Na segunda-feira, quando fui para o refeitório na hora do almoço, pude sentir olhares em mim.
Pode ser minha imaginação, mas os olhos das outras pessoas pareciam estranhamente me seguir aonde quer que eu fosse na faculdade. Para tirar a prova, olhei para eles uma vez e viraram a cabeça, conversando entre si. Deve ter havido um motivo para isso, mas não pude prestar muita atenção devido aos meus próprios problemas.
Não consegui dormir bem no fim de semana porque estava confuso. Começando com por que caralhos eu gritaria dez mil dólares. Por outro lado, as ações inesperadas de Theo me levaram a um nível extremo de confusão.
Havia alguém se aproximando, acenando com a mão de longe alegremente, exatamente o oposto de mim. Era a minha melhor amiga, que arranjou um namorado durante este longo fim de semana.
— Jiho!
Deborah se agarrou a mim para falar sobre seu novo namorado por uma hora. O cara era alguém que ela conhecia e não via há algum tempo. E assim Jacob era seu namorado agora, graças à festa do Theo.
— Aqui está você.
— Como foi seu fim de semana?
— Não tenho do que reclamar.
— Igualmente.
Na minha frente estava o prato frio favorito de Deborah. Fazia algum tempo que eu não ia ao refeitório, e graças a isso, ela pediu rolinhos primavera com arroz de jasmim amarelo. Ao contrário de mim, minha amiga não parecia ter nenhuma resistência à comida chinesa, mas parece que as células do amor que começaram a funcionar fizeram tudo no mundo parecer bonito.
— Você gosta de estar em um relacionamento?
Mordi um croissant de presunto, queijo e alface e perguntei. Eu não estava realmente curioso, mas parecia educado. Lembrei do fim de semana, quando estava muito animado.
— Não, bem, eu ainda não sei, sabe? Não pensei muito nisso, mas agora estou assim. Entende o que eu quero dizer?
— Talvez?
Na verdade, não conseguia entender. Até a véspera da festa, os dois apenas passavam e se cumprimentavam nos corredores, trocando palavras como: "Quer ir na minha festa de aniversário?" Mas agora estavam apaixonados e do nada eram um casal.
— Mas definitivamente estou começando a ver ele de uma forma diferente agora que estamos em um relacionamento. Odeio ver Alfas arrogantes, sabe? Mas se for o Jacob, parece que vale a pena olhar pra ele.
— Tudo isso em um dia?
— Sim, em um dia.
— Chocante.
— O quêê?!
Deborah sorriu com um rosto muito feliz e brincou com a colher no arroz de jasmim amarelo.
— Ah, certo, Jiho.
— ?
— Você viu isso?
— O quê?
Sem dizer mais nada, Deborah remexeu dentro da bolsa e tirou o celular. Seus toques foram rápidos quando entrou no navegador e pesquisou algo. Tendo encontrado o que procurava, me passou o aparelho.
— O que tem isso?
— Leia, leia!
Peguei o celular que me entregou e vi o que estava na tela.
Era um site. Um post comum publicado em um site popular em várias partes do mundo.
Mas quando percebi que era eu quem aparecia ali, não era mais tão comum assim. Pelo menos para mim, porque...
— Que porra?!
A tag era #TenThousandDollarBaby, ou "garoto de dez mil dólares".
— Mas o que é isso?
— Uau, você realmente não sabia.
— Não. O que é isso?
— Você se tornou um gostosão completo, garoto de dez mil dólares.
— O quê???
— Você é provavelmente a pessoa mais famosa da nossa universidade, perdendo apenas pro Theo.
Senti como se minha mente tivesse congelado novamente e nenhuma palavra saiu. Ha, não era à toa que as pessoas estavam conversando e olhando para mim hoje. Então é assim que eu pareço aos olhos deles, um maluco que gritou dez mil dólares em um leilão para comprar o Theo.
— ...Tá tudo bem? — perguntou, preocupada, vendo minha expressão séria.
Apesar de sua consideração, não podia dizer que estava bem. E como poderia? Não era Ômega, mas um Beta que ofereceu dez mil dólares pra ter um Alfa ultra dominante, então minha vida estava quase acabada agora.
— O que vai ser da minha vida universitária agora?
— O quê? Como assim?
— As pessoas vão achar que sou um pervertido. Todo mundo vai pensar que um Beta quer laçar um Alfa ultra dominante...
— Amigo??
Deborah parecia discordar. Ela parou por um momento para refletir sobre e então começou a me confortar ou algo assim.
— Ei, Jiho, as pessoas não acham que você é um pervertido.
— Deborah, está tudo bem que você queira me confortar, mas eu sei que já tô fodido.
— Não, não é que eu queira te confortar, é só que...
De repente, começou a rir antes de terminar a fala. Senti como se estivesse morrendo, mas ela continuou rindo por um tempo sobre seja lá o que era tão engraçado.
— Deborah?
— Ah, desculpe, desculpe.
— Não era minha intenção te fazer rir só porque me recusei a ser consolado.
— Entendo, desculpa. Mas não é isso, só é divertido.
— O que é divertido?
Ela conseguiu controlar a risada por um momento e falou:
— As pessoas não sabem que você é Beta.
— ...O quê?
— Isso, eles pensam que você é um Ômega.
Por um momento, pensei que a confusão havia acabado. Que merda...?
— Ei, acho que você se parece um pouco com um Ômega.
— O quê?
— Bem, o que quer que eu diga?
— Eu não sou um Ômega.
— Sim, eu sei.
— Então?
— Mas os outros não sabem disso.
Infelizmente, ela parecia ter razão. Mais de 80% dos humanos são Betas, o que significa que cerca de 80% dos que compareceram à festa do Theo poderiam ser também. Alfas e Ômegas podem identificar o sexo um do outro apenas por feromônios. No entanto, os Betas são diferentes, não podem sentir ou emitir feromônios, então você só vai saber quem é um se perguntar.
— Isso... é loucura.
— Bem, as pessoas não sabem que você é Beta, ou pelo menos você pode pensar que os Alfas e Betas da festa não sabem. Tem alguém entre todas aquelas pessoas que lembra se você tinha feromônios?
— E o que você quer dizer é...?
— O que quero dizer é que nos comentários dizem que você é Ômega, porque se não fosse, não teria se importado o suficiente em participar do leilão do Theo, certo?
Pelo menos com esses comentários eu podia ter certeza de que eles não me viam como um pervertido, mas também percebi que agora estava preso em outra situação. Mais confusão.
— Então as pessoas me conhecem como Ômega?
Eu fui confundido com um Ômega.
— O que eu posso dizer?
— ...
Senti como se o céu estivesse se dividindo em dois, nunca tinha passado por um dilema desses antes. Odiava ser considerado um pervertido, mas odiava ainda mais ser confundido com um Ômega, e não poderia sair do fundo do poço, não importa as desculpas que desse. Isso tudo era uma tragédia que começou quando minha boca gritou dez mil dólares. Eu não só cavei minha própria cova, também fui lá e deitei nela.
— Jiho, anime-se. O que podemos fazer? Não podemos simplesmente sair e pedir desculpas.
— Sim, isso é muito encorajador, muito obrigado.
— Ei, não seja tão pessimista.
— ...
— Mas já que estamos nisso, deixa eu te fazer uma pergunta.
— Qual?
— Por que fez aquilo?
— ?
— Por que deu um lance no leilão?
Como caralhos vou explicar isso? Digo que só pensei alto?
Não consegui pensar em nada para responder a essa pergunta.
— Garoto de dez mil dólares!
Naquele momento, fiquei nervoso, mas uma voz veio direto aos meus ouvidos. Quase reflexivamente, virei minha cabeça naquela direção. O que chamou minha atenção foi ver aqueles dois Alfas ultra dominantes no refeitório da faculdade, já que era raro vê-los por aqui.
— Oi!
— Oi.
— Oi.
Ao ouvir a pequena conversa, comecei a tremer sem saber o que fazer, mas os três cumprimentaram-se alegremente. Eles aparentemente compartilhavam de uma repentina amizade pós-festa.
— Você se divertiu?
— Claro, foi uma festa incrível.
— Fico feliz que pense assim. Podemos sentar aqui?
Mas nem fodendo.
— Claro.
De repente, as duas pessoas que eu não sabia por que vieram pro refeitório estavam sentadas do meu lado e de Deborah, respectivamente.
— Jiho, você ficou muito famoso.
Lukas estava sentado ao meu lado e me cumprimentou à sua maneira. Ele entrou gritando "gato de dez mil dólares", então provavelmente queria tirar sarro de mim.
— Eu vou acabar com uma dor de cabeça. Você pode, por favor, calar a boca?
Falei, olhando para ele com sinceridade. Como se tivesse sentido desta vez, ele mudou de atitude e ergueu as mãos, não se esquecendo de me dizer para me acalmar.
Mas...
— Você voluntariamente doou dez mil dólares para uma boa causa, não é normal ficar famoso?
O comentário sarcástico de Theo derrubou o de Lukas imediatamente. Claro, ele riu, e até Deborah, que apesar de sentir pena de mim, também caiu na piada. Era óbvio que meu olhar sobre aquele cara não era dos melhores.
— O quê? Estou errado? — falou, me lançando um olhar arrogante.
Quando vi, senti meu estômago revirar, mas tentei não demonstrar.
Eu tinha pecado, e por isso ele me deu voluntariamente aqueles dez mil dólares.
— Preciso ir. Bom almoço.
Eu escolhi fugir deles.
— O quê? Jiho! Mas você não comeu quase nada!
— Não tô com fome.
Quando me levantei, meu olhar de repente encontrou o de Theo, indiferente, que estava sentado à minha frente.
— Estou indo, te vejo mais tarde.
Despedi-me de Deborah uma última vez e me virei com meu prato. Ao me aproximar para devolver a bandeja de comida, percebi que estava falando sozinho.
Se esse era o caso, por que ele se ofereceu para pagar os dez mil dólares?
Continua...
Não fala assim com o meu filho Lukas não, Jiho! Pela criança eu dou a minha vida, graças a Deus!