Shivani acaba de perder o pai. Com a mãe em depressão, ela se vê obrigada a assumir o controle da casa com o irmão mais novo. Bailey teve o pai assassinado há alguns anos e agora viu quatro pessoas de sua família, incluindo a única irmã, morrerem em...
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A guy like you shouldwear a warning It’ s dangerous, I’m falling. — Britney Spears, “Toxic”
Todo o medo que senti está explodindo em forma de adrenalina. Que raiva!
Cadê meu irmão? Como ele pôde se enfiar num lugar desses? Bato o portão com força assim que saio. Pouco depois ele se abre de novo, e, de canto de olho, vejo Bailey saindo. Ele está vestindo uma calça jeans justa, e me xingo porque, mesmo em um dos momentos mais tensos da minha vida, não pude deixar de reparar em seu corpo. A camiseta branca debaixo da jaqueta de couro preta lhe dá um ar de Clark Kent sob efeito de kryptonita vermelha, e eu amo essa versão rebelde do Super-Homem.
O que está acontecendo comigo? Ele nem faz o meu tipo. Bailey é um bad boy de quinta categoria, e eu gosto dos certinhos, como César.
Quem eu quero enganar? Acabei de admitir que tenho uma queda pelo Clark rebelde.
Telefono sem parar para o meu irmão. Nada. Ligo para o segurança de casa. Nada. Lamar não voltou. Ligo para o César, para que venha me buscar. Nada. Não posso ligar para o vovô. Ele me mataria.
Não sei o que fazer. Vim procurar meu irmão, e só Deus sabe onde ele se meteu.
Bailey ainda está rindo quando passa por mim e sobe na moto. Sem saída, ligo para o taxista.
— O que você está fazendo? — Bailey pega meu celular e o desliga quando me ouve dando o endereço. Nem percebi que ele tinha descido da moto.
— Pedindo carona.
— Eu sou sua carona. Ou prefere ficar esperando um táxi? Os caras podem ter se acalmado porque o Gigante mandou, mas nada impede de eles saírem e te verem aqui. — Ele devolve o aparelho. — A escolha é sua, mas eu vou embora. — E sobe na moto outra vez.
Sou teimosa, então retomo a ligação, mas acabo desistindo quando descubro que o motorista vai demorar pelo menos meia hora para chegar.
Estou olhando para baixo, batendo a ponta do tênis no chão, apertando as mãos, como uma garotinha sem saída, irritada comigo mesma por ter me metido nesta situação. Levanto os olhos e ele está parado na moto, com um sorriso vitorioso e o capacete estendido para que eu o pegue.
Nossos olhares se enfrentam. Ele é tudo o que eu não quero agora e vice-versa. Mesmo assim, há exatos quarenta dias, por mais que nossos caminhos sejam diferentes, temos nos esbarrado nos cruzamentos.
Vou até ele e pego o capacete.
— Não posso andar de moto. Estou de saia — aponto para minhas pernas, constatando o óbvio. — É melhor esperar o táxi.
— Sei que está de saia. Percebi na hora em que olhei para você e não encontrei o visual da Avril. Por que mudou? Eu gostava.
— Por isso mesmo.
Se ele sorrir mais, seu rosto vai rasgar. Ele está zombando de mim. Que imbecil!
Ah, droga! Por que tenho a mania de dizer a última palavra sem pensar? Agora ele pensa que tem muita importância para mim. Nem foi por isso que mudei o visual, foi para não me lembrar desse idiota. Droga. Pelo menos isso eu só pensei, não disse.
— Me diz, menina, por que você só usa saia? É algum plano pra me seduzir? Porque, se for, tá dando certo — ele diz e, diferente de mim, não está nem aí em assumir.
— Eu... — Pensa numa boa resposta, pensa numa boa resposta. — Eu gosto das minhas pernas. — Dã! Não creio que eu disse isso. Ele não para de me olhar, dá uma longa e demorada secada em mim. — É, eu também.
Maldito! Ele ainda me provoca. Olho para o capacete enquanto penso no que fazer. Bailey tira a jaqueta de couro e me entrega.
— Ponha isso.
— Por quê?
— Porque o vestido é tão curto que a jaqueta vai cobrir mais.
Hesito, então ele desce de novo da moto. Acho que ele faz esse movimento de subir e descer de propósito, porque a calça marca suas coxas e sua bunda ainda mais.
— E você vai congelar quando ganharmos velocidade. Eu corro... — A última palavra é apenas um sussurro provocante.
Bailey pega o capacete, coloca-o sobre a moto, olha em meus olhos, bem dentro dos meus olhos, segura minha mão e me estende a jaqueta. Fico parada, olhando para ele, respirando rápido — ou talvez nem esteja respirando.
— Se quiser, posso te vestir. Não é o que eu normalmente faço com garotas. Tirar é mais a minha praia.
Pego a jaqueta de supetão. Ele sorri. Ganhou outra vez. Parece que, mesmo quando pretendo irritá-lo, acabo fazendo o que ele queria.
— Você vai ficar sem jaqueta e sem capacete? — indago, preocupada, afinal ele está aqui por minha causa. Pelo menos é o que eu acho, apesar de não ter perguntado.
— Vou.
— Ficar sem capacete é perigoso, e você vai congelar sem blusa. Não foi o que você disse?
— Vou correr o risco quanto ao capacete, e você vai compensar a falta da jaqueta.
Ele monta na moto outra vez e dá dois tapinhas no assento, para que eu suba.
— Do que você está falando? — pergunto ao subir e deslizar as mãos em sua cintura, ajeitando meu corpo ao dele.
— Assim. Desse jeito. Só não tire as mãos daí — ele diz enquanto dá partida na moto.
Sinto uma rouquidão mais intensa no tom da última frase, e, por mais que eu queira me afastar, tudo o que faço é apertar mais forte.
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“Um cara como você deveria ter um aviso/ É perigoso, estou me apaixonando.”