— Kaya, Ágatha pediu para te chamar. — Ali disse.
Caminhei até a sala da minha chefe imaginando que seria requerida para mais um trabalho, contudo, adentrar ao espaço, encontrei-o sentado de frente para a mesa dela, sendo gentil e gracioso, como de costume.
— Kaya, esse é Jonah Santori, um dos biólogos do Instituto Bay.
— Já nos conhecemos.
— Imaginei, visto que veio à sua procura. Como já terminou as matérias pendentes, está liberada pelo restante do dia.
— Oh, não. Eu ainda tenho muito a fazer.
— Eu te vejo amanhã. — Rebateu. — Foi um prazer conhecê-lo, sr. Santori.
Ágatha piscou para mim quando Jonah não pôde ver. Nós dois saímos da sala e ele veio atrás de mim pelo corredor.
— O que eu fiz de errado? — Indagou, claramente confuso.
Fazia mais de uma semana que o evitava. Evitava encontrá-lo na saída da escola e evitava passar por perto do hospital, do instituto e do aquário, temendo esbarrar nele. Não queria que gostasse de mim de novo como parecia que estava. Precisávamos de tempo para esclarecer todas as omissões que ainda não podiam ser vistas à luz do dia. Enquanto isso não fosse possível, manter a distância de Jonah era a melhor escolha que eu tinha. Eu não tinha esperança que seus pais o contassem a verdade, então precisava preservar Jonah e não o afastar dos progenitores naquele momento tão delicado. Não era cabível.
— Nada. — Eu disse.
— Então por que está fugindo de mim?
Peguei minha bolsa em minha mesa e caminhei até o elevador. Jonah entrou e parou ao meu lado. O silêncio da sua presença me pressionava por uma resposta.
— Impressão sua. — Dei os ombros.
— Esses dias você pegou a Lou no colo e saiu correndo para o carro quando me viu. — Bufou. — Eu não sou idiota.
— Eu sei que não é.
— É por isso que estou aqui.
— Jonah, leu a carta que te escrevi antes de ir embora? — Virei-me para ele.
— Sim.
— E lembra que eu disse que haviam coisas que você não entendia e um dia entenderia?
Ele assentiu.
— Ainda não é hora de entender. Eu ainda estou apaixonada por você e percebi isso desde o dia que pisou na colina e me olhou com esses seus olhos irritantes, mas eu sou casada. — Murmurei. — Não sei se sente o mesmo, porém não podemos. Nós... Jonah... — Soltei um suspiro pesado e encarei os botões da minha camisa, desconcertada.
— Amo você, Kaya. Não me lembro de um momento em que não amei. Não me lembro de como é viver sem amar você e acredito que seja entediante. — Disse em pleno ato de desespero, como se aquelas palavras necessitassem sair ou ele explodiria.
Engasguei com a minha própria respiração.
— Eu amei você nos últimos doze anos e não houve uma mulher que eu beijasse ou me deitasse que eu não lembrasse de você. Eu pensei que tivesse te esquecido nos últimos anos, mas então voltei para cá e te vi. É como se tudo tivesse voltado e atropelado o medo de você me magoar. Eu ainda não acredito que tenha me traído e não sei o que fez, mas se o que eu preciso fazer para te ter de novo é te perdoar, eu te perdoo. Eu te perdoo porque amo você. Quem era e quem é.
Eu nunca disse a Jonah que o amava para que ele ouvisse, pois se tivesse dito, ele teria ficado. O amei naquela época de todos aqueles anos atrás e o amava naquele instante. Nunca o deixei de amar, mas ainda não podia dizer isso.
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Onde o oceano não nos alcança.
RomanceKaya Morgan é uma jornalista e escritora que vive com a filha e o marido na cidade pacata de Baydale. Em certo momento de descoberta, decide escrever sobre a história de amor que marcou a sua vida, retomando os pontos mais memoráveis do romance que...