Enchanted World Online

By MrCr0w

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Mike Rodrigues, de 29 anos, jogava um jogo mundialmente conhecido, o "Enchanted World Online", um jogo VRMMOR... More

Prologo
Capítulo 1: Primeiro Contato!
Capítulo 2: Dia de aprendizado.
Capítulo 3: Família Real.
Capítulo 4: O Alquimista!
Capítulo 5: Torneio de Espadachins!
Capítulo 6: Uma doce amargura!
Capítulo 7: Ken, O Aventureiro.
Capítulo 8: O início de uma aventura.
Capítulo 9: Nero, O Mago Espadachim!
Capítulo 10: Dormindo com Deuses.
Capítulo 11: Uma benção divina.
Capítulo 12: Purple Flames
Capítulo 13: Luto.
Capítulo 14: Xeque-mate
Capítulo 15: OceanPlus
Capítulo 16: Fogo em alto mar.
Capítulo 17: Buraco de minhoca.
Capítulo 18: A Caverna.
Capítulo 19: O Deus do Trovão.
Capítulo 20: Combustão.
Capítulo 21: Profecia.
Capítulo 22: A Tempestade...
Capítulo 23: Lilith, A Rainha dos Demônios.
Capítulo 24: A Deusa da Água.
Capítulo 25: Um brinde.
Capítulo 26: A chegada.
Capítulo 27: Lorde.
Capítulo 28: O Vilarejo.
Capítulo 29: A Rainha do Reino Verde.
Capítulo 30: Máscaras e Pilares.
Capítulo 31: Dia de treinamento.
Capítulo 32: Preparações.
Capítulo 33: O Distribuidor.
Capítulo 34: Demônios.
Capítulo 35: O Reino de Eregond.
Capítulo 36: O início de uma jornada.
Capítulo 37: Diferença de Poder.
Capítulo 38: Silverstone
Capítulo 39: Pedra, PAPEL e tesoura.
Capítulo 40: Reencontro.
Capítulo 41: O Brilho da Luz.
Capítulo 42: Só o tempo nos dirá.
Capítulo 43: O Enxame de Inscrição.
Capítulo 44: Discurso dos Representantes.
Capítulo 45: Primeiro Dia.
Capítulo 46: Apostas do Mestre.
Capítulo 48: Tempo dourado.
Capítulo 49: Massacre.
Capítulo 50: Despedida.
Capítulo 51: Símbolo de Orgulho.
Capítulo 52: O dia do Caçador.
Capítulo 53: O Deus Dragão.
Capítulo 54: Raiva e Lágrimas.
Capítulo 55: Marca Tempo.
Capítulo 56: A Ordem das Rosas.
Capítulo 57: Arcanjo de Batalha.
Capítulo 58: De volta ao velho mundo.
Capítulo 59: Lady Mortífera.
Capítulo 60: Amanhecer de Um Novo Mundo.
Capítulo 61: O Inigualável Rei.
Capitulo 62: Mundus hieme mutatus.
Capítulo 63: My Dear Sister.
Capítulo 64: T.E.
Capítulo 65: Técnica Inata.
Capítulo 66: Preparando o Terreno para Grandes Mudanças.
Capítulo 67: O Final de um Grande Prólogo.
Mapa do Continente Mortal.
Capítulo 68: Capítulo Um da Segunda Era.
Capítulo 69: Espada e Honra.
Capítulo 70: Um Jogo de Azar.
Capítulo 71: Clã da Águia.

Capítulo 47: O Enviado de Deus.

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By MrCr0w

O sol estava se pondo no horizonte e eu estava de pé sobre uma pedra que se estendia na beirada de um penhasco, caindo para o que os Elfos chamavam de Queda dos Deuses, uma queda de dezenas de metros de altura com o destino final cheio de pedras pontiagudas parcialmente escondidas pela água. Uma armadilha mortal criada pela própria natureza.

No horizonte eu observava o Sol, que parecia afundar no oceano. O Reino de Eregond me trazia uma paz que eu não conseguia entender. Algo que eu não sentia em Haiford, não importa onde estivesse. Percebi isso nos últimos dias que eu passei aqui.

Aqui eu não era mais Nero, o Mago Espadachim. Não era mais um mercenário. Não tinha que lutar. Tudo que eu fazia, para ocupar meus dias, era cultivar e treinar como agora, e sair com a Stephanie.

Não consigo me acostumar a isso rapidamente, mas acho que posso acabar gostando dessa vida sem lutas. Isso se...

Atrás de mim estava O Reino Verde, uma floresta de árvores gigantescas que cercavam o Reino de Eregond, quase como uma proteção natural. Um labirinto de árvores gigantescas, com uma fauna perigosa e, praticamente, desconhecida.

Mas era na minha frente que se encontrava o que realmente me preocupava. Eu estava, literalmente, no limite do continente.

O mar se estendia pelo o que parecia ser eternamente e por uma profundidade desconhecida e inexplorada.

Mas mesmo não podendo ver eu podia sentir. O continente demoníaco. O Reino de Theodoha. Havia algo de diferente dessa vez, o próprio Rey Rey estava sentindo isso também. Apesar de que ele não comentava comigo. Acho que ele não gosta muito de mim, não sei o porquê. Mas tem me tolerado desde que cheguei.

O importante é que precisamos avisar o Terceiro, se não for tarde demais para isso e, o mais importante, temos que nos preparar para o pior.

- Vai ficar aí, fazendo pose, até quando? - Ouvi Stephanie perguntar.

Me virei para o lado e vi a garota sentada na outra extremidade da pedra em que eu estava, me observando com impaciência.

Suspirei profundamente e revirei os olhos, apenas porque eu sabia que ela não gostava, mas antes que ela pudesse dizer algo eu saltei do penhasco.

O vento chicoteava meu rosto conforme eu ganhava velocidade na queda. Eu estava a um metro da parede rochoso do penhasco, talvez nem isso, mas ainda faltavam vários metros até chegar no destino final, uma morte horrível.

Eu podia usar a magia de voo e escapar disso facilmente, mas com isso eu não cumpriria o desafio de Stephanie. Sobreviver usando um elemento que ela domina, terra.

Deixei a minha mana fluir e fechei os olhos por um instante. Não podia usar nenhuma magia do EWO, pois mesmo as que são do elemento Terra não seriam úteis. Então só me resta criar uma magia, assim como crio bolas de fogo, ou como o Terceiro cria umas magia sem sentido.

Mas eu nunca fiz isso com esse elemento antes, então exige uma concentração extra.

Quando abri os olhos novamente eu estique a mão para frente, e então o que parecia ser um barro denso e escuro começou a se formar, rapidamente ganhando maça e crescendo de tamanho, até que eu disparei ele para baixo.

O barro se expandiu abaixou de mim, assumindo a firma de um largo disco no qual eu caí em cima e usei toda a minha mana para empurrar-me na direção contrária. Mas o disco de barro não resistiu e, no mesmo instante, se despedaçou em baixo de mim.

Eu estava rápido demais, qualquer coisa que eu criasse não resistiria ao tentar refrear a minha queda.

Nesse caso...

Apontei a mão para baixo e concentrei toda a minha mana naquele direção. Mirando nas águas e pedras abaixo de mim. E então usei a magia de busca, que parei no fundo da água e repercutiu, como um sonar, por toda parte, refletindo nas ondas e pedras.

Até que de repente duas rochas pequenas emergiram de debaixo da água e voaram na minha direção. Apoiei cada um dos meus pés em uma pedra e, fazendo as pedras voarem para frente, eu surfei sobre elas no último instante.

As pedras tocaram a água, mas sustentaram o meu peso e pude voar em segurança, deixando um rastro pela água. Não era muito difícil me manter equilibrado sobre as pedras, já que era uma em cada pé, e era como ficar em pé sobre uma plataforma voadora.

Fiz com que as pedras subissem voando em alta velocidade, me levando de volta ao topo do penhasco, descrevendo o arco longo no ar, até às pedras se desfarelar repentinamente, me deixando despencar na direção do chão.

- Inpulsa Absorber. - Eu pronunciei, quando me aproximava do chão.

A terra começou a vibrar, borbulhando como água fervendo em um caldeirão. E quando meus pés estavam preste a tocar o chão, a terra explodiu para cima, e quando eu caí foi como se aterrissasse em um colchão de penas. A terra estava fofa e amorteceu a queda.

- Olha só, tá de parabéns, hein. Se saiu melhor do que eu imaginei que seria. - Stephanie disse, enquanto caminhava na minha direção, aplaudindo ironicamente.

- Eu disse que, não importa o elemento, eu sou melhor que você. - Eu falei, enquanto dava de ombros e sorria de forma pretensiosa.

Stephanie não disse nada em resposta, apenas parou de andar e abaixou o olhar para a própria mão de forma pensativa, com uma expressão distante no rosto.

Cheguei a pensar que tinha deixado ela triste por falar daquela forma, por ela não conseguir usar todo o seu potencial, que eu sei que é muito.

Mas a expressão pensativa e distante em seu rosto durou apenas alguns segundos, logo um sorriso surgiu no seu rosto, e então ela se virou para mim, parecendo mais animado, enquanto dizia.

- Isso não vai durar muito, com as poções que o Senhor Ken me deu eu vou poder usar magia logo, logo. -

- Senhor Ken, né? Achei que tinha dito que você não precisava chamar ele assim. - Eu falei enquanto me aproximava dela.

Stephanie riu e se aproximou mais de mim, dando pequenos saltinhos de alegria. E enquanto envolvia seus braços em volta do meu pescoço, ela dizia em um tom provocativo.

- Wooont. Meu Nerinho tá com ciúmes, é isso? É por isso que você tá se esforçando tanto para me impressionar? Que fofo. -

Um sorriso surgiu em meu rosto, mas antes de dizer qualquer coisa eu me abaixei um pouquinho para aproximar nossos rostos e beijei seus lábios. Stephanie apertou os braços em volta do meu pescoço, me trazendo para mais perto, e automaticamente as minhas mão foram até a sua cintura.

Quando nos separamos eu tirei um segundo para observa-la de perto. Um sorriso começou a se forma novamente em meu rosto, e então eu olhei para ela fingindo arrogância e disse.

- Não viaja, garota. Eu só estou seguindo o roteiro clichê desse mundo. Os protagonista ficam com as princesas. -

- Há, então é assim? - Ela me soltou e cruzou e s braços, fingindo um olhar irritado enquanto tentava não sorrir. - O Ken fica com a princesa dos humanos, o loirinho com a dos Dragões e você comigo? -

- Mais ou menos isso. - Eu concordei, enquanto passava gentilmente a mão no rosto dela. - Será que aqueles idiotas não conseguem ver que eu peguei a melhor princesa? -

Ela sorriu e me abraçou, ficando nas pontas dos pés para me dar um selinho antes de encostar o rosto no peito e dizer.

- Que bom que disse isso... Escapou de apanhar por muitos pouco. -

Eu ri enquanto a abraçava mais forte.

Quer mulher complicada essa que eu fui arrumar.

- Acho melhor a gente ir embora. Preciso enviar uma mensagem para o Ken. - Eu falei, mas nem sequer fiz menção de que iria solta-la.

- Tem razão, meu pai vai desconfiar se a gente ficar por tanto tempo fora. - Ela concordou, mas não parecia preocupada e sim animada, como se saber daquilo só a deixasse mais animada.

Assim que ela terminou de falar uma vibração percorreu o chão em baixo de nós. Stephanie teve um sobressalto, mas eu continuei abraçando-a enquanto dizia que estava tudo bem.

A terra em baixo dos nossos pés rachou em raio de 2 metros e meio, e então se soltou, em um grande amontoado de terra voador, que lentamente se erguer no ar e começou a se mover no ar, voando em direção a cidade com a gente em cima.

O vento chicoteava o cabelo loiro de Stephanie quando ela me soltou e se virou, contemplando a linda vista do Reino de Eregond visto de cima.

- Nossa, isso é incrível! Como você consegue ter mana o suficiente para fazer esse tanto de terra voar, e ainda por cima carregar a gente? - Stephanie perguntou, enquanto corria até a beirada, parecendo impressionada.

Tive que redobrar a quantidade de mana na parte em que ela pisava, apenas para garantir que a terra não cederia e ela cairia.

- Gasta menos mana do que você imagina, a maior parte dela eu reaproveito, e o resto depende mais do controle do que da quantidade. - Eu respondi, e não pude evitar de ficar orgulhoso.

- Onde aprendeu isso? - Ela perguntou. - Se eu entendi direito o que você me explicou, você chegou nesse mundo tem pouco mais de 2 anos. -

- É isso mesmo. Mas e daí? 2 anos são o suficiente para zerar um jogo grande umas vinte vezes, ou mais. Isso aqui não é nada. - Eu falei, parava ao lado dela. - Além disso, o Terceiro quem me ensinou quase tudo isso. Acho que eu só dei sorte que nossos corpos são suscetíveis a aprender, e evoluir, mais rápido. Fomos trazidos para cá, seja lá por qual motivo, de forma que somos incrivelmente adaptáveis às magia. -

- E você não sabe a inveja que eu tenho disso. Meu problema é justamente esse. Meu corpo não se adapta à minha própria mana. - Stephanie disse, e então deixou escapar um longo suspiro. - Nesse quesito você não ficou com a melhor princesa. -

Ela fez uma pausa, com um olhar triste no rosto. Ficou olhando para a cidade, que estava cada vez mais próxima, e eu sei que ela fazia isso porque não queria me olhar nos olhos naquele momento.

Após um instante, que para mim pareceu longo até demais, ela murmuro.

- Já que eu vou ser a primeira a morrer... - Seu tom de voz era tão baixo que aposto que esperava que eu não ouvisse, mas eu tinha usado mana para melhorar a minha audição.

- Isso não vai acontecer, Steph. Eu não vou te deixar morrer, isso eu prometo. - Eu falei, e senti meu âmago que nunca tinha sido tão sério em uma promessa quanto agora.

Ela me olhou, com um sorriso forçado no rosto. Lágrimas escorriam de seus olhos e eu fiquei surpreso por ela ter se virado para mim. Ela abriu a boca para dizer, mas seus lábios tremeram e ela se virou para frente novamente.

Senti um aperto no coração que nunca tinha sentido antes. Ver ela daquele jeito por algum motivo me feria de uma forma incomparável.

Comecei a caminhar na direção dela. Em minha mente veio milhares de coisas para dizer, mas nenhuma parece apropriado. Queria apenas abraça-la. E era o que eu pretendia fazer.

Era.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa um enorme clarão vermelho surgiu no horizonte. Stephanie e eu nos viramos naquela direção ao mesmo tempo, e então vimos as enormes chamas vermelhas emergiram no meio da cidade, como uma grande rosa vermelha florescendo no meio de um jardim virgem.

Mas eu não tive tempo de processar aquilo. Um arrepio percorreu meu corpo no mesmo instante. A minha mão de moveu instintivamente até a minha espada. Todos os meus sentidos me avisaram, com toda potência e ao mesmo tempo, do que iria acontecer a seguir. MORTE.

Me virei para trás bem a tempo de ver a esfera de energia vermelha atingir o centro do monte de terra em que estávamos voando. Depois disso tudo se tornou uma confusão extremam

A explosão era de um fogo tão vermelho que machucava os olhos do de ver, da temperatura era quase tão elevada quanto as chamas roxas do Terceiro. Tive tempo apenas de conjurar uma magia de terra para envolver Stephanie em um escudo de terra. Em seguida as chamas nos envolveram.

Tentei me proteger com mana, mas não foi o suficiente para evitar completamente o ataquem a dor foi tão grande que eu não percebi que tinha sido arremessado para longe até as chamas se apagarem com a força do vento.

Nesse momento eu comecei a usar a magia de cura em meu corpo, mas parei ao ver o monte de terra ser despedaçado no se com uma segunda explosão, dessa vez ainda mais forte.

O vermelho das chamas parecia envolver o céu todo. Terro. Sangue. Morte. Era isso que as chamas transmitiam.

Mas de alguma forma eu pude ver, tão claramente como se somente aquilo existisse, o momento em que Stephanie saiu voando do meio das chamas. Suas roupas queimadas, assim como parte do cabelo. Não pude ver queimaduras em seu corpo daquela distância, mas aposto que haviam também.

A raiva tomou conta de mim de uma forma que eu nunca tinha acontecido antes. A magia de voou pareceu ser ativada por vontade própria. A luz azul nunca brilhou tanto quanto naquele momento, e eu nunca voei tão rápido quanto agora, voando na direção da Stephanie.

Mas então garras enormes me atingiram, envolvendo, e cortando, meu peito enquanto me empurrava para baixo. Meu sangue jorrou por toda parte. Deixei escapar um grito de dor. Tentei levar a mão até a minha espada, mas percebi que a garra que me segurava envolvia também os meus braços, me impedindo de me mover livremente.

O vento batia em meu rosto, agitando meu cabelo, e tudo ao meu redor parecia se misturar num redemoinho de preto e branco, onde eu não conseguia nem sequer diferenciar o que estava me atacando. Tudo que eu sabia era que tinha um par de garras gigantes e afiadas, e usava o que parecia ser um sobretudo ou capa longa feita de couro negro.

Disparei uma magia de explosão da palma das mãos, e do jeito que elas estavam presas fez com que eu acabasse queimando a minha perna. Mas a explosão fez com que nosso voo fosse desestabilizado, nos fazendo começar a girar em pleno ar.

Nesse momento uma das garras me soltou, e eu tive um vislumbre da coisa que me segurava. Sua aparência só podia se assemelhar a um morcego.. Um morcegão gigantesco, com o corpo humanoide e um chifre de meio metro feito inteiramente de ouro.

Quando abriu a boca e gritou, produziu um som estridente, diferente de qualquer animal que eu já tinha visto. Meus tímpanos pareciam prestes a explodir. Mas ainda assim eu não consegui deixar de reparar os dentes dourados do monstro, e a língua vermelha como sangue.

Senti como se estivesse na frente de um animal raivoso e sanguinário. Um monstro. Um demônio.

Flui a minha mana para fora do corpo e, em um movimento desesperado, ativei a combustão. As chamas se espalharam por toda parte e o Demônio Morcego gritou, de forma ainda mais estridente e desesperada que antes. Sua garra me soltou, revelando fazer parte da asa do Demônio Morcego, as garras eram douradas, e também havia uma versão menor delas em cada articulação das asas.

Assim que ele me soltou eu desfiz a magia de fogo. Tudo se apagou e, no mesmo instante, meus olhos brilharam na cor amarela. Eu peguei a espada, desembainhei, e girei meu corpo no ar. A cabeça do Demônio foi arrancada do seu corpo com um único movimento, interrompendo o seu grito animalesco.

Não me preocupei em comemorar, logo que matei o demônio eu ativei a magia de voo e disparei em direção a mana da Stephanie. Não conseguia ver ela devido a distância entre a gente, e isso me preocupou. Por algum motivo eu também não podia ver o chão, uma densa neblina tinha se espalhado por toda parte, deixando apenas a cidade intocada, de onde vários colunas de fumaça se erguiam para o céu. Tudo que eu via era o cume das gigantescas árvores que cercavam o Reinode Eregond.

Usei mais mana para aumentar a minha velocidade, tentando não pensa na chance de Stephanie já ter atingido o chão. Mas então eu vi aquela forma negra emergir do meio da neblina. Os chifres dourados inconfundíveis.

Quantos desses estão aqui, droga!

Desembainhei a minha espada bem no momento em que o monstro gritou, mas quando eu fui atacar uma esfera de energia vermelha surgiu na boca dele.

Aquela maldita esfera de energia!!

Ela disparou instantaneamente, mas eu não me esquivei. A minha lâmina brilhou na cor vermelha, e então eu disparei um golpe na direção da esfera.

A lâmina atingiu a esfera de energia, mas a reação não foi a que eu esperava. Uma explosão gigantesca me arremessou para longe, a espada chegou a se soltar da minha mão, mas consegui usar a mana para puxar a minha espada de volta. Mas não consegui evitar se sair rodando voando para cima.

Quando finalmente havia me estabilizado uma segurando esfera se aproximou tão rápido que eu só tive tempo de colocar a espada na frente. Mas dessa vez o dano foi maior, as queimaduras mais doloridas e maiores, o impacto mais forte, e a minha espada foi partida ao meio.

Por alguns segundos eu acho que fiquei inconsciente, não sei ao certo. Tudo pareceu tão confuso, e eu pude jurar que ouvi a voz do Rey Rey na minha cabeça. O céu azul parecia estar tanto em cima quanto embaixo de mim.

Então veio o impacto. Fui atingido nas costas com tanta força que acordei para realidade me afogando em sangue. Por instinto girei meu braço para trás e arremessei o que havia restado da espada.

A lâmina atravessou o pescoço do Demônio e ele deu um último grito, fazendo esguichar sangue do ferimentos em seu pescoço, se contorceu todo e então me soltou. Consegui pegar a minha espada de volta antes de ambos começarmos a cair lado a lado, ele morto e eu sem forças para ter alguma reação.

Percebi que estava começando a perder a consciência quando, do nada, dezenas de Demônios Morcegos surgiram no meu campo de visão e, no centro de onde eles voavam Stephanie, que havia recobrado a consciência e disparava rajadas de fogo, tentando manter os demônios afastados.

Ver ela sendo atacada pelos Demônios foi como ter recebido um choque de adrenalina em meu corpo. Usei a magia de cura, e isso aliviou a dor que a adrenalina não me fez ignorar, e então eu usei toda a minha mana para voar na direção dela.

O primeiro Demônio que entrou no meu caminho eu decapitei sem ao menos perceber, mas uma dor insuportável atingiu meu braço. Foi quando eu percebi que as queimaduras mais graves das chamas, que estavam principalmente no meu braço dominante, não estavam se curando com a velocidade normal. Elas não demorariam muito para se curar, mas mesmo assim era o suficiente para incapacitar, temporariamente, o meu braço.

Arremessei a espada e a peguei com a outra mão bem a tempo de cortar a asa de um Demônio e esquivar de seu ataque.

Continuei voando, desviando de ataques e atacando quando necessário, estavam me aproximando cada vez mais da Stephanie, mas então a neblina ficou menos densa e eu pude ver o chão. Uma enorme clareira em meio a floresta gigante dos Elfos.

O desespero me atingiu abruptamente. Senti a lâmina da minha espada tremia, e demorei um pouco para perceber que era eu quem estava tremendo.

Expeli o ar lentamente, enquanto tentava esvaziar a minha mente, e tentei inciar a técnica de respiração que Aidem explicou para Terceiro diversas vezes no treinamento dele. O maldito treinamento da folha, como o Terceiro chamava. Ele servia para acalmar a mente, e eu precisava disso agora.

Surpreendentemente eu senti a minha mana oscilar uma última vez, e então se acalmar de forma tão repentina que eu senti um desconforto momentâneo.

A minha mente pareceu se clarear, e eu olhei para tudo aquilo como sempre olhava tudo desde que eu cheguei, de forma racional.

Stephanie ainda estava a, mais ou menos, vinte metros do chão, mas dezenas de Demônios me seguiam. Isso não era necessariamente um problema, eu poderia chegar até ela aumentando a minha velocidade e ainda conseguiria fugir. Esses demônios são incrivelmente fortes e ágeis, mas parecem estar hesitando e, apesar de eu saber o motivo, eu poderia usar isso como uma chance inicial.

O meu problema era a presença dele.

Um homem estava parado no chão, bem embaixo de o de estávamos caindo, com os braços abertos, como se estivesse esperando para nos receber. Mas a mana dele não era nada receptiva. Não era grande, e ele não parecia ser muito mais forte que eu. Mas havia uma sede de sangue incomensurável. Como se aquela pessoa tivesse vivido a sua vida inteira, matando todos em seu caminho, apenas para chegar ali, naquele momento, e mata-los.

Isso é um demônio. Uma presença que se só podia ser comparada a de Lilith, a Rainha dos Demônios. Não um demônio de nível baixo, como Daemon, o idiota que me contratou para roubar a Essênce Dragon Flame, onde conheci Ken.

Eu estou em um situação de vida ou morte aqui. Mas eu não posso morrer. Se morrer significa que Stephanie também morrerá, e eu quebrarei a minha promessa, eu não posso me permitir isso.

A luz azul que amava dos meus pés começou a assumir um tom dourado quando eu misturei, parcialmente, a minha maior habilidade do EWO. No mesmo instante eu disparei para frente, tão rápido que meus olhos não conseguiam acompanhar.

Vi um vulto negro surgir no meu campo de visão, então eu preparei a espada, mas antes que eu percebesse o impacto da lâmina atingindo, e cortando, a carne do demônio percorreu as minhas mãos. Mas no mesmo instante eu passei voando por outro demônio, de forma tão rápida que eu não pude reagir, e apenas senti a ferida sendo aberta na minha barriga por suas garras.

Gritei de dor e ativei a magia de cura, mas não parei de voar. Stephanie estava cada vez mais próxima do chão, e s técnica de respiração de Aidem já não me ajudava muito a me acalmar.

Tive que matar um demônio que estava prestes a toca-la, e quando finalmente consegui segurar seu braço, um impacto que só podia ser comparado a uma batida de carro me atingiu em uma única região na barriga.

Fui jogado para trás com tanta força que por um segundos eu fiquei completamente desnorteado, e a única coisa que eu conseguia ter certeza era de que não tinha soldados Stephanie.

Quando me recompus vi o homem, que agora estava a menos de 10 metros abaixo de mim, apontando ambas as mãos na nossa direção. A essa altura eu pude ver seu rosto claramente, e sua aparência me assustou um pouco.

Era um humano, ou pelo menos se parecia com um. Os cabelos eram loiros e tatuagens cobriam todo o seu corpo, as mais chamavam a atenção eram as cruzes de cabeça para baixo na testa, no peito e em ambas as mãos. Fora isso a coisa mais demoníaca que ele possuía, além da presença, eram os olhos totalmente brancos.

O homem moveu a mão esquerda na minha direção, como se empurrasse algo no ar. Quase que no mesmo instante eu fui atingido por outro impacto no ombro, dessa vez bem localizado, e fazendo soltar Stephanie ao ser arremessado para trás.

Quando me recuperei e tentei voar na direção de Stephanie novamente outro lugar impacto me atingiu na barriga. Cheguei a vomitar no ar, sentindo uma dor profunda enquanto sufocava e tentava me estabilizar.

Um demônio me agarrou pela costas, abrindo cortes profundos em minha pele. Mas eu não me importei com a dor, na verdade ela me ajudou a me recuperar mentalmente do ataque anterior, e eu comecei a me balança, tentando me libertar.

Assim que sua garra me soltou um pouquinho eu joguei a espada para a minha mão dominante, que agora já havia se recuperado totalmente das queimaduras, e com um único movimento eu dividi o demônio ao meio.

Mas no mesmo instante um outro demônio se aproximou, atacando com suas garras. Conseguiu me esquivar e cortar a asa do monstro fazendo ele rodar no ar, mas antes de cair ele ainda conseguiu me cortar com a garra menor nas articulações da sua asa.

Usei magia de cura, tentando ignorar a dor de todos os ferimentos e me virei na direção da Stephanie, disparando voando na sua direção.

O suor escorria do meu rosto e meu coração batia acelerado em meu peito. Os segundos se pareciam horas e eu já não sabia a quanto tempo estava lutando. Nem sequer sentia o vento em meu rosto. Apenas dor e desespero estavam presentes.

Estiquei a mão para frente e a ponta dos meus dedos tocaram o braço da Stephanie e por um momento eu pensei que conseguiria, mas então meia dúzia de demônios caíram sobre mim ao mesmo tempo, todos me cortando, agarrando e dilacerando com suas garras.

Meu próprio sangue voava por toda parte, mas ainda sim eu consegui ver o momento em que Stephanie atingiu o chão. O som seco do seu impacto ecoou em minha mente, mesmo eu sabendo que era logicamente impossível eu ter escutado aquilo, pois os demônios voavam comigo para longe. Stephanie quicou no chão uma única vez, e então parou, se contorcendo no chão como um animal ferido.

Os demônios caíram comigo no chão e rolamos na terra por um tempo, não sei bem quanto tempo. Tudo parecia confuso, abafado. A imagem de Stephanie sufocando em seu sangue não saia da minha mente.

Ela não tinha a resistência que uma pessoa que cultiva por anos adquiri. Será que ela se lembrou de fortalecer seu corpo com mana? Espera. Ela consegue fazer isso? Provavelmente quebrou alguns ossos, mas ainda posso cura-la... Não posso? Já vi o Terceiro tentar curar um homem a beira da morte e falhar, isso não vai acontecer com ela, não?

Não pode acontecer! Não posso deixar isso acontecer!

A minha mana saiu para fora do meu corpo de uma só vez, sem controle algum, e com tanta força que os demônios me soltaram e voaram para longe, ou ao menos tentaram.

Meus olhos brilharam na cor amarela e a luz azul iluminou meus pés. Disparei voando na direção do demônio mais perto e o decapitei instantaneamente, no mesmo instante eu mudei de direção e voei até outro demônio que estava a 2 metros do chão tentando escapar, também matei esse decapado.

Não faço ideia de como matei os outros demônios, tudo que me lembro e da luz azul me levando de demônio a demônio e do sangue deles espirrando em mim. Em seguida em estava parado em meio a 6 corpos mortos e nenhuma cabeça.

Dei um passo para trás e um impacto de um golpe invisível atingiu o chão, fazendo um buraco surgir. Atirei uma bola de fogo para o lado sem sequer, mas só me virei naquela direção quando ouvi a explosão.

A fumaça tomou conta de certa parte do campo, não deixei que as chamas se apagassem, fiquei alimentando-as com mana, e a temperatura foi alcançado graus extremo.

Mas então tudo se apagou, restando apenas a fumaça, e do meio dela o homem saiu caminhando, com um sorriso no rosto e os braços abertos.

- Louvado seja Deus, que me permitiu desfrutar esse momento. - Ele falou, parecendo alegre com aquilo.

Quando a fumaça se abaixou eu pude ver o corpo de Stephanie, caído a menos de 2 metros atrás do homem.

A raiva né dominou e eu disparei uma bola de fogo novamente, mas o homem simplesmente a agarrou com a mão direita, e então ela se tornou uma nuvem de fumaça e desapareceu.

- Não caía da tentação da raiva, Irmão. Ela é apenas um artimanha de Satã para levá-lo para o lado das trevas. - O homem disse, voltando a abrir os braços, ainda com aquela expressão arrogante no rosto. - E não sou todos que podem trilhar esse caminho e permanecer puros. Nem todos que entravam nas trevas levam consigo a luz. -

Ativei a magia de voo e disparei na direção dele. Deixando um rastro de luz azul por onde eu passava. Me aproximei já golpeando com a espada, mas ele apenas desviou para o lado e se esquivou do ataque. No mesmo instante um impacto esmagador me atingiu nas costelas e me jogou para longe.

O homem sorriu, de forma confiante, e disse.

- Mesmo que eu ande no vale da sombra da morte, não tentei mal algum. -

Disparei voando na direção dele novamente e ataquei. Dessa vez quando ele desviou eu completei o ataque lançando uma bola de fogo. Mas ele apenas rebateu ela para o lado com a mão direita, e então o impacto invisível me jogou para longe novamente.

- Porque tu estás comigo, e tua vara e teu cajado me consolam. - Ele completou.

Me ergui do chão e me virei para ele novamente. O homem continuava com os braços abertos, parado quase no mesmo lugar de antes, e me encarando daquela forma confiante e arrogante.

Disparei uma enorme bola de fogo na direção dele, mas novamente ele usou a mão direita para parar a bola de fogo, transformando ela em uma enorme nuvem de fumaça.

- Não adianta resistir. O que é nascido de Deus vence o mundo; e essa é a vitória que vence o mundo; a nossa fé. Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é filho de Deus. - O homem falou. Não, talvez pregar seja a palavra mais adequada aí que ele estava fazendo.

O desgraçado estava usando versículos bíblicos. E eram versículo da bíblia do meu mundo, não desse mundo.

Esse filho da puta também é um jogador do EWO!

- O que diabos você quer com a gente?! - Eu questionei com impaciência.

Conseguia ver Stephanie se contorcendo no chão. Ela não tinha muito tempo, tinha que cura-la logo, se quisesse que ela sobrevivesse.

- Com vocês? Nada. Só estava de passagem e senti uma mana até que bem poderosa e pensei... - Ele fez uma pausa, abrindo um pequeno sorriso no rosto e disse. - Por que não absorve-la para mim? -

- Absorve-la? Que merda você está falando? -

- Bom, você não vai precisar dela mesmo. Se vive nessa região, e com essa garota. - Ele apontou para Stephanie por cima do ombro, sem nem olhar para ela. - Sinto informar, mas é vontade de Deus que esse Reino de pecadores seja purificado. -

Para ser sincero eu não prestei muita atenção no que ele falou, estava totalmente focado em Stephanie. Conseguia contar de quanto em quanto tempo ela respirava.

Ela estava morrendo....

Mas ouvi ele falando sobre o Reino de Eregond e sobre purificação, e na minha experiência um maníaco religioso falando de purificação nunca é um bom sinal.

- O que foi que você acabou de dizer? O que purificação deveria significar? - Eu questionei.

- Oh, agora você resolveu prestar atenção em mim? - Ele perguntou, com tom de deboche. - Você parece muito preocupado com sua amiga? Tem certeza que está interessado no que eu tenho a dizer? -

Mas ele não né deixou que eu lhe respondesse. Senti sua mana fluir para fora do corpo e, no mesmo instante um gosto estranho se impregnou em minha boca. Como se alguém tivesse deixado um botijão de gás vazando por horas. Senti um formigamento, que cresceu rapidamente até se tornar um dor, em meus olhos, e isso só parou quando desativei a minha Skill Dragonborne.

- Pai, perdoe-os, eles não sabem o que fazem. - O homem fechou os olhos e junto ambas as mãos, como se fosse começar a orar. - Mas eu vós lhe ensinarei. Então não temam, isso não é punição é salvação... -

Nesse momento eu quase perdi o equilíbrio por um momento, como se a surpresa e o coque que me abalasse fosse realmente físico. Pois flutuando a 2 metros de altura a cima do homem estava Stephanie, com os braços abertos, como se estivesse sendo crucificada.

Pude ver o sangue escorrendo pelo seu corpo e pingando no chão, não atingindo o homem por uma distância muito pequena, que parecia ter sido calculada pelo homem.

Quando finalmente consegui me recuperar do choque e avancei o primeiro passo para frente eu fui atingido na perna, novamente pelo golpe invisível dele, e cai no chão, sem entender como ele pode ter usado essa magia sem nem abrir os olhos ou parar de orar.

- Veja uma pequena prova do poder de Deus. - O homem falou, deixando uma grande concentração de mana se juntar em um ponto específico.

No mesmo instante um estalo ecoou pela clareira onde estávamos. Me virei para Stephanie e vi ela se revirando toda, sua pele se remexendo e as feridas abrindo e fechando. Os ossos voltado para o lugar e as fibras dos músculos ligaram novamente.

Então veio um, agente agonizante e estridente, grito de dor, e Stephanie abriu os olhos.

.

- Quem crê no filho terá vida eterna... -

Meus olhos se encontraram com os da Stephanie e eu vi uma única lágrima escorrer pela sua bochecha, seus lábios se moveram e por um momento eu jurei que ela iria pedir ajudar.

Mas então o corpo dela disparou para cima, voando em uma velocidade absurda, enquanto o homem na minha frente dizia tranquilamente.

- Já quem rejeita o filho não vera a vida, mas a irá de Deus permanece sobre ele. -

Assim que ele terminou de falar algo atingiu o chão, causando um enorme estrondo e levantando uma enorme nuvem de poeira. Tive que cobrir meus olhos para não ir poeira nos olhos, mas para me manter ciente do que estava acontecendo eu usei magia de busca.

Foi nesse momento que eu senti a mana da Stephanie a quase 2 metros de profundidade do chão. Percebi que foi ela quem caiu do céu, e entoa comecei a correr na sua direção.

Com que força ela tem que ter caído para criar uma cratera dessa profundidade?

Mas então eu senti aquela grande concentração de mana em um lugar só novamente e soube, no mesmo instante, que essa mana estava curando Stephanie, assim como antes.

Senti um alívio, mas ao mesmo tempo uma tenção. Por que ele curaria ela?

Comecei a correr mais rápido. Mas antes que eu me aproximasse ela disparou voando para cima novamente, sua velocidade era tamanha que varreu para longe toda a poeira que estava no ar. Vi Stephanie se aproximar das nuvens, com seu longo cabelo loiro se agitando no ar. E então ela despencou novamente.

Stephanie atingiu o chão antes que eu pudesse sair voando na sua direção para tentar interceptar a sua queda. O impacto percorreu todo o chão, uma cratera duas vezes maior que a anterior foi gerada onde ela caiu. A mana dela ficou mais fraca, até que aquele acúmulo de mana curou ela novamente.

O corpo dela começou a se erguer no ar lentamente, mas essa vez eu estava preparado. Quando Stephanie disparou voando para cima, eu também sai voando, focando toda a minha mana em aumentar a minha velocidade. Se fosse possível eu gastaria toda a mana que eu tenho para voar na velocidade que o Ken se move ao usar magia de raio, mas a Boost Levitation possuí um limite de quão rápido se pode voar, e não é muito já que essa é uma magia básica do jogo.

A luz azul foi marcando o chão por onde eu voava e uma vez eu fui atingido pelo impacto do golpe invisível do homem e quase perdi a estabilidade do voo, mas consegui me recompor e voltei a voar na direção de Stephanie. Tive que cortar uma das asas de um demônio que entrou no meu caminho antes que finalmente me chocasse contra o corpo de Stephanie e, a envolvendo com meus braços, eu saí voando e levando ela comigo.

Ainda conseguia sentir uma forte força atrativa tentando puxar Stephanie para cima, pude também notar o momento em que o homem decidiu mudar a direção em que mandava ela, e a força atrativa começou a puxa-la para baixo.

Tentei voar para cima, indo contra a força que a puxava Stephanie para baixo, mas não consegui e, ao perceber que ela estava quase se soltando dos meus braços, eu mudei a minha tática. Começou a voar para baixo, ao invés de ir contra a força atrativa e correr o risco de deixar Stephanie escapar das minhas mãos.

Quando atingimos o chão eu consegui colocar meu corpo debaixo do de Stephanie, para Absorber o impacto, mas infelizmente não consegui parar imediatamente e saí rolando na terra. Usei magia de terra para tentar amortecer os impactos, mas era difícil acompanhar a nossa velocidade. Então seguindo enquanto eu tentava proteger Stephanie o máximo possível de se machucar e a gente deixava um rastro de poeira por onde passava.

Até que eu bati com as costas na árvore, o impacto fez com que eu batesse a cabeça também e em seguida Stephanie bateu de frente comigo, e tudo isso contribuiu para que tudo que eu conseguisse fazer fosse rolar para o lado, sem ar e desorientado por causa da dor.

Tudo parecia estar rodando. Ainda não parecia que eu estava parado, era como se eu estivesse rolando no chão em alta velocidade, passando por cima de pedras e galhos que me machucavam. Mas eu conseguia ver as folhas das árvores em cima de mim, que escondiam o céu azul, então eu sabia que estava parado. Se tinha uma coisa rodando era a minha mente.

Não estava conseguindo me concentrar nem mesmo para realizar a magia de cura, mas isso mudou quando uma parte do tronco da árvore mais próxima de mim explodiu, voando madeira por toda parte, como se alguém tivesse batido com uma marreta nela. Mas o que realmente me despertou do meu traze foi o grito de Stephanie, que parecia ter ecoado por toda a floresta.

A minha visão entrou em foco no mesmo instante, consegui ativar a magia de cura e estava prestes a me levantar quando vi o rosto de Stephanie bem em cima de mim, com lágrimas em seu rosto.

Toquei seu rosto suavemente com a ponta dos meus dedos, mas quando ela olhou na minha direção, parecendo surpresa e assustada, eu senti, no mesmo instante, todos os meus sentidos entrarem em estado de alerta.

Tive com usar todas as minhas forças para me sentar, ficando na frente com a mão apontada par frente enquanto conjurava uma magia de proteção.

Um escudo de luz verde surgiu na nossa frente segundos antes de uma esfera de energia se aproximar. Quando a esfera atingiu o escudo a explosão jogou chamas vermelhas por toda parte e, por mais que o escudo nos protegesse das chamas, ainda dava para sentir suas altas temperaturas.

Eu preciso dar um jeito de escapar... não consigo vence-lo.

As chamas já estava se apagando quando eu vi um demônio passar voando perto de nós e disparar uma segunda esfera de energia, que atingiu o escudo e explodiu, mas dessa vez além das chamas vermelhas sangue também surgiu um trincado no .eu escudo.

Foi quando eu percebi que tinha que agir, e agora.

- Ilusio fiat per vera. - Eu pronunciei a magia, torcendo para que ela funcionasse. Eu não sou tão bom com essa magia, e Ken só me ensinou ela no dia do ataque a cidade dos Cardeal. Não sei se consigo usar ela duas vezes seguidas...

Senti uma tonteira momentânea, mas ela logo desapareceu.
A sensação dessa magia era indescritível, como se tudo fosse possível. Bastava eu pensar estava feito.

Quando Ken me ensinou a usar essa magia eu fiz um corpo falso e o controlei enquanto o meu verdadeiro fugia para longe. Usei ela hoje mais cedo para fazer a mesma coisa para vir pra cá, deixando um corpo meu e um da Stephanie falso interagindo com todos no Reino, enquanto nós, os verdadeiros, estávamos aqui.

Agora eu pretendia fazer basicamente mesma coisa, mas tinha que torcer para ele não perceber.

Mas infelizmente não tive tempo de confirmar se a magia estava funcionando, pois uma terceira esfera de energia vermelha atingiu o meu escudo, provocando uma explosão que quebrou o escudo de luz em vários fragmentos.

No mesmo instante eu usei uma magia de vento que liberou um forte vendaval ao meu redor, fazendo as chamas serem sopradas para longe, apesar de não terem se apagado. Ao mesmo tempo eu abri o armazenamento Dimensional e troquei a minha espada quebrada por outra nova.

O primeiro Demônio que voou na nossa direção, criando uma esfera de energia com a boca, eu matei arremessando uma adaga que eu retirei de dente do armazenamento dimensional, o segundo eu usei uma esfera de luz condensada, transformando ela em um pequeno raio de luz mortal. O terceiro demônio se aproximou por trás das árvores, a minha esquerda. Mas antes que eu pudesse mata-los uma esfera de fogo o atingiu, fazendo-o queimar até a morte.

Senti um pouco da minha mana, quase nada, se esgotando. Isso me chocou, não sabia que isso iria acontecer. Mas fazia tanto sentido que eu me amaldiçoei por não perceber antes

Durante toda a luta eu tenho sentido a minha mana de esgotando mesmo quando não fazia nada. O motivo é porque o meu clone e o da Stephanie estavam usando magia na cidade, mas como não eram reais a mana que usavam era a minha.

Me virei para Stephanie no mesmo instante. A garota tinha chamas flutuando sobre a mão esquerda, enquanto as alimentava com mana usando a mão direita, e olhava ao redor, como quem procura por mais inimigos.

- Steph, pare com isso. -

- O que? Por que? - Ela me olhou surpresa e contrariada. - As poções do Ken estão fazendo efeito, você sabe disso. Eu posso lutar, posso te ajudar. -

- Não. Não é você que está gastando essa mana, sou eu. Você está apenas tendo a ilusão de que é você quem está disparando o feitiço. Então não faça nada, tenho que economizar mana. - Eu respondi, sem perder a concentração, estávamos cercados por demônios, não podia abaixar a minha guarda, ainda mais por causa daquele cara.

- Não sei se entendi o que você está querendo dizer com isso... -

- Você não precisa, apenas... -

Fui interrompido quando um demônio se aproximou voando repentinamente. Ele disparou uma esfera de energia, e então eu desviei para o lado e ataquei verticalmente, arrancando a cabeça do Demônio. Foi nesse momento que eu percebi que o homem loiro estava avançando também, usando o demônio como distração.

Apontei a lâmina da minha espada na direção dele, esperando que ele desviasse, me dando a chance de fazer o mesmo. Mas o homem continuou avançando e, mesmo quando a espada atravessou a sua barriga e saiu por suas costas, ele só parou quando sua mão direita tocou meu rosto.

Senti uma fraqueza repentina. E então tudo apagou. Foi tão rápido que eu nem sequer conseguia descrever direito a sensação, mas sabia o que havia causada ela. Com a sua mão direita o homem era capaz de absorver mana, assim como fez com as magias que eu disparei contra ele, e provavelmente estava fazendo isso comigo. Até que...

Quando a minha visão voltou eu estava no Reino de Eregond, no meio da cidade. A visão da destruição me deixou mais abalado do que o fato de eu ter aparecido lá repentinamente.

Praticamente todas as árvores gigantescas, onde as casas das famílias mais ricas ficam, haviam sido derrubadas. Boa parte do Reino ardia em chamas, e as casas inteiras eram as do centro da cidade, onde eu estava, talvez porque naquela região as casas eram no chão, da maneira que deveria ser.

Os demônios voavam por toda parte, e eram exatamente como os que eu estava enfrentando, mas aqui haviam muito mais. Centenas. Milhares deles.

As memórias da ilusão que eu havia deixado no Reino, e agora tinha assumido o controle, veio a tona repentinamente.

Antes de sair do Reino eu criei uma ilusão minha e da Stephanie e deixei aqui. Agora eu descobri que a minha ilusão, e a da Stephanie, estavam defendendo o Reino na linha de frente, junto com o Rei Reynolds e os soldados Elfos. O que só complementava a minha teoria de que a mana que eles gastavam durante esse tempo era a minha.
Mas enquanto os clones e o Rei lutavam com os demônios um homem que se alto proclamava o Deus das Chamas surgiu, e ele era forte demais, principalmente por ter um exército de demônios ao seu lado.

No fim a luta ficou inteiramente entre Rey Rey e o Deus das Chamas, enquanto eu e Stephanie, ou nossos clones, protegiam os civis.

Mas depois de um tempo os demônios começaram a recuar, ficando apenas na floresta, matando todos que se aproximavam e as vezes indo até a cidade para realizar ataques. O Deus da Chamas também recuou, mas isso não deixou Rei Reynolds menos preocupado.

De acordo com o Rei os demônios estavam planejando um cerco. Iriam nos manter fechados ali dentro da cidade, sem conseguir sair para pegar comida, remédios ou qualquer tipo de suprimentos.

Querem nos matar de fome. Ou foi o que eu pensei.

Mas Rey Rey disse que não era isso, pelo menos não só isso. Ele disse que os demônios provavelmente pretendiam negociar, mas não tinham a menor intenção de nos dar a chance de recusar sua proposta.

Iriam nos manter presos aqui, com fome e com cede, sem conseguir tratar nossos feridos ou enterrar nossos mortos, até que uma hora eles iriam entrar na cidade carregando uma bandeira de paz, dizendo que querem negociar, e então não nos deixarão opção a não ser aceitar, seja lá qual for a exigência que ele fizessem.

Esse era um dos piores cenários possíveis. Não vai adiantar tentarmos enviar cartas para o Reino de Haiford, o Reino dos humanos, ou o Reino de Hingiholm, o Reino dos anões. Todos os mensageiros, mesmo se usássemos pássaros ou qualquer outra animal, seriam interceptados e mortos no caminho, e isso só serviria para alertar os demônios dos nossos planos, colocando a mensagem que queríamos enviar nas mãos deles. Por sorte o Distribuidor estava no Reino naquele dia, talvez ele seja o único que consiga ir do Reino de Eregond até o Reino de Haiford sem ser notado.

Precisávamos fazer alguma coisa, e precisamos fazer isso o quanto antes.

Fiquei sem reação enquanto recebia essas lembranças de uma vez, e quando me dei conta um demônio estava voando na minha direção.

Nem sequer pensei em desviar, abaixei a espada que estava segurando e esperei ele atacar. Espero, pelo menos, que quando esse clone for morto as pessoas pensem que eu morri como um herói.

O demônio cravou suas garras douradas no meu pescoço e o sangue esguichou para todo lado enquanto a dor me invadia. Em seguida tudo ficou escuro. Foi então que eu tive uma espécie de epifania.

Quando a minha visão escureceu eu senti, em meu âmago, que tinha o controle de mais dois clones, além do meu corpo real. Percebi que eram os clones da Stephanie, um que estava no Reino, e o outro que estava na floresta, o que ela provavelmente pensava ser real.

Enviei um comando mental para o clone que estava no Reino pedindo para que ela contasse o que havia acontecido al Rey Rey antes que eu ficasse sem mana e ela desaparecesse. Em seguida pensei em Stephanie, mas no mesmo instante eu senti o clone dela desparecer.

Ela morreu. Quer dizer, o clone dela morreu. Quer dizer que ela voltou para o próprio corpo.

Me forcei a abrir os olhos no mesmo instante. Eu estava de volta na floresta, mas dessa vez estava realmente no meio da floresta. Senti a presença do homem loiro primeiro, era difícil não sentir, mas ele estava a distância boa o suficiente para eu me sentir seguro. Em seguida senti a mana da Stephanie.

Stephanie estava sentado no chão, as costas escoradas no tronco de uma árvore enquanto ela olhava, em estado catatônico, para o nada. Lágrimas escorriam de seus olhos, mas fora isso ela não tinha reação alguma.

Comecei a me aproximar dela lentamente, tentando não fazer barulho. Mas pisei em um galho seco que estalou, fazendo ela erguer o olhar na minha direção. Quando me viu ela hesitou por um momento, seus lábios tremeram e mais lágrimas começaram a brigar de seus olhos.

- Nero... Você... Você tá vivo...? - Ela começou a engatinhar na minha direção, como se não tivesse forças o suficiente para ficar de pé.

- Steph, tá tudo bem? Você se machucou? - Eu perguntei, enquanto né abaixava na frente dela.

Stephanie se aproximou lentamente, esticando os braços na minha direção, mas quando estava prestes a me tocar, ao invés de me abraçar, o que eu achei que ela daria, ela começou a me bater. Me acertando socos nos braços e no peito enquanto chorava e dizia.

- Seu idiota. Idiota. Eu pensei que tinha morrido. Filho da puta, idiota. Eu te odeio. Porque fez isso?! -

Abracei Stephanie, impedindo ela de continuar me batendo, mas não disse nada. Não sei o que aconteceu depois que eu morri e a minha consciência foi transferida para o clone no Reino, mas só dela ter presenciado meu clone ser morto já deve ter sido uma experiência horrível.

Quando ela começou a se acalmar eu acariciei a cabeça dela gentilmente. Ao longe eu podia ver, atrás de algumas árvores, o homem loiro parado na clareira, perto dos nossos corpos falsos, com dezenas de demônios ao redor dele. Ele não parecia satisfeito, olha a para os corpos com descrença. Não tinha acreditado na nossa morte.

Usando a magia de ilusão eu havia criado uma espécie de barreira a nossa volta que nos deixava invisível, mas mesmo assim eu ainda me sentia desconfortável com isso.

- Me desculpe por isso... Mas não podemos perder tempo aqui, temos que sair daqui o mais rápido possível, o Reino inteiro está cercado por demônios, eles não estão atacando, mas isso não vai durar muito tempo. -

- Para onde nós vamos? - Stephanie questionou, com o rosto enterrado em meu peito, de modo que eu não a visse chorar.

Vi o momento em que o homem loiro saiu voando e as dezenas de demônios que estavam ali o seguiram. Fiquei alguns segundos em silêncio, enquanto esperando a presença do homem se afastar mais. Percebi que estava pretendendo a respiração só quando o homem já estava a mais de 1 quilômetro de distância.

Deixei escapar um suspiro aliviado e relaxei um pouco. A tensão que eu estava sentido estava me matando, tanto que eu usei a magia de cura apenas para sentir um alívio momentâneo.

- Não sei... Tínhamos que ir para Haiford, pedir a ajudar do Rei, ou quem sabe ir para a Academia de Harvor, chamar o Terceiro. Mas eu realmente não sei qual a melhor escolha... Talvez o Reino de Eregond não sobreviva até eu buscar ajudar. -

- Por que o Reino não sobreviveria? Você disse que eles não estão atacando? -

- A pior possibilidade não é os ataques dos demônios... É a rebelião do Reino. O povo pode ficar impaciente se começar a faltar suprimentos, e isso pode resultar em um golpe estado. Não podemos deixar isso acontecer. -

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essa história é uma continuação a partir do capítulo 168 se você quer ler desde o começo é só ir no meu perfil