Enchanted World Online

By MrCr0w

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Mike Rodrigues, de 29 anos, jogava um jogo mundialmente conhecido, o "Enchanted World Online", um jogo VRMMOR... More

Prologo
Capítulo 1: Primeiro Contato!
Capítulo 2: Dia de aprendizado.
Capítulo 3: Família Real.
Capítulo 4: O Alquimista!
Capítulo 5: Torneio de Espadachins!
Capítulo 6: Uma doce amargura!
Capítulo 7: Ken, O Aventureiro.
Capítulo 8: O início de uma aventura.
Capítulo 9: Nero, O Mago Espadachim!
Capítulo 10: Dormindo com Deuses.
Capítulo 11: Uma benção divina.
Capítulo 12: Purple Flames
Capítulo 13: Luto.
Capítulo 14: Xeque-mate
Capítulo 15: OceanPlus
Capítulo 16: Fogo em alto mar.
Capítulo 17: Buraco de minhoca.
Capítulo 18: A Caverna.
Capítulo 19: O Deus do Trovão.
Capítulo 20: Combustão.
Capítulo 21: Profecia.
Capítulo 22: A Tempestade...
Capítulo 23: Lilith, A Rainha dos Demônios.
Capítulo 24: A Deusa da Água.
Capítulo 25: Um brinde.
Capítulo 26: A chegada.
Capítulo 27: Lorde.
Capítulo 28: O Vilarejo.
Capítulo 29: A Rainha do Reino Verde.
Capítulo 30: Máscaras e Pilares.
Capítulo 31: Dia de treinamento.
Capítulo 32: Preparações.
Capítulo 33: O Distribuidor.
Capítulo 34: Demônios.
Capítulo 35: O Reino de Eregond.
Capítulo 36: O início de uma jornada.
Capítulo 37: Diferença de Poder.
Capítulo 38: Silverstone
Capítulo 39: Pedra, PAPEL e tesoura.
Capítulo 40: Reencontro.
Capítulo 41: O Brilho da Luz.
Capítulo 42: Só o tempo nos dirá.
Capítulo 43: O Enxame de Inscrição.
Capítulo 44: Discurso dos Representantes.
Capítulo 45: Primeiro Dia.
Capítulo 46: Apostas do Mestre.
Capítulo 47: O Enviado de Deus.
Capítulo 48: Tempo dourado.
Capítulo 49: Massacre.
Capítulo 50: Despedida.
Capítulo 51: Símbolo de Orgulho.
Capítulo 53: O Deus Dragão.
Capítulo 54: Raiva e Lágrimas.
Capítulo 55: Marca Tempo.
Capítulo 56: A Ordem das Rosas.
Capítulo 57: Arcanjo de Batalha.
Capítulo 58: De volta ao velho mundo.
Capítulo 59: Lady Mortífera.
Capítulo 60: Amanhecer de Um Novo Mundo.
Capítulo 61: O Inigualável Rei.
Capitulo 62: Mundus hieme mutatus.
Capítulo 63: My Dear Sister.
Capítulo 64: T.E.
Capítulo 65: Técnica Inata.
Capítulo 66: Preparando o Terreno para Grandes Mudanças.
Capítulo 67: O Final de um Grande Prólogo.
Mapa do Continente Mortal.
Capítulo 68: Capítulo Um da Segunda Era.
Capítulo 69: Espada e Honra.
Capítulo 70: Um Jogo de Azar.
Capítulo 71: Clã da Águia.
Capítulo 72: Políticas e Estratagemas.
Capítulo 73: Festa em Família.
Capítulo 74: A Semente do Ódio.

Capítulo 52: O dia do Caçador.

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By MrCr0w

Eles morreram em vão. Não adiantou de nada. Eu subestimei o inimigo, pensei que ele teria que lutar

O Deus da Caça me soltou repentinamente e eu caí sentado no chão. Uma onda de dor vindo das costelas quebradas se espalhou pelo meu corpo. Aqueles olhos me encararam de cima, um sorriso confiante e divertido no rosto, como se agora que estávamos frente a frente com ele, não havia a menor possibilidade de escaparmos e toda a sua raiva tivesse se dissipado.

— O Caçador observa, ansioso, a próxima ação de sua caça. — Ele perguntou. — O que vai ser?—

Olhei para o lado e vi Stephanie se levantando, seus olhos brilhando na cor da amarela enquanto ela usava a magia de cura, Sanitatem Divine, para se recuperar da queda enquanto, ao mesmo tempo, abria seu armazenamento dimensional e retirava duas poções de lá.

Não pude me permitir ficar impressionado com o fato dela ainda poder usar as magias que tinhas copiado dias antes, pois me virei assustado para o homem na minha frente. Ele continuava com a mesma expressão, como se não soubesse o que Stephanie estava fazendo, o que eu sabia que não era verdade.

— A sua amada está precisando de ajuda, humano. Não vai fazer nada? — Ele questionou. 

A forma como ele me olhava me irritou mais do que qualquer coisa. A arrogância em seu olhar. A forma como ele parecia me ver como uma simples diversão. O jeito como ele chegou, com raiva por termos fugido, como se isso não fizesse sentido nenhum, já que no final nunca poderíamos fugir dele.

Foi por causa da raiva que eu resolvi agir.

Ativei a magia de voo enquanto ainda estava no chão, a luz azul iluminou os meus pés e eu disparei para trás, me afastando do Caçador em alta velocidade, enquanto arrastava as costas no chão.

Quando estava a mais de 5 metros dele eu virei meus pés para baixo. A magia me impulsionou para cima e eu subi vários metros, girando no ar enquanto levava a mão até o cabo da minha espada.

Completei o giro no ar e me virei na direção de onde estava o Caçador, já desembainhando a minha espada e preparando um golpe.

Ou era o que eu achei que aconteceria.

No momento em que desembainhei a espada eu vi que o Caçador já não estava mais no mesmo lugar.

A vários metros do chão eu comecei a olhar para todos os lados, procurando pelo homem por toda parte, mas não achando ele lugar algum. Olhei para onde estava Stephanie e um alívio indescritível tomou conta de mim ao ver que o homem não estava perto dela.

Mas então eu vi a expressão no rosto dela. Um olhar desesperado no rosto. Com o dedo indicador ela apontava na minha direção enquanto seus lábios se moviam rapidamente, gritando e, apesar de eu não conseguir ouvir, eu sabia que era um grito desesperado. Um aviso. Foi só então que eu percebi que ela não apontava para mim.

Me virei para trás e vi os olhos amarelos do Caçador parado atrás de mim. Comecei a mover a minha espada, mas a mão do Deus da Caça repousou sobre a minha mão e a empunhadura da minha espada e, mesmo percebendo que ele não fazia força alguma, eu não consegui mover a minha mão nem um centímetro depois disso.

A mão livre dele se fechou e instantaneamente chamas envolveram seu punho. Pude ver o olhar de desprezo em seu rosto antes de ser atingido na barriga. A explosão ressoou por todo o meu corpo, senti cada órgão do meu corpo queimando intensamente de dor, mas, mesmo quando as chamas foram expelidas das minhas costas, em uma explosão de chamas, eu não me queimei.

Senti meu corpo ficando fraco repentinamente e quando percebi a magia de voo estava desativada e tudo que estava me mantendo no ar era o fato do Caçador ainda estar me segurando pela a mão.

Não sei como aquele homem estava voando, mas meus braço doía incessantemente por ter todo o peso do meu corpo exercido sobre ele. O Caçador apertou mais forte a minha mão e eu gemi de dor, sentido que meu osso estava prestes a se quebrar.

Lentamente ele começou a erguer o braço, me levantando aos poucos até que nossos olhos se encontrassem novamente. Nesse momento ele me atingiu com outro soco. Meus órgãos queimaram de dor, a explosão de chamas foi expelidas pelas minhas costas. Ele apertou com mais força a minha mão, e desferiu outro golpe. A dor queimou meus órgãos e a explosão foi expelidas das minhas costas. Uma pausa, e então outro golpe. A dor me queimava por dentro e as chama explodiam em minhas costas. Outra pausa e então outro golpe.

Não sei em que momento eu notei que ele estava minimizando o dano que eu sofria e focando apenas em me causar dor, mas quando percebi isso cada pausa entre um soco e outro pareceu ficar mais curta e a cada soco a dor parecia aumentar mais. Também percebi que ele não estava usando mana, mas uma energia diferente, mas a dor que eu sentia não me deixou pensar claramente se isso era algo que eu podia usar em meu benefício ou uma descoberta que não me ajudava em nada.

Outro golpe estava sendo armado para me atingir, o Caçador me olhando com desprezo, como se não sentisse prazer algum no que estava fazendo. As chamas oscilaram no punho dele, e suas cores ficaram em um vermelho mais intenso e escuro, como o sangue.

Nesse momento um raio verde cruzou o céu. O Caçador arregalou os olhos e eu pude ver medo brilhando neles, poucos antes dele me soltar e se projetar para trás. Se não tivesse feito isso estaria morto. Não sabia que magia era, mas era poderosa e rápida, pois mesmo fazendo isso eu pude ver o sangue jorrando do seu braço de seu braço decepado.

Vi os olhos do caçador se desviando para o lado, e automaticamente me virei naquela direção também. E parada a vários metros de distância, com chamas verdes dançando a sua volta, estava Stephanie. Seus olhos brilhavam na cor verde, de forma tão intensa que eu conseguia vê-los mesmo daquela distância.

Senti um ar quente repentinamente começar a circular a minha volta, me virei para o lado e vi o Deus da Caça criando uma esfera de energia vermelha na mão e se preparando para disparar. Conseguia sentir o enorme poder destrutivo que emanava daquela esfera de fogo na mão dele.

Então eu disparei uma magia de vento pela sola dos pés, fazendo meu corpo girar no ar em alta velocidade, e completei o giro atingindo um chute no braço do homem. A esfera na mão dele se converteu em um raio denso e vermelho que disparou para frente no mesmo instante em que meu chute atingiu seu braço.

A luz azul brilhou em baixo dos meus pés e eu me virei no ar, olhando na direção de Stephanie bem a tempo a ver o raio atingiu o chão e abrir uma cratera á apenas 2 metros de distância dela.

Escutei o Caçador praguejando ao meu lado e me preparei para um possível ataque. Ativei a magia Perfecy Shield, criando um escudo de luz a minha volta. Mas quando olhei ao redor, procurando de onde viria o golpe do Deus da Caça, eu não o vi em lugar algum.

O desespero preencheu meu peito enquanto eu desativava o escudo e concentrava toda a minha mana para voar na direção de Stephanie. Mas eu fui obrigado a interromper o meu avanço, parando em pleno ar e observando a cena inacreditável que acontecia a 7 metros abaixo de onde eu estava.

O Deus da Caça apareceu ao lado de Stephanie repentinamente. O sangue do braço decepado se espalhou no ar, o cabelo vermelho se esvoaçando contra o vento de forma que parecia se misturar com o sangue no ar. O punho direito dele estava fechado, pronto para golpear.

Mas então as chamas verdes ao redor de Stephanie se expandiram e se projetaram pra todos os lados como espinhos de energia. Alguns deles passaram a centímetros do corpo de Stephanie, outros se projetaram contra o ar e alguns atingiriam de raspão o corpo do Deus da Caça quando ele saltou para trás.

Um sorriso surgiu no rosto da Stephanie. Ela estava com arranhões em seu rosto e a roupa toda rasgada. Mas quando sorriu o brilho verde da energia/chamas em volta dela pareceu brilhar mais intensamente quando oscilou e os espinhos voltaram a ondular como chamas a sua volta.

Stephanie esticou a mão para frente e a energia verde acompanhou o movimento, disparando para frente como uma lança. Mas no mesmo instante uma energia vermelha surgiu na frente dele e dela se materializou um bloco de pedra que surpreendentemente bloqueou a lança verde de energia.

Os pés do Caçador tocaram o chão e ele recuou vários metros em uma instante. Parou e, ofegante e suando, olhou para Stephanie. Em seu rosto não havia mais nenhum sinal daquela arrogância e superioridade de antes. Ele estava furioso e... assustado.

— Como uma mera humana é capaz de manipular o Core?! — Ele cuspiu aquelas palavras como se estivesse vendo ela cometer um ato de blasfêmia.

— Como um mero idiota como você tem coragem de se chamar de Deus de seja lá o que for? — Stephanie falou com escárnio.

— A língua tão afiada quanto a energia antiga. Que insolência. — Ele emitiu um estalo com a língua e desviou o olhar para onde eu estava. — Vocês são como pássaros presos em jaulas, achando que a paisagem pintada no fundo da jaula mundo inteiro. Não faz ideia do quanto seu canto é belo, pardalzinho... — Voltou a olhar para a Stephanie e percebi a mudança sútil no seu semblante. A fúria com que olhava para mim era do tipo assassina, fria e indiferente, já quando olhava para Stephanie havia ódio puro, como se ver aquele poder ser usada por ela fosse um desperdício. — e o desperdiça contra uma miragem. —

— Você não consegue falar como uma pessoa normal pelo menos uma vez? —

— Eu não sou uma pessoa normal, eu sou um Deus, pardalzinho ingênuo. —

Uma esfera vermelha se formou na altura do ombro do Caçador e um raio vermelho disparou para frente. A energia verde em volta de Stephanie se agitou, as chamas chicotearam no ar e atingiram o raio vermelho, bloqueando seu avanço antes que a atingisse.

Ela sorriu e abriu seu armazenamento dimensional e pegou uma poção do Ken e bebeu, jogando o frasco vazio no chão logo em seguida. Quando a energia verde tocou no vidro no chão ele se desfez sem deixar nem mesmo pó para trás.

— Chame-se do quiser, vai morrer como um qualquer pelo o que fez com o meu Reino e os meus seguidores. — Ela falou, abrindo os braços fazendo a energia se mover conforme seu movimento.

Percebi naquele momento que o sorriso e as palavras desafiadoras eram a forma que ela encontrou para suportar tudo aquilo. Um mecanismo de defesa para não pensar no que aconteceu com Lerry e os outros mas ainda assim lutar por eles.

Não consegui conter a empolgação e o orgulho que tomou conta de mim vendo-a daquele jeito. Ela estava radiante. Poderosa. Invencível.

— Tamanha arrogância deveria ser considerado tolice e ingenuidade, pardalzinho. Mas vou considerar como uma coragem reconhecível, e em troca lhe direi o meu nome. Pois por manipular o Core, mesmo que de forma tão rudimentar, você merece, no mínimo, saber o nome de quem irá tirar a sua vida. — O Caçador levou a mão até o braço decepado e criou uma energia vermelha na palma da mão, usando ela para cauterizar o sangramento do braço decepado. Não fez mais que franzir as sobrancelhas ao fazer aquilo. — Eu sou Lúcio Huntador Ghenius, filho de Wenna e Thorg Ghennius, do Clã dos Deuses. Qual o seu nome, pardalzinho? —

— Eu sou Stephanie Eregond, e é tudo que você precisa saber. Pois quem vai mata-lo aqui e agora não são os títulos ou parentescos que eu tenho, será eu. Apenas eu, e isso é o bastante. É o meu nome, e apenas ele, que você deve lembrar antes de morrer. —A forma como ele me olhava me irritou mais do que qualquer coisa. A arrogância em seu olhar. A forma como ele parecia me ver como uma simples diversão. O jeito como ele chegou, com raiva por termos fugido, como se isso não fizesse sentido nenhum, já que no final nunca poderíamos fugir dele.

A energia verde ondulou, pronta para fazer quando, mas então uma explosão de chamas vermelhas em baixo dos pés do Caçador jogaram ele para frente. Só fui vê-lo novamente quando já estava se colidindo contra Stephanie. 


As chamas verdes se lançaram contra o Caçador, mas com pequenas explosões de energia vermelha concentrada que ele emitia pelas mãos seu corpo se deslocou no ar, desviando da energia verde, e parou atrás da Stephanie.

Os pés do Caçador tocaram no chão no mesmo instante em que Stephanie se virou para trás. A energia verde fluiu e envolveu seu punho quando ela projetou um soco contra o Caçador, mas a energia vermelha também envolvia a mão dele quando segurou o punho dela.

Um estrondo ecoou por toda parte e a corrente de ar gerada pelo poderoso golpe foi tão forte que me fez voar descontroladamente para trás por um instante. Quando me recompus Stephanie estava projetando outro golpe.

Dessa vez o Caçador precisou apenas se abaixar e deixar o punho envolvido pá energia verde passar por cima do seu ombro, e, com um sorriso feroz no rosto, atingiu um soco na barriga da Stephanie.

A explosão de energia vermelha expelida pelo golpe me fez lembrar de quando ele golpeou e eu achei estivesse envolvendo sei punho com chamas. Agora eu sabia que era algo mais que isso. Uma energia destrutiva chamada Core.

Voei na direção da Stephanie assim que ele preparou o segundo golpe. Imaginando a dor que ela sentirá ao ser atingida pelo primeiro e rezando para que impedisse que ele atingisse um segundo golpe nela.

Mas quando o punho envolto por energia vermelha disparou para frente eu ainda estava na metade do caminho. Foi com alívio que eu vi o momento em que a energia verde em volta da Stephanie se envolveu no pulso dele como uma corda e parou o golpe antes que ela fosse atingida.

As energias verdes e vermelhas brilharam intensamente, uma tentando consumir a outra enquanto se misturavam no braço do Caçador. Até que repentinamente uma explosão de ambas as cores jogou cada um para um lado.

Alcancei Stephanie por poucos e perdi completamente avassaladora que jogará ela para frente. Mas consegui me estabilizar e pousar no chão em segurança.

Diferente do Caçador, que atravessou quase um metro para dentro do chão enquanto avançava rolando pelo chão, quase chegando até a floresta que ele mesmo havia destruído a pouco tempo.

Olhei na direção da Stephanie enquanto ela se desvencilhava dos meus braços. A energia verde ainda ondulando como chamas a volta dela. Mas agora, de perto, eu sentia o poder delas.

Não era mana. Não era magia.

Stephanie me olhou e também, como se soubesse que eu estava percebendo isso nesse instante.

— Mas que merda é essa? É a mesma coisa que ele tá usando? — Eu perguntei.

— Tenho quase certeza de que sim. Paterna Magicae Virta Pyhä, na linguagem antiga, na qual foi descoberta a tantos anos, na nossa linguagem seria Poder Sagrado. Não se sabe muito sobre esse poder, mas... Sabe-se o suficiente para eu te dizer quem ataque certeiro daquilo com certeza vai te matar. —

— É, acho que deu pra notar. Percebi quase ao mesmo tempo em que você arrancou o braço dele. Parabéns, inclusive. — Falei enquanto desembainhava a minha espada. — Não esperava que a peculiaridade desses olhinhos lidos fossem tão perigosas assim. —

— Nem eu. Eu nunca usei isso. Sempre foi um tabu dentre meu povo, mesmo esse poder só tendo aparecido mais duas vezes na história. Bem antes dos humanos chegarem a esse mundo. E... —

— Espera. Espera. — Eu a interrompi. — Eu não tô entendendo nada, pode parar por aí. Esse tipo de coisa você tem que contar pro Ken. Que papo de doido antes do humanos. Doideira de Aliens, isso sim. —

Stephanie não conteve o risinho baixo ao meu lado e eu sorri pra ela de volta. Mas então nós dois ficamos sérios ao mesmo tempo quando a pressão da energia do Caçador se espalhou pelo campo de batalha.

— Faz uma bola de fogo concentrada! — Stephanie grita para mim, com um desespero que me fez agir antes mesmo de processar direito o que ela me pediu.

A mana que juntei na palma da mão entrou em combustão antes mesmo de assumir a forma esférica. Mas concentrei e moldei as chamas assim que surgiu.

— Eu vou tentar uma coisa. Uma coisa que eu vi ele fazer. — Ela começou a se aproximar de minha enquanto a energia verde a sua volta fluía do seu corpo.

As chamas verdes de energia dançaram em torno de Stephanie, beijando sua pele como um descido fino movido pelo vento. Não queimava. Simplesmente serpenteava pelo corpo dela

Quando Stephanie aproximou a mão da pequena esfera de fogo condensado na minha mão a energia verde fluía por seu braço. O brilho verde surgiu primeiro na palma da mão da Stephanie, mas logo um ponto brilhante apareceu no meio da bola de fogo em minha mão e esse brilho logo se intensificou, envolvendo as chamas como se fosse uma aura e logo em seguida se dissipou sem deixar rastros. Como se nunca tivesse acontecido.

Mas eu conseguia sentir o peso. O poder. A densidade das chamas em minhas mãos. E, acima de tudo, não conseguia sentir a mana nelas. Flexioneis os dedos da mão, sentindo a energia em volta da esfera de fogo.

Nesse momento um estrondo ecoou pelo campo de batalha e eu senti todo o meu corpo enrijecer. Olhei para frente e vi a fumaça se erguendo do chão conforme o Caçador voava na nossa direção.

— Nero, eu vou distrair ele enquanto voc-... —

Antes que ela terminasse de falar eu agarrei o braço da Stephanie e a puxei na minha direção. Passei o braço em volta da sua cintura, segurei com firmeza e saltei. No mesmo instante a luz azul iluminou meu pés e a magia de voou no impulsionou para trás.

Senti o vento batendo em minhas costas com força e o chão em baixo dos meus pés se tornou um borrão. Mas quando olhei para frente percebi que ele estava mais rápido do que eu. Estava se aproximando em alta velocidade.

Descrevi um arco próximo do chão ao passar por uma árvore com o tronco parcialmente queimado pela enorme explosão causada pelo Caçador e comecei a tentar ganhar distância.

Usei magia de terra para criar pilares e estalagmite pelo chão para bloquear o avanço do Caçador, ou pelo menos atrasar ele um pouco.

— Não! O que você está fazendo?? — Stephanie se contorceu em meu braço. A energia verde tocou meu corpo e esquentou um pouco. Por um momento eu fiquei com medo de ser desintegrado a qualquer momento. — Me solte! Eu estou tentando criar uma oportunidade para você, idiota! —

— Cala a boca e se concentra em mandar essa energia para a magia nos meus pés! Eu não vou te deixar para trás! — Eu gritei em resposta.

Stephanie me olhou por um momento em silêncio, os olhos arregalados de surpresa e com um brilho estranho, além do verde, é claro. Um sorriso lentamente foi se formando em seu rosto.

Quando o som dos pilares e estalagmites de terra sendo destruídas chegou até nós Stephanie passou o braço em volta do meu pescoço e começou a disparar raios de energia para trás.

Ao mesmo tempo eu senti a energia dela se espalhando pelo meu corpo. Se fundindo a ele. Mas então eu senti a drenagem, não, anulação é a palavra correta. O momento exato em que toda a minha reserva de mana simplesmente esvaziou. Como ser fosse apagada. A energia da Stephanie desapareceu ao mesmo tempo. Como se uma tivesse anulado a outra.

Começamos a cair em direção ao chão e, naquele velocidade e situação, eu só consegui me virar de costas para proteger as duas coisas em minhas mãos. Stephanie e a pequena esfera de fogo que ela havia me ajudado a criar, que por motivos que eu não entendo, nem quero entender, não se desfez.

Bati com as costas no chão e o impacto me tirou todo o ar dos pulmões. Mas ao invés de soltar Stephanie eu apertei com mais força, assim como ela. Vi a silhueta do Caçador se aproximando repentinamente ao nosso lado, a pedra amarela brilhando em sua testa.

A energia vermelha dele brilhou a sua volta e eu apontei a minha esfera de fogo bem na direção daquela pedra bizarra. Disparamos ao mesmo tempo. Eu xinguei ao mesmo tempo também, mas uma explosão ensurdecedora e um clarão brilhante surgiu antes mesmo que a energia vermelha me atingisse, e como se eu fosse uma sacolinha em meio a tempestade meu corpo foi jogado para longe novamente.

Agradeci por ter a outra mão livre quando envolvi Stephanie com os dois braços e nós caímos rolando pelo chão. A vegetação estava seca e as pedras pelo caminho contribuiu para os rolados e hematomas pelo corpo.

Pensei que iria perder a consciência mas bati com as costas no tronco de uma árvore e a nova onda de dor me despertou novamente. Meus braços relaxaram em volta da Stephanie e caíram no chão. Ouvir ela gritar meu nome e me sacudir para que olhasse para ela. Mas outra coisa chamava a minha atenção naquele momento.

A luz gerada pela explosão não diminuía, pelo contrário, ganhava mais brilho e mais força a cada instante. Um bora de um amarelo intenso tomava conta do núcleo da luz e parecia crescer junto com ela.

Mas então tudo acabou. A luz se apagou e sumiu sem deixar nenhum rastro. O silêncio que se seguiu era ensurdecedor. Perturbador. E, principalmente, inquietante.

A silhueta do Caçador se ergueu em meio a uma cratera que havia se formado no núcleo da explosão. Pilares de fumaça se erguiam do seu corpo, o cabelo ruivo molhado de suor e grudado em seu rosto.

O som de um chiado foi carregado pelo vento e em seguida um ranger e então o som de algo se quebrando. Os pedaços da pedras amarela caindo do rosto do Caçador brilharam tão intensamente por um momento que eu pude ver de longe. Quando elas caíram no chão eu deixei escapar um suspiro.

Esse foi meu erro. Achar que tinha acabado.

A pressão de mana que fluiu do corpo do Caçador em seguida foi sufocante. Ódio puro. Ele ergueu o rosto para cima e gritou. Urrou de raiva. Quando parou de gritar a mana também se acalmou.

Nesse momento ele olhou para o lado e seus olhos se encontraram com os meus.

— Você! VOCÊ! — Ele gritou. Deu o primeiro passo na minha direção e o chão estremeceu. — Eu vou te matar por destruir o presente do meu mestre! Humano imundo! —

Ele avançou. Como um borrão no ar. Mas então tudo mudo. Todo o cenário se retorceu e se transformou em outra coisa. Outro ponto de vista.

Vi o momento em que o Caçador atingiu o tronco da árvore em que estávamos momento antes e destruí-lo completamente. A árvore rangeu enquanto caía no chão, emitindo um baque seco.

Olhei para a Stephanie, pronto para agradece-la quando vi seu estado. Ela estava ofegando, o rosto pálido e uma única gota de sangue escorrendo do seu nariz. Quando se debruçou sobre mim pude reparar em como ela tremia e estava fria.

Não tive tempo de dizer alguma coisa, pois ela simplesmente se ergueu e avançou para frente. Um escudo de luz brilhou no ar e foi destruído no mesmo instante. Os olhos do Caçador brilharam de ódio quando ele parou na frente da Stephanie.

— Rainha dos Elfos, foi como lhe chamaram. Aqueles que eu matei. Pareciam confiar o futuro do Reino a você. Que pena... — Ele inclinou o corpo levemente na direção dela. — o futuro não parece promissor. —

Stephanie firmou o pés no chão e ergueu o rosto. Por um momento, enquanto ela fitava o Deus da Caça cara-a-cara, mesmo pálida e cansada ela parecia uma Rainha, não importasse o que ele falasse. Ela parecia pronta para morrer ali.

Foi por isso que quando a mão do Caçador ficou envolta por chamas e disparou na direção da Stephanie eu gritei. Senti o suor escorrendo por meu rosto e o meu coração batendo tão forte em meu peito que pensei que as minhas costelas se quebrariam, se já não estivessem quebradas, é claro. Estiquei a mão para frente e por um momento a cena se formou em minha mente. A mão do Caçador atravessando o corpo de Stephanie e ela caindo morta no chão.

Mas então um curvo negro disparou voando na direção do Caçador no instante em que ele golpeou. O punho do Caçador atingiu o corvo negro e, para a surpresa tanto dele quanto minha, o corpo do animal explodiu em uma gosma preta que envolveu o punho dele e apagou as chamas.

O grasnar de corvos ecoou nos meus ouvidos tão alto que eu me sobressaltei por um momento. Em seguida veio a voz, familiar e carregada de arrogância;

— Se diz Deus da Caça, mas não conseguiu rastrear eu me aproximando. Que pena. Parece que os novos Deuses dessa mundo são superestimados. —

Antes que eu erguesse o olhar para a voz que soava acima de mim os grasnar dos corvos ficaram mais altos e mais insuportáveis. E então dezenas, centenas de corvos negros como a noite passaram voando por mim.

Os animais dispararam voando, passando por mim tão rápidos que pareciam fumaça negra avançando contra o Deus da Casa. Quando atingiram o corpo do Caçador com seu bicos o corpo deles explodiam em uma gosma negra que de espalhava pelo corpo do Caçador.

O Deus da Caçador gritou e se contorceu, praguejando e amaldiçoando. Tentava atirar fogo com sua mão restante, mas a gosma negra não deixava as chamas se incendiarem. Cada vez mais corvos atingiam seu corpo. Cada vez mais a gosma negra grudava nele, como se fosse engoli-lo.

— Cure ela, Nero. De uma das minhas poções. Acho que a garota desmaiou de pé. — A voz em cima de falou. E quando olhei para Stephanie percebi que ela não se movia. Ainda parecia consciente, mas casada de mais para fazer qualquer coisa. — Ela tem garra. Esse falso Deus está enganado, o futuro será brilhante diante do Reinado dela. —

Ergui lentamente o rosto. O sorriso se formando tão lentamente quanto em meu rosto dolorido. Ken Angelus estava parado no galho da árvore em que eu estava escorado, a pouco mais de 3 metros de altura. E como sempre, exalava arrogância e poder.

— Não podia ter chegado um pouco antes, Terceiro? — Eu perguntei.

— Podia. Mas estava observando, fiquei interessado na energia que esse dois usaram. Core... parece poderoso. — Ele falou. Dezenas de corvos grasnaram nos galhos a sua volta. 



— Desgraçado. Você estava aí o tempo todo? — Eu perguntei, sentindo dor demais para ficar com raiva.

Ele olhou para mim e lentamente um sorriso foi se formando em seu rosto.

— O que eu posso dizer? Você parecia estar se virando bem sozinho. —

Antes que eu pudesse xinga-lo um ciclone de fogo de chamas surgiu onde o Caçador estava, destruindo o corpo de todos os corvos que cercavam. Um grasnar horrível ecoou em meus ouvidos enquanto eles morriam queimadas pela alta temperatura das chamas.

Mas era mana. Não era aquela energia estranha que ele estava usando antes. Isso era mana de verdade.

Ken provavelmente sentiu isso também, pois sem preocupação nenhuma ele saltou do galho da árvore e aterrissou suavemente ao lado da Stephanie. Ele calmamente colocou as mãos no ombro dele e dizendo algo que eu não ouvi a guiou para trás.

Quando Stephanie começou a caminhar na minha direção deixando Ken para trás eu me levantei e fui até ela, a peguei nos braços e me afastei um pouco para começar a cura-la.

Esses corvos provavelmente são ilusões do Ken, o que significa que o Caçador não vai morrer com isso. Não vou querer estar ali perto quando a luta daqueles dois começar.

Assim que me distanciei bons 6 metros deles eu coloquei Stephanie no chão e tirei três poções do armazenamento dimensional, duas delas eram de recuperação de mana, bebi uma e dei outra para ela. A outra era a poção do Ken, a que eu esperei que fosse faze-la se recuperar logo. E por via das dúvidas eu também usei o pouco de mana que havia recuperado com a poção para usar a Sanitatem Divine nela.

Escutei um som seco ecoar relativamente alto e me virei naquela direção no mesmo instante esperando para ver a luta.

O ciclone de fogo crescia cada vez mais, aumentando não somente a sua temperatura como também a área que ocupava. Algumas labaredas começavam a encostar no corpo do Ken, mas ele não parecia preocupado com isso. Afinal, sua maior preocupação naquele momento deveria ser a enorme mão do Caçador que havia agarrado seu rosto com força.

Mesmo que eu estivesse com mana eu não sei se poderia ajudar o Ken de alguma forma, então tudo que eu pude fazer foi observava quando todas as chamas do ciclone se direcionaram para o Ken em uma mar de fogo que rapidamente o engoliu.

O Caçador gargalhou daquilo. Riu de uma forma tão desgrenhada e louca que se assemelhou um pouco aos grasnar dos corvos. Era a risada de um Deus louco de raiva.

— Humano Idiota! Hahahaha! Pensa que pode fazer frente contra o Deus da Caça?! Você é apenas um estorvo! Vai me exigir um pouco mais de esforço, mas depois de mata-lo eu vou arrancar, bem lentamente, os braços daquela humana insolente e depois estripar aquele outro! Vocês não passam de presas! Hahahaha. Se ponham no seu lugar! —

Mas nesse momento as chamas roxas surgiram em meio as chamas vermelhas que engoliam Ken e elas se moveram. Levei um segundo para perceber que as chamas roxas estavam envoltas da lâmina da espada dele. Ken levou menos que isso para arrancar o, único, braço do Deus da Caça.

Não senti quando ele ativou a magia gravitacional pois deve ter sido muito bem concentrada, mas vi o momento em que o Caçador caiu de joelhos na frente do Ken e as chamas, tanto a roxa quanto a vermelha, se apagaram.

— Estou desapontado. — A voz do Ken soava fria mesmo daquela distância. — Não são as mesmas chamas dos outros Demônios que eu matei vindo até aqui. Também não é a mesma energia que você estava usando segundos atrás. É só mana. —

— Seu desgraçado! Humano imun-... —

Antes que ele terminasse de falar a mana do Ken fluiu na direção dele. Haviam 6 metros entre nós e a mana quase não fluía até onde eu estava, mas mesmo assim eu tive que recuar e interromper a cura da Stephanie para vomitar quando senti a mana dele.

Quando consegui me recompor e limpei a boca eu me virei instintivamente na direção do Ken. A cara de desespero no rosto do Caçador foi a coisa mais satisfatória que já me aconteceu desde que eu cheguei a esse mundo.

— Humano isso, humano aquilo. Você fica repetindo isso como se fosse uma ofensa por si só, mas nem se preocupa em saber para quem está falando. — Ken abaixou até que seus olhos estivessem no mesmo nível dos do Caçador e então acrescentou, com um sorriso assustador no rosto, ele acrescentou; — Quero que saiba duas coisas; A primeira é que eu não sou humano, eu sou um Anjo. Um Anjo Caído. —

O Deus da Caça literalmente empalideceu diante da comprovação do que ele provavelmente já suspeitava. Ele abriu a boca, prestes a dizer algo, mas então Ken lentamente levou o dedo aos seus lábios e o calou. O sorriso no rosto do Terceiro aumentou ainda mais quando falou;

— A segundo coisa é que isso que você fez aqui foi um ato de Guerra contra o meu Império, e, sendo um Deus ou não, isso é um crime que eu não posso perdoar. Por isso, daqui para frente, não me importo se você é um Deus, um demônio, humano ou até um cachorro. Agora você é o meu Prisioneiro de Guerra. —

Assim que terminou de falar seu armazenamento dimensional seu abriu. Bem na frente do Deus da Caça. Um som estranho ecoou pelo campo de batalha. Como se uma geleia estivesse sendo sugada por um canudinho ou como se um aspirador-de-pó estivesse sugando a água de um lago.

Eu pisquei e quando voltei a abrir os olhos o Caçador havia desaparecido e a apenas o Ken havia ficado para trás. Ele continuou abaixado lá por alguns segundos, e em seguida o armazenamento dimensional se abriu novamente.

Pedaços de carne ensanguentadas começaram a cair do armazenamento dimensional juntamente de órgãos e vísceras que se espalharam pelo chão de forma nojenta. Senti o vomite subir até a minha garganta, mas consegui segurar a ânsia antes que fosse tarde demais.

Quando o armazenamento dimensional se fechou o Ken se levantou e começou a caminhar na minha direção. Em seu rosto havia uma curiosidade mórbida quando ele falou;

— Está comprovado; Não é possível transportar pessoas no armazenamento dimensional. É uma pena ter descoberto isso logo com um prisioneiro tão valioso, mas ainda é um aprendizado importante. —

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