder ajudá-la quando necessário, e como uma amiga eu nunca poderia deixa-la no relento, dormindo nas pocilgas dessa cidade ou nos estábulos de algum camponês qualquer. —

Quase bufei em desdém ao ouvir ela falando, e tive que recorrer aos anos de ensinamentos de como se portar na corte para não fazer.

Aquela mulher me via como uma amiga tanto quanto Lizardman é de um humano. Jasmine é uma cobra pronta para dar um bote, assim como a maioria dos nobres de Haiford.

— Ainda sim, tenho muito o que agradecer. Foi um pedido repentino, e mesmo assim você nos concedeu não só um, mas dois quartos. Preciso te agradecer tanto em meu nome, quanto em nome da minha amiga. — Eu falei, e deixar o sorriso amigável no rosto era automático.

— E por falar nela. — Jasmine gesticulou com a cabeça, indicando que olhasse para trás.

Quando me virei vi Gwen parada no topo da escadaria. Seu cabelo branco já estava quase na altura dos ombros, e ela vestia um conjunto simples de saia e blusa preta que Jasmine empréstimo a ela por suas roupas estarem muito rasgada.

Assim que ela nos viu ela esboçou um sorriso amigável, digno de alguém treinada para atuar na realeza, e começou a descer as escadas.

— Bom dia, Jasmine. — Ela fez um breve meneio com a cabeça para nós. — Princesa Alice. — Para mim ela reservou uma mensura maior, mais digna da realeza.

Assim como eu pedi para ela fazer na noite anterior, antes de chegarmos na vila.

— Bom dia, querida. Dormiu bem? — Jasmine perguntou, oferecendo a ela toda a simpatia falsa que tinha demonstrado comigo antes.

Gwen abriu a boca para responder mas não chegou a dizer nada, pois antes que tivesse a chance a mansão inteira estremeceu. A madeira rangeu e um pouco de poeira caiu pelas frestas.

Me movi no automático, segurando o braço da Jasmine e subindo as escadas correndo enquanto a puxava comigo. Ainda estava no décimo degrau quando um segundo impacto atingiu o chão em algum lugar fora da mansão, e toda a estrutura da casa estremeceu novamente.

— Acha que são eles!? — Gwen perguntou, com uma mão apoiada no corrimão e a outra abrindo o armazenamento dimensional.

— Não... — Eu respondi, mas quando um terceiro estrondo estremeceu o chão, eu perdi a confiança. — Eu espero que não... —

— O que é isso!? — Jasmine questionou, olhando para os lados de forma apreensiva, como se temesse que sua casa desmoronasse a qualquer momento. — Alice, o que está acontecendo? A vila está sob ataque!? —

Franzi as sobrancelhas quando ouvi ela me chamar pelo nome de forma tão casual, mas decidi que aquele não era o melhor momento para ressaltar o nosso sistema de monarquia.

— Provavelmente. — Eu respondi, me colocando diante dela de forma autoritária. — Vá para o porão da casa e fique escondida lá até alguém ir te buscar. Vou sair e verificar a situação atua-... —

Antes que eu terminasse de falar algo atravessou o teto da casa e caiu na escadaria. Os degraus de madeira se partiram com o impacto e um buraco se formou no centro da escada.

A luz passou pelo buraco no teto e recaiu na direção da escada, iluminando o Anjo parado nos destroços da madeira destruída.

Suas asas estavam fechadas em volta do próprio corpo, mas lentamente foram se abrindo para revelar um homem vestindo uma túnica branca.

Os olhos verdes do anjo vasculharam o ambiente a sua volta de forma lenta e minuciosa até que sua atenção recaiu sobre nós. Tenho a impressão de que ele já sabia que estávamos ali, pois não vi surpresa em seu rosto.

Quando corrigiu sua postura e se afastou dos degraus quebrados parecia exalar confiança. Eu conseguia dizer apenas olhando para ele, que era mais forte que os Anjos que enfrentamos ontem.

— Dimidium Dea, Draco. — Ele alternou o olhar entre Gwen e eu, e começou a avançar lentamente na nossa direção. — Sintam-se honradas, como os seres inferiores que são, por estarem na lista do Arcanjo Miguel. Agora venham comigo e irei levá-las até o seu julgamento, onde poderem-... —

Antes que ele terminasse de falar eu desembainhei a minha espada. Não movi a espada e não fiz nenhuma menção de ataque, tudo que eu precisava era liberar o espaço dentro da bainha.

— Mill Aqua; Carcere. — Pronunciei a magia.

No mesmo instante 4 jatos de água foram expelidos do interior da minha bainha, disparando na direção do Anjo e se enrolando em seu corpo como se fossem chicotes d'água.

O Anjo se debateu tentando se livrar da água, mas já era tarde demais. Quando a água começou a ser sugada para dentro da bainha ele foi arrastado junto, a água se expandindo e girando ao redor do seu corpo.

Até que por fim a água engoliu o Anjo por inteiro, só para logo em seguida se comprimir dentro da minha bainha, engolindo tanto a água quanto o próprio Anjo. Ambos desaparecendo sem deixar rastros.

Devolvi a espada para a bainha com calma, deixando qualquer mana remanescente fluir para fora. Quando ouvi o clique da guarda da espada batendo na bainha a magia estava selada.

— Magia de Selamento nível 6... — Gwen murmurou, parecendo impressionada. — Magia da Nova Geração, quem diria... —

— Aprendi algumas com o Félix. — Não consegui conter o sorriso orgulhoso em meu rosto. — Se a magia funcionar como a teoria, nesse momento o Anjo deve estar se afogando em um oceano interminável.

— Impressionante. —

— Esse é só o comeco. — Falei enquanto fluía mana pelo meu corpo. Quando a mana ocupava cada espaço e poros no meu corpo, eu a obriguei a se acalmar e pronunciei a magia; — Lull Aquatilis. —

Uma vibração quase imperceptível se espalhou pelo meu corpo e no mesmo instante foi como se o mundo inteiro caísse no silêncio absoluto.

A mana dentro do meu corpo se tornou a própria manifestação da quietude. E naquele momento era como se a minha mente fosse como um oceano de profundidades inimagináveis, capaz de absorver tudo.

Inclusive a presença de todos os Anjos do lado de fora da mansão... E a coisa que eu não sei dizer se era um Anjo ou um Demônio.

— Manifesto potentia interiorem. — Eu pronunciei a próxima magia.

As partículas azuis se originalizaram no meu abdômen, fluindo para fora do corpo, mas acho que só eu consegui perceber e somente porquê senti, já que logo elas estavam saindo de todo o meu corpo.

A luz brilhava em ondulava a minha volta como se fossem as ondas do mar. A diferença era que essa ondas eram feitas de mana pura, vinda diretamente da Aqua, a Deusa da Água,

Ergui a espada na vertical e a posicionei na minha frente, e logo em seguida comecei a fluir toda essa mana para a espada.

A lâmina prateada perdeu todo o seu brilho diante do turbilhão de mana que a cercou repentinamente e eu tentei não estremecer diante de tanto poder.

Precisei treinar muito com o Ken para criar e dominar essa técnica, mas pela primeira vez me sinto segura de usá-la, mesmo que tenha que me restringir um pouco.

Nunca me imaginei chegando em um nível assim de poder. Isso está muito além do meu objetivo inicial; Rank S de aventureira.

Agora eu tenho o poder de uma Deusa nas minhas mãos.


— Me acompanhe, Gwen. Não sei por quanto tempo posso manter isso, preciso de você para me dar cobertura. —

— Espera, Alice. — Ele se colocou ao meu lado, de modo que eu pude vê-la sem ter que desafazer a minha postura. — Você planeja lutar? Não temos chance. Não sei se você tem uma magia de busca, mas eu usei a minha e senti uma presença assustadora do lado de fora. —

— Eu também senti. — Confirmei com seriedade e sem tentar ocultar a tensão na minha voz. — Deve ser tão poderoso quanto o Antares, mas eu cansei de fugir. Vou mostrar a esses Anjos que não devem subestimar os humanos. —

— Isso é loucura, Alice. Nós não temos chance, você mesma viu o quão forte eles eram. Você não precisa provar nada pra ninguém, não tem porquê seguir com essa luta. Se recuarmos eu aposto que eles vão embora. —

— Você não entende. — Respirei fundo e fechei os olhos. — Eu preciso provar isso pra uma pessoa, sim. Pra mim mesma... —

Movi a espada com lentidão e precisão, apontando sua lâmina para trás de forma inclinada, e então foquei toda a minha atenção no lado de fora da mansão.

O ar do lado de fora parecia ser as águas do mar, e cada Anjo que se movimentava eu podia sentir como se pudesse ver as ondas se movendo a volta dele.

30 Anjos e a presença de algo mais.

— O Ken disse que a minha técnica tem potencial para superar ele se usada de uma forma correta e eficiente... — Voltei a abrir os olhos quando voltei a falar, e fitei Gwen com determinação. — Preciso provar pra mim mesma que posso fazer isso, caso contrário nunca conseguirei permanecer ao lado de vocês em uma luta. —

Arrastei os pés no chão, ajeitando suas posições e preparando para avançar. Ouvi Gwen suspirar ao meu lado e desembainhar a sua espada.

Quase suspirei aliviada. Estou acostumada a tentar parecer confiante como um membro da família real deve ser, mas sinceramente estou apavorada.

Esse tipo de inimigo está em uma magnitude totalmente diferente dos inimigos que eu enfrentei até agora.

A última pessoa com uma presença tão poderosa que eu vi foi o Pai da Gwen ou a Rainha do Demônios, Lilith. Mas essa conseguia superar as duas facilmente, e o pior; o Ken não estava aqui para me ajudar dessa vez.

Apertei com mais força o cabo da espada e obriguei a minha mente a excluir esse tipo de pensamento, voltando a me concentrar na magia e me tranquilizando como as águas calmas de um rio.

Expeli todo o ar dos meus pulmões com um logo suspiro, e então inspirei profundamente. Quando disparei correndo em direção a porta de entrada da mansão a sensação era de estar me movendo na água.

Quase podia sentir o ar se contorcendo como ondas com os movimentos do meu corpo. Tudo parecia lento e pesado, como se o mundo tivesse submergido nas profundezas do mais profundo oceano.

Ao me aproximar da porta Gwen passou por em alta velocidade, mas ainda assim eu pude vê-la com total clareza. Os relâmpagos envolviam seu corpo e impulsionavam para frente. Quando ela parou e chutou a porta, escancarando ela para fora, eu a alcancei.

Saltei para fora da mansão sem hesitar, sentindo claramente a presença de cada Anjo que voavam perto da mansão. 2 a poucos metros da entrada, e mais 3 voando a vários metros acima do telhado.

Meu primeiro passo atingiu o chão coberto de neve com força e mana se espalhou pela fria camada branca que cobria o chão. No mesmo instante a neve derreteu e disparou um jato de água para cima, me projetando para frente como se eu tivesse em cima de um gêiser.

O primeiro Anjo arregalou os olhos de surpresa e disparou uma magia de fogo na minha direção, mas no mesmo instante a água que me impulsionava para cima girou como um redemoinho, me tirando por pouco da frente do jato de chamas.

Eu praticamente deslizei pelo ar sobre a água, passando ao lado do Anjo e movendo a espada antes que ele pudesse reagir.

Sabia que estava me movendo rápido porquê os outros Anjos começavam a notar a minha presença só agora, mas pra mim tudo parecia devagar, inclusive meus próprios movimentos.

Meu braço parecia estar seguindo a correnteza de um rio quando se moveu, a espada praticamente dançando no ar em direção ao Anjo. Quando a lâmina imbuída por mana passou pelo tórax do Anjo a carne e os ossos foram cortados como se nem existissem.

O sangue espirrou de ar e eu manipulei a mana. O sangue carmesim se contorceu no ar, formando pequenas lâminas com o líquido. A luz azul na minha espada mal teve tempo de envolver o sangue antes dele disparar voando.

A água em baixo dos meus pés me projetou na direção dos outros dois Anjos no mesmo instante em que as minhas lâminas de sangue atravessavam as asas de um deles.

O amigo dele disparou um relâmpago na minha direção, mas quando rebati a magia para o lado com a espada o raio se estilhaçou em fragmentos azuis semelhantes ao azul da minha mana, e logo em seguida também foram absorvidos pela lâmina.

Me aproximei desse anjo quando ele estava formando um novo relâmpago na mão. Arranquei aquele braço tão rápido quanto disparei voando até o companheiro dele.

O Anjo tentava recuperar a estabilidade do voou, com uma de suas asas ainda com 8 lâminas de sangue cravadas nela, as pernas brancas se manchando de sangue. Mas antes dele se recompor eu me aproximei e o atingi com um chute no peito.

A magia Lull Aquatilis me permitia uma compreensão e percepção muito maior não só do meu a redor, mas também — e principalmente — da minha própria mana.

Por isso quando o Anjo voou dois metros para trás e se recompôs eu fui rápida o suficiente para usar as lâminas de sangue em sua asa para infundir a mana remanescente no sangue para dentro do corpo do Anjo.

Vi o choque se espalhar pelo rosto do Anjo quando ele sentiu a minha mana adentrar seu corpo, mas agora já era tarde demais. Com apenas um pensamento eu enviei uma onda fria por seu corpo.

Os espinhos de gelo implodiram de dentro do corpo do Anjo, se projetando para fora do corpo e rasgando os músculos e ossos no caminho até apontarem para fora completamente cobertos pelo seu sangue.

Me virei na direção dos outros Anjos que voavam sobre a mansão porquê senti a presença deles oscilando com a mana deles. Mas assim que me virei um escudo de luz azul se formou na minha frente.

No mesmo instante uma lança feita inteiramente do que parecia ser lava e um raio de luz atingiram o escudo, que se estilhaçou completamente apesar de conter os golpes.

Senti a presença da Gwen se aproximando, mas sabia que ela não iria se aproximar deles antes que atacassem pois vi uma nova magia já pronta nas mãos deles.

Então decidi não desperdiçar a chance que ela me proporcionou.

Ataque horizontalmente com a espada, mesmo estando a mais de 7 metros dos anjos. E quando a lâmina cortou no ar na minha frente uma ondulação contorceu a realidade.

O ar pareceu se dobrar na minha frente, como duas ondas se colidissem, e do outro lado, onde os Anjos estavam, a mesma coisa aconteceu.

Uma explosão de sangue se espalhou no ar quando o corpo dos Anjos se partiram ao meio abruptamente, como se uma gigantesca lâmina inviável cortassem os 3 ao meio.

Senti a aproximação de outro anjo, mas, mesmo com a percepção extremamente alta, quando me virei na sua direção só tive tempo de ver a ponta da lança do Anjo se aproximando do meu rosto.

Todo o mundo estava lento diante dos meus olhos, mas isso não tornava os meus próprios movimentos rápidos. Eles ainda tinham a vantagem de se moverem mais rápidos do que eu.

Mas antes que eu fosse atingida pelo golpe que seria mortal a espada da Gwen subiu verticalmente na minha frente e repeliu a lança para cima.

O Anjo se espantou com a aproximação repentina da Gwen, se assustado com os relâmpagos em volta do corpo dela. Mas antes que ele tivesse tempo de contra-atacar ou Gwen pudesse desferir o golpe final, eu projetei uma estocada para frente.

A minha lâmina perfurou o peito do Anjo bem onde ficava seu coração. A energia azul na lâmina expeliu uma enorme explosão azul quando a lâmina saiu em suas costas.

Sangue jorrou da boca do Anjo quando ele tentou gritar, mas assim que eu retirei a espada sua voz falhou e ele despencou, morto, em direção ao chão.

A minha magia de água se desfez em baixo dos meus pés e eu só não caí porquê Gwen me segurou e usou a sua magia, Boost Levitation, para manter nós duas no ar, descendo bem lentamente em direção ao chão.

— Você cortou o espaço-tempo!? — Ela perguntou, olhada espantada para o teto da mansos da Jasmine, onde os restos do corpos dos três Anjos faziam.

— Não sei... — Respondi, me sentindo um pouco envergonhada. — Na verdade, não sei nem o que isso deveria significar. —

— Que essa magia é forte pra cacete! — Ela desviou o olhar para a minha espada, ainda envolta pela minha mana, e depois me olhou, um sorriso se formando no seu rosto. — Isso é incrível, Alice! O que mais pode fazer? —

— Posso manipular qualquer líquido que estiver a uma certa distância e controlar melhor as minhas divergências. — Quando nossos pés tocaram o chão eu me afastei e voltei a me concentrar na magia. — Ela também me dá uma percepção maior do ambiente a minha volta, assim eu consigo sentir a presença inimiga. —

— Então você notou também... —

— Claro. A diferença foi gritante. — Eu concordei, assumindo um postura mais defensiva. — Aquela presença desapareceu assim que você abriu aquela porta. —

— Ainda acho que deveríamos fugir, mas... — Gwen olhava tensa ao redor, sentindo as mesmas presenças se aproximando que eu sentia. — você me convenceu na parte de provar a si mesma. — Ela respirou e fundo e quando me olhou seu olhos brilhavam não só de mana, mas de terminação. — Quero fazer isso também. Provar a mim mesma que ainda consigo lutar... mesmo depois que eu perdi as minhas asas... —

A voz dela oscilou e eu senti um aperto no coração. Sabia que aquilo tinha afetado ela. Gwen tentou curar suas asas assim que voltou, mas nenhuma magia de cura funcionava.

Um mês mais tarde foi descoberto que danos feitos com Core só podiam ser curados por Core, e mesmo assim exigia muita técnica e que fosse feito na hora. Ela nunca mais recuperaria suas asas.

Nunca falei disso com ela por achar que ela não me considerava alguém próxima o bastante para isso. Agora eu sei que isso não passou de uma insegurança criada por mim mesmo, e me sinto mal por nunca ter conversado com ela. Tentando reconfortar a minha amiga.

— Chegaram. — Gwen falou, me arrancando dos meus pensamentos.

Tinha perdido a concentração por um momento, o que interrompeu momentaneamente a magia e me impediu de sentir os anjos. Quando voltei a me concentrar pude senti-los.

Mas não vê-los.

O céu estava limpo, com apenas algumas poucas nuvens vagando solitárias, e o sol brilhava de forma imponente, mas não mais importante do que as presença que deveria estar bem diante de nós, tampando completamente a visão desse dia lindo.

— Não entendo, eles... eles deveriam estar aqui. —

— E est-...

— Estamos. — Uma voz interrompeu Gwen. Parecia ser uma voz jovial e alegre, mas o tom de soberania era inegável. — Mas a Casa Angelus escolhe como será a realidade. Ela escolhe para quem se mostrar. —

Uma oscilação percorreu a mana no ar e a realidade se desdobrou no céu. As asas brancas foram as primeiras a aparecer, seguida pelos Anjos que voavam lentamente para frente.

Um após o outros eles surgiram no céu, como se estivessem atravessando o véu da realidade e se tornando visíveis. Presumi errado quando calculei os números deles antes, não eram 30, eram no mínimo 100 deles.

E o líder era o dono da presença que eu senti antes, e agora reaprecia com força total.

Um jovem de cabelos brancos e olhos azuis. Mantinha uma máscara de inexpressividade, e isso lhe dava ainda mais imponência combinado com seus pares de asas. Pares. No plural.

O Anjo tinha seis asas em suas costas, duas esticadas de formas grandiosas e elegantes e o último par encolhida para estabilizar seu voou, que diferente dos outros Anjos era completamente estável e não requisitava de nenhum bater de asas.

A armadura preta e o peitoral e ombreiras, ambos dourados, meramente decorativas diante do poder daquele Anjo. Ninguém ousaria desafiado.

— Por isso eu vou fazer da forma correta. Enfrentando-as cara a cara. Pois é uma honra por aí só estar na minha lista, nada mais justo do que eu enfrenta-las pessoalmente. — Ele falou, e mesmo mantendo seu tom baixo sua voz chegou até nós.

— Talvez você também possa nos dar a honra de dizer quem é. — Gwen sugeriu, mantendo a cabeça erguida sem recuar.

Ele assentiu consigo mesmo por um momento, como se acabasse de confirmar uma teoria.

— Claro que vocês não deram ouvidos ao meu mensageiro, imagino que a Dea tenha o matado também. Parece gostar disso, e é boa no que faz. — Ele falou de forma pensativa.

Olhou para um dos Anjos ao seu lado e ele meneou positivamente com a cabeça, confirmando sua teoria. Ele suspirou com pesar e me dirigiu um olhar afiado por um momento, mas não parecia irritado. Parecia mais curioso.

Após um suspiro resignado ele abriu os braços em um gesto teatral demais para ter sido feito com completa seriedade.

— Eu sou o Arcanjo Miguel Maxwell, mas podem me chamas de Max. Sou responsável por liderar o exército da corte Nox e proteger e servir a família Angelus. Hoje fui encarregado de cumprir as ordens do Rex e executar duas ameaças em potencial. —



Max levou a direita até o cabo de uma das suas três espadas e a tocou de forma quase respeitosa.

— Não quero que tenham medo, no entanto. Prefiro enfrentar a Dimidium que bateu de frente com meu esquadrão e os eliminou com facilidade. — Sua mão deslizou pelo cabo da espada até tocar a sua segunda espada, e logo depois ir pra última. Seus olhos brilhavam com uma ferocidade quase animalesca. — Quero enfrentar esse Core, ou seja lá o que for, e provar que a minha Graça é mais forte. —

Gwen mal desviou o olhar na minha direção e já voltou a se focar no Max. Mas eu conseguia entender perfeitamente o que ela queria perguntar.

Core? Eu? Mal conseguia entender o conceito dessa energia destrutiva, quanto menos usá-la.

Olhei para a energia envolvendo a minha espada, sentindo o poder emanando dela. Max estava certo sobre uma coisa, isso não era mana, pelo menos não uma mana comum.

Sempre vi essa magia como a personificação do poder da minha própria Essênce, a Essênce Water que a Aqua me deu. Mas eu não preciso ser uma gênia como o Ken, ou vir de outro mundo para sentir a diferença daquela energia para a mana comum.

Isso não era mana, mas também seria ridículo dizer que é Core. Não. Isso é algo mais. Algo que está sobre a linha tênue que diferencia um do outro. Um poder que não pende nem para a mana e nem para o Core.

— Ótimo... — Murmurei baixinho, olhando para a minha espada. Quando ergui o rosto e meus olhos se encontraram com os do Max senti as minhas pernas tremendo de medo. Mesmo assim segurei a espada com mais força e tentei soar confiante quando disse: — Afinal, eu também estou curiosa para saber o que esse poder pode fazer. —

Mas sorriu e então levou a mão até uma de suas espada, a que possuía a bainha branca, e a desembainhou.

Quando olhou para trás, olhando diretamente para os Anjos que o cercavam, ele estava sério. Ao falar soou e se portou como um verdadeiro General de Guerra.

— Recuem e deixem a luta comigo. A graça da família Angelus deve ser protegida por mim, e quando a lua resplandecer no céu noturno, o Rex da noite se erguera banhando a Corte Nox com sua glória. —

— Qui nox defendat nos. — Os Anjos responderam em coro enquanto voavam para trás e tomavam distância do seu líder.

— Gwen... Tá comigo? — Eu perguntei, sem tirar os olhos de Max, que agora voltava a me encarar seriamente.

— Achei que fosse ser um x1, não queria atrapalhar. — Ela teve a audácia de me olhar sorrindo de forma inocente.

— Quem você acha que eu sou? O Nero? Lutar contra esse cara é a última coisa que eu quero fazer. Mas você tem alguma ideia melhor? —

— Quem me dera... — Ela respondeu.

— Acho que nossa melhor chance é fazer aquilo. — Sugeri, tentando conter a animação que sentia só por cogitar colocar em prática algo que eu sempre quis usar.

— Sério? Agora? Acho que ele não vai te dar tempo para isso. —

— Por isso que você vai começar o ritual pra mim, só deixe ele pronto para ativar, o resto eu faço. —

— Alice, sabe que se eu iniciar o ritual vai ser a minha mana guiando a feitiço, certo? Não sei se tenho controle para fazer isso. —

— Confia em mim, Gwen. — Inflei o peito de orgulho, sentindo que pela primeira vez falava de algo em que eu era a melhor. — Magia é como uma bacia cheia de água, essa água sendo a mana, no caso. Você não pode pegá-la e agitar para tentar criar um redemoinho. É preciso criar um fluxo, mover e girar a água para guia-la. Você não deve tentar usar a água para criar um redemoinho, deve fazê-la se tornar um. —

— Que!? Você tá falando igual o Ken, volta um pouco, não entendi foi nada. —

— O importante é que você pode confiar em mim. Vamos ter que-... —

Antes que eu terminasse de falar uma ondulação percorreu a minha mente, uma perturbação.

Movi o meu rosto para o lado a tempo de ver o Max surgir ao meu lado abruptamente. Uma luz prateada envolveu seu corpo meio segundo depois e no mesmo instante a lâmina da sua espada disparou na minha direção.

A luz prateada se dobrava e se distorcia com o movimenta da arma, como se a lâmina estivesse cortando até mesmo a luz em volta dele.

E estava prestes a fazer o mesmo comigo.

A minha mão apertou o cabo da espada e se moveu com leve e graciosidade. Como as águas de um rio seguindo a correnteza.

*PLAAM!!*

*VUUSH!!*

As espadas se chocaram e antes que o impacto das lâminas percorressem o meu braço Max já havia desaparecido e reaparecido atrás de mim.

Ouvi Gwen gritando e um calafrio percorreu meu corpo no mesmo instante.

— Splash!! — Eu gritei, a minha voz era um misto de desespero e urgência.

Sentiu o momento em que a lâmina do Max se projetou em direção as minhas costas, cortando o ar no caminho.

Mas então a magia ativou.

Uma explosão d'água foi expelida do meu corpo como se eu fosse o epicentro de uma cachoeira, de onde a queda d'água se projetava em toda direção.

Max praguejou e saltou para trás, se afastando da explosão d'água, mas no mesmo instante a água se contorceu no ar, se acumulando em um único pilar de água que avançou contra o Anjo.

Olhei para o inimigo a tempo de ver a luz prateada envolver todo o seu braço e sua espada, e no mesmo instante ele defendeu a água com a espada.

O pilar de água disparou como uma enorme lança na direção do Anjo, mas no último instante Max repeliu a água com a barriga da lâmina. O pilar estourou e a água jorrou para todos os lados.

Mas no mesmo instante cada gota d'água se juntou novamente e se projetou contra o Max, só para ser repelida novamente. E depois mais uma vez. E depois mais uma.

Max repelida a lança d'água com uma velocidade absurda demais para eu conseguir ver completamente seus movimento, mas o som da lâmina se chocando contra a água ecoavam em meus ouvidos.

*PLAASH!!*

*PLAASH!!*

*PLAAAASH!*

E quando Max atingiu a distância de 8 metros entre ele e eu o pilar de água ficou sem mana e caiu inanimado no chão, formando uma poça que fez a neve derreter liberando uma pequena nuvem de vapor.

Vi Max cerrar a mandíbula com força mesmo daquela distância, do mesmo jeito que vi a pele vermelha de sua mão e braço, assim como um pouco do rosto e do pescoço.

Um sorriso se formou em meu rosto, contrariando o pavor que eu sentia naquele momento.

— Tome cuidado para não sei queimar. — Eu murmurei, e para a minha surpresa Max ergueu o olhar para mim no mesmo instante.

Os olhos do Anjo brilharam de empolgação e um sorriso divertido surgiu em seu rosto.

— É a primeira vez que eu vejo alguém manipular água fervendo. Impressionando, Dimidium Dea. —

— Você ainda não viu nada. — Apontei a minha espada para ele e concentrei a minha mana no arredor. A energia azul que envolvia a lâmina oscilou e enfraqueceu por um momento.

Um segundo mais tarde uma vibração percorreu o solo abaixo de nós, o gelo se contorceu e o clima ficou mais frio.

Repentinamente estacada de gelo se projetaram debaixo da neve e avançaram na direção do Max.

O anjo estava completamente cercado pelas lanças de gelo, que se projetavam de todos os lados, e até mesmo debaixo dele. Sabia que ele não morreria com aquilo, mas não esperava pelo o que aconteceu.

Max levou a mão até a sua espada na cintura. Ele desembainhou a espada de cabo vermelho e no mesmo instante voltou a embainha-la.

No mesmo instante uma onda de calor engoliu completamente Max e começou a se expandir, avançando para todos os lados ao redor do Anjo. Derretendo a neve e as lanças de gelo no caminho como se não fossem nada.

Quase sofri um choque térmico quando a onda de calor chegou onde eu estava. Aquele calor era estranho, sombrio.

— Isso não vai funcionar, garota. Use o Core, como antes. Mesmo que tenha sido Tocada pela água não vai conseguir me derrotar só me molhando um pouquinho. — Ele disse, e sorria de forma simpática e amigável enquanto falava.

— Você pode falar a minha língua, por favor!? — Eu perguntei sem perceber, gritando com ele como uma criancinha.

Max me encarou por um momento sem fazer nada, confuso demais para dizer qualquer coisa. E então abruptamente suas asas se encolheram e desapareceram nas costas dele, como se entrassem em seu corpo.

O Anjo abriu a boca e voltou a fecha-la, parecendo indeciso. Coçou a cabeça e franziu o cenho antes de dizer:

— Eu estava falando em outra? Agora eu fiquei confuso... Sempre achei que fosse bom com o idioma desse mundo. Até onde você não entendeu? Posso repetir, se quiser. —

— Não, não precisa. Não foi o que eu quis dizer, desculpa, acho que me expressei mal. Eu... — Parei de falar e franzi as sobrancelhas.

Esse cara era muito simpático. Falava em um tom calmo e amigável, fazendo parecer que éramos bons amigos.

— Ah, droga! Por quê você não age igual a um inimigo? Me xinga ou sei lá, assim fica difícil lutar com você... Ainda mais por ser um Anjo. —

— Oh, muito obrigado. — Ele levou a mão ao peito e sorriu em agradecimento. — Creio que isso tenha sido um elogio. Mas você não precisa se sentir mal, eu é quem devo carregar o fardo de cumprir ordens tão rígidas. Gostei de você, Dimidium Dea, é uma pena que tenha se aliado ao Kenan, poderíamos ter sido bons amigos, se não fosse o caso. —

— Kenan? Você conhece o Ken? — Perguntei, surpresa, mas também tentando prolongar a conversa.

— Conheço seu irmão, Cesar. Mas isso não vem ao caso. —

— Claro que tem. Não sabia que o Ken tinha um irmão! —

— Meio-Irmão e ele é... — Max corrigiu. Mas parou de falar abruptamente. Franziu as sobrancelhas por um instante, e então uma expressão divertida tomou conta do seu rosto. — Sua pirralha espertinha, você tá me enrolando?

Ele desviou o olhar para algo atrás de mim e eu fiz a mesma coisa. Foi quando eu vi Gwen parada a 10 metros de distância conjurando a uma magia que emanava uma quantidade razoável de poder.

Voltei a olhar para Max e nossos olhos se encontraram. Não vi raiva nos olhos dele por ter sido pego na minha armadilha, mas de qualquer jeito a raiva não ajudaria em nada.

Agora era tarde.

Sorri de forma vitoriosa e agitei a minha espada no ar, parando com a lâmina apontada na direção da Gwen.

A energia azul em volta da minha lâmina repentinamente oscilou e logo em seguida disparou para frente em um raio de energia azul.

Gwen estava bem na direção do raio de energia, mas não parecia ter reparado isso e continuava conjurando a magia, os olhos fechados em concentração.

Mas quando a energia estava a 4 metros dela, a mana começou a se dissipar e o azul brilhante começou a desaparecer. Quando estava falando 1 metros para atingir Gwen a energia já não era mais visível nem mesmo ao redor da minha lâmina.

Senti o momento em que uma segunda mana entrou em contato com a minha. Uma mana mais complexa e mais difícil de controlar. A mana de uma magia já pronta.

Parecia que a mana da Gwen fluía na direção contrária da minha, com um fluxo e uma velocidade completamente diferentes. Mas mesmo assim eu me obriguei a acompanhar. Obriguei a minha própria mana a ficar lado a lado da dela e imita-la.

E então pronunciei:

— Que o mal afunde e desapareça na escuridão e que o bem encontre no seu exílio uma segunda chance. Que o homem possa se erguer, mais forte e mais belo, e que o demônio seja queimado pela Graça dos Deuses. Que sua prisão dure o suficiente e nada mais; Purgatorium Deorum. —

Quando terminei de falar foi como se uma onda de choque fosse enviada de Gwen para mim, atingindo o meu braço esticado em sua direção e depois se espalhando por todo o meu corpo.

Uma luz dourado envolveu o meu corpo e a pressão aumentou consideravelmente.

Tive que me segurar para não gritar de dor, principalmente quando a luz dourado se converteu e materializou correntes douradas que serpentearam a minha volta como se fosse uma linha de costura sendo soprada pelo vento.

Max arregalou os olhos, provavelmente reconhecendo a magia de Selamento de nível alto. Mas não deixe que ele reagisse. Agitei a espada e apontei a lâmina na direção do Anjo, e no mesmo instante as correntes douradas a minha volta dispararam na direção dele.

O Anjo saltou para trás e as suas quatro asas se desdobraram em suas costas, se agitando e o impulsionando para trás no mesmo instante em que a primeira corrente despencava em sua direção.

A corrente atingiu o solo com um baque seco que fez o chão estremecer. Mas no mesmo instante ela subiu, chicoteando o ar e disparando em investida contra o inimigo novamente.

O Arcanjo sacou uma de suas espadas e atingiu um golpe poderoso na corrente, que foi arremessada para longe. Mas a corrente mal se afastou 1 metrô e meio antes mudar sua rota a abruptamente.

Como se batesse em uma parede invisível, a correta ricocheteou no ar e disparou na direção do Anjo novamente, dessa vez sem dar tempo para ele reagir.

Ele foi atingido na asa inferior esquerda. A corrente atravessou sua asa e cravou no chão. Não houve sangue na asa ou um buraco no chão, apenas um pequeno portal dourado que enviava as correntes direto para o Purgatorium.

A segunda corrente foi refletida pela espada do Anjo, e ele rapidamente se virou para defender a terceira que se aproximava. Mas quando fez isso a segunda ricocheteou no ar e teria atravessado seu peito se ele não tivesse sacado outra espada com a outra mão e defendido.

Mas foi nesse momento que eu vi a minha abertura, e disparei voando com um jato d'água na direção do Anjo.

A luz azul da minha espada ficou dourada e a energia que emanava dela se converteu em algo ainda mais puro, ainda mais fluído e ainda mais poderoso.

Quando Max percebeu a minha aproximação já era tarde demais. A lâmina da minha espada se projetou com um estocada extremamente veloz na direção do seu peito e quando um portal dourado se abriu e engoliu a minha espada, foi como se colocasse a chave em um cadeado.

Os olhos do Anjo se arregalaram ao ver a espada atravessando seu peito, mas não sei dizer se foi porquê ficou surpreso pela lâmina não ter tocado seu corpo ou se sabia o que aconteceria, mas independente do que fosse, não havia nada que pudesse fazer.

Todas as correntes a nossa volta dispararam na direção da espada, e mesmo quando Max colocou a espada ou o braço na frente para bloquear, a corrente dourada simplesmente atravessou tudo que estava no seu caminho.

O portal dourado em que a minha lâmina atravessava crescia cada vez que uma corrente entrava por ele, e toda vez que isso acontecia eu sentia a mana do Arcanjo vacilar, assim como seu corpo.

Seus movimentos foram os primeiros a travar, e me assustei ao perceber que uma corrente havia segurado seu braço quando ele estava a centímetros de cravar sua espada nas minhas costas.

Merda, ele cortou até um pouco do meu cabelo!

Mas o que realmente me assustou foi o sorriso que ele tinha. Ele parecia um psicopata, um assassino louco que me olhava com uma sede de sangue imensurável.

Um nova corrente atravessou o portal em seu peito e seu sorriso vacilou. Lembrei a mim mesma que logo a magia iria selar ele e nossa diferença de força não fazia mais diferença.

Estava começando a me acalmar quando o ar se distorceu a seis metros de nós e uma onda de mana formou um portal. Uma quantidade imensurável de mana.

— Desculpe a demora. — Uma voz falou, e então alguém começou a passar pelo portal. 

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