- O Duvidoso Destino do Reino -

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A presença do rei na estalagem poderia ser considerada o acontecimento mais inesperado ou surpreendente daquele dia. Não bastasse o combate que tiveram de travar horas mais cedo, agora teriam que supostamente dar explicações ao rei em pessoa.

— Majestade — Mercel adiantou-se passando adiante de seus colegas. — Nós estamos dispostos a aceitar todo julgamento que nos for imposto, mas sabemos que temos nosso direito de defesa. A culpa da carnificina que aterrorizou os moradores horas mais cedo, não é culpa nossa.

Grival semicerrou os olhos por incompreensão. Até mesmo Fenuella levou certo tempo para perceber a interpretação errônea dos cavaleiros naquele momento.

— Mercel, meu pai não veio para julgá-los, muito menos condená-los — esclareceu a princesa. — Pelo contrário, veio para dialogar com vocês.

— Menos mal, cheguei a pensar que iríamos perder as cabeças hoje. — Roren suspirou com um tom de riso.

— Ah, não. Não estou com o mínimo ânimo para execuções nessa noite — disse o rei sentindo-se um pouco mais livre dos procedimentos formais da realeza.

Nesse momento, Laurelia veio aos demais pois já tinha encerrado suas orações no canto do restaurante. No entanto, teve um mal pressentimento quando se deu conta de quem estava ali.

— Aquele é o rei? — Ela sussurrou para Adilan assumindo uma feição apreensiva e amedrontada. — Ele veio para nos levar como prisioneiros, não foi? Não foi?!

— Calma, mãe. Nós não vamos ser levados prisioneiros. Eu acho.

— Pela última vez, não vão. — Fenuella afirmou olhando diretamente para o rapaz. Tentava transmitir por seus olhos o que não podia dizer ali perto daquelas pessoas.

— Mmm, que lugar agradável. — O rei observava tudo ao redor, desde as cadeiras até às tábuas do teto. — Quando Fenuella me convidou a vir numa estalagem, eu esperava encontrar um estabelecimento repleto de bêbados e baderneiros.

— Bom, a maioria das estalagens são assim, Vossa Majestade — Laurelia apressou-se em agradar ao rei. — Mas esta em especial possui uma clientela mais... contida.

— É a proprietária deste lugar? Me agrada muito o ambiente, senhora. Fez um excelente trabalho.

— Oh... obrigada, Majestade. — Ela esforçava-se para conter o sorriso. — É uma honra enorme tê-lo aqui. Não gostariam de se sentar? Temos cadeiras suficientes para todos os guardas que o acompanham.

— Acho que é função dos guardas ficarem lá fora, mãe. — Adilan a lembrou, percebia a falta de foco que a mulher demonstrava por seu esforço em atender as exigências da realeza.

O rei e sua filha dirigiram-se para uma mesa, Laurelia já havia puxado os assentos para eles sentarem. Os três cavaleiros fizeram o mesmo, puxaram cadeiras e sentaram-se próximo da mesa. Adilan foi o que ficou mais próximo do rei, tendo em vista que estava ao lado de Fenuella. E ela não foi tola em desperdiçar tal oportunidade, pegou em sua mão debaixo da mesa de forma que ninguém conseguiu ver, principalmente seu pai. O rapaz corou, talvez por estar rodeado de pessoas, mas não ousou afastar sua mão da dela em momento algum.

— Por favor, sintam-se a vontade — disse Laurelia após todos já estarem devidamente em seus lugares. — Qual bebida Sua Majestade e Alteza gostariam que eu vos trouxesse? Temos vinho e umas garrafas de hidromel.

— Um chá calmante será suficiente. — Foi o pedido do rei, o que surpreendeu Laurelia, tinha em mente que todos os nobres veneravam bebidas caras e jamais as recusariam. Mas ela apressou-se em ir providenciar o pedido.

A Pretensão dos CavaleirosWhere stories live. Discover now