- Tal Mãe Tal Filha -

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Após alguns minutos, a carroça havia chegado diante da casa em que moravam. 

Segurando nas alças, eles retiraram cuidadosamente os baldes dos buracos em que estavam encaixados, todos os quatro aparentavam possuir a mesma quantidade de leite desde que foram enchidos. Devin saiu à frente da irmã e abriu o pequeno portão de madeira da cerca que delimitava o espaço do quintal, o manteve aberto para que Eurene passasse primeiro.

O quintal era todo coberto por uma baixa grama que ainda estava sendo aquecida pelos tímidos raios de sol. Ao contrário de muitas outras famílias que compunham o vilarejo, o casal Nirene e Eugus não cultivavam plantas em seu jardim pois acreditavam não possuir o dom de fazê-las crescer saudavelmente. De fato todas as plantas que tentavam cultivar, seja comestível ou não, morriam antes de atingir uma beleza considerável. Por certo tempo, foi dito que Eugus e Nirene possuíam mãos ruins pois era improvável que houvesse um asmabeliano na História que fora rejeitado pelas plantas. Felizmente essa acusação enfraqueceu-se depois que o casal começou a vender suas guloseimas em seu próprio estabelecimento. Nirene e Eugus talvez não possuíssem o dom de cultivar plantas, mas certamente sabiam como usá-las na cozinha. 

Uma estreita trilha de cascalhos guiava os visitantes para um degrau onde encontrava-se a bem trabalhada porta de madeira com uma grande argola de ferro no centro. Eurene pôs-se a bater a argola contra a porta e logo ouviu-se um barulho de destrancamento por dentro. Ao ser aberta, uma mulher com a fisionomia idêntica à de Eurene veio recepcioná- los. 

— Ah, que bom que chegaram. 

Nirene mostrou-se contente com a chegada dos filhos. Apanhou os dois baldes de leite que a menina trazia consigo e levou-os para dentro. Devin lhe trouxe os outros dois o que levou duas viagens para cumprir a simples tarefa. Por último, trouxe-lhe a cesta com as ervas que Molline lhes deu.

— Eurene, querida — a mãe os chamou. — Por favor, leve a carroça para o Estábulo de Enorius. 

— Devin se esforçou muito menos do que eu hoje, mãe. Peça para ele ir levá-la.

— Eu pedi para você ir levá-la. Vá depressa. O Senhor Enorius vai saber onde guardá-la. 

— Sim, mãe. — Essa foi a única resposta que veio à boca de Eurene vendo que sua mãe já lhe dava as costas antes de terminar suas ordenanças.

A menina não demorou em subir novamente no veículo e seguir o caminho em direção ao estábulo que pertencia ao Senhor Enorius, este era o responsável por fornecer animais e veículos de tração para os moradores. Além de possuir um extenso estábulo para mantê-los. Sempre cobrava uma considerável quantia em moedas tendo em vista que era o único a trabalhar na específica área. 

— Quantos baldes conseguiu hoje? — perguntou o alto e corpulento Senhor Enorius que se aproximava da carroça. 

— Quatro baldes cheios. — Eurene desceu do veículo com notável rapidez. 

— Quatro? Esses vorgos estão cada dia mais produtivos. E perdeu alguma quantidade durante o percurso?

— Acho que não. — Ela virou a cabeça para ver se a carroça ainda estava exatamente como era antes. 

— Isso é bom. Me poupa do trabalho de ter que martelar mais pregos. 

Eurene deu-lhe um sorriso e logo virou-se para seguir seu caminho. 

— Ei, moça — chamou o homem que tomava as rédeas para recolher seus burros. — Tenha um bom dia. 

— Igualmente. — A menina respondeu com um sorriso, lembrando-se do costume da cortesia presente no seu povo. 

A Pretensão dos CavaleirosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora