Capítulo 69

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Hollow, like you don’t remember me Underneath everything I guess I always dreamed That I would be the one to take you away From all this wasted pain But I can’t save you from yourself

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Hollow, like you don’t remember me Underneath everything I guess I always dreamed That I would be the one to take you away From all this wasted pain But I can’t save you from yourself.
— Evanescence, “Disappear

Depois de vovô ameaçar conseguir a cabeça do hospital inteiro, eles finalmente me deixam ver meu irmão na UTI. Só posso ficar por alguns minutos, mas preciso me assegurar de que ele vai ficar bem, como me disseram.

Lamar está pálido, tão pálido que o contraste do rosto com os cabelos negros é chocante. Aperto o roupão que minha mãe trouxe, já que vou ter que passar a noite aqui, e sinto um calafrio. Odeio hospitais, e o barulho das máquinas que controlam sua vida é ensurdecedor. Tem uma daquelas mangueirinhas de oxigênio em seu nariz.

— Acho que a gente devia comprar um hospital — ele diz baixinho, com a voz rouca, abrindo os olhos e puxando a mangueirinha.

— Fica com isso! — recoloco o tubo enquanto ele revira os olhos.

— É sério. Fala pro vô comprar um. Aí pelo menos fica todo mundo no mesmo quarto.

— Bobo. — Beijo seu rosto e deslizo os dedos pelos seus cabelos. — Como você está?

— Tranquilo. Anotaram a placa do caminhão?

— Para de brincar, Lamar! É sério.

Estou apavorada, porque meu avô está dócil demais comigo. Era para ele estar furioso, por tudo a que expus a família. Ele me disse que Bailey tinha sido preso por engano e que tio Túlio ia trazê-lo para cá. Não faz sentido. Como ele não quer matar Bailey? Vovô só fica assim quando tem uma notícia terrível que vai me machucar ainda mais. Por um momento, quando ele me abraçou, achei que Lamar tivesse morrido e tive uma crise tão forte que precisaram me sedar. Sou a primeira pessoa, além de minha mãe, a ficar um pouquinho com meu irmão depois que ele voltou da anestesia.

— Ah, eu tô bem, Shiv. Ainda não tá doendo nada. Os remédios me deixam com sono, mas tô bem. Vai doer pra cacete depois. Como o Pepe tá? — Seu tom muda e a brincadeira acaba.

— Ainda se recuperando. — Não me estendo, porque o risco de Pepe não sair dessa é gigantesco.

A enfermeira faz sinal para mim pelo vidro.

— Merda! — exclamo baixinho.

— É, eu morri. Ou fui para uma realidade paralela onde a minha irmã fala como um maloqueiro.

— Você fala assim.

— Eu sou maloqueiro, só que cheio da grana.

Outra vez o sinal da enfermeira.

As Batidas Perdidas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora