Imortal

By FlviaRolim

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[Vencedor do prêmio Wattys 2015 na cateogoria "Os Mais Populares"🎖️] ESTÁ SENDO REESCRITA E REVISADA. A his... More

Prólogo
Conhecendo o Desconhecido
Visita Noturna
Saltos no Vazio
Compromissos
Nada Mal Para Um Imortal
Rompendo Relações
Knockout
Fugindo das Lendas e Caindo na Realidade - Parte Um
Fugindo das Lendas e Caindo na Realidade - Parte Dois
Lago, Floresta e Culpa: Combinação Perfeita - Parte Um
Lago, Floresta e Culpa: Combinação Perfeita - Parte Dois
Xeque-Mate
Eu Escolho a Eternidade - Parte Um
Eu Escolho a Eternidade - Parte Dois
O Baile de Máscaras - Parte Um
O Baile de Máscaras - Parte Dois
O Baile de Máscaras - Parte Três
Fragmentos
Perdoe-me Por Dizer Adeus
Causa Mortis - Parte Um
Causa Mortis - Bônus
Causa Mortis - Parte Dois
O Outro Lado da Moeda
Emboscada - Parte Um
Emboscada - Parte Dois
Angustia Existencial
Dave Miller
Alguma Coisa no Caminho
Outro Amanhecer - Final
Epílogo
Amores Imortais
Prévia - Eterno
Eterno está no ar
Bônus - Christine
1 anooooooo!!!!!
Arthur e Victor (Bônus - Um ano de Wattpad)
Revelação da Capa
VERSÃO ANTIGA (RASCUNHO) X VERSÃO ATUAL (PRIMEIRA EDIÇÃO)

Finalmente Pronta

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By FlviaRolim

Arthur e Sean me olharam por um tempo, antes que o modificado me colocasse de pé e me levasse até o carro. Uma de suas mãos apertava a minha cintura enquanto a outra segurava a minha mão, que havia passado ao redor de seu pescoço.

— Vou com a Alice — Sean colocou-se entre mim e Arthur, no momento em que me encostou no carro. Acreditava que ele não era de confiança. Eu já não sabia se era ou não.

O modificado não questionou ou tentou ir comigo, apenas deu a volta e seguiu para seu Audi. Segui até o banco do motorista, mas Sean tomou as chaves de minhas mãos e não me deixou dirigir. Isso depois de perguntar para onde iriamos.

Foi ótimo ter feito isso porque, assim que me encostei no banco, senti uma tontura forte e, por alguns segundos, desmaiei. Só me dei conta de onde estávamos, quando Sean tocou em meu braço e pediu para que eu falasse com o guarda na entrada da DM Industries.

Me mostrei para o homem e ele autorizou a nossa entrada. Não antes de interfonar para Dave e avisar que estava de volta, acompanhada de dois homens. Paramos os carros bem de frente para o pavilhão cinco e entramos no local. As maquinas já haviam sido desligadas e agora tinha várias caixas empilhadas. Todas repletas de balas de pratas

— Não esperava que viesse acompanhada, Lice — Dave colocou a espada em uma vasilha alongada, com óleo mineral dentro, para temperar a lâmina. — Está tudo bem? — ergueu os olhos castanhos até mim, como se me perguntasse se estava ali porque queria ou se havia sido forçada a ir. Ainda mais depois que viu o meu estado. Percebi que sua mão correu até um revolver que, provavelmente, estava com balas de prata.

— Sim, está tudo bem — respondi relaxando a feição. Ele não largou a arma. — Este é Sean. O meu melhor amigo e braço direito de Victor — apontei para o sujeito do meu lado direito. Dave assentiu e olhou para o outro vampiro. — E este é Arthur. O irmão de Victor — finalmente o humano aceitou a minha explicação e largou o revolver.

— As munições estão prontas — respondeu colocando a espada em um lugar separado e limpando as mãos em seu avental. — Já chamei quatro motoristas de caminhão que vão levar a carga até a mansão e a sua espada está quase pronta, falta apenas os detalhes finais do cabo — Dave caminhou até outro lado do lugar, pegou uma empunhadura de madeira e sentou-se em um banco, de frente para uma mesa onde continha tiras de couro.

— Obrigada, Dave — agradeci e ele assentiu. Pacientemente enrolou o couro no pedaço de madeira, de forma que ficassem trançados, e levantou-se novamente. Nós três apenas o observávamos.

Pegou uma peça de metal, com detalhes em alto relevo, onde as duas pontas do suporte, que ficaria entre a lâmina e o cabo de madeira, tinham a forma de dois leões rugindo.

Encaixou, primeiramente, a parte de metal que se chama guarda mão e depois a parte de madeira decorada com couro. Por fim colocou o pumo, que é uma espécie de rosca que impede que todo o lugar, onde seguramos a espada, se desfaça e fique apenas a parte da lâmina.

Dave seguiu até mim e me entregou a espada pronta.

— Cuidado onde toca. A parte da lâmina é inteiramente prata. Não se machuque — assenti. — O que mais posso fazer por vocês?

— Saia do País — pedi e ele franziu o cenho. — Ao menos até eu ter certeza que as pessoas que pegaram Victor estejam mortas. Por favor.

— Não tenho medo, Alice.

— Mas eu tenho — respondi abaixando a cabeça. — Há uma razão para eu ter fingido a minha morte, Dave. Precisava afastar todos aqueles que amo de tudo relacionado a nós e acabei trazendo toda essa merda para você. Preciso que você fique vivo.

— Vai atrás do teu amor e não se preocupa comigo — respondeu seriamente, segundos antes dos caminhões estacionarem bem em frente ao galpão. — Vou mostrar onde estão as armas — assenti. O loiro caminhou até a porta e eu, finalmente, senti o cheiro de quem estava do lado de fora.

— Dave, não! — mandei, mas já era tarde. O homem já havia aberto a porta e os vampiros já o agarravam pelo pescoço e rasgavam sua jugular. Arthur, Sean e eu corremos na direção deles quando jogaram Dave em um lugar próximo da porta.

— Cuida dele — mandou Arthur e obedeci. Decepei a cabeça de dois vampiros no caminho até Dave. Abaixei ao seu lado e apoiei a cabeça em minha coxa. Mordi meu punho e coloquei em sua boca.

— Bebe que você vai se curar — mandei enquanto olhava para a luta que se seguia próximo da porta. Até que Arthur e Sean levaram—na para fora do galpão.

— Não quero... que me cure — falou enquanto o sangue escorria pela laceração do pescoço. — Me transforme.

— Não — respondi forçando o punho contra os lábios dele, mas Dave os cerrou. Segurou minha mão e a afastou.

— Me transforma ou me deixa morrer — respondeu e engoliu com dificuldade. — Assim não vai mais se preocupar comigo.

— Dave...

— Faça — mandou e assenti. Preferia nunca ter que fazer aquilo. Na verdade, nunca deveria ter envolvido Dave nisso tudo. A culpa dele estar daquela forma era minha e me amaldiçoava por isso. Segurei o seu punho e mordi. Deixou um gemido baixo lhe escapar por entre os lábios quando comecei a colocar o veneno em suas veias. Não tinha certeza se seria capaz de transformar alguém, mas tinha que tentar.

Depois de beber o sangue de Dave, dei o meu para ele e expliquei que, agora com meu veneno em suas veias, não se curaria e se transformaria. Concordou e bebeu um pouco de mim. Imediatamente o buraco em seu pescoço fechou-se e começou a se debater fortemente no chão. Hora gemendo, hora gritando.

Arthur e Sean voltaram correndo, quando terminaram com aquele grupo. Os encarei enquanto permanecia encostada na parede do galpão, olhando a transformação de Dave chegar ao final.

Ainda continuava em uma espécie de convulsão até que parou de repente. Quando abriu os olhos, lá estavam as duas cores que representavam os híbridos.

Imaginei que criaria um modificado ou um comum, mas ao invés disso, criei um igual a mim. Dave levou a mão até a boca e percebi que possuía presas duplas. Não era para ter.

Apenas os primeiros e os imediatos possuíam presas duplas. Os vampiros de terceira linhagem não deveriam ter.

O recém-nascido olhou para Arthur e Sean e os dois assumiram sua forma vampírica. O reconhecimento entre as raças.

Dave me olhou rapidamente e demorei um pouco para perceber que também estava com a mescla de meus criadores e minhas presas à mostra.

— Obrigado — agradeceu assentindo.

— Não me agradeça por ter te colocado no inferno — levantei do chão e deixei o galpão. Sentei em um banco de concreto um pouco mais afastado.

Demorou um pouco para que percebesse Arthur sentando-se ao meu lado.

— Você o salvou — disparou. Não o queria ali. Queria ficar só.

— Eu o condenei.

— A ser um de nós? — perguntou baixo. — É tão ruim assim?

— A ter que se afastar de toda a família para não matá-la. A ter que morrer para o mundo dos humanos. A ser um assassino.

— Só porque você fez, não quer dizer que todos tenham que fazer, Alice — falou tranquilamente. — Quando os meus poderes se afloraram e, consequentemente, os de Victor, achamos que teríamos que desaparecer para não machucar ninguém, mas não foi assim. Continuamos morando no castelo, junto com o nosso pai que era humano. Com todos os empregados e pessoas que iam nos visitar. Não matamos nenhum deles.

— Sério que você está nos comparando com vocês?

— Qual é a diferença? — Me perguntou sem desviar os olhos de mim.

— Qual é a diferença? Vocês são os primeiros. Nós fomos transformados. É diferente.

— Onde é diferente?

— Arthur...

— Sou um modificado e Victor é um comum. Sermos os primeiros não muda o fato de termos a mesma necessidade de sangue que todos os outros. De termos os mesmos instintos e a mesma sede de morte. — Arthur trincou o maxilar e levantou-se do banco, seguindo na direção do galpão.

— O que? Agora vai ficar chateado comigo por causa disso? — levantei também e abri os braços, esperando uma resposta.

— Você tem que crescer, Alice. Parece uma criança mimada — virou-se novamente para mim e parou há alguns metros de distância. — Você tem que entender que nem todos são como você. Se achou melhor distanciar-se de sua família, ótimo. Acho que não deveria ter feito nada daquilo, mas a escolha é sua não é? E nem sempre elas são as mais acertadas.

— O que está querendo dizer?

— Você ficou na presença do Dave por um bom tempo, visitou a G&J Medicine ao meu lado e lá estava cheio de pessoas. Agora me diga, Alice, quantas delas você drenou? Quantos corpos você teve que se livrar?

— Um — respondi seriamente. Arthur franziu o cenho. — Eu matei uma pessoa.

— O corpo que o noticiário informou — respondeu. — Acharam um homem, completamente drenado, no píer cinco. Não sabem como morreu e nem quem o matou.

— Fui eu. No dia em que fui pedir para passar a noite em seu clã. Me ameaçou com uma faca e perdi o controle — dei as costas para Arthur e por isso não percebi que se aproximou novamente. — Imagina o que aconteceria se eu discutisse com meus pais ou meus irmãos? Seria responsável pela morte deles, Arthur. Talvez você deposite sua confiança em alguém que não merece. Eu sou fraca.

— Não é — respondeu, diminuindo a intensidade da voz quando continuou a falar. — Não me apaixonaria por uma mulher fraca — aquilo me golpeou profundamente. Eu sabia que Arthur me disputava com Victor, mas sempre achei que era para provar ao irmão que ele era superior. O que me disse, naquela noite, me desestabilizou completamente. Não podia ter aqueles sentimentos ao meu respeito. Era Victor que eu amava e não queria que Arthur saísse machucado daquela história.

Virei para encará-lo e ele desviou o olhar.

— Não posso...

— Eu sei — me cortou antes que completasse o meu pensamento. — Não deveria ter falado. Sinto muito — respirou pesadamente. — Temos que correr, o sol já vai nascer e temos que estar no Red Emma's antes do Noah — me deu as costas e seguiu na direção do galpão. — Temos que encontrar o meu irmão e trazê-lo de volta para você — continuou falando, mas mesmo se afastando, conseguia ouvi-lo perfeitamente.

Demorei um pouco do lado de fora antes de entrar no galpão outra vez. Só percebi que haviam quatro modificado no lugar, quando Arthur deu a ordem para que enchessem os caminhões com as munições e as armas e levassem diretamente até a mansão.

— Minha senhora — chamou Sean. — Não poderei ir ao encontro com Noah e por isso temo por sua segurança. Tomei a liberdade de chamar um modificado para ir com a senhora.

— Quem você chamou, Sean?

— Thomas. Ele é forte e confiável. É nosso informante desde que me lembro. Vai te proteger caso algo aconteça — não sei se foi intencional ou não, mas olhou para Arthur rapidamente.

— Agradeço sua preocupação, mas vou ficar bem — respondi sorrindo.

— De qualquer modo, ele vai com a senhora — os olhos azuis focaram-se em mim. — É uma forma de me deixar mais tranquilo.

— Tudo bem — respondi.

Aos poucos as caixas, com as balas de prata, foram sendo colocadas nos caminhões, assim como as armas. Uma hora depois, todos já haviam ido.

Pedi para que Sean levasse Dave para a mansão e que desse alguma coisa para que pudesse beber. Como recém-nascido, deveria estar faminto.

Eu e Arthur ficamos esperando Thomas chegar.

Quando o relógio marcou as seis da manhã, já estávamos os três parados na porta do lugar e aguardávamos a abertura do estabelecimento. Assim que percebemos os funcionários, entramos no lugar.

Para disfarçar, segui até a seção de livros enquanto Arthur e Thomas pediram alguma coisa para comer e sentaram-se em algumas mesas próximas. De onde estava, tinha visão perfeita deles.

Comecei uma leitura rápida em um livro de medicina ortomolecular, mas não me demorei muito naquelas páginas repletas de termos que entendia apenas por ser médica. Espreitei o enorme salão, em busca do homem com o lenço vermelho, mas antes que pudesse encontra-lo, meus olhos encontraram os de Arthur. Estava me olhando enquanto permanecia distraída no livro.

Abaixou a cabeça quando percebeu que o encarava e eu respirei fundo voltando a atenção ao livro, mas parando de ler em seguida quando vi que alguém entrou no lugar.

Noah não era o mais alto dos homens, Arthur conseguia ser mais alto que ele. Os olhos atentos eram de cor castanha clara que combinava perfeitamente com os seus cabelos em um tom de loiro bem escuro. O lenço vermelho, que Rick havia dito, estava no bolso do terno cinza, com riscas de giz. Estava tremendamente elegante e, por uma fração de segundos, duvidei que aquele fosse o homem. Só tive a certeza quando uma corrente de ar entrou pela porta e trouxe o cheiro dele até mim.

Coloquei o livro no balcão e caminhei lentamente na direção dele. Thomas me viu ao passar pela mesa deles e levantou-se, juntamente com Arthur. Não diminui meus passos até me sentar na cadeira, de frente para o modificado.

— Você deve ser o Noah — falei cruzando as pernas e olhando para o homem.

— Sou sim — os olhos dele correram de meu rosto para meus seios e de volta ao meu rosto. — E você quem é, gracinha?

— Seu pior pesadelo — continuei sorrindo, enquanto assumia minha forma. O homem levantou-se, mas Thomas e Arthur seguraram em seu ombro e o fizeram sentar outra vez.

— Não sei o que querem — falou.

— Por favor, vai ter que ser mais convincente do que isso. — Arthur puxou uma cadeira e sentou-se ao lado do homem. Sacou uma arma, que pegou na empresa de Dave, e apontou para Noah. — Tente qualquer gracinha e juro que estará morto antes de possa pensar — ouvi o barulho da arma sendo engatilhada por baixo da mesa.

— O que vai ser, Noah? Vai nos dizer onde está Victor? — perguntei ainda serenamente. — Ou vai querer sair daqui como uma peneira?

— Vocês não podem me matar aqui. É lugar público. Só chamaria atenção.

— Não é que ele está certo? — encostei no recosto da cadeira. — O que acha, Arthur? A sala de interrogação, do seu clã, é a prova de som?

— Ele vai gritar até não aguentar mais e ninguém vai ouvi-lo.

— Isso posso garantir — concluiu Thomas. — Já interroguei uma vez, uma mulher, e ela gritou como nunca havia gritado na vida.

— Então, Noah, como vai ser? Vai nos dar a localização de Victor aqui, e ser liberado em seguida, ou vai realizar o meu desejo de te levar até a sala de interrogação e me dar o prazer de arrancar cada palavra de você?

— Está bem. Eu digo — respondeu rapidamente e sorri. Era uma pena porque queria mesmo interrogá-lo. Colocou a mão no bolso do terno e tirou uma caneta. Anotou o endereço em um guardanapo e me entregou. — Ele está aí.

— Obrigada, Noah — Levantei da cadeira e os outros dois, que me acompanhavam, fizeram o mesmo. A única diferença foi que Arthur aplicou uma quantidade de sangue de morto no homem.

— Você prometeu me liberar — me olhou antes que suas vistas começassem a ficar tremendamente pesada e desmaiasse em seguida.

— Eu menti — respondi enquanto Arthur e Thomas o seguraram de cada lado e o levaram para fora do lugar. A desculpa foi de que nosso amigo havia se sentido mal e o levaríamos até um hospital.

Seguimos no carro de Arthur até o clã e colocamos Noah em uma cela.

— Nos deu o endereço, mas não podemos correr o risco de não ser esse o lugar. Por favor, certifiquem-se de que ele vai permanecer bem preso — pedi a Theodore.

— Sim, senhora — respondeu curvando o corpo rapidamente, em uma clara demonstração de respeito. Subi as escadas de volta até o corredor que me levaria à saída do lugar.

— Vai sem se despedir? — ouvi a voz de Arthur e parei onde estava. Virei lentamente e o encarei. Só percebi que ele estava tão próximo quando senti sua respiração tocar meu rosto. Não tive ação de me afastar. Parecia petrificada.

— Vou falar com Sean e com o conselho. Reunir um grupo de caça e seguir até o endereço — respirei de modo profundo. — Achei fácil demais.

— Eu também achei — concordou falando um pouco acima do sussurro.

— Fica de olho nele. Volto em poucas horas.

— Está bem — concordou. Seus olhos estavam vidrados em meus lábios e minha respiração ficou pesada demais quando me dei conta disso.

— Obrigada, Arthur, pela ajuda.

— O que? — perguntou como se não tivesse ouvido nenhuma das minhas palavras. Quando pensei em repetir, ele me beijou. Me apertou na cintura e me encostou na parede do corredor, derrubando um vaso que estava em cima de uma mesinha redonda e colando seu corpo ao meu. O beijo foi tão desesperado ao ponto de me assustar com a urgência

As suas mãos seguravam as minhas acima da cabeça, mas não foram fortes o suficiente para me impedir de afastá-lo com um empurrão.

— Se afasta — mandei entre soluços.

— Não consigo mais — me respondeu prontamente.

— Eu te imploro, Arthur.

— Farei se me disser que não sente nada por mim. Que não sentiu nada enquanto te beijava — aproximou-se outra vez e me encostei na parede. — Só diga que não me deseja.

— Não posso — respondi. Não era aquilo que eu queria dizer. Queria gritar, chama-lo de covarde e traiçoeiro. Dizer que era a pior pessoa do mundo por tentar passar Victor para trás, mas não consegui. Simplesmente as palavras se aglomeraram em minha garganta, formando um bolo difícil demais de ser engolido. — Não posso.

Segui meu caminho em direção a porta e deixei Arthur para trás.

O beijo mexeu comigo e aquilo era o que eu não precisava no momento. Tinha que ter foco e Arthur apenas me distraia, me distanciava do meu real objetivo.

Tinha que encontrar Victor a qualquer custo.

— Alice... Alice — Me chamou Tricia pela milésima vez, não ouvi as anteriores. Minha mente não parava e quanto mais tentava focar naquela reunião, mais longe ia em pensamentos. Ia até a Arthur. — Acha que dá para fazer?

— Desculpe. Fazer o que?

— Victor vai precisar de sangue. Sangue de um imortal.

— Dou o meu para ele — a encarei.

— Vai ter que ser muito — me advertiu Sean. — O sangue humano pode trazê-lo de volta, mas o processo é muito mais devagar. O nosso faz com que quase tudo seja recuperado, em segundos.

— Mas consequentemente deixa o vampiro sem poderes — continuei.

— E é aí que está. Victor estará extremamente vulnerável quando fizermos isso. Temos que ter a certeza de que ele será protegido — falou Amira e a encarei seriamente. Foi inevitável me lembrar da ligação que havia feito no banheiro. Na verdade, não havia me esquecido.

— Eu o protejo — respondi rispidamente, sem desviar os olhos dela. A loira notou.

— De qualquer forma, estaremos com você — continuou Sean e esperei que não tivesse notado o meu olhar assassino na direção de Amira. — Samantha está reunindo o grupo de caça e partiremos em poucos instantes.

— Então vou me preparar — comentei levantando da mesa. — A reunião está encerrada — falei enquanto seguia na direção da porta. Passei pelo salão rapidamente e segui na direção dos dormitórios. Passei pelo de Victor e o meu. Entrei no de Amira e sentei na sua cama. Iria confrontá-la assim que entrasse.

Esperei, pacientemente, por alguns minutos até que a porta foi aberta e a loira passou por ela. Não perguntei antes, apenas corri em sua direção e a segurei pelo pescoço, alguns metros acima do chão. Os olhos tornaram-se claros imediatamente e as presas duplas fizeram com que sua boca ficasse mais saliente.

— Você pode enganar a todos eles, Amira, mas não a mim — respondi friamente.

— Do que você está falando, Alice?

— Com quem estava falando ao telefone, quando vim até seu quarto? — perguntei pressionando ainda mais seu pescoço. Sabia que ela nada sentia enquanto fazia isso, mas era prazeroso para mim. Era quase como se tivesse o controle de toda aquela situação.

— Eu? Falando ao telefone?

— Não se faça de boba, Amira. Quem era? Você é uma traidora?

— Jamais — me respondeu seriamente. Vi sua expressão mudar de espanto para pesar. — Me coloca no chão e te conto tudo. Desde o início.

— Tente qualquer gracinha e te amarro do lado de fora da mansão. Teremos uma cremação hoje — ameacei, me lembrando que ainda era dia.

— Não vou — concluiu. Abri a mão rapidamente, soltando o pescoço da loira e fazendo-a cair de encontro ao chão. Afastei quando ela começou a andar e sentou-se na cama. — Era o Anthony. Pai de Annie.

— Boa tentativa, mas Victor me disse que estava morto. Foi feito de exemplo para os outros modificados.

— Não. Ele não morreu — me respondeu rapidamente, quase atropelando as palavras. — Ficou preso, todos esses anos, e agora foi libertado. Me ligou há dois meses e eu quase... — parou de falar e me encarou. — Você sabe como é ficar longe de quem ama e de repente essa pessoa volta para a sua vida, Alice?

— Eu sei — respondi respirando fundo e sentei ao lado dela. Lembrei dos quatro anos que Victor esteve longe.

— Anthony voltou para mim, está disposto a fugir outra vez e estou considerando a hipótese. Foi para isso que estava me pedindo para encontrá-lo. Iriamos definir tudo para a nossa fuga. O Ocimum odoratis era para isso, para camuflar o nosso cheiro e impedir que nos encontrasse.

— Mas você disse que era para o grupo de caça. Sean confirmou.

— Ele sabe. Eu contei — Me olhou com os olhos repletos de lágrimas. — Sean é um grande amigo, Alice. Se pedir um segredo, ele levará para o túmulo.

— Victor te apoiou da primeira vez, porque esconder dele?

— Dessa vez não contaria a ninguém. Sean descobriu e pedi que não falasse nada. Entenda que temos que fazer diferente da primeira vez. Confio inteiramente em Victor, mas achei melhor não contar — respondeu entre soluços. — Victor me salvou da morte, Alice. Tenho uma dívida eterna com ele, mas não quero envolvê-lo novamente.

— Como assim, te salvou da morte? — perguntei.

— Ser uma viúva antigamente não era fácil, principalmente quando seu marido deixava uma dívida grande para pagar e você não tinha posses — ela respirou profundamente. — Me levaram tudo, incluindo meus dois meninos como escravos. Fiquei sabendo que morreram alguns meses depois de terem sido tirados de mim.

— Não sabia. Sinto muito.

— Não tinha o que comer e por muito vivi de esmolas até que conheci Victor. Dei abrigo em minha casa, que não era rica ou confortável, mas ele não ligou. Descobri que era um vampiro um pouco depois.

— Como descobriu? — perguntei.

— Naquela época, os caçadores espalharam boatos por todo o lugar e também nos ensinou a ver os sinais que os identificaria. Não sair durante o dia era o mais importante deles. Sem contar que o vi bebendo de uma meretriz, uma noite.

— Bons tempos — sorri ao comentar. Amira fez o mesmo.

— Acha muita loucura minha não ter ligado para o fato dele ser o que era?

— Só se você achar muita loucura minha me apaixonar por ele, enquanto dizia que eu era a reencarnação da mulher que amou.

— Nós somos loucas.

— Não, Victor é cativante — respondi mais para mim do que para ela.

— É sim — Amira segurou em minha mão e apertou. — Contrai a peste negra e era certeza de morrer. Victor me ofereceu a cura e me transformou no que sou hoje. Me ensinou tudo o que deveria aprender e deu me uma nova chance. Trinta anos depois conheci o Anthony, sem querer. A princípio fiquei com medo, pelo fato dele ser um modificado, mas quando pensei em me afastar, já era tarde. Já o amava — ela respirou fundo. — Conversei com Victor, expliquei tudo e, por incrível que pareça, ele me apoiou. O resto da história você conhece.

— É, conheço.

— Jamais trairia Victor, Alice. Preferiria morrer a fazê-lo. Todos nós temos uma dívida com ele. Muito me admira Ethan tê-lo traído, depois de tudo o que Victor fez.

— O que Victor fez?

— Ethan foi preso e Victor o salvou. Não o conhecia e não era nada, mas decidiu fazê-lo. Eu sei, porque lutei ao lado dele contra todos aqueles homens que sabiam exatamente como nos matar. Foi quando Victor foi ferido a quase morte, pela primeira vez.

— As cicatrizes no peito — falei.

— Sim, todas aquelas foram tentativas de matá-lo. A primeira foi por causa de Ethan — Amira respirou profundamente. — Juro que se topar com esse traidor outra vez, vou torturá-lo e matá-lo sem piedade.

— Não, essa vingança é minha — respondi olhando para ela. Amira concordou antes que alguém batesse na porta, apenas para avisar que estava ali já que ela estava aberta.

— Estamos prontos — falou Samantha.

— Obrigada, Sam. Estou indo — ela assentiu e nos deixou só. — Você vem?

— Não perderia isso por nada.

Cada uma das quinze pessoas que iriam conosco, se armou com aquilo que Dave mandou para a gente. As prateleiras estavam repletas novamente e podia até dizer que havia muito mais armas do que antes.

O conselho estava todo lá, todos disseram que queria resgatar Victor, mesmo que tenha dito que havia sido fácil demais conseguir a localização dele. Dave e Samantha também quiseram ir. Ela eu até entendia, por ter sido caçadora sabia exatamente como lutar e matar quem quer que entrasse em seu caminho, mas Dave?

— Não acho que deva ir — falei enquanto colocava um pente de balas em uma pistola.

— Porque não? — o loiro fez o mesmo, colocando a arma na cintura assim que a viu carregada e travada. Já vestia o uniforme negro do grupo de caça e também tinha várias armas espalhadas pelo corpo.

— Você acabou de chegar e nem ao menos conhece Victor. O que te faz ir até lá para arriscar a vida?

— Você — sorriu e virou-se de frente para mim. — É a minha amiga e é isso que os amigos fazem. Vou com você aonde for.

— Obrigada — o abracei com força e ele retribuiu. Fiquei feliz em saber que Dave não era mais tão vulnerável e que poderia se cuidar sozinho. Mesmo assim, ficaria de olho nele enquanto estivéssemos fora. Era minha responsabilidade e não apenas porque eu era a sua maker. 

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