All the Young Dudes [Livro 3]

By wolfuckingstar

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TRADUÇÃO DA FANFIC ALL THE YOUNG DUDES POR MSKINGBEAN89 PERMISSÃO DA AUTORA PARA POSTAR AQUI. A obra narra d... More

Capítulo 151: A guerra: Julho 1978
Capítulo 152: A guerra: Infiltração
Capítulo 153: A guerra: Home Front
Capítulo 154: A guerra: Outono 1978
Capítulo 155: A guerra: Inverno 1978-1979
Capítulo 156: A guerra: Quartel General dos Aurores
Capítulo 157: A guerra: O bando
Capítulo 158: A guerra: Cativo
Capítulo 159: A guerra: Submissão
Capítulo 161: A guerra: Lua de Sangue
Capítulo 162: A guerra: A história de Moony
Capítulo 163: A guerra: Fim da Primavera de 1979
Capítulo 164: A guerra: Verão de 1979
Capítulo 165: A guerra: Dulce et Decorum est
Capítulo 166: A guerra: Outono 1979
Capítulo 167: A guerra: Inverno de 1979
Capítulo 168: Primavera & Verão 1980
Capítulo 169: A guerra: Outono & Inverno 1980
Capítulo 170: A Guerra: Inverno de 1980 e Primavera de 1981
Capítulo 171: A Guerra: Triage
Capítulo 172: A Guerra: Verão 1981
Capítulo 173: A Guerra: Outono 1981
Capítulo 174: A Guerra: Armistício
Capítulo 175: 1982
Capítulo 176: 1983
Capítulo 177: 1985
Capítulo 178: 1986
Capítulo 179: 1987
Capítulo 180: 1989
Capítulo 181: 1990
Capítulo 182: 1991
Chapter 183: Verão de 1993
Capítulo 184: Verão de 1994
Capítulo 185: Início do verão de 1995
Capítulo 186: Verão de 1995: Grant
Capítulo 187: Verão de 1995: Sirius
Capítulo 188: 'Até o fim'
Out of the blue - Parte 1
Out of the blue - Parte 2

Capítulo 160: A guerra: Soldados da Infantaria

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By wolfuckingstar

I count the corpses on my left,

I find I'm not so tidy.

So I'd better get away, better make it today

I've cut twenty-three down since friday.

But I can't control it.

My face is drawn, my instinct still emotes it.

'Running Gun Blues', David Bowie.



A onda quente de poder no corpo de Remus não se dissipou tão rapidamente quanto antes - talvez simplesmente porque sempre esteve lá - só que agora ele sabia como se sintoniza-lá. Ou talvez fosse um mecanismo de defesa devido ao que o instinto lhe dizia que estava por vir.

Todos na cripta podiam sentir também. Alguns deles se levantaram, ansiosos. Livia fechou os olhos e suspirou de prazer.

Passos pesados ​​e rápidos ecoaram da igreja acima. A adrenalina inundou o corpo de Remus quando a laje de concreto que cobria a entrada da cripta foi empurrada para o lado.

Greyback desceu. Ele parecia diferente de antes. Não estava na defensiva agora. Estava sorrindo, sua postura e cheiro acolhedores. Amigável.

O coração de Remus deu um salto.

Greyback sorriu, seus olhos escuros e secretos como a floresta.

"Remus Lupin," ele disse. "Acho que é hora de conversarmos."

Remus concordou com um aceno de cabeça, pasmo.

Greyback também acenou, ainda sorrindo, depois se virou e começou a subir as escadas novamente. Remus o seguiu sem nem olhar para trás. Finalmente, finalmente, esta era sua chance. Para fazer o quê, ele ainda não sabia. Tudo o que Remus sabia naquele momento era que seu pai tinha vindo até ele, e ele estava exultante.

O ar ficou mais fresco e mais limpo enquanto eles emergiam da igreja em ruínas, e Remus respirou fundo, fechando os olhos. Era quase noite; estava fresco e silencioso. Sob as nuvens mal iluminadas, a floresta ao redor deles estava se transformando do dia para a noite, as criaturas noturnas bocejando, se espreguiçando e saindo de seus buracos e túneis.

Greyback conduziu Remus pelo corredor da igreja, até a saída em arco, e eles caminharam - não por muito tempo - através das árvores jovens de faia, passando por robustos carvalhos ingleses, por um estreito caminho escondido que levava a uma espécie de caverna na base de uma colina. Uma toca.

Sem olhar para trás, Greyback entrou, abaixando-se ligeiramente na entrada antes de se endireitar quando a entrada se abriu mais e mais alto do que Remus poderia ter previsto de fora. Ele o seguiu, porque não havia mais nada a fazer.

Lá dentro cheirava a casa. Terra, floresta, carne e lobo.

Embora não houvesse nenhuma fonte de luz natural, assim que Greyback entrou, uma série de tochas ao longo das paredes da toca se acenderam, criando um espaço aconchegante e acolhedor. Havia até uma fogueira com um caldeirão de estanho pendurado, transbordando com algo que cheirava espesso e saboroso. Uma mesa de madeira ao lado da lareira estava cheia de alimentos de todos os tipos - caça recém-morta e esfolada, tigelas de nozes e frutas vermelhas, cogumelos, urtigas e pão.

As paredes da caverna haviam sido esculpidas em prateleiras e buracos cheios de livros e pergaminhos. Haviam alguns banquinhos de madeira espalhados e Greyback gesticulou para que Remus se sentasse.

Remus se sentou, olhando ao redor. Mais para trás, escondido nas sombras, ele podia sentir o cheiro de uma cama - ou pelo menos do lugar onde Greyback dormia.

Mais perturbador, porém, era o cheiro do ensopado. A maior parte de suas refeições na última semana eram geladas e Remus as comia na penumbra. O cheiro delicioso de uma refeição quente ameaçou dominá-lo.

Ele observou seu captor pegar uma tigela de porcelana de uma prateleira e colocar uma pequena porção de guisado do caldeirão, depois pegar uma colher e levar para ele. Greyback entregou-lhe a tigela e Remus a pegou, ainda incapaz de tirar os olhos de Greyback.

Sua forma preenchia a entrada, dura, musculosa e imóvel. Seu cabelo escuro e grosso estava preso em um nó e seus olhos amarelos se voltaram para Remus, curiosos e desafiadores ao mesmo tempo.

Apesar de seu comportamento ser maior do que a vida, também havia uma quietude sobre ele que Remus só tinha visto em animais selvagens. Um silêncio que prometia algo mais sinistro, como uma armadilha pronta para ação.

Greyback se sentou em frente a Remus, com as mãos nos joelhos, e acenou com a cabeça para a tigela de ensopado que aquecia suas mãos.

"Coma." Disse.

Sem hesitar - Remus ainda não sabia se estava cumprindo ordens porque precisava, ou porque queria - pegou um pouco de ensopado e colocou a colher na boca. Ele poderia ter chorado. Foi a coisa mais deliciosa que ele já tinha provado, quente e cheia de sabor - algum tipo de carne escura e cebola saborosa. Ele mastigou, conforme instruído, antes de engolir em seco.

Greyback lambeu os dentes pontiagudos, "Bom filhote."

Remus o ignorou e continuou a comer, de repente percebendo que estava morrendo de fome. Um poema que ele leu uma vez surgiu em sua cabeça, como um aviso.

Though the goblins cuffed and caught her,

(Embora os goblins a algemaram e a capturaram,)

Coaxed and fought her,

(Persuadiram e brigaram,)

Bullied and besought her,

(Intimidaram e importunaram)

Scratched her, pinched her black as ink,

(Arranharam, beliscaram, deixando-a com marcas pretas como tinta,)

Kicked and knocked her,

(Chutaram e bateram,)

Mauled and mocked her,

(Maltrataram e zombaram,)

Lizzie uttered not a word;

(Lizzie não disse uma palavra;)

Would not open lip from lip

(Não abria lábio de lábio)

Lest they should cram a mouthful in.

(Para que não forçassem a colher em sua boca.)

Christina Rossetti - Goblin Market

Claro, eram goblins. Você não deveria aceitar comida dada por fadas ou goblins - não havia nada que tivesse lido em relação a lobisomens. Mas então, o que ele havia realmente aprendido sobre lobisomens?

Greyback o observou mais um pouco, como se estivessem sentados para jantar juntos; velhos amigos. Ele esperou até Remus quase terminar de comer para falar.

"Acabou pegando no pé de Gaius, hein? Interessante isso. Eu pensei que fosse ser Castor. "

"Ele estava sendo cruel." Remus respondeu.

"Ele é um bom filhote. Um lobo lindo; poderoso. Mas ele tem algumas coisas a aprender sobre liderança, então te parabenizo. O que você acha dos meus outros filhos, hein?"

Remus terminou de comer. Ele engoliu em seco e chupou a colher pensativamente, antes de colocá-la de volta na tigela vazia, então olhou Greyback nos olhos.

"Sinto muito por eles."

"Sente muito?"

"Pela maneira como vivem. Não há dignidade nela."

Os olhos de Greyback brilharam.

"Dignidade. Que criatura adorável você é, Remus Lupin. Sim, dignidade. Essa é exatamente a palavra. Exatamente." Greyback estava acariciando sua barba, pensativo. "É uma situação temporária, claro. Quando esta guerra for vencida -"

"Quando esta guerra for vencida," Remus disse, firmemente, "Os lobisomens serão mais odiados e temidos do que nunca. Por causa do que você fez. Por causa de seus crimes. "

Greyback jogou a cabeça para trás e riu, mostrando longos dentes amarelos.

"Verdadeiramente adorável, filhote. Eu me preocupei que tanto tempo naquela cela pudesse ter suavizado você, mas ... "

Greyback ergueu uma de suas grossas sobrancelhas e Remus sentiu uma agitação desagradável dentro de seu cérebro, como se alguém estivesse acariciando seus pensamentos com os dedos. Ele contorceu o rosto e Greyback deu uma risada baixa no fundo da garganta, "Não. Ainda intacto. Meu filhote, bom e forte. "

Remus o encarou. A sensação de contorção parou.

"Você quer dizer", ele respirou, "Você não queria me quebrar?"

"Claro que não." Greyback cuspiu com desdém "É isso que você pensa? Essas são as mentiras vis espalhadas sobre mim? Por que um pai desejaria mal a seus filhos?"

Remus inclinou a cabeça.

"Me diz você. Por que você atacaria uma criança de cinco anos? Por que me trancou?"

"Jogos de perguntas," Greyback movimentou sua mão de longas unhas, descartando as questões "Essas não são as perguntas para as quais você quer uma resposta, não finja."

"Como você sabe o que eu quero?!" Remus sentiu seu temperamento esquentar e lutou para mantê-lo sob controle. Ele tentou agarrar-se à sensação de poder que tirou de Gaius, para absorver a magia que podia sentir nas paredes de terra da toca.

"Eu sei tudo sobre você, Remus Lupin." Ele o olhou com olhos afiados como navalhas mais uma vez, e Remus sentiu aquela agitação desagradável em seus pensamentos.

"Não, isso não é justo." Remus balançou a cabeça, tentando construir uma parede contra Greyback. "Você está usando legilimência!"

"Ah. Um truque bruxo. Lobos não leem mentes. Lobos veem almas."

Parecia a mesma coisa para Remus. Os lábios de Greyback se curvaram em um sorriso malicioso mais uma vez.

"Não, Remus Lupin. Não é a mesma coisa. Afinal, pode-se mudar de ideia. Remus Lupin pode simpatizar com seus companheiros do bando em um dia e insultá-los no dia seguinte. Essa é a mente. Mas a alma de Remus Lupin... "

Greyback fechou os olhos e inalou, como se Remus tivesse um cheiro particularmente delicioso.

"Pare com isso!"

"Me faça parar."

Remus tentou. Ele tentou muito, muito, forçando a magia dentro dele para fora, através de seus olhos, através de seus pensamentos. Pareceu funcionar. Sua mente se acalmou e Greyback se recostou, parecendo satisfeito. Remus estava tão confuso agora - ele não queria agradar Greyback, nunca.

"É perfeitamente normal me odiar, você sabe." Greyback disse, esticando os braços, girando os ombros como se estivesse se preparando para dormir - ou brigar "É natural ficar ressentido com o pai."

Você não é meu pai. Remus pensou, na parte de seu cérebro onde ainda se sentia ele mesmo, eu nunca tive um pai e nunca precisei de um.

"Responda às minhas perguntas." Remus disse o mais vigorosamente que conseguiu, "Se você se preocupa tanto comigo... como um... como um pai, então por que me transformar?! Por que me caçar por anos e me enfiar em uma jaula assim que eu apareço?! "

Greyback estava rindo dele de novo, fileiras e mais fileiras de dentes, língua comprida e vermelha.

"Você pode agradecer a Lyall Lupin por sua transformação."

"Certo." Remus fez uma careta, "Terrivelmente humano, não é?! Vingança?"

"Autopreservação." Greyback respondeu, coçando atrás da orelha divertidamente. "Lyall tinha ideias sobre como minha família deveria ser tratada. Ideias ignorantes. Ele precisava aprender. "

"Então por que não atacar a ele -"

"Porque ele era fraco ." Greyback sibilou. " Pude sentir o cheiro nele. Sem coragem, um hipócrita. E eu estava certo. Um homem melhor não teria abandonado seu filhote e sua cadela. Embora talvez eu deva agradecê-lo. Ele se destruiu antes que qualquer uma de suas fraquezas pudesse se infiltrar em você. " Ele lambeu os lábios, "Tornou-se meu objetivo. Pegue-os jovens, os faça crescer fortes."

Remus sentiu vontade de vomitar. Ele odiava Greyback tão ferozmente que era como se suas entranhas tivessem se transformado em bile.

"Se você acredita nisso", ele continuou estoicamente, a boca cheia de saliva tornando suas palavras grossas e desleixadas, "então por que esperar tanto para me encontrar? Você poderia ter me arrancado do Lar a qualquer momento."

"Eu considerei isso," Greyback acenou, inclinando a cabeça pensativamente, "Eu peguei Lívia quando ela mal falava. Castor e Gaius quando eram pequenos. Mas você era um caso diferente. Dumbledore colocou as patas em cima de você antes mesmo de Lyall cair no chão. Eu sabia o que o velho idiota estava pensando - seu próprio lobisomem de estimação; sua própria besta domesticada, toda treinada e com uma cabeça cheia de truques e mentiras dos bruxos. Um monstro educado. " Ele lambeu os lábios lascivamente, "Eu sabia de tudo isso, e pensei... por que não? Deixe o filhote vir até mim quando for a hora certa, deixe-o aprender tudo o que puder sobre o mundo mágico, e veremos, então, qual lado vence. "

"Lado? Você quer dizer... você ou Dumbledore? "

"Natureza ou criação." Greyback deu uma risadinha. Remus recuou, enojado.

"Então eu sou um experimento?"

"De certa forma."

Remus finalmente desviou os olhos, incapaz de encará-lo por mais tempo. Seus olhos se fixaram na estante de livros à sua direita. Eram todos clássicos. O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Sr. Hyde, A Ilha do Doutor Moreau, O Conde de Monte Cristo.

"E a jaula?" Ele perguntou, trêmulo, olhando para as letras douradas em cada livro com capa de couro. "Isso foi parte do experimento?"

"Estava claro que você tinha se tornado muito dependente dos truques que Dumbledore lhe ensinou." Greyback disse, como se tudo fosse perfeitamente razoável. " Você foi confinado apenas pelo tempo necessário, para garantir que seus verdadeiros dons fossem fortes o suficiente para se manifestarem. E eles são, filhote. Olhe para você agora, brilhando com poder. "

Remus finalmente o olhou, encontrando aqueles olhos amarelos de lobo mais uma vez. Tudo bem então. Se ele era tão poderoso, poderia usá-lo. Queimando com ódio amargo e ácido, Remus se esforçou mais uma vez, focando o mais nitidamente que podia no corpo de Greyback.

Faça-o fraco, faça-o sentir doer.

Greyback endireitou as costas no banco e fechou os olhos, sorrindo como se Remus o estivesse acariciando, como se ele não estivesse usando toda sua força. Então o lobisomem levantou a mão - e Remus viu que ela estava tremendo, muito levemente. Ainda assim, Greyback era incrivelmente poderoso, e Remus podia sentir sua própria magia ser contrariada e bloqueada. Pelo menos havia tentado.

"Muito bom, Remus Lupin," Greyback disse depois de um longo tempo, sua voz um pouco mais rouca do que antes. "Muito bem, filhote ..." Ele suspirou. "O suficiente, por esta noite, talvez. Voltaremos a nos falar. "

Remus se levantou rapidamente, sentindo como se todo esse tempo tivesse sido aprisionado na cadeira por uma força invisível; e agora o peso se foi.

"Um momento..." Greyback também se levantou e passou por Remus em direção ao quarto de dormir sombrio atrás. Ele voltou segundos depois com um grande pelo cinza e entregou a Remus. "Um presente, filhote. Bem-vindo ao bando."

Remus o pegou e segurou-o sobre um braço com cautela. Era bonito; a pele macia, prateada e preta sob seus dedos.

"Eu posso ir?" Ele perguntou, olhando para a boca da toca, agora desprotegida e aberta. Ficou nervoso de repente.

"É claro. Você conhece o caminho de volta. Você não está no mundo dos bruxos agora; você é livre. Vá para onde quiser. Volte para o bando. Ou então... se preferir dormir aqui? " Seu rosto ficou faminto novamente, seu sorriso zombeteiro, enquanto ele se afastava e gesticulava em direção à sua própria cama.

O estômago de Remus se revirou novamente e ele saiu da toca o mais rápido que pôde.

Ficou do lado de fora sozinho por um longo tempo. O pensamento de aparatar - de sair de lá o mais rápido que pudesse, voltar para casa, para Sirius, Londres e seus amigos - ocorreu apenas rapidamente.

A noite havia caído na floresta. Remus respirou o ar adorável e olhou para os pontos de luz no céu. Corujas voavam acima em busca de presas. Raposas pulavam pela vegetação rasteira, toupeiras cavavam o solo abaixo de seus pés. Se sentia tão parte deste lugar quanto eles. Uma criatura da natureza ganhando vida.

Uma brisa fresca agitou as folhas acima dele e ele estremeceu. Sem pensar, Remus puxou a capa de pele sobre os ombros, envolvendo-a com força. Era bom, como uma segunda pele. Ele respirou e exalou mais uma vez, para saborear a paz e a tranquilidade de estar sozinho. Então, se afastou da toca e voltou para seu bando.

* * *

As coisas mudaram depois daquilo, é claro. Quando Remus voltou para o bando naquela noite, ele já tinha um novo lugar na hierarquia. Gaius havia sido libertado de sua prisão e não encontrou os olhos de Remus; não o desafiou, apenas fugiu para o seu próprio canto. Livia deixou claro que agora Remus estava acima de Gaius ao se aproximar primeiro e acariciar sua nova pele, ronronando de alegria.

"Lindo", disse ela, "lindo".

E quando chegou a hora de se acomodar e dormir, Remus poderia escolher qualquer lugar da cripta que quisesse. O que teve que ser uma decisão cuidadosamente pensada; dormir ao lado de Lívia, a cadela alfa, e o que isso estaria insinuando? Certamente diria a Gaius exatamente onde ele estava. Seria o que Moody sugeriria, se Moody tivesse alguma ideia de como se comportar em tal situação.

Ele também possuía reservas quanto à Castor. Por um lado, o instinto disse-lhe para ficar do lado do belo jovem - e ele sabia que não era inteiramente a ver com o fato de que Castor o tinha ajudado. Remus estava acostumado com o cheiro agora, mas isso não o deixava menos atraído. Por outro lado, Castor era claramente um dissidente. Ficar ao lado dele poderia levantar suspeitas de outros membros do bando.

Porém, ele estava cansado e com sono, e já havia tomado muitas decisões que alterariam sua vida. Então escolheu Castor, que parecia seguro, pelo menos. Remus teria que implorar por perdão mais tarde.

Nos dias que se seguiram, Remus conheceu o bando não apenas pelo cheiro e como outros párias - mas como pessoas individualmente. Muitos deles, como Jeremy, eram recentes. Adolescentes fugitivos, filhos rejeitados de famílias bruxas envergonhadas. Todos eles tinham histórias difíceis de fome, sofrimento e abusos terríveis.

Pela primeira vez na vida, Remus sentiu que teve uma infância privilegiada. E daí que a Diretora era uma vaca velha de coração de pedra que odiava crianças? Pelo menos ele tinha tido um teto sobre sua cabeça.

Alguns deles eram gentis e engraçados, alguns eram bobos e imaturos. Alguns estavam tristes e tímidos. A cada dia Remus ficava mais desesperado para ajudá-los a encontrar um lugar e uma vida melhor para todos e cada um.

Mas é claro que nem todos tinham a mesma história. Alguns deles não estavam com Greyback para proteção ou abrigo - alguns deles realmente estavam lá para se vingar. Eles acreditavam na filosofia do pai de todo o coração; assassinato para eles não era um crime, apenas a natureza de um predador. O mundo lhes devia sangue e eles iriam tomá-lo.

"Eu também acreditei." Castor disse na manhã seguinte. Ele havia se oferecido para mostrar a Remus suas trilhas de caça na floresta. Os dois pegaram coelhos e outros animais usando o instinto e a magia. "Eu acreditei em tudo o que ele falava por muito tempo. Ele é o único professor que já tive."

"Mas você mudou de ideia?" Remus perguntou meio esperançoso, porque ele ainda não tinha certeza sobre as motivações de Castor.

"Sim." Castor respondeu, não percebendo a apreensão de Remus. "Foi um processo lento."

"O que o desencadeou?" Remus estava arfando um pouco para acompanhar Castor, que era ágil e musculoso, a epítome da boa saúde apesar de suas cicatrizes.

"Nada em particular" Respondeu enquanto parava, olhando em volta, como se tivesse sentido um cheiro. Ele pareceu pensar melhor e continuou andando, cabeça erguida e olhos penetrantes. Ele era tão natural e relaxado consigo mesmo. Remus achava que nunca poderia ser assim. Vagamente, isso o fez pensar em Sirius - exceto que, claro, Castor falava muito menos. Você realmente tinha que arrancar respostas dele.

"Nada em particular?" Remus ofegou, "Algo deve ter-"

"Livros." Castor disse, avançando, a caminho de alguma coisa.

"Livros?!"

"O Pai encoraja que nos eduquemos. Para desenvolver pensamentos independentes. E eu fiz. É o jeito da natureza se rebelar contra o pai. "

Isso soou assustadoramente como Greyback. Castor costumava fazer isso - todos faziam. Eles falavam com uma só voz, e era sempre a dele.

"Mas se ele encoraja isso, então por que mais dos outros não ..."

"Eu disse que somos encorajados, não forçados." Castor disse, um pequeno sorriso irônico brincando em seus lábios.

"Oh." Remus respondeu. Ele se lembrou de Lívia citando Platão para ele. Ser educados não significava que todos chegariam às mesmas conclusões.

"Eu também ouvi o que você disse." Castor disse finalmente. "Quando fui preso pela dríade, na Escócia. Eu sabia que você era meu inimigo, mas não queria machucá-lo. E então percebi que não queria prejudicar ninguém. Acho que podemos viver em paz, longe da humanidade, como outras criaturas aprenderam. "

"É isso mesmo que você quer--?"

Castor estendeu a mão rapidamente e se agachou. Havia um coelho a menos de um metro de distância. Remus prendeu a respiração e observou Castor rastejar para frente lentamente, sussurrando um encantamento calmante. Quando ele alcançou a criatura, ela pulou sonolenta em seu colo. Ele o acariciou suavemente por um momento, ainda sussurrando. Então quebrou seu pescoço.

Remus queria ficar enojado, sentir pena do coelho, mas já podia sentir o cheiro de sangue e seu estômago roncou. Castor sorriu para ele, olhos acinzentados brilhando. Ele estendeu o coelho, o sangue escorrendo pelo pulso.

"Para você, Remus Lupin."

Remus ficou lisonjeado.

Jeremy mostrou a Remus algumas das técnicas de 'coleta' do bando, que basicamente equivaliam a roubo. Haviam cidades nos arredores da floresta, e tudo que eles precisavam fazer era aparatar lá e encontrar uma casa vazia, o que poderia ser feito usando o olfato.

Eles estavam no quarto de uma dessas casas quando Jeremy contou toda a verdade sobre o papel do bando na guerra.

Se Remus não tivesse se incomodado com um coelho sendo abatido sem cerimônia em sua frente, então roubar uma casa não seria nada demais. Na verdade, trouxe de volta algumas boas lembranças de sua juventude criminosa. Ainda assim, ele não participou realmente. Apenas fuçou as roupas do guarda-roupa enquanto Jeremy procurava por joias na cômoda.

"Do jeito que eu vejo" Jeremy disse alegremente "Greyback pode ser um pouco cheio de si, um pouco alto e poderoso. Mas ele fez muito por mim e por muitos outros. Ele se preocupa mais do que qualquer outra pessoa desde que recebi essa maldita mordida."

"Você já fez alguma dessas coisas de se educar e estudar?" Remus perguntou, casualmente.

"Não para mim." Jeremy disse "Nunca gostei muito de ler. Prefiro quadribol."

"Hm."

"Ugh, pérolas." Jeremy resmungou, tirando um nó deles de uma caixa de veludo verde. "Odeio a maneira como eles se sentem nas mãos. Minha mãe sempre os usava - herança de família sangue puro. "

"Você é um puro-sangue?" Renus se virou, ligeiramente surpreso.

"Nah, mamãe é. Papai é mestiço. Não importa mais. Eu sou pior para eles do que um sangue-ruim agora. Bastardos. " Ele fechou a gaveta com raiva. "Essa é uma das coisas sobre as quais Greyback está certo. Eles merecem o que estão recebendo. "

"Quem merece?"

"Os puro-sangue."

"O que você quer dizer?" Remus sabia que parecia estúpido, mas estava genuinamente confuso. Sempre foi dito a ele que alguns dos maiores aliados de Voldemort eram as famílias puro-sangue - que eram os mestiços e os nascidos trouxas que ele tinha como alvo.

Ele disse isso a Jeremy.

"Oh, sim," Jeremy concordou alegremente, "Nós fizemos isso uma ou duas vezes, mas, na maioria das vezes, somos realmente uma tática assustadora para manter as famílias antigas na linha. "

Remus pressionou por mais informações e Jeremy - que estava ansioso para fazer qualquer coisa por Remus desde o incidente com Gaius - ficou muito feliz em explicar. Voldemort estava usando os lobisomens como pouco mais do que força tática. Se algum de seus influentes apoiadores ricos começasse a questioná-lo um pouco demais, se começassem a ter dúvidas, então bastava uma visita de Fenrir Greyback e alguns de seus acólitos loucos e ferozes para colocar todos de volta na mesma página.

"Tenho visitado um monte de mansões ultimamente," Jeremy gargalhou. Ele percebeu o olhar que Remus estava lhe dando. "Ah o que?! Eu te disse, eles merecem. Eles não deveriam ter ido para o lado dele em primeiro lugar. "

"Espere, então você nem apoia Voldemort?!" Remus ficou boquiaberto.

"Claro que não, ele é um estranho. Me assusta pra caralho para ser honesto. Mas, você sabe. Não escolhi este lado, é apenas a mão que recebi. "

"Mas se você tivesse escolha, se você..."

"Não há escolha, Remus Lupin!" Jeremy disse ferozmente, aquela voz saindo de sua boca que não era a dele. "Lá está o bando. Não podemos confiar em mais ninguém. Você deve se acostumar com isso se quiser ser um de nós. "

E isso foi o mais longe que ele conseguiu com qualquer um deles. Depois de um certo ponto, todos eles voltavam ao mesmo velho script. Greyback era o líder e, mesmo que não concordassem com ele em tudo, a maioria se sentia em dívida e confiava nele antes de qualquer coisa.

À luz do dia, Remus nunca tinha certeza se podia realmente confiar em Castor ou Jeremy - ou qualquer um dos outros. Até mesmo Castor, que era quem estava interessado em ouvir o que Remus tinha a dizer, e que estava determinado a convencer os outros a se retirarem da guerra.

"Não é uma coisa fácil." Castor tentou explicar "Perceber que nosso pai está errado, que não devemos tomar parte nos assuntos dos bruxos, e muito menos na guerra. Isso significaria dividir o bando. "

"Você pode fazer isso?" Remus perguntou, impressionado. Castor encolheu ligeiramente os ombros.

"Talvez."

Útil.

Remus esperava ver Greyback novamente, agora ele tinha sido totalmente iniciado, mas o pai do bando permanecia estranhamente remoto. Ele ocasionalmente convocava Lívia, que Remus soube que estava com ele há mais tempo - quase durante todos os seus trinta anos. (Remus ficou chocado ao saber a idade dela - ela parecia ao mesmo tempo muito jovem e muito velha.) Do contrário, Remus foi deixado por sua própria conta.

Ele poderia sair quando quisesse, isso havia ficado claro, mas ele disse aos outros do bando que não tinha nenhum outro lugar para ir, assim como eles. Ele precisava da confiança deles e, para isso, eles precisavam ser capazes de se relacionar com ele. Então, Remus nunca tentou escapar para enviar uma mensagem para a Ordem - nem tinha certeza se isso era possível, mas ele não tentou. Sabia que talvez nunca mais tivesse essa chance - e afinal, foi para isso que Dumbledore o havia criado.

No que diz respeito a Dumbledore, Moody, Ferox e todos os outros adultos que gostavam de empurrar Remus pelo tabuleiro de xadrez, ele estava exatamente onde deveria estar. E ele não estava infeliz. Estava sozinho, é claro; ansiava por Sirius como se um membro estivesse faltando, e ele teria feito qualquer coisa por um banho, um cigarro e uma barra de chocolate. Porém, a floresta começou a parecer um lugar ao qual ele pertencia - os outros lobos pareciam uma família. Sua missão ficava mais clara a cada dia e ele sabia que não poderia partir. Então, ficou à vista o tempo todo e não disse uma palavra sobre suas amizades e conexões em casa.

A amizade era diferente entre os lobisomens. A solidariedade do bando era tudo, e Remus também sentia isso - às vezes ele pensava que morreria para protegê-los, até mesmo Gaius. A única sensação que chegou perto disso foi quando os Marotos estavam em suas formas animais em Hogwarts - e Remus supôs que fazia algum sentido.

Sexo era diferente entre eles também. No meio do mês, Remus notou alguns membros formando pares, desaparecendo na floresta por uma hora ou mais, um de cada vez, retornando com aquele cheiro familiar. Era óbvio o que estavam fazendo, mas ninguém parecia se importar ou prestar muita atenção, era apenas mais um instinto que todos aceitavam e seguiam sem questionar.

"O desejo fica mais forte à medida que a lua se aproxima", explicou Castor, enquanto estavam deitados na cripta uma noite tentando ignorar os gemidos ofegantes e as movimentações ao redor deles.

"Eu nunca tinha notado antes." Remus mentiu, olhando para o teto.

"Se você escolher acasalar," Castor sussurrou, "Escolha sabiamente. Eles admiram você, eles notarão favoritismo. "

"Não." Disse Remus. "Eu não... Eu já tenho alguém."

"Um humano?"

"Sim."

"Então você planeja voltar." Castor constatou. Ele parecia tão triste com isso. Remus queria virar e se desculpar, confortá-lo de alguma forma, mas aquele era um território perigoso e ele sabia disso. O ar já estava espesso com luxúria, e ele não sabia o que faria.

"Eu tenho que, eventualmente." Disse Remus. "Mas eu quero ter certeza de que vocês estarão todos seguros primeiro."

"Nós vamos sobreviver sem você, Remus Lupin." Castor respondeu, sua voz não era mais o timbre calmo e estável de costume. "Você ainda não é nosso líder."


─ ★ ── Notas ── ★ ──

Explicação do título: soldado de infantaria são os que  realizam um trabalho cansativo e geralmente sem glamour, que fazem o traballho pesado. Aqui, são os lobisomens.

O que eu disse a uns capítulos atrás sobre a diferenciação da caracterização do Greyback aqui é bem explícito nesse capítulo. Aqui, a crueldade dele não é menor, o que muda é que ele pode ser cruel e ser culto, conhecer livros, citar Platão, o que é completamente o contrário do que é narrado nos livros de Harry Potter pelos bruxos. Na visão preconceituosa e subestimada deles, Greyback é apenas um animal selvagem, enquanto aqui vemos tudo que ele pode ser como pessoa: alguém cruel, mas não ignorante.

https://victorianweb.org/authors/crossetti/byecroft6.html Achei esse artigo interessante sobre o poema citado pelo Remus, ele está em inglês mas acho que dá para entender usando a tradução própria do google.

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