Capítulo 37

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Um mês depois

Quinta-feira

Encaro o papel fechado a minha frente, alguns dias atrás suspeitei que pudesse estar grávida. Ontem fui a um hospital e solicitei um exame de sangue para confirmar, agora com o resultado em mãos, mas estou com medo de descobrir. Bryan é tão pequeno e meu namoro com os gêmeos é muito recente, não sei se estamos prontos para mais um filho.

– Lily? – Meu pai bate na porta, guardo o resultado dentro da bolsa com rapidez a jogando em um canto do quarto. Vou até a porta abrindo-a.

– Pai! – Digo sorrindo. – Oi, bom que chegou.

– Um dos gêmeos me chamou para vir aqui. Não sei qual dos dois foi – Revela dando de ombros.

– Eles disseram que queriam conversar comigo hoje à tarde sobre uma coisa muito importante. Você poderia cuidar do Bryan? – Peço. – O apartamento deles não é tão longe daqui, prometo não demorar muito.

– Claro que posso, Bryan é meu neto preferido – Sorri.

Forço um sorriso escondendo meu nervosismo. Se os resultados forem positivos você terá dois netos. Penso

– Obrigada, de verdade

Meu pai assente e sai do quarto.

Pego a bolsa e finalmente abro o papel.

***

Oli estaciona o carro na garagem subterrânea do prédio, descemos do carro subindo por um elevador até o apartamento dos gêmeos. O local está exatamente como me lembro.

– Então...? – Pergunto me sentando no sofá, Ethan se senta ao meu lado e Oli deita a cabeça em meu colo – O que viemos fazer aqui?

– Assistir um filme – Ethan diz pegando o controle e colocando em um canal onde passam meus desenhos favoritos.

Com minha bolsa do meu lado, coloco a mão dentro dela apertando o papel entre os dedos. Preciso contar a eles...

– Por quê? – Pergunto confusa. – Temos uma Tv lá em casa.

– Porque lá – Oli diz baixinho apertando minhas coxas. – Eu não posso fazer isso.

Sua mão desliza para o meio das minhas pernas tocando minha calcinha.

Gemo baixinho me movendo para ter mais contato. Oli se aproxima do meu pescoço dando beijos em meu rosto.

O interfone toca e logo ouvimos batidas na porta. Me levanto em um pulo e abro a porta sem olhar quem é. Uma mulher de cabelos ondulados e os olhos cor de oliva está parada a minha frente, um garoto loiro estava ao seu lado olhando para a tela do celular.

– Oi – Digo abrindo um sorriso. – Posso ajudar?

A morena me olha de cima a baixo com um sorriso superior.

– Você deve ser a empregada – Murmura com desdém. – Estou procurando Oliver e Ethan, diga a eles que Táli voltou.

– Não sou a empregada – Forço um sorriso, olho para trás e chamo Ethan baixinho.

– Quem é amor? – Pergunta segurando minha cintura e encarando a mulher. Seus olhos se arregalam e seu rosto fica pálido rapidamente.

– Querido! – Ela se joga nos braços do meu namorado e sela sua boca pintada de vermelho na dele.

Dou um passo atrás me sentindo tonta. Meu estômago embrulha e engulo o nó que se formou na minha garganta.

– Lily? – Sinto mãos fortes tocarem minhas costas e percebo que estou quase no chão. Oliver me segura firme me ajudando a sentar no sofá.

Táli está parada me encarando com os olhos ameaçadores. O garoto parado ao seu lado encarando tudo com desprezo.

– Benzinho – Ela ronrona se aproximando de Oli que se afastou de mim para pegar um copo de água. – Senti tanta saudade, Ethan

Oliver estreita os olhos para ela e desvia de seu toque. Estou muito confusa, quem é essa maluca?

– Eu sou o Oliver, Tália – Diz com indiferença. – E era para você estar morta.

– Nem parece que está feliz em nos ver amor – Ela toca os ombros do garoto que parece ter pouco mais de dez anos. – O filho de vocês queria conhecer os pais.

Táli, Tália, é claro! A namorada grávida que morreu. Ou que eles pensavam que morreu, ao que parece. Olho para o garoto. Os cabelos loiros, os olhos azuis cor de mar. Os inconfundíveis olhos que encaro todos os dias quando acordo.

O sorriso venenoso que Tália me lança quando percebe que juntei as peças é a única coisa que vejo antes de apagar.

***

Sinto algo molhado em meu rosto, abro os olhos devagar sentindo minha cabeça girar e meus olhos embaçados. Foco no rosto a minha frente Oli com um pano branco nas mãos passando pelo meu rosto. Me sento rápido fazendo minha cabeça doer. Olho ao redor constatando que aquilo não foi um pesadelo. A morena me encarava fixamente com um olhar mortal. Ethan estava sentado em um canto afastado com as mãos na cabeça, ele parecia assombrado.

– Amor – Oli toca meus ombros. – Levanta-se com calma, você desmaiou.

– O que...?

– A menina já acordou – Tália diz com um tom sério vindo até nos. – Será que podemos conversar agora?

– Se afasta Tália – Oli manda com a voz fria. – Ela desmaiou por sua causa e essa palhaçada que você está inventando.

– Inventando? – Pergunta como se tivesse sido ofendida. – Olha para o Peter amor! Ele é igualzinho a vocês.

Sua mão com as unhas longas pintadas de preto tenta tocar o rosto inexpressivo de Oliver. Ele segura seu pulso antes que ela consiga.

Analiso a cena, o garoto sentado no sofá com os fones vermelhos no ouvido alheio a toda situação, Ethan quieto no canto parecendo perturbado. Para mim, fica bem claro que minha presença aqui é desnecessária. Eles não precisam de um filho meu, ainda mais agora que a namorada morta voltou.

Me levanto e pego minha bolsa do lado do garoto, ele me encara nos olhos. Meu coração dispara. Tão parecidos... Impossível não ser filho deles.

Vou até a porta e saio do apartamento ouvindo Oliver gritar meu nome. Sua mão agarra meu pulso segundos depois.

– Lily... Não vai embora por favor – Pede respirando pesadamente. – Nos vamos resolver essa situação, aquele garoto não é nosso filho.

– Quanto tempo tem que você não a vê? – Pergunto contendo as lágrimas.

– Pouco mais de dez anos, mas...

– Ele me parece ter pouco mais de dez anos, Oliver, além de ser exatamente igual a você, não precisei olhar duas vezes para perceber – Digo baixinho.

– Isso não muda nada entre nós – Insiste. – Te amamos.

– Seu irmão não disse uma palavra desde que a viu, e a Táli parece que ainda não superou o fim do namoro de vocês. Volta lá para dentro, fica com seu irmão e seu filho. Vou voltar para casa, nos falamos depois.

Entro no elevador e aperto o botão do primeiro andar não o deixando me seguir. Na porta do prédio peço um táxi e choro durante todo o caminho para casa.

♥︎♥︎♥︎

Our Sweet LilyWhere stories live. Discover now