Assim que acordamos no dia seguinte, tomamos café e saímos, todos como uma grande manada em direção ao hospital. Bryan animado ao brincar com Peter durante o percurso.
Depois do café Oliver e Ethan sentaram-se com Peter no sofá da sala e tiveram uma conversa sobre paternidade e DNA, o garotinho não mostrou resistência alguma quando perguntaram sobre ele querer ou não fazer o teste. Eles não insistiriam caso ele dissesse não.
O pouco tempo que passamos com ele me fez nutrir um amor por ele. E agora, eu meio que torcia para que ele fosse mesmo filho deles.
Todos nos levantamos quando a doutora responsável pela coleta de sangue se aproximou de nós com os papéis do exame.
Ethan praticamente avançou em sua direção pegando o papel e rasgando o pequeno envelope, seus olhos corriam rapidamente pelas palavras escritas, ele estendeu o papel para o irmão que imitou seu gesto lendo cada palavra silenciosamente.
– Estão com dificuldade para compreenderem o resultado? – A mulher perguntou se aproximando mais um passo antes de dizer. – Deu negativo, nenhum dos dois é o pai.
Seus olhos negros percorreram os dois de baixo acima e ela fez o mesmo com Peter, eu e Bryan dormindo em meu colo.
– Você é a mãe? – Questiona, os olhos acusadores e a voz já não tão gentil.
– Só desses dois – Digo tocando os cabelos de Bryan e minha barriga sem volume, em seguida me viro para meus namorados e peço – Amor, pega ele um pouco, minhas costas estão me matando.
– Claro – Oliver e Ethan respondem ao mesmo tempo atraindo a atenção da médica que arregala os olhos compreendendo que não só um, como os dois gêmeos gostosos que ela seca com os olhos são meus.
– Ei – Chamo Peter que estava calado sentado em sua cadeira, com a expressão triste. – Vamos buscar alguma coisa para comer?
Seus olhos verdes tão idênticos aos dos gêmeos me encaram surpresos.
– Você gosta de mim? Mesmo eu não sendo filho deles?
– Que pergunta boba – Dou um sorriso o puxando para um abraço e acariciando seus cabelos macios. – Eu sempre vou gostar de você, independente de quem seja sua mãe ou seu pai.
– Vou querer uma coxinha gigante – Diz, agora todo sorridente e correndo na frente em direção a lanchonete.
Ainda tento entender o que está acontecendo, eu tinha certeza de que ele era filho deles. Como podem ser tão parecidos? A única pessoa no mundo que é assim tão parecida com meus namorados e o primo chato e inconveniente, Lorenzo.
Algo de repente passa pela minha cabeça.
Não, não, não. Não é possível, ela não seria capaz de... seria?
Depois de Peter pegar sua coxinha e eu pedir uma esfiha de frango voltamos para perto de todos, que só esperavam por nos para podermos ir embora.
– Helena – Chamo minha amiga em um canto, de modo que só ela possa ouvir. – Posso perguntar uma coisa?
– Claro – Diz se aproximando enquanto caminhávamos mais atrás de todos. – O que foi?
– Tenho duas perguntas – Murmuro, sem saber se posso mesmo compartilhar meus pensamentos malucos com alguém. – Quão próximos Lorenzo e Tália eram?
– Próximos? O que? Por q... Aaah – Ela se enrola nas palavras até que finalmente percebe o mesmo que eu. – Naaão, vadia, isso é sério?
Gargalho com sua reação assentindo.
– É possível? – Pergunto.
– É mais do que possível, é obvio. Lo sempre vivia atrás dela, depois de saber sobre ela e Ethan não me surpreenderia se me dissessem que ela transou com os ossos do vovô, que Deus o tenha.
– O que fazemos agora? Contamos a eles?
– Não – Ela diz – Eu tive uma ideia melhor
***
Depois que Helena e eu dissemos que íamos dar uma volta por aí pedimos um táxi e fomos para a casa de sua família, onde Lorenzo morava juntamente com mais algumas pessoas da família. Ainda não acredito que deixei Lena me convencer a participar disso.
Abrimos a porta do quarto entrando rapidamente, olho para os dois lados antes de fechar a porta. Lena vasculha o quarto de Lorenzo a procura de uma escova de cabelos ou qualquer coisa que possa ser usada para fazer um exame de DNA. Ela entra no banheiro para procurar
– Alguém deveria avisá-lo que se o cabelo dele continuar a cair assim – Helena diz vindo até mim com fios loiros envoltos em um papel higiênico. – Vai estar calvo em três meses
Rio de sua zombaria. Abro o plástico transparente para que ela coloque os cabelos dentro. Saímos do quarto dele e Lena insiste em parar para beber água, ela garantiu que ninguém nos veria.
– Helena – Ouço uma voz conhecida. – Lily!
Me viro lentamente vendo a mãe dos gêmeos atrás de nós, entrando na cozinha.
– Oi tia – Lena diz despreocupada enquanto enche mais seu copo.
– O que estão fazendo aqui? Por que não disseram que viriam?
– Resolvemos passar aqui de última hora – Dá de ombros, sem se preocupar em arranjar uma desculpa melhor.
– Estão com fome? – Heloísa pergunta.
Abro a boca para recusar, mas meu estômago ronca acabando minha mentira.
– Pode apostar que sim, tenho duas boquinhas para alimentar – Minha esfomeada amiga se senta na banqueta ao lado do balcão.
Dona Helo anda de um lado para o outro reunindo alguns ingredientes, ofereço ajuda e ela me pede para picar as cenouras em quadradinhos.
– E como anda meu netinho? – Questiona, enquanto mistura o frango na panela
– Qual deles? – Helena se intromete na conversa e lhe lanço um olhar mandando-a ficar calada. De jeito nenhum vai ser eu a contar para ela que estou grávida. Ela é mãe deles, eles que se virem para contar.
– Ora, até o resultado do DNA sair eu só tenho o pequeno Bryan – Responde de forma doce.
Ouvir dizer que ela nunca gostou de Tália. E que sou a única namorada deles por quem ela morre de amores. Agradeço por isso.
– Ele está ótimo, obrigada por perguntar – Digo, acabo de picar e levo a tábua para ela que mistura o que piquei junto a panela. – Vou pedir para os garotos o trazerem aqui de novo na semana que vem.
– Por que não vem também? – Pergunta. – Senti sua falta na última visita.
Desculpe sogrinha, mas eu estava ocupada demais vomitando minhas tripas e pensando que estava com intoxicação alimentar, mas advinha, você vai ter mais netinhos.
– Não estava passando muito bem, vou tentar vir junto com eles na próxima – Murmuro.
– Olha lá que podem ser meus netinhos, hein – Ela brinca tocando minha barriga de leve.
Arregalo os olhos e me engasgo com minha própria saliva. Quando me recomponho dou uma risada sem graça e assustada demais para parecer verdadeira.
– Olha lá, hein – Lena repete sorrindo.
Mais uma insinuação e eu juro, juro que a mato.
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