- A Sagrada Árvore Alial -

153 29 10
                                    

Se porventura os Seres Aliais estiverem dispostos a lhe ajudar, ou se possuírem alguma simpatia para ele, então essa seria a última vez que Derion teria que ir visitar a bendita Árvore Alial. 

Desde o dia em que recebeu o castigo por ter cometido tantos delitos no templo quando escolheu seguir Joron em sua ilícito aventura noturna, Derion estava incumbido de ir admirar a beleza e excentricidade do vegetal mágico... ou seja lá o que aquela coisa era. Já tinha perdido as contas das vezes em que foi até lá depois das aulas, os únicos dias que ele estava livre de tal tarefa era quando teria que executar outros deveres, como quando foi até a vila para consertar os estragos que causou. 

Na verdade, Derion ainda possuía certa antipatia com a ideia de ser obrigado a depositar orações e tentar dialogar com os deuses nos céus, por mais reais que eles fossem. Ao contrário do que a maioria dos sábios lhe disseram, ver figuras esculpidas no tronco de madeira não contribuiu para aumentar a sua fé na possível simpatia que os Seres poderiam ter consigo. 

O local destinado ao culto dos deuses estava mais oculto aos olhos dos não conhecedores. O monte fornecia espaço para todas as estruturas pertencentes à Crença Alial sendo que o templo estava no topo com seu extenso pátio repleto de estátuas nas laterais. Atrás do templo e em uma altura mais rebaixada no monte estava o Orbom, que era uma espécie de arena. No lado leste do monte havia algumas plataformas onde os andors partiam nos trenós puxados por norséis. E por fim, a Árvore Alial localizada no lado oeste do monte, sua área era acessível por uma escadaria de pedra. 

Apenas um andor por vez, aluno ou mestre, era permitido entrar no local sagrado. Alguns iam em busca de respostas, outros em busca de proteção e outros apenas para depositar orações. Já Derion... nem ele mesmo sabia o que estava fazendo ali. Assim como haviam sido as vezes anteriores, ele aproveitava o momento de paz para ficar sentado em uma das pedras que decoravam o jardim, não podia negar que ao menos aquela vista de fim de tarde no Reino de Gandalar lhe agradava muito os olhos. 

A Árvore Alial era, segundo Grimbor, o meio mais direto e infalível de alcançar a presença dos sagrados Seres nos céus. Um formidável tronco de madeira possuía uma largura que seria necessário cinco homens abraçados ao seu redor para uma medição completa. O tronco sustentava uma enorme copa de folhas douradas que nunca saía voando dos galhos, certamente havia algum controle mágico sobre isso. Mas esse não era o mais curioso, por toda a extensão do tronco havia seis figuras humanas esculpidas; não possuíam muitos detalhes, apenas a forma do corpo acima da cintura. Essas eram as representações dos deuses que intercedem pelas pessoas no mundo, a Crença afirmava veementemente. 

Derion refletia sobre os quatro testes que haviam passado horas mais cedo. Depois do último, ele se encontrou com Morren e, como de costume, o rapaz se mostrou mais entusiasmado com sua vitória do que o próprio Derion. Mas o asmabeliano não podia se deixar ser dominado por algo com poucas chances de tornar-se real, afinal ele não era o desafiante que demostrou ser o mais apto entre os demais, tendo em vista que terminou os testes com dois pontos, e não quatro. 

Ora, nem tudo estava perdido, o teste de Habilidades Mágicas ainda viria no dia seguinte e lá poderia ser o desfecho de toda essa história. Independente se teve uma má pontuação nos exames anteriores, ser bem sucedido no último poderia lhe render a vitória e o prêmio tão desejado. Não sabia ao certo o que teria que fazer para se preparar. Controlar os recém descobertos poderes ou confiar em seus instintos? Para o seu desagrado, sempre que considerava uma das opções, lembrava-se das consequências que poderiam vir. E assim se seguia o impasse em sua mente. 

Enquanto refletia sentado e deslumbrava o horizonte, passos chamaram sua atenção. Quando virou-se para o lado, viu Grimbor terminando de descer o último degrau da escadaria. O ejion trajava sua comum túnica branca com detalhes de tecido dourado e peças de couro castanho, agora as vestes balançavam fortemente pelo vento que atravessava aquela altura. Suas sandálias estavam visíveis tamanha a força que sacudia os tecidos. Ele trazia em sua mão a enorme lança negra.

A Pretensão dos CavaleirosWhere stories live. Discover now