Enchanted World Online

Da MrCr0w

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Mike Rodrigues, de 29 anos, jogava um jogo mundialmente conhecido, o "Enchanted World Online", um jogo VRMMOR... Altro

Prologo
Capítulo 1: Primeiro Contato!
Capítulo 2: Dia de aprendizado.
Capítulo 3: Família Real.
Capítulo 4: O Alquimista!
Capítulo 5: Torneio de Espadachins!
Capítulo 6: Uma doce amargura!
Capítulo 7: Ken, O Aventureiro.
Capítulo 8: O início de uma aventura.
Capítulo 9: Nero, O Mago Espadachim!
Capítulo 10: Dormindo com Deuses.
Capítulo 11: Uma benção divina.
Capítulo 12: Purple Flames
Capítulo 13: Luto.
Capítulo 14: Xeque-mate
Capítulo 15: OceanPlus
Capítulo 16: Fogo em alto mar.
Capítulo 17: Buraco de minhoca.
Capítulo 18: A Caverna.
Capítulo 19: O Deus do Trovão.
Capítulo 20: Combustão.
Capítulo 21: Profecia.
Capítulo 22: A Tempestade...
Capítulo 23: Lilith, A Rainha dos Demônios.
Capítulo 24: A Deusa da Água.
Capítulo 25: Um brinde.
Capítulo 26: A chegada.
Capítulo 27: Lorde.
Capítulo 28: O Vilarejo.
Capítulo 29: A Rainha do Reino Verde.
Capítulo 30: Máscaras e Pilares.
Capítulo 31: Dia de treinamento.
Capítulo 32: Preparações.
Capítulo 33: O Distribuidor.
Capítulo 34: Demônios.
Capítulo 35: O Reino de Eregond.
Capítulo 36: O início de uma jornada.
Capítulo 37: Diferença de Poder.
Capítulo 38: Silverstone
Capítulo 39: Pedra, PAPEL e tesoura.
Capítulo 40: Reencontro.
Capítulo 41: O Brilho da Luz.
Capítulo 42: Só o tempo nos dirá.
Capítulo 43: O Enxame de Inscrição.
Capítulo 44: Discurso dos Representantes.
Capítulo 45: Primeiro Dia.
Capítulo 46: Apostas do Mestre.
Capítulo 47: O Enviado de Deus.
Capítulo 48: Tempo dourado.
Capítulo 49: Massacre.
Capítulo 50: Despedida.
Capítulo 51: Símbolo de Orgulho.
Capítulo 52: O dia do Caçador.
Capítulo 53: O Deus Dragão.
Capítulo 55: Marca Tempo.
Capítulo 56: A Ordem das Rosas.
Capítulo 57: Arcanjo de Batalha.
Capítulo 58: De volta ao velho mundo.
Capítulo 59: Lady Mortífera.
Capítulo 60: Amanhecer de Um Novo Mundo.
Capítulo 61: O Inigualável Rei.
Capitulo 62: Mundus hieme mutatus.
Capítulo 63: My Dear Sister.
Capítulo 64: T.E.
Capítulo 65: Técnica Inata.
Capítulo 66: Preparando o Terreno para Grandes Mudanças.
Capítulo 67: O Final de um Grande Prólogo.
Mapa do Continente Mortal.
Capítulo 68: Capítulo Um da Segunda Era.
Capítulo 69: Espada e Honra.
Capítulo 70: Um Jogo de Azar.
Capítulo 71: Clã da Águia.

Capítulo 54: Raiva e Lágrimas.

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Da MrCr0w


Não importa para que lado eu olhasse tudo que eu conseguia ver uma enorme caverna, vazia e escura. Quando eu gritava a minha voz não ecoava. Eu nem mesmo conseguia ouvi-la.

Comecei a andar pelo o que parecia ser um corredor de rochas, mas não importava o quanto eu andasse, ou até mesmo corresse, pois por um longo tempo eu tentei correr, eu não chegava a lugar nenhum.

Foi quando eu senti a mana pairando no ar. Bem lentamente uma neblina foi se formando a minha volta e então foi como se eu despertasse de um sonho. Ou para um.

Eu estava no meio de um campo de batalha. As árvores a minha volta se contorciam e se agitavam como se estivessem vivas. A alguns metros a frente havia uma pequena cratera de onde chamas azuis dançavam sobre a terra e pilares de fumaça se erguiam, serpenteando até o céu.

Olhei para o lado e vi Gwen parado logo ali. Seus olhos brilhavam em um azul intenso, mais intenso do que o normal, e eu conseguia sentir o poder concentrado neles. Também conseguia ver os rastros por onde lágrimas haviam escorrido pelo seu rosto.

Tentei falar com ela, mas não consegui. Tentei me mover, mas também não consegui. Foi quando o desespero me atingiu. Tentei gritar, me contorcer, pular ou correr. Tentei fazer qualquer coisa. Mas não fiz nada. Eu não consegui fazer nada.

Nesse momento eu escutei uma voz rindo em minha cabeça. Podia sentir o divertimento. E quando eu reconheci a voz eu também soube o porque eu não podia me mover.

O meu corpo não era mais meu. Eu não era mais eu. Eu estava apenas observando enquanto Eragon, o Deus Dragão, assumia o meu corpo e me controlava sem que eu pudesse fazer nada.

— Vamos lá, Aidem. Não me diga que isso te matou. Você é mais forte que isso. Vamos lá, saí logo daí. — Gwen murmurou em súplica. Parecia desesperada, e lágrimas ameaçavam escorrer de seus olhos novamente.

Eu, quer dizer, Eragon apenas desviou o olhar na direção da cratera e disse, com a minha própria voz soando estranha e ridiculamente arrogante.

— Ele está vivo, minha Criança. Nem sequer se machucou... — Houve uma pequena pausa e então um sorriso se formou no rosto dele, no meu rosto. — Mas Flammae também está vivo, antes que pergunte. —

Uma explosão de energia vermelha iluminou a cratera e Aidem saiu voando lá de dentro.

Três raios vermelhos dispararam atrás dele, mas Aidem rebateu os três com extrema agilidade. A lâmina brilhando na cor negra toda vez que entrava em contato com a energia vermelha.

Flammae saiu correndo de dentro da cratera assim que disparou os raios. Quando Aidem bloqueou os três raios e aterrissou no chão o Deus do Fogo já estava goleando horizontalmente com a lança.

Aidem se abaixou no último instante e a lança dourada passou por cima dele sem oferecer perigo. No mesmo instante o espadachim girou sobre os calcanhares e completou o giro golpeando com a espada.

A lâmina atingiu a barriga do Deus do Fogo e uma pequena explosão de energia vermelha arremessou ele para longe. O impacto fez Aidem cair para trás, rolando duas vezes na terra antes de conseguir se recompor e se levantar.

— O que estão esperando? Vamos atacar. Todos juntos dessa vez. — Aidem falou enquanto olhava para nós por cima do ombro.

Gwen saiu correndo na direção dele no mesmo instante, já eu, Eragon, abriu o par de asas em suas costas e ergueu a espada cima. Um raio negro caiu sobre ela como se fosse um para-raios.

O campo de batalha repentinamente se tornou um borrão. Eu comecei a correr pela floresta, serpenteando entre as árvores e indo em direções aleatórias. As árvores pelas quais eu passava não eram nada mais do que borrões de movimento que eu logo deixava para trás. E outra coisa que eu deixava para trás era eletricidade.

E lá estava Flammae. Eu me aproximava dele em alta velocidade, mas ele apenas caminha em linha reta com aparente indiferença. A frieza no olhar. As chamas vermelhas de dançando em suas costas. A lança dourada apontada para baixo.

Um oponente que eu nunca derrotaria. Um Deus. 

Mas Eragom continuou avançando na direção dele.

Eu era como um relâmpago que percorriam o campo de batalha sem parar. Perdi a conta de quantas vezes eu passei por Aidem e Gwen, ou pelo próprio Deus do Fogo, só para logo em seguida me afastar e me perder na floresta e, segundos depois, emergir de trás das árvores e passar correndo por Flammae.

Aidem e Gwen provavelmente ouviam claramente os relâmpagos chiando em meu corpo quando passava correndo por eles, mas se isso os surpreendeu eles não demostraram.

Os dois saltaram sobre Flammae ao mesmo tempo, ambos golpeando com as espadas.

O Deus do Fogo repeliu o golpe de Aidem com a ponta da lança e com a outra extremidade ele bloqueou o golpe da Gwen. Antes que qualquer um pudesse reagir ele rapidamente esticou o corpo para o lado e chutou Aidem na barriga, o arremessando para trás. Quando se recompôs Flammae girou a lança dourada na mão e acertou com o cabo nas costas da Gwen.

Gwen gemeu de dor e cambaleou alguns passos para frente antes de Flammae girar a lança novamente e interceptar o avançou dele, atingindo-a mais uma vez com a lança mas dessa vez no rosto.

Sangue foi arrancado da boca da Gwen e ela caiu de costas no chão. Flammae girou a lança na mão e estava prestes a atravessar a ponta na barriga da Gwen quando eu corri na sua direção.

Me aproximei e golpeei diretamente na lança. O som da minha lâmina atingindo o ouro da lança ecoou em meus ouvidos. O impacto fez Flammae recuar um passo para trás cambaleante. Mas eu não fiquei para ver o que aconteceria. Disparei correndo na direção oposta.

Flammae já havia se recomposto quando eu me aproximei novamente. Mais uma vez eu atingi um golpe contra a sua lança e, quando ele cambaleou para trás, eu disparei correndo na direção oposta.

Repeti isso várias vezes. Cada vez que eu corria na direção dele eu fazia mais rápido. Toda vez que eu golpeava a lança dourada do Deus do Fogo eu punha mais força no golpe.

Até que uma hora eu atingi a lança dourada e, quando Flammae cambaleou alguns passos para trás, Aidem surgiu das sombras e saltou sobre o Deus do Fogo.

Flammae se curvou para trás para evitar um golpe e se abaixou para evitar outro. Mas quando Aidem projetou um chute na sua direção ele não estava preparada e foi atingido em cheio no rosto.

O Deus do Fogo parecia que iria voar para longe quando cravou a lança no chão, girou em torno do cabo e voltou voando na direção do Aidem. Atingiu-o com os dois pés no peito, jogando ele para longe.

Aidem caiu no chão e quicou duas vezes antes de parar. Perdeu a espada quando atingiu o chão pela primeira.

Flammae atravessou a distância entre eles quando Aidem parou de vez. A lança dourada brilhou ao refletir a luz da energia atrás do Deus do Fogo, mas então a katana atingiu a lança e alterou a sua rota.

A lança dourada atingiu o chão, arrancando um punhado de terra, mas logo em seguida se projetou para cima novamente, morando na pessoa que entrou na frente e impediu seu golpe. Gwen

A lança dourada foi, mais uma vez, repelida pela katana dela. Mas logo em seguida ele se projetou em outra estocada. Gwen desviou da primeira e da segunda, todas as três passando perigosamente perto.

Senti uma ponta de orgulho brotando em meu peito. Odiei cada parte daquilo porque era um sentimento do Eragon e não meu.

Mas quando a lança se projetou novamente pra perto dela eu senti meu coração acelerar, pois sabia que ela não teria tempo. O céu foi pintado luz negra do relâmpagos. Mas não ouve som algum além de quando eu saí correndo naquela direção.

A minha espada parou na frente da lança e deteve seu avanço. Mas a ponta da lança era redonda como o sol, com pontas afiadas ilustrando o seu brilho, e quando Flammae deslizou a ponta da lança pela lâmina da espada ele encaixou perfeitamente a lâmina dentro do círculo da lança e, com um movimento rápido e repentino, puxou a lança e arrancou a espada das minhas mão.

Mas nos mesmos instante a lâmina de uma katana passou por trás de mim, e a centímetros do meu abdômen, e perfurou a cocha da perna esquerda do Flammae. O Deus do Fogo fechou o maxilar com tanta força para não gritar de dor que seu dentes rangeram. Ele cambaleou alguns passos para trás e caiu sobre um joelho. Gwen, a dona da Katana que atingiu o Deus do Fogo, passou correndo por mim no mesmo instante.

Os olhos azuis brilharam na noite enquanto ela avançava como uma gata branca. Ágil e bela. Ela saltou quando se aproximou e efetuou um giro no ar, completando o giro com um chute certeiro na cabeça do Deus do Fogo.

Flammae foi jogado um metro para o lado e atingiu o chão com força. A espada que estava presa em sua perna se soltou, mas não sem antes cortar feio os músculos da perna, e uma nuvem de poeira se ergueu no ar, só para logo em seguida ele voar mais um metro e meio antes de girar no ar e cair de pé. Os olhos frios dele encontraram os da Gwen, que já estava a um metro dele.

Flammae bloqueou o soco da Gwen usando o cabo da lança, o que não esperava era que Gwen agarraria a lança e que, com movimentos rápidos, envolveria com as pernas os braços e ombros dele.

Um movimento similar ao que Aidem usou nele. Flammae percebeu isso quando Gwen começou a fazer força para derruba-lo como o espadachim fez. Nesse momento Flammae soltou a lança dourada e jogou um pouco de Core contra ela.

Gwen conseguiu se desvencilhar do Deus do Fogo no último instante e tentou usar a espada e a lança para bloquear a energia que fluía na sua direção. Uma explosão carmesim arremessou ela para longe com tanta que força que eu pensei que ela iria partir a árvore atrás dela. Mas no último instante ela se recuperou e enfiou a lança dourada, que ainda segurava nas mão, no chão para interromper seu avanço.

Assim que seus pés tocaram o chão Gwen arrancou a lança do chão, se virou para trás e arremessou ela em direção as estrelas com máximo de força que conseguiu.

A lança praticamente desapareceu no céu estrelado, descrevendo um leve arco no ar. Mas pouco antes de desaparecer por completo Gwen ouviu o som dela quebrando a barreira do som ao atingir seu pico de velocidade.

Infelizmente a espada havia se corroído até sobrar apenas o cabo, e por isso ela teve que joga-la fora.

Quando ela voltou a abaixar o olhar e encarar Flammae seu rosto estava sério. Intimidador. Os olhos azuis brilhavam de forma ameaçadora.

— Agora eu vou começar a retribuir a dor que eu senti quando você arrancou as minhas asas. — 

Flammae sorriu. O sorriso começou a aumentar lentamente até se transformar em uma gargalhada.

— Draco, diga-me o seu nome. Quero me lembrar de você. —

Me aproximei correndo da Gwen e parei ao seu lado bem quando ela emitiu um estalo insatisfeito com a língua e respondeu.

— Meu nome é Gwen. — Ela praticamente cuspiu o próprio nome pra fora, mal conseguindo conter a raiva.

— Muito bem, Gwen. Vou enfrentar você agora. — As palavras frias pairaram no ar. Um aviso de um Deus. Mas havia também um tom oculto de diversão na sua voz.

— Ótimo. — Gwen murmurou.

— Minha Criança, espere um pouco vam-... —

Antes que eu terminasse de falar Gwen disparou correndo para frente. No meio do caminho uma luz azul iluminou os seus pés e ela disparou voando na direção de Flammae, descrevendo um leve arco no ar.

Gwen desceu com um soco na direção dele, mas o Deus do Fogo se esquivou para um lado e quando ela errou o golpe, ele aproveitou que ela estava no ar para lhe atingir com um chute na barriga.

O som do impacto foi como um tiro de canhão. Gwen disparou voando para cima tão rápido que iria se tornar um borrão e desaparecer no céu, se uma luz vermelha opaca e quase transparente não tivesse segurado ela a 1 metro do Deus do Fogo.

— Essa sua magia é igual á do Rei. Interessante. — Ele realmente olhava para ela com interesse. — Embora ele use ela apenas para paquerar e se exibir, e não voar de verdade. —

O trovão ecoou no céu e eu me movi antes de me dar conta. Estava passando por Flammae e pronto para golpear com a espada quando seus olhos se viraram para mim. Por um segundo eu senti como se o olho vermelho realmente pudesse me ver de verdade, e não somente Eragon.

E então toda a energia que circulava pelo o meu corpo desapareceu. Até mesmo as nuvens negras no céu se dissiparam. O chão se aproximou tão rápido que só me dei conta de que tinha caído quando rolei até a segunda árvore, depois de atravessar o tronco da primeira, e parei ao bater nela.

Ao fundo eu ouvi a risada de Flammae.

— Antes você até podia absorver o meu Core para usar como reservar, mas agora que eu não estou mais alimentando o meu discípulo eu posso controlar até mesmo a energia que você absorveu. Não me subestime demais, Eragon. Eu sou o ser predestinado a ter o maior controle sobre o Core até a próxima geração. —

Uma luz amarela iluminou o rosto de Flammae e quando ele olhou para o lado viu que Gwen, ainda presa pela luz vermelha, criava uma bola de fogo em suas mãos. Flammae ficou sério repentinamente.

— Há, não. Não vamos usar mana tão descaradamente assim. — A bola de fogo nas mãos da Gwen desapareceu no mesmo instante em que sua voz fria ecoou pela floresta silenciosa. — Cadê aquele seu amigo espadachim? Ele sim tem uma arma interessante. Não consigo anula-la mais. Você realmente fez um bom trabalho, Eragon. Além disso, ele é-... —

Antes que Flammae terminasse de falar, como se em resposta a pergunta dele, Aidem emergiu das sombras e correu na direção do Deus do Fogo.

Quando o espadachim atacou com a espada Flammae apenas ergueu a mão para bloquear com a palma da mão o golpe. Uma luz semelhante a que segurava Gwen no ar, mas menos visível, envolvia sua mão.

Mas então a lâmina abaixou sutilmente o ângulo em que avançava e, passando por baixo do braço do Deus do Fogo, acertou um golpe direto. Uma explosão de energia vermelha jogou Flammae para longe. Bem na minha direção.

O Deus do Fogo atravessou uma árvore a um metro de onde eu estava e parecia que iria voar lá dentro da floresta quando eu saltei na sua direção e interceptei seu avançou com um chute na barriga. O golpe foi força pura. Sem o menor pingo de mana ou desse core. Mas era a força de um Deus Dragão e o impactou foi como uma segunda explosão que jogou Flammae para o outro lado.

Meus pés mal tocaram o chão e eu já saí correndo na direção de Aidem. Gwen tinha acabado de cair quando a energia vermelha se dissipou e o espadachim estava ajudando ela a ficar de pé quando eu cheguei.

— Ele anulou a minha magia. O Core pode fazer isso? — Gwen perdeu, a respiração pesada e suor escorrendo do rosto.

— Minha Criança, você não tem ideia do que o Core pode fazer. — Eu falei.

— Então comece a explicar. — Aidem exigiu, se colocando ao lado da Gwen

— Escute aqui, humano, nós não temos tempo, e mesmo se tivéssemos eu não desperdi-... —

Antes que eu terminasse de falar um estrondo ecoou a vários metros para dentro da floresta. Me virei para o lado na mesma direção e vi Flammae saindo de trás das árvores.

A energia vermelha foi disparada ao mesmo tempo em que eu comecei a me mover até ele. O raio atingiu meus dedos, pulverizando eles completamente e jogando a espada para longe. Eu não senti dor alguma, mas Eragon parou e rugiu.

Outro raio vermelho foi disparado na minha direção, mas Aidem entrou na frente e repeliu o ataque no último instante. A espada ondulou com energia vermelha e negra se misturando. Mas então Flammae apareceu na frente dele.

Aidem tentou golpear mas antes que tivesse a chance Flammae acertou um tapa com as costas da mão no rosto dele tão forte que o jogou contra o chia de um vez. O espadachim quicou no chão desnorteando e antes que caísse no chão novamente o Deus do Fogo lhe atingiu com um chute na barriga que o jogou longe.

— Agora você, Deus Dragão. — Flammae se virou para mim e esboçou um sorriso frio.

A energia Core nas costas do Deus do Fogo abruptamente explodiu em uma enorme mar de fogo. Senti, mais do que vi, quando Gwen saltou para longe no último instante. Mas eu não tive tanta sorte. As chamas vermelhas me atingiram em cheio e por um momento eu fiquei preso ali. Sendo bombardeando por um energia destrutiva. Eu sabia que não sentia a dor porque não estava no controle do meu próprio corpo, mas Eragon sentia. Provavelmente só não era destruído instantaneamente pela resistência que um Deus Dragão possuí... isso e talvez o Deus do Fogo não estivesse querendo mata-lo rapidamente.

Mas em algum momento toda a aquelas chamas vermelhas se tornaram um turbilhão ao minha volta e meu corpo foi jogado para cima, subindo cerca de 6 metros só para logo em seguida cair novamente em direção as chamas que permaneceram no mesmo lugar.

Quando atingi o chão todas as chamas se jogaram contra mim de uma vez. O poder parecia queimar todo o meu corpo, por dentro e por fora. Eragon urrava de dor, mas eu não sentia nada.

O chão embaixo de mim começou a ser pulverizado pela energia que avançava sobre meu corpo com força total. Quando o mar carmesim que caia sobre mim se estinguiu eu me vi dentro de uma cratera com mais de 3 metros de profundidade e quase o mesmo tanto de largura.

Tentei mover meu corpo, mas mal pude mexer o braço. Quer dizer, Eragon mal pode mover braço. Quando ele virou o rosto para o lado viu que a minha mão direita havia desaparecido completamente. O ferimento cauterizar com a alta temperatura.

Senti meu estômago embrulhar, mesmo não controlando o meu próprio corpo, ao ver os músculos e veias das mão pulverizada começou a ser reconstruir. Por sorte Eragon desviou o olhar para o topo da cratera e eu não tive mais que ver aquilo.

Eragon fechou os olhos por um momento eu pensei que ele também de sentia enjoado por ver o membro se regenerar, mas então eu senti a aura emanada do meu corpo começar a diminuir sutilmente. Quando voltou a abrir os olhos ele olhou para cima apenas com seus olhos de dragão, sem nenhuma mana ou Core. Mas bastava.

Os olhos de Eragon podia ver tudo. Por tanto eu podia ver tudo. E vi quando Flammae caminhou na direção de Gwen, que estava apoiada em uma árvore afastada. Uma das poucas que permaneciam de pé na área onde estavam.

— Vou aproveitar que te encontrei aqui e não vou desperdiçar uma boa oportunidade. Agora permita-me lhe contar o que vai acontecer aqui, Gwen Draco. — Cada passo do Deus do Fogo exalava confiança. Superioridade. Parecia a vontade ali, no campo de batalha, envolvido por aí energia destrutiva. — Você será a minha emissária. Isso mesmo, você vai sobreviver. Parabéns. — A voz não possuía emoção alguma. Quando parou na frente da Gwen nem sequer abaixou a cabeça para olha-la, apenas fixou seus olhos nela. — Você vai entrar em contato com os Reis humanos e vai contar o que aconteceu aqui. Vai contar que um Deus desceu ao mundo humano e lhe ensinou o que era poder. Você vai dizer a todo o terror que sentiu aqui, as mortes que presenciou e como não pode fazer nada para me impedir. Como ficou completamente impotente na minha presença. Mas, o que realmente importa, é que você dizer á eles que isso é uma decla-... —

Flammae parou de falar e deu um passo para trás. O punho de Gwen passou longe de atingi-lo como ela tinha planejado, mas ela aproveitou o embalo do corpo para girar e projetar um chute antes fosse contra-atacada. O Deus do Fogo recuou um passo para trás novamente e se curvou um pouco na diagonal.

Gwen praguejou ao ver a ponta do seu pé passar a centímetros do rosto do Deus do Fogo. A sola da sua bota raspou no chão levantando poeira quando ela de recompôs do chute, e sem perder tempo ela virou e projetou um soco na direção do rosto do Deus do Fogo.

Atingiu apenas a palma da mão de Flammae e os dedos dele logo se fecharam sobre o seu punho. Agarrou com tanta força que Gwen gemeu de dor. Mas quando o Deus do Fogo chutou seu joelho, que quase se dobrou completamente para trás enquanto emitia um estalo, ela gritou de verdade.

Ela caiu no chão com o corpo bambo, seu punho preso na mão do Deus do Fogo. Sua respiração estava pesada e com pausas constantes com gemidos de dor. Lágrimas jorravam de seus olhos. E o pior de tudo; Flammae bloqueava a mana dela, impedindo qualquer cura.

Flammae apertou mas forte o punho da garota, ouvindo os dedos dela estalarem em sua mão. Gwen gritou, mas foi um grito fraco, sem força.

— Vou continuar de onde eu parei agora, Draco. Como eu estava dizendo; Você vai dizer aos Reis Humanos que isso é uma Declaração de Guerra. Que vocês se preparem que-... —

Flammae parou de falar e olhou para o lado. A lâmina da katana parou a centímetros do seu rosto, a luz vermelha opaca envolvendo toda a espada e até mesmo o espadachim que a segurava, Aidem.

— Mas vocês gostam de me interromper, não é? — Flammae encarou Aidem com frieza.

O espadachim estava parado na sua frente completamente imóvel. Travado. Preso pelo energia Core de Flammae. Mas a espada começava a absorver parte da energia que o prendia e logo ele estaria soltou, ou então poderia disparar um ataque.

Aidem percebeu isso, mas Flammae também.

— Solta ela! — Foi a última coisa que ele falou.

A energia Core nas costas do Flammae se projetou na direção do espadachim assumindo o formato de vários espinhos. Um deles atravessou o ombro do Aidem e arrancou um grito dele ao mesmo tempo em que outro atravessava a perna dele. Um quarto atravessou o seu abdômen e outros dois o atingiram logo em seguida, um na barriga e outro no peito.

Quando a energia vermelha recuou e ondulou atrás do Deus do Fogo o espadachim cambaleou alguns passos para trás. A espada caiu de suas mãos e sangue escorreu de sua boca quando ele tentou tossir e se engasgou.

Gwen estava o encarnado quando Aidem se virou para ela. Os dois se olharam por um único segundo, mas um segundo que pareceu interminável. Um sorriso ameaçou se formar nos lábios do Aidem, mas ele caiu no chão antes.

Um segundo se passou sem que nenhum som fosse preferido, e depois outro e só então Gwen gritou. Ela tentou correr na direção de Aidem, mas Flammae ainda segurava seu punho. Por um instante a garota ficou gritando e chorando enquanto puxava o seu braço tentando se soltar. Parecia não se importa se quebraria sue braço no processo.

Por fim Flammae a soltou e ela se levantou e correu na direção de Aidem. Caiu sobre o corpo do garoto ao tentar pisar com a perna ferida. Percebeu que o joelho estava quebrado, mas aquela era a menor de suas dores.

Gwen se debruçou sobre o corpo de Aidem tentando segura-lo em seus braços. Os dedos tortos e quebrados da sua mão direita lhe causavam uma dor indescritível, mas o desespero de verdade veio ao ver os buracos no corpo de Aidem.

As feridas estavam cauterizadas e queimadas pela energia destrutiva. Algumas chamas Core se espalhavam pela roupa dele, e Gwen fez questão de rasgar e tirar a blusa dele e jogou para longe.

Os ferimentos mais graves eram os único que ainda sangravam um pouco. Do ferimento na barriga começava a escorrer um sangue denso e pegajoso. Mas do ferimento no peito apenas alguns gostas de sangue escorriam de áreas em que a crosta queimada se descascava. O rosto de Aidem estava pálido e ele mal conseguia manter os olhos abertos, e quando respirava emitia um chiado estranho.

Ele olhou para Gwen e usou suas últimas focas para tocar a mão machucada dela. O sangue manchou os dedos quebrados dela, e uma orar de dor se espalhou por seu braço, mas ela ignorou e só conseguiu prestar atenção em como ele tremia.

Quando Aidem ergueu a mão e tocou o rosto da Gwen, manchando-o de sangue também, as lágrimas jorraram de seus olhos e seu lábios tremeram.

— Não... Não.. não, por favor, não. Fica comigo, Aidem. Aidem fica confio... — A voz dela não era nada mais do que um sussurro em meio ao choro.

— Mande os Reis se prepararem, Gwen Draco. E é bom que seu Rei se prepare também. Ele recusou a proposta do Summa Deus. Não esperem misericórdia. — A voz do Deus do Fogo soava indiferente, quase entediado.

Nesse momento Gwen gritou. Rugiu. Rugiu de dor. Rugiu de raiva. Rugiu como um dragão. E pela primeira vez o Deus teve medo.

Uma aura azul se ergueu em volta do corpo de Gwen. Flammae tentou cancelar a magia dela, mas não era mana. Quando Gwen olhou para trás por cima do ombro até mesmo o branco dos seus olhos haviam sido tomados pela energia azul.

— Eu vou matar você. — Ela falou. Não, ela avisou. O ódio brilhando em seus olhos.

O som de algo estalando fez um arrepio percorrer o meu corpo. No mesmo instante a minha visão voltou para onde eu realmente estava. Agora eu só conseguia ver as paredes da cratera a minha volta e as estrelas no céu noturno.

Uma explosão de energia azul e vermelha cobriu o topo da cratera por um momento e a terra deslizou por um momento. Por um segundo, e apenas um segundo, eu fui transportado novamente para aquela caverna sem fim. A voz de um Dragão ecoou na minha mente.

O que pensa que está fazendo, humano? Seu corpo agora é meu. Aceite. Fique grato. Você já estava morto quando o tomei pra mim.

Mas quando eu respirei fundo eu estava de volta naquela cratera e a voz na minha cabeça tinha desaparecido. Eu conseguia sentir meu corpo novamente. Assim como conseguia sentir a energia lá em cima. Outra explosão de energia passou por cima da cratera.

Comecei a me levantar quando senti a energia da Gwen diminuir sutilmente. Mas no mesmo instante uma dor de cabeça quase me fez cair no chão novamente, em seguida eu ouvi a voz novamente.

Se ponha no seu lugar, humano! Você é fraco. Seu corpo é fraco. Mas ainda assim quer lutar contra o mim?! Não seja tolo. Irei tomar o seu corpo só por causa de tal ousadia, humano. Grave as minhas palavras.

Dessa vez quando a voz desapareceu eu senti um vazio em minha mente, como se algo estivesse falta ou se eu tivesse esquecido alguma coisa. Soube no mesmo instante que ele tinha ido embora. Mas ainda conseguia sentir o que restava do seu poder em mim.

Saltei para cima e praticamente voei em direção ao topo da cratera. Meus pés deslizaram na terra, o meu corpo todo gritando de dor a cada movimento, e quando uma explosão sacudiu o chão eu quase cai, mas consegui me recompor.

Olhei para o lado e vi Gwen parada no mesmo lugar de antes, com Aidem todo ensanguentado em seus braços. Mas diferente de algum tempo atrás agora a aura azul a sua volta disparavam raios de energia na direção de Flammae. A energia em volta do Deus do Fogo ondulava e bloqueava os disparos, mas vez o outro um raio passava perto demais de atingi-lo e ele se via obrigado a saltar para os lados para esquivar.

Tirei a bainha da cintura com a mão esquerda e com a mão direita eu desembainhei a espada. Segurei firme os dois itens na mãos e respirei fundo.

Cambaleei o primeiro passo para frente e no mesmo instante Flammae se virou para mim. Por um momento eu pensei que ele atacaria, mas ao invés disso ele saltou 2 metros para trás e tomou uma distância segura de mim e de Gwen, assumindo um posição séria e defensiva.

— Ainda vivo, Eragon? Que surpresa. Não achei que esse seu receptáculo iria aguentar aquela energia. Mas aposto que você absorveu um pouco para se manter vivo, não é? Você sempre foi bom em reagir no impulso. — Ele falou enquanto me olhava sorrindo como estivesse me parabenizando.

Ergui a cabeça e assumi a postura mais arrogante que eu tinha. Ele ainda acha que eu sou Eragon, que continue assim. Não respondi nada porque não sabia o que Eragon falaria, apesar de ter certeza de que seria algo arrogante.

Por sorte eu não precisei pensar em nada para falar, pois Flammae desviou o olhar para Gwen assim que terminou de falar e, com um suspiro lento, desfez sua postura defensiva e voltou a olhar para mim.

— Bom, você sabe que eu gostaria muito de continuar aqui me divertindo com você, mas me falta tempo. Devo visitar seus primo lagartos ainda hoje, então me desculpe por não poder continuar aqui entretendo vocês. —

Assim que Flammae terminou de falar Gwen colocou Aidem no chão e se levantou. Enquanto ela caminhava na direção do Flammae lágrimas fluíam de seus olhos, mas sua expressão era de raiva e não tristeza. A aura ondulava a sua volta era como chamas semitransparente de um cor azul-claro opaco. Os olhos brilhavam tão intensamente que ofuscavam e as lágrimas brilhavam na mesma cor.

Conforme ela se afastava eu ouvi o último suspiro de Aidem. Um calafrio percorreu o meu corpo e eu pude ver o corpo da Gwen estremecer. Ela hesitou o passo por um momento, como se preferisse voltar para o Aidem, mas logo voltou a avançar na direção do Deus do Fogo.

— Ryan, me ajude a matar ele, por favor. — Gwen falou enquanto tomava distância sem nem olhar na minha direção.

Primeiro eu fiquei surpreso por ela me pedir um favor. Gabriela nunca me pediria um favor. Mas depois eu me toquei que ela havia me chamado de Ryan e não de Eragon.

Flammae também havia percebido isso e soltou uma gargalhada. Quando olhei para ele o Deus do Fogo também me olhou de volta. O sorriso estampado no seu rosto era de deboche.

— Ryan? Não me diga que perdeu o controle para um receptáculo, Grande Deus Draco? — Senti a raiva borbulhando dentro de mim, mas não era minha. — E um receptáculo que já estava morto. Você se deu o trabalho de revive-lo e agora ele pegou o corpo de volta. Hahaha. Como se sente, Deus Dragão? —

Uma dor de cabeça me jogou no chão e rugido ecoou na minha mente. Por um momento eu pensei ter visto um dragão enorme na minha frente. O rosto era apenas uma silhueta na escuridão, mas era possível ver seus seis olhos nitidamente.

Me dê o controle, humano! Você vai morrer. Sabe disso. Eu consegui absorver um pouco de Core quando Flammae me atacou, mas agora que você pegou o controle de volta não sabe como controlar. Não pode lutar. Vocês dois vão morrer, igual ao outro humano.

Bati a bainha da espada no chão e me apoiei nela para me sentar. A dor era tão grande a minha visão demorou um instante para se ajustar e mesmo assim tudo parecia embasado e distante.

Gwen estava ao agachada ao meu lado. Não sei quando se aproximou. A aura azul me envolvia também agora. Era surpreendentemente quente e confortável. A dor parecia ter diminuído também.

Mater Ex Vita. A voz de Eragon ressoou na minha mente.

Abruptamente as mãos de Gwen agarram meu ombro e me viraram para ela. A expressão em seu rosto me deixou sem palavras. A tristeza tinha dado lugar a raiva antes e agora dava lugar a uma dolorosa esperança. Ela parecia desesperada.

— Ryan, deixe Eragon voltar! Talvez ele possa... Talvez possa curar Aidem. Talvez possa trazê-lo de volta. Por favor. —

Você é a Mater Ex Vita, minha Criança. Não implore pela vida dele, dome ela. Controle ela. Houve uma momento de silêncio em minha mente. E então a raiva do dragão explodiu novamente. Humano estúpido! Me liberte logo! Seria uma honra pra você ser meu receptáculo. Vai deixar minha cria se humilhar assim? Vai me negar a chance de ajudá-la?! Mesmo sendo um mero humano, ela não deveria passar pela dor que está passando. Olhe para ela! Olhe para ela e me diga que não vai ajudar! Diga que não se importa!

Apertei com mais força o cabo da espada e a bainha até os nódulos dos meus dedos ficassem brancos. Me forcei a ficar de pé enquanto ignorava a voz de Eragon na minha cabeça.

Gwen ergueu o olhar para mim, confusa, desolada, mas observava atentamente cada movimento meu.

— Eu não posso. — Admiti. Os olhos azuis dela se arregalaram e ela sacudiu a cabeça em negação. No rosto havia uma mancha de sangue por onde a mão de Aidem havia lhe tocado. — Se eu fizer isso ele nunca mais vai me deixar retomar o controle. —

Ouvi Eragon rugir em minha mente. Por um momento eu pensei que tinha escutado asas batendo e xingamentos também. Mas então Flammae gargalhou, atraindo a minha atenção para ele.

— Escutou isso, Eragon? O garoto humano tem medo de você roubar o corpo dele, então ele não vai deixar você voltar. Hahahaha. Escutou, Deus Dragão? O humano vai te reprimir. Vai conter o seu poder. Me parece que você não é tão grande assim. —

A cada palavra que saia da boca de Flammae o Deus Dragão rugiu a arranhava a minha mente. Parecia me queimar por dentro. Eu sentia uma dor tão grande que todo o resto parecia irrelevante. Principalmente o medo.

Avancei um passo para frente e fitei o Deus do Fogo.

— Você conseguiu o que queria, Deus do Fogo. Fez sua declaração guerra. Nos fez temer. Está feito. Agora você pode ir. Disse que tinha coisa para resolver, então vá resolve-las... Antes que eu faça você desejar que Eragon estivesse em meu lugar. —

Mas Flammae apenas observou com um meio sorriso no rosto. Eu provavelmente estava horrível. Sabia que as minhas roupas estavam rasgadas e alguns dos meus ferimentos ainda não haviam se curado. Mas eu me mantive firme e encarei ele de volta.

Que se foda que eu sou um humano desafiando um Deus. Não vou recuar.

— Acha que pode me enfrentar, humano? — Flammae perguntou.

— Não. Tenho certeza de que você me mataria agora mesmo se quisesse. Mas que escolha eu tenho? Se não for você me matando é esse maldito Dragão falando em minha cabeça e tentando dominar o meu corpo. Fui arrastado para esse mundo e logo em seguida o cara que eu odeio virou dono da minha vila, e como se não bastasse você coloca fogo na vila e mata todo mundo que eu conhecia aqui. Acha mesmo que algo que você fizer comigo vai ser pior que a minha situação atual? Me matar agora será quase que um ato de misericórdia. Mas se não me matar e continuar aqui eu juro que farei você lamentar o momento em que eu tomei o controle do meu corpo de volta. —

Flammae me encarou em silêncio por um longo instante. Ouvi Gwen arrastando os no chão enquanto de levantava atrás de mim, mas continuei encarando o Deus do Fogo sem recuar.

— Tem razão, sua vida não parece estar sendo muito boa até agora, Invoked. Mas não se preocupe não vai durar muito mais tempo. — Mas sua postura se suavizou. Ele respirou fundo e voltou a dizer. — Quando a Guerra começar tentem me encontrar. Busque sua vingança no verdadeiro campo de batalha, Gwen Draco. Até lá treinem, se esforcem e fiquem mais fortes para que assim possam me proporcionar, pelo menos, um pouco mais de diversão. — Ele sorriu e deu uma piscadela para Gwen, como se para reforçar a diversão da qual estava falando.

No instante seguinte a energia Core em suas costas virou um turbilhão de energia que envolveu Flammae completamente. A energia oscilou e vibrou antes de começar a diminuir, se comprimindo até restar apenas uma pequena quantidade de energia, como se fossem pequenas Labaredas dançando no ar.

E então esse resquício de luz, essas labaredas se dissiparam em faíscas no ar, partículas de energia Core.

O silêncio recaiu sobre a floresta de forma tão pesada e desconfortável que eu tirei um segundo para olhar ao redor. Tive que corrigir o meu pensamento de que estávamos na floresta. As árvores inteiras mais próximas estavam á dez metros de distância e mesmo assim dava para ver que a luta percorreu uma boa área da floresta além da área destruído em que me encontrava.

Ao longe eu conseguia ouvir corvos grasnarem. Demorei alguns segundos para me tocar de que eles provavelmente estavam comendo os cadáveres deixados na vila destruída.

Senti um nó se formando na minha garganta. Um nó tão apertando que por um instante eu fiquei sem respirar. Ou então respirava rápido demais e não conseguia o oxigênio necessário. Não sei. Tudo pareceu confuso por um tempo e eu nem sei dizer por quanto tempo.

Mas então eu ouvi uma fungada e olhei para o lado. Gwen estava mais uma vez debruçada sobre o corpo do Aidem e estava chorando. A aura de energia azul ainda ondulava em volta do seu corpo.

Me obriguei a me recompor e comecei caminhar na direção dela. Eu não recusei ajudar ela de propósito. Só não queria perder o controle para Eragon e agora que penso nisso me sinto um covarde inútil.

Quando eu estava me aproximando um som me fez para de súbito. Ou melhor dizendo, um som igual as outros dois que eu ouvia, mas que não deveria existir um terceiro. O som de um coração batendo.

Comecei a olhar ao redor assustado. Tentei aguçar os meus sentidos, justamente o contrário do que eu estava fazendo até agora. O som do meu próprio coração batendo ficou ainda mais nítido, assim como o de Gwen. Mas o terceiro coração não vinha da floresta, como eu temia que viesse, mas sim de onde Gwen estava. O coração batendo era o do Aidem.

Caminhei hesitante na direção dela, prestando atenção nos ferimentos de Aidem e tentando prestar atenção e ver se estavam se curando, mas eu não conseguia distinguir a diferença de agora com antes.

Mas uma coisa que eu reparei em Gwen me fez duvidar se eu estava alucinando ou não. Seus dedos estavam curados. O joelho não estava visivelmente torto pela fratura como os dedos, mas tive a impressão de que ele também tinha se curado.

A aura dela estava curando ela... E mantendo ele vivo?

— Gwen... — Eu chamei.

Mas ela simplesmente apoiou a testa no peito do Aidem e desatou a chorar.

— Gwen... — Voltei a chamar enquanto dava mais um passo na direção dela. — Gwen a sua aura está-... —

— EU NÃOQUERO SABER, CARALHO!! — Ele ergueu o rosto e me fitou com os olhos brilhando de raiva e lágrimas. — EU NÃOQJRRO SABRR DE MERDA NENHUMA DISSO! DE PODER OU DESSA DROGA DE CORE!! E NÃO QUERO SABER DE VOCÊ TAMBÉM! VOCÊ PODIA TER ME AJUDADO! POR QUE NÃO AJUDOU? —

Mas eu fiquei tão como como ela gritava e soava desesperada que eu não soube o que responder. Gabriela sempre foi forte, mas essa nem parece ela.

— Quer saber?! Que se foda! Saí daqui. — Ele voltou a olhar para Aidem. Mas ao percebeu que eu não me afastava ele me fitou novamente. — EU MANDEI VOCÊ SAIR!! —

A energia azul em volta dela oscilou e disparou na minha direção. Saltei para trás no último momento e ainda consegui ver a energia destruindo a terra pelo caminho, passando a apenas alguns centímetros de mim, e logo em seguida se recolhendo e reunindo em volta da Gwen novamente.

Assim que me recompus e me virei para Gwen, esperando um próximo ataque, eu me surpreendi ao ver como ela havia voltado a chorar, olhando a sua volta, como se só estivesse vendo a aura agora e isso libertava as lágrimas que ela estava começando a conseguir conter.

— Gwen... — Eu arrisquei mais uma vez. Quando me olhou sua expressão estava mais suave. Mais triste.

— Ry... — A voz dela soava trêmula e melancólica. Além disso, ela me chamou pelo apelido que me chamava quando éramos amigos. — Eu... Eu não sei o que fazer.... O que eu faço, Ry? Isso não pode ser verdade... Ele não pode ter morrido... Não pode... Eu e ele.... Nós mal havíamos nos conhecido direito.... Eu não quero isso... — A lágrimas fluíam tanto por seus olhos que eu dúvida que ela conseguia me enxerga através delas.

Voltei a caminhar na direção dela e me abaixei ao seu lado. Coloquei a mão sobre o peito de Aidem, mas fiz de forma hesitante pois tomei consciência do olhar de Gwen acompanhando meu movimento.

Não sabia dizer o que estava passando. Mas conseguia entender o sentimento, a perda.. pelo menos um pouco. Por isso não tinha tentando tirar ela de perto do cadáver ainda. Ela já o havia perdido, não queria que ele fosse tirado dela mais uma vez.

Mas quando a minha mão tocou o peito do espadachim senti como ele se erguia e se abaixava conforme ele tentava respirar, de forma quase imperceptível de tão fraca e com dificuldade. Provavelmente estava engasgando com o próprio sangue. O pulmão deve ter sido perfurado.

Ele não devia nem estar vivo ainda.

Olhei para Gwen que me olhava de volta. Sabia que ela tinha prestado atenção agora. Ainda parecia abalada, muito mais que antes na verdade. Me olhava atônita. Mas pelo menos tinha parado de chorar tempo o suficiente para ouvir os sons.

O coração batendo, o chiado horrível que ele emitia quando tentava respirar. A aura não estava o curando, mas estava o matando vivo.

Liguei os pontos no mesmo instante. Quando Gwen saiu de perto de Aidem ele deve ter morrido. Ou pelo menos chegou muito próximo da morte. Mas quando ela voltou para perto e a aura envolveu novamente foi como se a energia substituísse temporariamente tudo que foi destruído pela energia do Flammae e obrigasse o corpo a voltar a vida.

Gwen se debruçou sobre Aidem, as lágrimas voltando a escorrer por seu rosto e algumas até caindo sobre o rosto do espadachim, e rapidamente tirou a minha mão de cima dele e colocou as suas no lugar. Um brilho amarelo iluminou as suas mãos e eu reconheci a magia Sanitatem Divine do Enchanted World Online.

Mas as feridas não se curaram. Aidem não estava melhorando. Não estava revivendo.

Me sentei no chão e olhei para Gwen. A garota não me olhava, estava completamente concentrada em usar magia de cura. Estava literalmente concentrando toda a sua mana na magia de cura mesmo não surtindo efeito algum. Conseguia sentir a mana dela se esgotando. E que mana absurda era aquela. Se precisa definir em pouco palavras seria algo como...

— Puta merda, Gwen! Quarta mana você ainda tem pra gastar? —

— Não o suficiente. — Ela respondeu entre soluços e lágrimas e eu me arrependi instantaneamente de ter falado.

A luz amarela brilhava quase tão ofuscante quanto os olhos de Gwen. Mas Aidem permanecia de olhos fechados, pálido e todo coberto de sangue. As feridas não se curavam. Mas ela não cedia. Estava dispostas a gastar toda a sua mana se fosse preciso. Estava disposta a dar um tudo para trazê-lo de volta. Ou pelo menos iria tentar até ficar sem mana.

E foi o que aconteceu. De forma tão abrupta quanto eu senti aquela mana gigantesca surgir ela desapareceu. A luz amarela vacilou, oscilou e começou a se apagar.

Nesse momento a aura de Couro brilhou intensamente. A temperatura subiu tanto que eu saltei para longe grunhindo de dor. Quando olhei para Gwen suas mãos estavam brilhando novamente, mas dessa vez o amarelo havia dado lugar a um azul-celeste ofuscante.

Me levantei e cautelosamente me aproximei da aura. Não ousei toca-la. Sentia como se pudesse pegar fogo a qualquer momentos só de estar tão perto. Provavelmente só estava vivo por causa do maldito poder do Eragon.

Mas quando me aproximei da aura e vi o que estava acontecendo em seu interior eu prendi a respiração sem perceber.

As feridas começavam a se fechar bem lentamente. Conseguia ver os órgãos se reconstruindo dentro do Aidem. A aura de Core envolta de Gwen fluía em um turbilhão na direção de suas mãos, e enquanto o brilho da magia se tornava cada vez mais ofuscante a aura em si começava a se apagar.

Gwen soltou uma gargalhada de surpresa. Para ela não importava mais nada. Aidem estava sendo curado. 

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