A confusão em minha cabeça era grande demais pra eu me manter no mesmo ambiente que aquelas pessoas. Então, dou uma desculpa qualquer sobre falta de bebida no bar e saio o mais rápido possível para o andar acima no complexo. Mais especificamente para o andar onde moramos.

Vou até a cozinha, abro a geladeira e, por mais que não seja muito do meu feitio, agarro a garrafa de líquido transparente bem a minha frente. Ela estava quase terminando e, provavelmente, é de Edward, mas ele não me assusta nem um pouco. Muito menos saberá que fui eu que terminei com ela.

Pego um copo derramando a bebida e virando-o de uma vez. O gosto amargo me faz franzir a cara em uma expressão de repulsa. Aquilo vai queimando a minha garganta conforme desce, ardendo cada célula minha me causando um forte pigarro.

–Vodka pura? Está tentando passar o resto da noite vomitando? –Levanto a cabeça pra ver quem é. Dessa vez não é Aaliyah ou Eve, e sim Thomas.

–Depende. Vai segurar meu cabelo? –Pergunto.

–Claro! É pra isso que amigos servem! –Nós rimos e ele vem para o meu lado na bancada. –Mas, me conta, por acaso isso tem a ver com a expressão que fez ao sair do armário?

–Talvez... –Digo virando mais uma vez a garrafa sobre o copo.

–O que houve? Ele te machucou? Fez algo contra sua vontade? –Ele pergunta manso, cuidadoso, mas preocupado.

–Não, não. De jeito nenhum. Fica tranquilo. O Matt tem um bom coração... –Digo olhando pra frente, vazia de certa forma.

–Então... O que foi?

–Eu... É que... –Hesito em falar, abaixando a cabeça, dando uma risada trêmula. –Você vai me achar uma idiota, Thomas.

–Tenta! –Ele diz quase num sussurro, mas eu ainda custo pra falar. –Tem algo que eu possa dizer que te tranquilize?

De repente, é como se uma lâmpada se iluminasse na minha cabeça.

–Como foi o seu primeiro beijo, Tom?

–Meu primeiro beijo?

–É. Me conta a história.

–Okay... –Ele da uma longa pausa tentando se lembrar. –Bom, o nome dela era Lilian. Nós tínhamos 8 anos... Pois é, bem novos. Mas, quando se é garoto, acredite, a pressão pro primeiro beijo é enorme... Foi na saída da escola, com todos os meus amigos ao redor gritando e comemorando. É isso que eu me lembro.

Respiro fundo, como se carregasse um imenso peso nas costas, e resolvo por aquilo pra fora.

–Bem... Quando eu era bem pequena, uma criança vivendo em Seoul. Eu tinha essa fantasia toda sobre o primeiro beijo. Que seria com alguém especial, que seria no momento ideal com alguma música estúpida e romântica da Ellie Goulding tocando no fundo. Que seria... único!

–E foi?

–Passou longe! –Rio, dando mais um gole. –Seo Joon. 5ª série. Festa de aniversário de uma amiga minha da Coréia. Me babou toda e ainda por cima passou a mão em locais que prefiro não pontuar. A música era alguma eletrônica que eu não me lembro. Mas, tudo bem, éramos só crianças.

–Sim, sim.

–Um dia eu ouvi que um beijo era o necessário pra saber se aquela pessoa era a certa pra sua vida. E, como toda boa fiel aos filmes de comédia romântica, eu levei isso pra minha vida. Todos os beijos que eu dei eram... Sem significado. Sem emoção. Sem nada. Eram mais como uma pressão da sociedade do que uma vontade própria... Porque eu nunca sentia nada. Entende?

As Joias do InfinitoWhere stories live. Discover now