Cherryl

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"— As flores não seriam sua parte favorita em um cortejo meu. Isto eu posso te garantir."

Capítulo três
— 17 de julho, quarta-feira —
MilliePOV's —

   Estou em casa. Na minha cama. Ouvindo o insuportável BIP do despertador.
   Ecoa.
   Estou rolando na cama como cachorro rola na grama. Não dormi muito bem a noite e meu corpo está tão pesado quanto uma pedra capaz de afundar um navio.

   Me sento na cama e finco os dedos na raiz do cabelo. Fico nesta posição por uns cinco minutos tentando assimilar que estou acordada.
   Cochilo três vezes antes de, de fato, tomar uma iniciativa decisiva e me jogar embaixo do chuveiro.

   Comprei um shampoo novo. Tem uma textura gosmenta e cheiro de baunilha. Talvez eu goste do cheiro de baunilha. Mais do que qualquer outro aroma existente.
   Pode ser que ele me lembre da infância.
   Assim como cheiro de terra molhada. Que me lembra das noites de natal em que meus pais ainda tinham um pingo de amor por mim e mentiam dizendo que o papai noel havia se atrasado e que pedira para me entregarem os presentes.
   Lembro como se fosse ontem; os papéis de presente com lunetas. Estrelas cadentes. Arco-íris e bolotas vermelhas.

   Fecho a porta do banheiro e passo direto para fitar minha imagem no espelho. Tiro o excesso da umidade do cabelo com uma toalha menor e levanto o queixo e vejo o arco que o maxilar forma.
   Me visto de um tênis branco. Com a sola preta. Uma saia jeans que é composta inteiramente por botões na frente. Um casaco curto com a manga longa. Claro, o óculos que não posso deixar faltar.

   Desço a escada e encontro Kelly sentada no sofá. Descanso a mão no rosto demonstrando cansaço e olho para a cozinha. Onde devia estar com o café da manhã pronto.
   Não há nada.
  — Bom dia. — dou um beijo em sua testa.

  — Bom dia, Mills. — fala.

  — O que quer comer? — pergunto indo em direção a cozinha.
   Arremesso a bolsa no sofá e abro o armário em busca de uma panela.

  — Não sei. O que você for comer pode fazer para mim. — ela assente. Percebo um incômodo de sua parte.

  — Mãe? — ela levanta seu olhar.

  — Hm? — ela resmunga.

  — O que você tem? — pergunto.

  — Já pensou em se casar? — perguntou. Ergo as sobrancelhas e me surpreendo com a pergunta.

  — Que? — indago — Do que está falando?

  — É. Se casar. — confirma.

  — Sim. Mas não agora. — digo — Por que a pergunta?

  — Porque, esse tal de Finn Wolfhard, é um ótimo partido, não acha?

  — É. Ele realmente é muito bonito. — respondo. Mas me arrependo amargamente disto.

  — Você tem algum interesse nele? — um breve sorriso preenche meus lábios — Romanticamente falando, claro.

  — Eu nem se quer conheço ele. Está ficando louca.

  — Podia conhecer. — a fito — Pense bem; estamos devendo ele. Fora algumas outras dívidas. Seria beneficiador para a gente.

  — Não estou acreditando nisso. Não vou me casar por dinheiro, mãe! — a repreendo incrédula.

  — Não disse para se casar. Disse que podiam se conhecer. Casualmente.

  — Casualmente. Por Deus. Não sou idiota. Quer que tenhamos uma relação a base do dinheiro.

𝐓𝐡𝐞 𝐅𝐢𝐫𝐬𝐭 𝐊𝐢𝐬𝐬 | 𝐅𝐢𝐥𝐥𝐢𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora