Capítulo 77

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I try to call but I don’t know what to tell you I leave a kiss on your answering machine Oh help me please is there someone who can make me Wake up from this dream?— Roxette, “Spending My Time”

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I try to call but I don’t know what to tell you I leave a kiss on your answering machine Oh help me please is there someone who can make me Wake up from this dream?
— Roxette, “Spending My Time”

— Nunca pensei que eu fosse dizer isso, mas já faz um ano que o cara saiu da reabilitação e não voltou a usar drogas, Shiv. Ele está trabalhando, se recuperando bem. Quanto tempo mais vai demorar para você voltar e conversar com ele? — Noah entra em meu quarto e diz de supetão enquanto vejo TV. — Não quer mesmo voltar?

— Não, não quero — respondo sem olhar para ele.

— Shiv, você não pode continuar assim. Fora estudar, o que você faz?

— Saio com você.

— Para. Não tem lógica você amar alguém que está lá e ficar aqui.

— Noah, se olha no espelho, por favor. — Sei que estou sendo dura, mas ele faz exatamente o mesmo.

— Se a Sina estivesse solteira, eu não estaria aqui. Se ela ficar solteira, juro pra você, não espero nem um minuto e chego nela — Noah fala decidido e me calo, sabendo que ele tem razão. Sei que ele iria mesmo.— Do que você tem medo? De perdoar o Bailey?

— Eu já perdoei, quando ainda estava no Brasil. — Encaro o teto, como se uma luz para os meus problemas fosse aparecer. — O meu medo é esse. Sou incapaz de guardar raiva dele. Tudo o que a minha cabeça aponta como negativo, o meu coração justifica. Não quero lutar o resto da vida comigo mesma.

— E por que precisaria?

— Não é hora de voltar.

— E quando vai ser?

— Não sei. — Eu me sento, sem querer olhar para Noah.

— Só acho que você está perdendo tempo com medo. Foi horrível o que vocês passaram. — Ele se senta ao meu lado. — Shiv, foi horrível o que aconteceu.
Muito. O pior foi o bebê, eu sei disso.
Porque os outros sobreviveram, mesmo correndo riscos. — Ele me abraça antes que eu desmorone. Ainda não consigo falar do aborto sem chorar. — Mas já se passaram dois anos. O Bailey está vivendo, é você quem está fugindo. Não fica brava, mas pensa em tudo o que poderia ter acontecido se a gravidez tivesse ido adiante. Será que o Bailey teria se internado? Será que ele teria fugido? Será que o bebê nasceria bem com todo o estresse que você passou? São tantas variáveis, Shiv. Sei que não tem comparação, mas, com tudo o que eu já passei, aprendi a olhar para frente e a pensar nas possibilidades futuras.

— Você nem gostava do Bailey, Noah. Por que quer que eu volte?

— Eu não gostava das drogas e isso acabou. A Sabina elogiou o esforço do cara, Shiv. A Sabina! — ele ergue os braços. — E o meu pai e o seu avô! Ninguém quer te ver naquela situação de novo, mas ninguém quer que você sofra para sempre também. Eu estou pronto para voltar pro Brasil.

— De vez?

— De vez. Volta comigo?

Ele pede com tanto carinho e argumenta tão bem que não posso mais teimar.

— Tá bom, eu volto.

⏭  ▶ ⏮

“Eu tento ligar, mas não sei o que lhe dizer/ Deixo um beijo na sua secretária eletrônica/ Oh, me ajude, por favor, existe alguém que possa/ Me fazer acordar deste sonho?

As Batidas Perdidas do CoraçãoWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu