Imortal

By FlviaRolim

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[Vencedor do prêmio Wattys 2015 na cateogoria "Os Mais Populares"🎖️] ESTÁ SENDO REESCRITA E REVISADA. A his... More

Prólogo
Conhecendo o Desconhecido
Visita Noturna
Saltos no Vazio
Compromissos
Nada Mal Para Um Imortal
Rompendo Relações
Knockout
Fugindo das Lendas e Caindo na Realidade - Parte Um
Fugindo das Lendas e Caindo na Realidade - Parte Dois
Lago, Floresta e Culpa: Combinação Perfeita - Parte Um
Lago, Floresta e Culpa: Combinação Perfeita - Parte Dois
Xeque-Mate
Eu Escolho a Eternidade - Parte Um
Eu Escolho a Eternidade - Parte Dois
O Baile de Máscaras - Parte Um
O Baile de Máscaras - Parte Dois
O Baile de Máscaras - Parte Três
Perdoe-me Por Dizer Adeus
Causa Mortis - Parte Um
Causa Mortis - Bônus
Causa Mortis - Parte Dois
O Outro Lado da Moeda
Emboscada - Parte Um
Emboscada - Parte Dois
Angustia Existencial
Dave Miller
Finalmente Pronta
Alguma Coisa no Caminho
Outro Amanhecer - Final
Epílogo
Amores Imortais
Prévia - Eterno
Eterno está no ar
Bônus - Christine
1 anooooooo!!!!!
Arthur e Victor (Bônus - Um ano de Wattpad)
Revelação da Capa
VERSÃO ANTIGA (RASCUNHO) X VERSÃO ATUAL (PRIMEIRA EDIÇÃO)

Fragmentos

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By FlviaRolim

Meus lábios se abriram em um largo sorriso ao vê-lo, mas Victor permanecia me olhando fixamente, sem entender o que estava acontecendo. O cenho franzido e os olhos verdes fixos nos meus, até que eles tomaram a coloração extremamente clara e tremi. Olhei para Sean e para Amira e os olhos deles também adquiriram o tom típico. Não podia ser. As raças se reconhecem, é o instinto. Temi ao pensar que algo havia dado errado, mas pela expressão dos três naquele quarto, eu sabia. Não era uma comum.

Soltei a mão de Sean e me afastei o máximo que consegui. Encostei em uma parede, mais ao fundo, e passei a observá-los.

Victor levantou-se da cama e caminhou devagar até mim. Tocou em meu rosto e fechei os olhos ao sentir a pele dele. Continuava fria. Aquilo não poderia estar acontecendo. Me puxou pela mão e me abraçou com toda a força que tinha.

— Vai ficar tudo bem. — Beijou minha cabeça e não consegui evitar uma crise de choro.

— O que houve, Victor? — perguntei sentindo a dificuldade em falar, por causa do meu novo par de presas duplas. Victor olhou para Sean e ele seguiu rapidamente até o banheiro. Quando voltou, trouxe um espelho pequeno em suas mãos. Agradeceu com um aceno de cabeça e me encarou, antes de me entregar o espelho para que visse o que eles viam.

Respirei fundo antes de me colocar em foco e gelei ao ver meu reflexo, deixando o espelho espatifar no chão. Havia um par de olhos negros em mim, mas aquilo foi o de menos. O pior era perceber que a minha íris estava bem delineada pelo mesmo tom de olhos claros que Victor possuía. Não havia me tornado uma modificada, como achava, me tornei uma mistura dos dois. Uma híbrida.

— Não se preocupe, Alice — falou Sean. — Nós vamos dar um jeito.

— Que jeito seria esse? Não há volta — respirei profundamente. — Deveriam ter me deixado morrer.

— Não — Victor segurou meu rosto com as duas mãos. — A gente vai procurar entender o que está acontecendo com você. Está bem? — Assenti e ele me beijou. O simples toque era diferente agora, senti-lo era uma coisa incrivelmente mais intensa. Tudo era aumentado vinte vezes. O tato do vampiro é muito mais forte e aprofundado, como se tocasse a essência daquela pessoa que era merecedora de seu afeto. Naquele momento, passei a sentir isso. Acho que deve ser por essa razão que a maioria dos humanos pintam os vampiros como portadores da sensualidade e da luxuria. Somos mais intensos em absolutamente tudo e não só na parte sexual, mas também nos sentimentos.

Quando sentimos raiva, não é apenas a cólera. Beiramos a irracionalidade. Quando amamos é da mesma forma. Passei a compreender Victor quando meus olhos se abriram para o novo mundo. Se já o amava antes, agora não tinha mais retorno.

Os lábios separaram-se dos meus e Victor segurou minha mão, me puxando gentilmente para fora do quarto.

— Para onde vamos? — perguntei.

— A maioria dos recém-nascidos, quando retornam da transformação, estão famintos. Por isso vou te levar para se alimentar. — Puxei a mão e isso fez com que virasse e me encarasse.

— Não vou matar ninguém — respondi prontamente. Ele aproximou-se, segurou os lados da minha cabeça, e olhou em meus olhos. Sorria.

— Não precisa matar para se alimentar. Como médica, você sabe que existe uma quantidade de perda de sangue que o corpo humano aguenta. Sem gerar danos ao indivíduo.

— O problema é que também sei que os novos não têm controle. Não quero matar ninguém.

— E não vai — Victor me beijou rapidamente e voltou a me puxar. Paramos em frente a uma porta e comecei a ficar nervosa com o que poderia ter ali atrás. Ele não me colocaria frente a frente com um humano. Eu tinha certeza disso. Automaticamente lembrei das minhas cirurgias e da quantidade enorme de sangue que via ao operar um coração. Minha garganta começou a queimar de uma forma quase desesperadora, enquanto recordava as minhas mãos ensopadas naquele mel vermelho. Além da sensação de secura na boca, tinha também uma dor no estômago forte o suficiente para me fazer encolher. Victor me olhou e percebeu o que se passava comigo. Ele sabia que estava faminta. — Venha, eu te ajudo.

Ele segurou em minha mão e entrei. Paralisei ao ver um extenso corredor e várias cabines com cortinas fechando-as.

— O que é esse lugar? — perguntei quando senti um cheiro familiar. Sangue. A garganta doeu ainda mais.

— Esse é o lugar onde recebemos as doações dos humanos, que são simpatizantes — Victor me guiava, até que vi uma das cabines com a cortina aberta. Havia um homem ali. Estava sentado em uma cadeira extremamente confortável e com os fones no ouvido. Uma mulher estava sentada no colo dele e com as pernas ao redor de seu corpo. Parecia beijar-lhe o pescoço, mas quando ela ergueu a cabeça e me encarou, percebi os lábios melados e os furos na jugular do sujeito.

Paralisei imediatamente. Respirei fundo, sentindo o cheiro, de sangue, ludibriar minha mente. Comecei a andar na direção dos dois, enquanto deixava minhas presas e meus olhos visíveis. A vampira assustou-se comigo e saiu apressadamente de cima do homem, deixando-o a minha disposição.

Ele abriu os olhos e focou em mim. Vi o desespero tomar sua face e uma onda de prazer me atingiu. O medo dele me deixava excitada. Sorri largamente e o analisei de alto a baixo. Eu tinha a ciência que era uma nova espécie e nem a vampira e muito menos o humano, sabiam alguma coisa sobre mim.

Quando fiz menção de ir para cima dele, Victor me agarrou pela cintura. De uma forma que me imobilizou completamente.

— Me solta. Eu o quero — gritei enquanto me sacudia em seus braços.

— Não pode. Ainda não tem controle suficiente. — Victor me arrastou até uma sala, com porta, e a fechou com chave. Não havia janelas ali e somente uma entrada. As paredes eram de um amarelo claro e no alto, um ar-condicionado soprava um vento frio que enchia todo aquele lugar. Me colocou sentada no sofá e se afastou. — Não se preocupe. Isso é somente agora. Quando estamos com sede, nos tornamos irracionais. O instinto nos faz esquecer os nossos princípios. Você mataria aquele homem sem pensar duas vezes.

— Obrigada por ter intervindo.

— Disponha — respondeu me entregando uma bolsa de sangue. Daquelas que encontramos em doações. Segurei o pacote em minhas mãos e o observei por alguns segundos. — Beba, vai se sentir melhor.

Respirei fundo enquanto observava as três aberturas. Uma delas era por onde o sangue entrava e as outras duas permaneciam lacradas, mas era fácil rompê-las.

Mordi a ponta de uma delas e suguei o conteúdo. O sangue encheu minha boca e imediatamente a dor na garganta passou. Apertei com força enquanto sugava mais avidamente. Posso dizer que é um dos melhores sabores que já senti na vida. Justamente porque parecia uma mistura de tudo o que adorava comer quando humana. Pensei nisso enquanto terminava a bolsa e pegava outra que ele me entregou.

— Há quanto tempo não se alimenta? — perguntei arrancando outra ponta. Ele parecia abatido e cansado.

— Há um tempo, mas não estou com sede — me respondeu sem vontade. — Digamos que estou mais humano, esses dias — um sorriso simples formou-se em seus lábios, quando percebeu que o encarei com expressão confusa. — Vampiros não podem beber o sangue de outro. Isso faz com que fiquemos mais fracos e sem poderes algum. Quase humanos.

— Victor... — Não acreditei naquilo.

— Não podia, simplesmente, deixar que Arthur a transformasse em uma modificada. Por isso bebi o sangue dele, porque o seu corria nas veias de meu irmão. Isso acabou me afetando também — mostrou o punho com um curativo, onde deveria estar a ferida que ele fez para que sugasse o seu sangue. Levantei apressadamente e segurei no braço de Victor segundos depois. Puxei-o para mim e analisei o corte que estava logo embaixo da atadura.

— Por quanto tempo ficará assim? — quis saber. Estava preocupada com ele. Por minha causa agora era tão frágil quanto fui.

— Depende do vampiro. Quanto mais velho, mais demora.

— Mas que mer... — parei antes de continuar e Victor começou a rir. Gargalhar na verdade.

— Ser o primeiro as vezes é uma droga. Confesso — o olhei com o cenho franzido antes que se aproximasse e me beijasse. — Mas vai ficar tudo bem.

— Tenho que vigiar você. É estranho estar com os papéis invertidos — respondi quando senti os lábios dele nos meus, outra vez. Victor segurou forte em minha cintura e ergueu no ar, me colocando contra uma parede. Ele não era mais tão delicado, como antes. Isso porque deixei de ser uma boneca de porcelana, prestes a se quebrar. Agora era ele que tinha que tomar cuidado com a minha força.

Me deitou no sofá enquanto ainda me fazia caricias. As sensações eram tremendamente mais intensas. Entendi por fim porque era tão difícil para Victor, estar perto de mim sem mostrar sua verdadeira face. Era quase impossível.

Ele colocou a mão por baixo da minha blusa e apertou um de meus seios, enquanto tomava meus lábios de uma forma quase dependente. Como se fosse deixar de existir caso não o fizesse. Começamos algo ainda mais intenso e foi naquele momento que tudo aconteceu.

— Se afaste dele — mandou a voz. Era grave e rude. Era Arthur. A princípio achei que foi coisa da minha cabeça, mas então tornou a gritar, quando o vampiro subiu o meu vestido, lentamente. — Já ordenei que se afaste, Alice — empurrei Victor para longe e me levantei do sofá. Peguei a chave que ele colocou em cima da mesinha de centro e abri a porta rapidamente. Corri para fora daquele lugar, passando pelos corredores com as cabines. Parecia que não estavam mais ali, não me importei. Arthur gritava.

Victor veio atrás de mim, na esperança de me conter, e entrou em minha mente também. As vozes dos dois se misturando em minha cabeça. Falando ao mesmo tempo e apressadamente. Arthur me mandava correr dali, Victor me mandava parar. Não sabia a quem obedecer. As vozes foram ficando cada vez mais altas até que não podia mais suportar. Cai ajoelhada no chão, segurando a cabeça com as duas mãos e comprimindo, na esperança que eles se calassem.

Senti uma tontura forte. Quando dei por mim, já estava deitada no chão e Victor aproximava-se correndo. Segurando minha cabeça com as duas mãos e apoiando-me. Desmaiei logo em seguida.

Acordei no quarto, que agora era nosso. A cabeça pesava uma tonelada, mas Arthur havia ido. Só não sabia por quanto tempo. Sentei lentamente antes que pudesse perceber que Victor me olhava de longe, com os braços cruzados e feição extremamente séria.

— Será que consegue me explicar o que houve? — perguntou aproximando-se devagar.

— O ouvi — respondi sem arrodeio. — Arthur.

— O que? — Victor espantou-se com aquilo. Os olhos verdes desviaram-se rapidamente e pude ouvir sua mente buscando entender o que tinha acabado de dizer. Parecia obvio que aquilo aconteceria, mas ele se culpava por não ter pensado nisso. Levantei da cama e me aproximei dele, o abraçando com força. — Eu deveria ter visto que aconteceria.

— A culpa não é sua — respondi com meu rosto repousando em seu peito.

— Mas agora ele sabe que você está viva e sabe que pode entrar em sua mente a qualquer momento — Victor segurou meu rosto, com as duas mãos.

— Tem que haver um jeito de deter isso. — Respirei pesadamente. — Podemos falar com outros híbridos. Talvez eles saibam o que acontece.

— Não existem outros — falou pausadamente. — Você é a primeira.

— Não posso ser a primeira — me afastei. — Será que ninguém nunca tentou?

— Tentaram, mas não obtiveram êxito e, sinceramente, achei que também não teríamos — Victor encostou sua testa na minha enquanto falava. — Você ficou treze horas desacordada. A transformação não dura mais de vinte minutos. Pensei que te perderia outra vez.

— Mas não perdeu — respondi alisando os cabelos curtos de sua nuca. — Vamos achar uma forma de controlar isso, está bem? Tudo vai dar certo — admirei a face de Victor por alguns poucos instantes, antes que ele pudesse me beijar e me conduzir até a cama.

Nas horas seguintes, não houve sinal de Arthur. Era apenas Victor e eu.

Levantei quando o sol havia ido embora e a mansão começou a acordar. Durante o dia, os vampiros se tornam mais fracos e eu pude sentir isso, mas Victor me disse que aquilo era algo próprio dos hematófagos comuns. Modificado mantém a força durante todo o tempo.

Passei a me perguntar então o que havia herdado deles. Tinha que descobrir o quanto de cada raça estava em mim. Se era mais comum ou mais modificada. Talvez isso implicasse também no fato de quem tinha mais controle sobre mim. Victor ou Arthur?

Sentei-me, tentando pensar, e percebi que Victor não estava mais na cama. Retirei os lençóis de cima de mim, enquanto me levantava. Estava nua e precisava de um banho, urgentemente. Iria procurar por ele depois.

Seguia para o banheiro quando alguém bateu na porta. Corri até lá, peguei um roupão e me enrolei nele, antes de mandar a pessoa entrar.

— Mãe? — Andrei cruzou a porta. Seus olhos me buscaram pelo quarto e quando me viu, correu até mim. Envolvendo-me em seus braços. — Graças aos céus a senhora está bem — me apertou com força.

— Não se preocupe, eu estou ótima — respondi me afastando dele e segurando em seu rosto. Os olhos estavam negros e demorei um pouco para perceber que eu também estava em minha forma vampírica. Ele não se afastou, apenas me encarou com o cenho franzido.

— Está linda — respondeu sorrindo, deixando que seus olhos voltassem a ter a cor azul claro. — Vi quando Victor lhe trouxe, mas não me deixou entrar no quarto. Ele sabe ser desagradável quando quer.

— Não o culpe. Eu estava morrendo — respondi quando ele se afastou.

— E se tivesse morrido? Seria justo me privar de dar adeus a minha mãe, outra vez? — Andrei abaixou a cabeça, olhando para os próprios pés.

— Eu estou aqui, não estou? — me aproximei e toquei em seu braço. — Você sente isso?

— Sim — me respondeu seriamente.

— Não se preocupe — Andrei confirmou com a cabeça. — Eu não vou a lugar nenhum — me abraçou com bastante força, antes que pudesse se separar outra vez.

— O que aconteceu com você? Porque seus olhos são...

— Eu sou uma hibrida — respondi enquanto sentava na cama.

— Hibrida? Não é possível — respondeu ele. — Os venenos se anulam. Não haveria transformação — assumi minha forma vampírica para ele.

— Isso parece o que, para você? — Ele respirou fundo.

— Eu vi. Só não entendo como pode ter dado certo? — dei de ombros sem ter resposta. Andrei pareceu pensar no assunto, até que me encarou de repente. — Então isso faz do Arthur...

—... Um dos meus Makers? Temo que sim.

— Merda — levantou-se em um salto. — Isso é ruim, mãe.

— Eu que o diga.

— Como assim? — eu vi aflição na voz dele.

— Arthur entrou em minha mente, mais cedo — respondi respirando profundamente, mesmo sem precisar. Victor tinha razão, aquilo nos tornava mais humanos.

— Eu tenho que voltar — ele seguiu até a porta.

— Você está louco? Ele vai te matar — segurei no braço de Andrei e ele virou-se para mim outra vez. Passou a mão em meu rosto e beijou minha testa.

— Arthur pode ser louco, mãe, mas eu sou importante. Ele não me mataria. Eu posso inventar uma história qualquer. Fingir que eu fui sequestrado ou coisa do gênero. Eu me viro.

— Não pode ter certeza disso. Ele vai matar você sim. Por favor, não vai.

— Ele não mataria o próprio filho, mãe. Ele precisa de mim — paralisei ao ouvir aquilo. Arthur era o pai de Andrei.

O jovem me segurou no momento em que ameacei cair no chão. Minhas pernas, simplesmente, pararam de funcionar. Senti uma tontura forte e por pouco não desmaiei outra vez.

Me segurou nos braços e me colocou sentada na cama.

— Ele é o seu pai?

— Sim — Andrei estava abaixado na minha frente. Segurava minhas mãos com força.

— Como?

— Eu não sei ao certo — ele respirou fundo. — Parece que o Frederico era apenas um humano que foi posto para ser uma fachada. A minha mãe, você, era esposa do Arthur — o desespero começou a tomar conta de mim e passei a amaldiçoar Christine por ter me escondido aquilo. Poderia ter me contado.

— Tive um sonho. Ela me mostrou que o marido era Frederico. Me lembro disso. — Respirava apressadamente.

— Não sei ao certo, mãe — Andrei levantou-se e sentou-se ao meu lado. — Só me lembro dos gritos, de vê-la sendo arrastada por Frederico — abaixou a cabeça e começou a apertar as pontas dos dedos, como se não quisesse contar aquela história. — Gritava por Coraline, que vinha nos braços da escrava. Quando me viu, o desespero aumentou. Gritou para que cuidassem de mim. Sabia que ia morrer — ele calou-se e enxugou uma lágrima que escorreu. — Queria ter corrido até ela. Tê-la tirado dos braços de Frederico, mas era tão pequeno. No outro dia, Arthur veio me buscar. Já o tinha visto na casa várias vezes. Cresci no clã e só soube que ela havia morrido quando já era jovem e os meus poderes já tinham aflorado — os olhos azuis me miraram repletos de lágrimas. — Me perdoe, mãe. Queria ter feito mais, queria ter impedido aquilo.

— Você não podia fazer nada.

— Exatamente. Me senti impotente em ver aquele monstro levar você. Tinha feito a promessa de protege-la e falhei. Me perdoe — ele abaixou a cabeça em meu colo e deitou ali, como um menino medroso.

— Não há o que te perdoar. Entende isso? — tentei fazer com que Andrei parasse de se culpar, de carregar aquele fardo em suas costas. Alisei seus cabelos escuros com as mãos e abaixei a cabeça em seu ombro. — Não quero que vá. Estou implorando para que fique. Arthur não pensaria duas vezes antes de te matar. Sei disso porque ele não pensou antes de tentar me matar ou quando matou Christine.

— Ele fez o que? — Andrei ergueu-se rapidamente, me encarando com os olhos arregalados. — Ele matou a minha mãe? Foi ele?

— Você não sabia?

— Desgraçado — levantou-se rapidamente e eu corri, me colocando em sua frente.

— Pare — me encarou. — Prometa que não vai fazer nada.

— Sai da minha frente, mãe. Eu vou matá-lo.

— Eu imploro que não faça isso. Por Deus, Andrei. Já perdi um filho antes, não suportaria perder outro — eu estava completamente desesperada. Eu amava Andrei. Amava tanto quanto amava a Laura. Era uma coisa difícil de entender.

— É a primeira vez que você me chama de filho — enxugou o meu rosto.

— Eu sou a reencarnação de Christine e sendo assim, você é o meu filho — o olhei por um segundo enquanto o sorriso tornava-se ainda maior. Me puxou para perto e me abraçou com força.

— Está bem, mãe. Não o farei. Não agora — beijou a minha cabeça e em apertou com força. Respirei aliviada ao ouvir aquilo.

Andrei era o meu filho e eu o protegeria a qualquer custo.

Havia acabado de tomar um banho quando Victor entrou no quarto. Segundo ele, estava em uma reunião com o conselho e o assunto principal era eu. O fato de ter me transformado em uma hibrida já era conhecido por todos os vampiros da mansão. E fora dela também.

Eles temiam por minha causa e o conselho queria ter a certeza de que eu era confiável. Até porque, Arthur podia passar tranquilamente em minha mente sem que ninguém ficasse sabendo.

— E a que acordo chegaram? — perguntei enquanto terminava de secar os cabelos com uma toalha.

— Você vai ter que passar por um teste. Algo que o conselho ainda está decidindo. Se passar, pode permanecer.

— E se eu não passar? — O encarei seriamente. Não acreditei que me colocaria para fora da mansão depois de tudo.

— Se não passar, a gente vai embora — falou colocando um sorriso no rosto e se aproximando de mim. — Mas eu sei que você vai conseguir. É a mulher mais forte que eu já conheci — aproximou-se lentamente e grudou seus lábios aos meus, momentos antes de ouvirmos um pigarrear na porta. Sean se mantinha de vistas baixas, não nos encarava.

— A sua mãe está ligando, minha senhora — me estendeu o celular. — Amira atendeu nas outras vezes, mas agora acredito que já possa atender.

— Obrigada, Sean — agradeci enquanto tomava o aparelho de sua mão.

— Alice? — falou a voz de minha mãe do outro lado e eu prendi um choro. — Querida o que aconteceu? Estivemos em seu apartamento e você não estava lá.

— Eu precisei dar uma saída, mãe — respondi contendo as lágrimas. — Mas está tudo bem. Não se preocupe.

— Está mesmo, meu amor? — perguntou e eu apertei os lábios com força. — Alice?

— Está sim, mãe — respondi. Ela percebeu a voz.

— Onde você está?

— Na casa do Victor — não menti.

— Você está aí contra a sua vontade? — ela questionou e eu sorri. A xerife em ação.

— Não mãe. Eu estou por que quero estar — respirei profundamente. — Não se preocupe comigo.

— Está bem! Acredito em você — sorriu. — Você vem para o almoço no domingo, não vem? — paralisei ao ouvir aquilo. A cena que passou em minha mente foi o suficiente para me tirar do chão. Aquele sonho onde todos estavam mortos mostrou-se para mim e eu me desesperei. Não podia aparecer de novo em casa, não no início.

— Provavelmente não conseguirei ir dessa vez, mas eu aviso antes — menti da melhor forma possível, antes que eu demonstrasse a voz tremida de medo.

— Okay, mas venha nos ver quando puder. Sinto sua falta.

— Também sinto a sua. Muita.

— Dorme bem, meu amor.

— Você também, mãe. Beija as meninas, o papai e o Alex por mim. Diga que os amo muito.

— Digo sim.

— A amo também. Com todas as minhas forças.

— Não mais do que eu te amo, querida — respondeu e desligou o telefone. Deixei o aparelho cair no chão antes que começasse a chorar. Senti os braços de Victor me envolver fortemente.

— Eu não posso vê-los — encarei o vampiro a minha frente. — Não quero mata-los, Victor. Você viu o que eu ia fazer com aquele homem, lá embaixo. Não posso ficar cara a cara com eles. Não posso.

— Estive pensando nisso também. É difícil para o recém-nascido controlar sua sede e por isso, temos que tomar uma decisão.

— Qual? — perguntei ainda em prantos.

— Temos que fazê-los acreditar que você está morta. Assim vão parar de te procurar e não virão até você, quando passar anos sem aparecer — arregalei os olhos para Victor.

— Não — balancei a cabeça com força. — Não posso fazer isso com eles.

— É o certo a se fazer, minha senhora — Sean falou atrás de mim e eu me virei para olhá-lo. — Eu sei o que um recém-nascido pode fazer. Fui um deles. Não queira cometer o mesmo erro que cometi, achando que podia voltar para casa. Não podemos — ele respirou fundo. — Essa é a sua casa agora. Tem que esquecer quem você ama, para protegê-los.

— Sean...

— Você realmente os ama? — me perguntou de uma forma acusadora.

— Sim. Com todo meu ser.

— Então deixe-os pensar que está morta. A dor vai ser grande no início, mas depois tudo ficará bem. Eu juro — olhei de volta para Victor e ele tentou sorrir, mas o esgar não me convenceu.

— Está bem — respondi quase em um sussurro. — Como faremos isso?

— Não se preocupe. Já pensamos em tudo — ele aproximou-se de mim e beijou minha testa.

Eu posso confirmar, com toda a força e sinceridade do mundo, que essa foi uma das decisões mais difíceis que eu tive que tomar em toda a minha existência.

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